Broken escrita por Fernanda Di Angelo


Capítulo 2
Enemy Fire


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui acabar esse capítulo! ♥ E aí? Gostaram? Odiaram?
Viram as duas faces da personalidade da Miki...
Pobrezinha... Ela nem imagina que está entrando literalmente na "toca" dos vampiros :3



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Um... dois... três...

Respire.

Fiz exatamente como minha psicóloga me ensinou a fazer quando estivesse a ponto de explodir. Não que eu realmente fosse fazer isso, mas a presença de todas aquelas vadias na minha frente poderia causar diversos danos ao psicológico de qualquer um.

Era uma pequena festa organizada no banheiro do colégio, para comemorar a formatura do terceiro colegial no nosso primeiro dia de aulas. Todas as meninas estavam amontoadas, conversando sobre o que fariam com as suas vidas patéticas depois que se tornassem independentes.

Admito que invejei- as um pouco, eu jamais seria livre...

Respire, controle suas emoções.

Passei a prestar atenção no pequeno joguinho que Akeno fazia com suas amigas.

— Eu desafio... Miki! — Pude ver Akeno apontando para mim com seu sorriso sarcástico.

Ikeda Akeno era a garota mais popular do Ensino Médio, mas também era a maior opressora e intimidadora. Tinha longos cabelos loiros e ondulados, com um corpo de deixar qualquer garoto de queixo caído.

Exceto dois. Os irmãos Sakamaki Shuu e Sakamaki Reiji. Por algum motivo eles simplesmente não prestavam atenção em ninguém além de si.

Shuu, o mais velho, passava todo o tempo dormindo. Bom, quase todo o tempo. Troquei algumas breves palavras com ele durante a aula de música. Ele era repetente e preguiçoso, mas quando tratava-se de música, Shuu poderia até prestar um pouco de atenção e compartilhar ideias.

Sua música favorita é Inverno, do conjunto As Quatro Estações.

Passei a maior parte do meu tempo ouvindo Vivaldi desde então. As notas conseguem me acalmar mais do que as palavras da minha psicóloga.

Reiji é inalcançável. A maioria não se atreve a trocar palavras com ele. Reiji é um excelente aluno, porém seu comportamento entre os colegas é hostil e de desprezo.

Ele sempre quer tudo na mais perfeita ordem.

Tentei não prestar atenção no que Akeno me dizia, porém as outras meninas provocavam a atiçavam mais a conversa, me obrigando a olhar nos olhos dela.

— Estamos jogando um jogo de desafio! Todas nós cumprimos, agora é a sua vez de ser desafiada, Miki. – Ela disse encarando com desprezo minha magra silhueta.

As garotas discutiram entre si, enquanto eu esperava apreensiva.

— Miki, nós desafiamos você a dormir com o Shuu – san.

Fiquei paralisada por alguns instantes, processando a informação.

— Akeno, eu não vou fazer isso. – Respondi, cansada. – Não sou uma vadia como você.

— Isso é realmente uma pena... – Ela suspirou. – Realmente uma pena saber que vamos ter que brincar com você o restante do ano...

Suas amigas mais próximas, Hiyori e Sakura, se aproximaram e agarraram meus braços com violência, forçando a mostrar os cortes que eu escondia por debaixo das mangas do moletom. Elas riam e abriam meus cortes novamente enquanto eu me debatia ferozmente, tentando afastá-las.

Foi quando eu pude ouvir um ruído familiar.

Um fósforo riscando a caixa.

Akeno segurava o pequeno palitinho como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, o aproximando de mim, enquanto a minha memória se convertia em diversos flashes.

Ela encostou o fósforo em mim enquanto eu gritava.

Mas ninguém poderia me ouvir. Ninguém nunca ouvia.

Fechei os meus olhos lentamente, deixando que fizessem o que queriam.

v—v

Quando abri meus olhos novamente, o banheiro estava vazio. O fósforo estava caído, apagado, e os meus cortes estavam cicatrizados. Aquilo tinha acontecido de novo.

Tomei coragem e levantei ainda um pouco tonta, tentando esquecer as imagens de um incêndio que ficavam gravadas no fundo da minha mente.

— “É apenas uma fantasia, Miki.” – Diziam os especialistas. – “Não acredite em todas as peças que a nossa mente prega.”

Mentes nunca faziam o tempo voltar.

— Pessoas com mentes limitadas dizem coisas assim o tempo todo... – Murmurou uma voz masculina.

Olhei em direção da voz que falava comigo. O banheiro estava vazio. Aproximei-me da pia e lavei o rosto, tentando afastar a loucura que me dominava aos poucos. Peguei a mochila que repousava no chão e saí do banheiro, esbarrando em minha melhor amiga, Naho.

— Você está péssima! – Ela comentou.

— Sou uma EQM. É impossível ficar bem, besta. – Rebati sorrindo um pouco.

— Ela sorriu! – Naho comemorou, me agarrando. – Quer sair comigo hoje? Arrumar uns gatinhos?

Ri, balançando negativamente a cabeça.

— Você precisa agir como adulta a partir de agora! É o nosso último ano! Você precisa parar de agir como menininha, Miki!

— Não sei se estou preparada...

— Ah! Cale a boca! – Naho disparou. – Tire esse moletom agora e mostre quem é a gostosona!

Tive meu moletom arrancado pela insistente ruiva com metade da minha altura.

— Agora vamos voltar para a aula de literatura. – Naho sorriu satisfeita e me arrastou pelo corredor, de volta a sala.

Enquanto o professor não chegava, todos estavam conversando numa completa bagunça. Continuei observando até notar um assento vazio.

Reiji Sakamaki não estava lá.

Mas seu irmão Shuu permanecia deitado na mesa, imóvel.

Peguei minhas coisas e num impulso troquei de lugar, ficando atrás da carteira vazia.

Shuu abriu um dos olhos azuis escuros, sonolento, e encarou - me. Pude sentir Naho sentando atrás de mim, cutucando.

— O que você está fazendo, sua maluca? – Ela perguntou com os olhos brilhando de curiosidade.

Nesse momento Reiji entrou na sala, com uma aparência cansada, indo em direção ao seu assento. Ele me olhou nos olhos, provavelmente estranhando o porquê alguém se sentou atrás dele.

As horas se arrastaram, entediantes. Liguei baixo o MP3 e coloquei os fones, tentando me distrair. Reiji me olhou bruscamente, sabendo que eu estava fazendo algo errado. Seu olhar parecia como se olhava um inseto repugnante.

Não resisti e devolvi um sorrisinho provocante. Ele simplesmente ignorou, voltando a olhar a lousa. Shuu nos assistia como se fôssemos o programa de humor mais divertido que ele já tivera na vida.

Hoje eu iria tomar um rumo diferente. Não ia para o banheiro ser oprimida. Iria sair, erguer a minha cabeça e tentar ser feliz.

Quem sabe eu não havia achado o meu lugar, no meio daqueles dois estranhos?

“Nossas memórias nada mais são do que a soma dos momentos que já tivemos e pessoas que já conhecemos.”— Akiyama Miki.


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Notas finais do capítulo

Nota: EQM significa experiência de quase morte.
Confiram Crazy Paradise Castle :3
https://fanfiction.com.br/historia/635571/DiabolikLovers-CrazyParadiseCastle