Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 39
Justiça


Notas iniciais do capítulo

Alô Alô! Esse capítulo ficou enorme! haha e trouxe questões ja apagadas da história, espero que gostem!

boa leitura



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Katie regava suas novas amiguinhas que enfeitavam a sala de estar. A semana passou tranquila. Ia a escola com uma alegria e disposição que antes nunca teve. Tudo em sua vida estava tornando-se ótimo, ela não poderia estar mais grata.

Durante a semana viu como Thalia estava feliz, em um relacionamento ainda não denominado com Luke, Silena animada pois logo iria modelar para uma marca de roupas e Annie pensativa. Katie tentou conversar com a menina mas ela mantinha-se fechada em seu mundinho e decidiu por respeitar o espaço da amiga.

Em sua casa tudo ia bem. Seu pai não havia dado as caras e ela havia conseguido um emprego em uma floricultura, duas ruas acima de sua casa. Um trabalho perto, que pagava bem e ela podia trabalhar com o que mais amava: plantas. De quebra, ainda recebia mudinhas de sua chefa, uma mulher muito simpática chamada Perséfone. Katie sentia como se tivesse ganhado na loteria da boa sorte.

Tentava ignorar uma sensação estranha em seu peito, como se algo lhe dissesse que as coisas não ficam boas do dia para a noite. Iria focar no que era bom. E naquele momento nada era melhor do que poder decorar sua casa do jeito que sempre sonhou.

E, perdida em arrumações e decorações, quase não ouviu a campainha tocar insistentemente. Sentiu o corpo retesar e as juntas gelarem, seria seu pai? Era impossível não ter o medo aflorando. A passos vacilantes chegou até a porta e respirou fundo, buscando acalmar o coração que agora batia desesperado.

“Não é seu pai, Katie, ele não seria educado a ponto de bater na porta”. Tentava convencer a si mesma e abriu a porta, brusca, com uma coragem que não tinha.

—Senhorita Katie Gardner? –Assustou-se ao ver na porta não o pai mas dois oficiais da polícia. Sabia que não tinha feito nada de errado mas era impossível não ter um medinho afrouxando o coração. O que estava acontecendo.

—Sou eu. –Sua voz não era mais alta que um sussurro. Seu semblante passava toda a confusão que sentia no peito. Os dois policias trocaram um olhar, pareciam compadecer-se da situação da garota.

—Precisamos que nos acompanhe, -Ele foi firme mas não tirou algema nenhuma para prender Katie e isso a tranquilizou um pouco, aparentemente não estava sendo presa...

Aquilo tudo era uma confusão. Até alguns segundo atrás estava limpando a mesinha de centro e agora estava no banco de trás de uma viatura indo para a delegacia para sabe-se-lá o que. Não teria mesmo nenhum um momento de paz? O sentimento de felicidade que antes tinha no peito murchava como uma rosa fora d’água. Talvez o ditado tivesse razão, “nem todas as pessoas nasceram para serem felizes”.

—Sou Clarisse, delegada adjunta dessa delegacia. –Uma mulher robusta de uniforme a cumprimentou assim que chegou ao destino. Katie estava um pouco sonza e por isso apenas acenou com a cabeça. –Queira, sentar-se. Sabe o motivo de termos lhe chamado?

—Não, senhora. –Katie mordeu os lábios, olhando em volta. Qualquer um que olhasse para a garota veria como ela estava deslocada, com seu vestido florido e coroa no flores, no meio de uma correria de homens uniformizados e armados.

—Você é filha de Franklin Gardner, não é? –a menção aquele nome fez todo o corpo da menina enrijecer.

—Sim. –Mordeu a língua para não completar a frase com um “infelizmente”.

—Seu pai tem uma acusação de tentativa de estupro contra ele. –Disse a delegada, observando as reações da menina. –Movidas por... Hera Grace. –Katie franziu o cenho, aquele nome... era a madrasta de Thalia?

—Hm, eu... sabia do processo mas ele não... me disse muito além disso. –Remexeu-se desconfortavelmente e apertou os próprios punhos. Sentia dentro de si borbulhando um ódio que não gostaria de sentir.

—Bom. –A delegada não era do tipo que media palavras mas vendo o estado quase catatônico da garota em sua frente tentou ser gentil no discurso. –Fomos atrás de seu pai, cerca de uma semana atrás, e não o achamos. Ele não compareceu no tribunal. Isso é crime.

—Ele fugiu. –Katie sussurrou.

—O que disse?

—Ele fugiu. –Katie repetiu mais alto, agora tudo começava a encaixar em sua cabeça. –Eu estive no hospital, machuquei minha cabeça. –Apontou para o pequeno curativo que ainda tinha ali. –Quando tive alto e voltei para a casa as roupas dele haviam sumido junto com os pertences mais pessoais.

—Entendo. –A delegada passou a digirar furiosamente em seu computador. –E você não tem nenhuma ideia de algum lugar onde ele poderia estar? Qualquer ajuda é bem vinda, estamos lidando com um criminoso.

Criminoso. Katie abriu a boca várias vezes mas nenhum som saiu. Podia o odiar mas ele ainda era seu pai. Ouvir ele ser chamado assim doeu. O que Miranda pensaria dele? Sua mãe? Sentiu os olhos marejarem, lagrimas de dor, por ele. Que engraçado, mesmo depois de toda a dor, ela ainda conseguia sentir compaixão por aquele monstro.

—Sinto muito, eu não quis... –A delegada deu-se conta do que disse e suspirou. –Não posso mascarar a situação para você, senhorita Gardner. Seu pai tem um processo contra ele, uma acusação grave. Não compareceu ao tribunal e agora você revelou que ele fugiu. Precisamos acha-lo, fazer a justiça. Qualquer contribuição que você der é de suma importância. Eu sei que o ama mas ele precisa responder pelos atos dele.

Amar ele. Aquilo parecia uma piada aos ouvidos da menina. Cresceu sendo odiada por ele. Abaixou os olhos para os próprios dedos, um pouquinho de terra ainda estava por debaixo de suas olhas. Pensou por alguns instantes até que tomou coragem de dizer.

—Tem um lugar... que ele talvez tenha ido. –Sussurrou, não queria dizer aquilo em voz alta, sentia como se traísse suas memórias queridas, maculasse um período bom de sua vida, mas era preciso. Seu pai precisava pagar pelo crime cometido. –No Texas, sou de lá. Minha mãe e minha irmã estão enterradas lá. –Completou com dificuldade.

A delegada a olhou com compaixão e Katie a agradeceu por não tecer nenhum comentário. A menina descreveu o lugar exato do cemitério e explicou que era um lugar que trazia muita memória afetiva a seu pai e muitas das vezes que ele bebia dizia que iria até lá para se matar e enfim encontrar sua família.

O corpo de Katie arrepiou-se com isso. Não havia passado por sua mente essa possibilidade ainda. Seu pai podia estar morto e ela nem havia pensado sobre isso. Um sentimento de culpa apossou-se de si.

—Não se preocupe, garota. –A delegada Clarisse, segurou-lhe a mão. –Você nos ajudou muito, deixe o resto conosco. –Katie sorriu para ela, da melhor maneira que pôde e viu o semblante sério da oficial. –Esse machucado em sua testa... foi ele, não é?

Não era bem uma pergunta; Katie não teve coragem de responder, abaixou os olhos e deixou escapar um sussurro “não foi a primeira vez”. A delegada a encorajou e Katie finalmente soltou de seu peito toda a dor. Contou todas as vezes que fora espancada e sentiu como se o peito se libertasse.

—A justiça será feita. –Foi o que Clarisse (ela havia pedido que a menina a chamasse assim) disse após horas de depoimento. Katia havia falado, chorado e escutado. Sairá dali com o coração mais leve.

A delega lhe contou que a policia iria atrás de Franklin Gardner e ele responderia, agora, por acusações de violência doméstica e pela acusação de estupro. A próxima vez que Katie veria seu pai seria num tribunal, pronta para depor contra ele. Uma paz justa iria a acompanhar. Ele merecia pagar pelo que fez.

No fim, trocou contato com Clarisse e ela prometeu que ajudaria Katie com o discurso que faria no tribunal e garantiu a menina que tudo ficaria bem. A delegada havia compadecido da situação da menina, ela parecia tão perdida e assustada, era impossível não querer acolhe-la num abraço e tranquiliza-la ate que ela ficasse alegre novamente.

Katie não podia dizer que estava feliz com o rumo que seu pai tomou mas era tranquilizador saber que ele receberia o justo. O karma não falha, afinal.

—Se realmente eu tivesse feito isso, vocês jamais teriam me pegado. –Antes que saísse da delegacia, Katie ouviu uma voz familiar e acabou por ver Travis Stoll algemado, discutindo com um policial barbudo. Com os olhos arregalados não teve tempo de pensar em nada antes que os olhos azuis dele a vissem e ele berrasse. –JARDINEIRA.

Todos os olhares da delegacia voltaram-se para Katie, que agora estava vermelha como um morango.

—Ela é meu álibi, venha aqui, por favor, florzinha. –Travis tentou fazer um sinal para que ela se aproximasse mas era difícil com as algemas. Ela ficou sem reação e olhou para os policias, vacilante deu alguns passos até o lugar onde o loiro estava. –Esse bom homem aqui está me acusando de ter roubado uma loja esta manhã e eu estou dizendo que não sou amador ao ponto de ser pego. Queira, por obsequio, confirmar minha versão dos fatos.

Katie riria se essa não fosse uma situação séria. Travis era uma figura. A fala dele era quase uma acusação mas era engraçada.

—Bom... –Katie começou e esperou que o policial fizesse um sinal para que ela prosseguisse. –Se foi um roubo esta manhã receio que, de fato, meu colega seja inocente. Nós tivemos aula de química juntos no laboratório praticamente toda a manhã e eu vi ele no refeitório na hora do almoço, não teria como ele praticar um roubo nessas condições.

—Colega? Não precisa ter vergonha, meu amor. –Travis piscou para ela. –Minha namorada aqui é tímida, não liguem, mas como podem ver, esse pocinho de doçura ali não mente e confirmou que eu passei a manhã toda na escola, então, me soltem, sim? Tenho que acompanhar minha florzinha até em casa.

O policial, a contra gosto, soltou Travis. Ele tinha uma implicância com o garoto loiro desde um incidente passado (além do mais, enquanto conversavam, um outro policial entrou com um garoto, também loiro, algemado, sendo esse o verdadeiro autor do crime cometido pela manhã).

—Ele é realmente seu namorado? –A delegada Clarisse estreitou o olhar para o loiro que sorria malicioso.

Katie apenas acenou positivamente. Não era, mas não iria fazer o garoto passar por mentiroso dentro de uma delegacia, depois tiraria aquela história a limpo.

—O amor juvenil é lindo, não é, Clarisse? –Travis riu da careta da delegada. –Nos vemos, provavelmente, na semana que vem. Sabe que eu não aguento de saudade.

—Cuide da sua garota e fique longe de confusões, Stoll. –A delega foi firme mas no fundo tinha um apreço pelo garoto. Ele tinha um bom coração, só era carente demais.

—Eu adoro uma boa confusão, mas não se preocupe, vou cuidar bem da minha garota. –Deu uma piscadinha e abraçou Katie pelos ombros, saindo com ela da delegacia. –Eu já te explico tudo. –Sussurrou para ela.

Katie soltou uma risadinha e permitiu-se ser abraçada por Travis, era uma sensação nova, estranha mas boa. O garoto a explicou que os policiais simplesmente apareceram em sua casa, o acusando de roubo e nem deram tempo dele explicar que estava na escola. Felizmente a garota confirmou sua versão, seria um saco ter que ir ate a escol atrás de registros para provar que não roubou nada.

—E o que você fazia na delegacia, afinal? –Travis questionou, depois de todo o seu monólogo sobre a injustiça policial (que Katie ouviu atentamente)

—Eu... –Katie não iria dizer a verdade, obviamente. –Entreguei flores para a delegada. –Sorriu amarela. Em cima da mesa de Clarisse tinha um vaso de margaridas e por agora trabalhar em uma floricultura era desculpa bem aceitável.

—Até aquele monstro tem namorado... –Travis sussurrou pensativo, tomando um gole de seu suco. Os dois havia parado em uma lanchonete, por insistência do garoto, que queria pagar um lanche para Katie “por estar devendo uma a ela”. –Tem gosto para tudo mesmo.

—E falando nisso, por que disse que eu era sua namorada? –A questão martelava na cabeça de Katie.

—Ah, isso... –Travis fez um bico. –Para dar credibilidade ao discurso, claro! A palavra de uma colega? Pouco válido! De uma namorada? Muito valido. Minha experiência com policiais me ensinou isso. –Disse, sério, e Katie riu.

—Mas, por ser sua namorada, eu não poderia deixar meu amor falar mais alto do que a justiça e te defender mesmo você sendo culpado?

—Você não faria isso, florzinha. –Travis piscou. Na verdade ele havia perdido os argumentos, nem ele sabia o porquê, mas naquele momento achou por devido chamar Katie de sua namorada. –Mas, quais são seus planos para essa tarde?

—Eu vou até a casa de uma amiga. –Katie respondeu, pensando em Thalia. Precisava entender mais sobre a história com Hera.

—Quer companhia até lá? –Travis questionou, internamente implorando para ela aceitar, desejava mais do que tudo naquele momento passar mais tempo com Katie.

—Quero. –Katie sorriu, não queria mais fazer as coisas sozinhas e precisava de uma força a mais para enfrentar a verdade que precisava descobrir.


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Notas finais do capítulo

muitas emoções!

me deixem panfletar minha nova one: https://fanfiction.com.br/reviews/historia/790231/
é um POV no universo PJO do Luke Castellan, se quiserem, leiam!

Nos vemos no próximo capítulo!