Quarta-feira quatro vezes escrita por Carcata


Capítulo 1
Batimentos cardíacos


Notas iniciais do capítulo

nem sei oq deu em mim quando me veio essa ideia, acho q é pq eu gosto de fazer temas desse tipo, sabe? viagem no tempo e talz
Enfim, aproveitem :3



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 — Shot through the heart, and you’re to blame!

 Ugh.

Darling, you give love a bad nam

 Uuuuggh. Foggy desligou o despertador antes que pudesse o ensurdecer ainda mais. Ele tinha colocado para tocar uma música aleatória, mas Bon Jovi foi meio inesperado. Esfregou o sono dos olhos para que pudesse ver o horário do alarme.

 [7:00 AM — QUA.]

 Levantou da cama e tomou um banho antes de tomar café, e ficou imaginando o tempo todo como Matt reagiria ao receber a placa que Foggy tinha encomendado.

 Nelson e Mudock, Abacates da lei.

 Bem, não estava escrito “abacates”, mas a piada nunca perdia a graça.

 Eles não tinham conseguido muita coisa com Fisk, mas pelo menos tinham um ao outro. Como Karen disse: eles não eram uma firma grande, mas eram demais.

 Matt pegou a placa e passou os dedos por entre as letras, depois de novo e de novo. Nelson percebeu que ele não ia largá-la tão cedo.

 Foggy estufou o peito em alegria, e viu Matt fazer o mesmo. Era raro arrancar um sorriso verdadeiro de Matt hoje em dia, então ele só quis aproveitar o momento.

 Toda a alegria deixou o quarto quando Karen atendeu o telefone e a notícia veio à tona.

 Senhora Cardenas tinha morrido.

 Foggy nunca pensou que teria que montar um funeral de alguém tão cedo em sua vida.

 Ele sentiu seu coração acelerar ao ver o corpo de Elena pálido e cheio de suturas. Olhou Matt de relance para ver como estava encarando a situação, mas não viu nenhuma expressão em seu rosto além do seu maxilar se mexendo sutil e fortemente.

 Matt estava rangendo os dentes, e Foggy sabia que ele fazia isso quando estava super irritado e prestes a fazer algo estúpido.

 Tentando evitar que Murdock fizesse o tal ato estúpido, Foggy arrastou os dois ao bar de Josie. Claro, não era uma decisão sábia, mas pelo menos eles fariam algo estúpido juntos.

 Depois de um tempo Matt foi embora, deixando Foggy e Karen para afogarem suas mágoas sozinhos.

 E então Foggy foi ao apartamento de Matt e tudo foi por água a baixo a partir daí.

 — Não... — Matt, o mentiroso desgraçado, tentava formar palavras com sua boca cheia de sangue — Hospital, não. — Ele tentou segurar o braço trêmulo de Foggy quando este pegou o celular para chamar uma ambulância.

 — Hospital, sim! — Que merda, Matt. Merda, merda, merda. Seu melhor amigo estava sangrando num chão de cozinha e ele não queria ir a um hospital?

 — C-Claire. — Com muito esforço, Matt pegou um pequeno celular do bolso do seu jeans. — Claire.

 Foggy pegou o celular e ligou para o único número que estava disponível, quando alguém atendeu do outro lado da linha, Foggy tentou segurar seu desespero.

 — Eu realmente espero que você seja a Claire, e que você seja especialista em suturar vigilantes idiotas no meio da madrugada.

 Não demorou nem dois segundos para uma resposta.

 — Sou eu mesma, onde ele está?

 Claire era atraente. Muito atraente. Não do tipo “te acho bonitinha”, mas do tipo “você parece uma modelo de revista, case comigo, por favor”. E ela estava lá com Foggy tentando fazer com que Matt não morresse por falta de sangue.

 Vai se foder, Matt.

 — Então, você deve ser o Foggy — Claire comentou depois que terminou de limpar a última ferida. — Passe a agulha.

 Foggy pegou a agulha (cheia de sangue, ugh) com cuidado e a entregou para a enfermeira.

 — Hah, então ele falou de mim? — Foggy trincou os dentes. — Estranho, ele não me falou nada sobre você.

 Foggy fez uma careta quando percebeu o quão rude aquilo soou. Bem, ele estava furioso e sob muita pressão, então não estava pensando com clareza. Claire pareceu não perceber e começou a suturar a ferida com destreza.

 — É, ele não costuma falar muito quando não quer.

 E essa frase simplesmente resumiu toda aquela situação. Claire continuou.

 — Bom, ele vai viver, — Infelizmente, Nelson pensou com um peso na consciência. — Mas eu tenho que ir agora, meu turno no hospital já vai começar.

 Ela fitou Foggy com um olhar suplicante. Ele suspirou.

 — Eu fico com ele.

 Claire colocou a mão em seu ombro, e Foggy fez de tudo para não se afastar do toque. Ele simplesmente não estava no clima.

 — Eu sei que você está muito irritado, e tem todo o direito de estar — Ela assegurou. — Mas dê um tempo, ouça o lado dele da história. Garanto que ele tem muito para explicar.

 E com isso ela saiu.

 Foggy observou com uma cara feia Matt dormindo no sofá. Ele estava sentindo tantas emoções naquele momento — medo, raiva, tristeza, choque —, e nenhuma delas era positiva.

 — Vai se foder, Matt — Foi tudo o que ele conseguiu falar depois de meia hora em silêncio, e porque ele teve que liberar sua raiva de um jeito que não envolvesse seu punho e a cara de Murdock.

 Ele abriu a geladeira para pegar uma garrafa de cerveja (ele estava sóbrio demais para lidar com aquela merda) quando Matt acordou.

 — Eu não faria isso se fosse você — declarou quando o idiota tentou levantar. — Mas talvez faria, o que diabos eu sei sobre Matt Murdock?

 Ele viu o rosto de Matt empalidecer e seus olhos arregalarem em horror.

 Cuzão.

 Foggy tomou um gole da cerveja.

 — Foggy—

 — Me conta uma coisa, Matt — Murdock não tinha o direito de se fazer de vítima, não agora. — Você é mesmocego?

 Matt abriu a boca para falar, porém nada saiu. Ele estava hesitando.

 Foggy sentiu seu coração ser pisado e depois rasgado em mil pedacinhos.

 — Vai se foder, Matt — Falou outra vez, e ainda falaria de novo quantas vezes fosse necessário, se for para fazer com que a dor e traição que Foggy estava sentindo um pouco mais suportável.

 Matt apertou seu cobertor mais fortemente, e seus olhos ficaram úmidos.

 Momentos depois, Murdock começou a explicar, e a cada palavra que saía da sua boca mentirosa, Foggy quis jogar a garrafa na cabeça dele.

 ( — Quantos dedos eu tô mostrando? — Foggy perguntou ao levantar seu dedo do meio na direção de Matt.

 — Um.)

 Batimentos cardíacos. Mas que merda.

 — Então quer dizer que toda vez que eu mentia, você sabia? E o quê, você só fingia inocência?

 — Basicamente.

 Foggy fechou os olhos para impedir que lágrimas saíssem.

 — Se você já não estivesse machucado, eu iria te socar na cara, eu tô mentindo sobre isso, Murdock?!

 Matt engoliu em seco.

 — Não.

 Horas depois, Foggy foi ao seu escritório, pegou suas coisas, jogou a placa no lixo e saiu, pretendendo nunca mais voltar.

Shot through the heart, and you’re to blame!

 Foggy gemeu, virando de lado.

Darling, you give love a bad name!

 Bon Jovi de novo? Ele tinha planejado a opção de músicas aleatórias no alarme especialmente para que coisas desse tipo não acontecessem.

 O solo de guitarra que veio a seguir começou a causar uma dor de cabeça, então ele desligou a música rapidamente.

 Estava se sentindo horrível. Tentando se lembrar do que tinha acontecido noite passada, seu coração acelerou.

 Matt Murdock, Diabo de Hell’s Kitchen. É claro.

 Vendo o horário do despertador, Foggy franziu o cenho ao ler o dia da semana.

 [7:00 AM — QUA.]


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Notas finais do capítulo

que comece o sofrimento! o/