Abro os olhos devagarzinho. Minha cabeça dói um pouco e eu tenho fome, mas estou feliz, pois a cama é macia e cheirosa. Diferente do tapete verdade pegajoso que eu dormia. As paredes são brancas assim como o chão, e tudo tem um cheirinho diferente, mas é melhor que a casa da mamãe e do papai.

—Oi...

Levanto a cabeça e vejo o homem de olhos azuis.

—Lembra-se de mim? —Ele pergunta e eu o encaro, balanço a cabeça e ele sorri. —Meu nome é Ray, você pode me chamar assim.

Continuo encarando-o sem dizer nada.

Eu ainda não tive permissão para falar.

—Você sabe quem eu sou? —Ray pergunta e eu balanço a cabeça. Ele se aproxima e fica parado em frente à cama. —Eu sou seu papai, sabia? A sua mamãe também está aqui, eu vou chamá-la, ok?

Ray sai e eu fico olhando para a porta. Alguns minutos depois ele volta, há uma mulher ao seu lado, ela é tão linda, parece uma fadinha, seus olhos são grandes e azuis, iguaizinhos aos meus.

A fadinha se aproxima e senta-se ao meu lado.

Eu tenho medo, mas ela não me bate, apenas chora, e eu não gosto de vê-la chorar.

Fadinha passa a mão no meu rosto e eu não tiro, ou empurro, seu toque é quente e tem cheirinho de baunilha.

—Posso te contar uma coisa? —Pergunta a fadinha e eu balanço a cabeça. —Você é a filha mais linda do mundo. Eu senti muito sua falta.

Olho para fadinha confusa.

—Senhor e Sra. Steele.

Outra mulher entra no quarto, ela também e bonita, mas a fadinha é mais.

—Dra. Trevelyan. —Diz Ray.

—Como vai Anastásia? —Pergunta a Doutora.

Olho para ela e depois para a fadinha.

—Ela não fala nada... —Diz fadinha triste e isso me deixa triste.

—É normal no caso dela. —Diz a moça de branco. —Ela passou por muita coisa, e ainda está confusa com tudo que houve, é bom você conversar com ela e explicar tudo com cuidado.

—Eu vou fazer isso. —Diz a Fadinha.

—Querida eu preciso ir. —Diz Ray.

—Tudo bem... —Fadinha dá um sorriso fraco.

Ray se aproxima dela e lhe dá um beijo, depois oferece um sorriso para a doutora e sai do quarto nos deixando sozinha.

A doutora se aproxima.

—Você gosta de chocolate? —Ela pergunta e eu fico em silêncio.

O que será que é isso?

Quero falar que não sei o que é, mas não sei se posso falar.

—Você sabe o que é? —Fadinha pergunta e eu balanço a cabeça, o que a faz dar um sorriso triste.

—Que tal eu ir pegar um chocolate para a Ana, enquanto você conversa com ela, Carla? —Diz a médica e fadinha concorda com a cabeça.

—Você sabia que é minha filha? —Fadinha pergunta.

Balanço a cabeça.

—Quando você era bem pequenininha uma moça má levou você de mim. Ela disse que era sua mãe, mas é mentira, eu sou sua mamãe. Eu sofri muito esses quatro anos sem você, mas agora eu te encontrei. E eu vou cuidar muito bem de você, e o seu papai também. Nós vamos te proteger e nada vai acontecer com você, nada. Sei que você deve estar confusa e se perguntando quem eu sou, ou o que está acontecendo, mas tudo vai ficar bem. Ok?

Mamãe fadinha está chorando, e eu não gosto de vê-la chorar, isso me deixa triste.

Levanto a mão com cuidado e seco as lágrimas de mamãe, mas ela chora mais.

Levanto-me com muito medo, mas eu tenho que fazer isso.

Aproximo-me de mamãe e lhe dou um abraço apertado sentindo seu cheirinho de baunilha.

A mamãe fadinha me aperta em seus braços, e eu não tenho medo, seu abraço é quente e tem algo diferente, eu não sei o que é, mas talvez isso seja amor que Ray falou.