Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 7
O escorpião no alto, pintado de vermelho


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei, mas estou com pouco tempo...
A música de hoje demorou pra ser encontrada, mas achei a música perfeita para hoje!
Com vocês, Scorpio Rising - Death in Vegas
obs: sei que alguns cap tão no presente e outros no passado. Mas ainda estou decidindo qual forma fica melhor. Logo todos os cap estarão alterados, não se preocupem



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Antes que percebêssemos, Scorpius e eu nos tornaríamos muito próximos.

Como álcool e fósforo, causaríamos chamas em tudo que fazíamos, numa combinação deliciosamente perigosa.

E talvez fosse isso que me atraísse.

Perigo.

Éramos como mariposas atrás de fogo, numa busca infinita por adrenalina.

Mas não pense que o garoto-grude me influenciou negativamente. Eu só encontrei algo nele que assemelhava a mim.

— Você tem visitas — a voz de Xenophilius Lovegood soou da porta — Pode descer, querida. Depois você termina isso aí.

Dei um sorriso amarelo e larguei a pena na mesa.

Já havia se passado quase um mês desde que reencontrei Scorpius na véspera de meu aniversário. E ele, aparentemente, não planejava voltar para a Romênia tão cedo.

Os degraus rangeram quando desci as escadas da de Xenophilius, uma construção velha, mas extremamente aconchegante.

Encontrei Scorpius sentado no sofá, as mãos cruzadas em seu colo, casualmente.

— Olá, Rose.

Olhei de esguelha para a cozinha, onde meu chefe preparava chá. Então, sussurrei:

— Que faz aqui, Scorpius?

— Vim tirar você desse trabalho entediante.

Scorpius tinha um sorriso preso aos lábios e as sobrancelhas juntas, como se achasse tudo aquilo uma grande piada. De repente, ele apontou para trás de mim, estranhamente animado.

— Olha, o cara do chá!

Meu chefe parecia atordoado. Tão atordoado quando um lunático poderia estar naquela situação.

Engraçado... Só agora reparei no nome de sua filha.

Luna.

Lunático...

Certamente, não foi por acaso. Afinal, até mesmo seus netos, Lorcan e Lysander, são dois maluquinhos.

Mas isso é outra história. Vamos voltar para esta:

— "Cara do chá"? — ele perguntou, alternando o olhar entre mim e Scorpius — Como assim "cara do chá"?

— Eu entrei, fui conduzido até aqui e você me ofereceu chá. Portanto...

— Perdão pelo meu amigo — apressei-me em interrompê-lo — Não demoraremos muito. E por falar nisso, terei que sair cedo hoje.

— É mesmo? — Xenophilius estendeu a bandeja para nós, parecendo subitamente preocupado — Aconteceu alguma coisa?

— Rose precisa me acompanhar no hospital — o garoto-grude respondeu, antes que eu pudesse pensar numa mentira — Não é nada grave, senhor, é só...

— É que o Scorpius acabou de chegar na cidade e... Sabe como é... Ele precisa de ajuda...

— O senhor está doente? — Xenophilius perguntou, com doçura, sentando-se entre nós.

— Oh, não — Scorpius hesitou antes de beber o primeiro gole. Sem que meu chefe percebesse, inspecionou o líquido, para então beber quase metade dele — É uma pessoa que eu gosto muito.

De novo, fiquei intrigada.

Lembrei-me do dia que fomos ao píer e ele mencionou algo sobre “frequentar muito o hospital”. E o modo como mudou de assunto para que eu não participasse.

Então, de repente, ele volta a falar sobre isso aqui.

Mas eu não perguntaria nada.

Não sou desse tipo.

Apenas deixei-me ser conduzida por ele até um carro conversível azul, parado bem no meio das ameixas dirigíveis. Se é que ameixas são mesmo dirigíveis.

Talvez só na imaginação do louquinho do Lovegood.

— Pois, então, garoto-grude... Qual é o plano?

— O plano? — ele riu, acionando a marcha do carro — Não tem plano algum. Só sugestões.

Senti o motor esquentar e as rodas girarem para deslizar sobre o gramado. Scorpius sorriu para mim, e eu notei mais outra tatuagem, agora, bem atrás de sua orelha.

— Você podia me levar pra fazer uma dessas — apontei para o que imaginei ser um símbolo importante.

— Isso aqui? — ele tocou no lugar, alargando ainda mais o sorriso — Sabe o que é isso, Rose?

Balancei a cabeça negativamente, incentivando-o a continuar.

— Chegue mais perto — pediu, enquanto encostava o carro numa via praticamente deserta.

Entendi que aquilo era um conjunto de formas geométricas, mas não tive sucesso em interpretá-lo.

— É uma meia dentro do símbolo das relíquias da morte — apressou-se em matar minha curiosidade — Representa liberdade e poder.

— Nossa... Eu adorei!

— Então você quer uma tatuagem — aquilo soou mais como uma afirmação do que uma pergunta — Cada dia você mais me surpreende.

— Posso dizer o mesmo. E afinal, desde quando dirige veículos trouxas?

— É mais divertido. Gosto da sensação.

Observei-o ligar o motor novamente, virando o rosto para a estrada. Deixei que o vento jogasse meu cabelo para o lado, deliciando-me com a adrenalina da aventura.

Fechei os olhos para apreciar enquanto o carro sobrevoava Otterry St. Catchpole, sem vontade de me lembrar d'A Toca. Sabia que estaríamos próximos de lá, mas é como se aqueles tempos já houvessem passado.

Eu não era a mesma Rose de antes.

Depois que reencontrei o primogênito dos Malfoy tudo mudou.

Ainda não sabia o motivo exato, mas a presença de Scorpius era como essa meia em sua orelha; ele me libertava em todos os sentidos.

Passado algum tempo, vi nós dois adentrando uma região um pouco sinistra e escura. Scorpius estacionou bem na frente de uma casa velha, de onde saía um rock pesado.

Ele segurou minha mão e me puxou para dentro.

Não posso dizer que não significou nada. Afinal, a Rose adolescente, apaixonadinha pelo garoto tímido da escola, ainda estava em algum lugar dentro de mim.

Eu nunca, nunquinha na vida, imaginaria estar de mãos dadas com Scorpius Malfoy.

Muito menos entrando numa casa velha de tatuagem.

— Toc, toc! Alguém aí?! — o garoto-grude gritou.

Nenhuma resposta.

Ele tentou outra vez:

— Oi! Alguém aí dentro?

Mais um pouco de nada.

Scorpius já estava ficando impaciente. Esfregava as mãos atrás da cabeça, andando de um lado para o outro. De repente, de tão cansado que estava, tirou a varinha de dentro da bota e apontou-a para sua garganta:

Sonorous. Neil! Estou aqui com uma cliente! Abre logo esta porcaria, cara!

Não demorou muito até ouvirmos o som de passos lentos e pesados se sobressair à música alta. Então, um clique e o rosto inexpressivo de quem imaginei ser o tal Neil.

— É esta a cliente?

O riso de deboche de Neil irritou tanto meus ouvidos que esbarrei nele de propósito e entrei no estabelecimento sem cerimônia alguma. Mas não antes de soltar um desaforo:

— Temos dinheiro para pagar, então acho que você devia calar a boca e apenas trabalhar.

— Desculpa, gatinha, mas nunca imaginei que alguém desse tipo faria uma tatuagem.

— Pois imaginou errado — respondi, sentando na cadeira para apressar as coisas — E eu acho que já sei o que eu quero.

Observei Neil e Scorpius trocarem um olhar engraçado. Aproveitei para reparar na aparência do tatuador: cabelos pretos até os ombros, roupas tão sujas quanto as de um mendigo, e quase não se via uma parte lisa em sua pele, sem tatuagens.

Scorpius não parecia nem um pouco com ele. E mesmo com vestes bem arrumadas, exibia um ar de quem sempre frequentava aquele tipo de lugar. Parecia estar estranhamente à vontade.

— Vai querer um Whisky de Fogo, Malfoy?

— Estou dirigindo. E você, Rose?

— Aceito — sorri, em tom de desafio.

Neil voltou a rir enquanto me trazia um copinho com a bebida. Apontou para mim, freneticamente, achando graça em tudo aquilo.

— É sua namorada? Gostei dela.

— Que pena, então. Ela está comigo sim.

Algo tremeu em meu estômago.

— Boa escolha, boa escolha — tornou a dizer, pegando tubinhos de tinta — Então a senhorita já escolheu, huh? O que vai ser?

— Scorpius, dá pra você ir lá pra fora? — soltei as palavras, com uma petulância digna de Hermione Weasley. Será que eu estava pegando as maneiras dela? — Você é mesmo um grude! Não quero que veja ainda. Surpresa!

Os dois homens voltaram a gargalhar.

Enquanto Scorpius acendia um cigarro do lado de fora, Neil limpava a minha pele com álcool. Eu já havia tirado o casaco, deixando os ombros e a clavícula desnudos.

Algum tempo depois, fui ao encontro da minha primeira paixonite e pigarreei.

Ele, que estava sentado no batente, virou o rosto para mim, em expectativa. Limpou a poeira dos seus jeans rasgados e se levantou logo após.

— E então..? — Scorpius perguntou.

Mas tudo que fiz foi sorrir de modo sugestivo e caminhar para o conversível azul.

Scorpius me seguiu, morrendo de curiosidade.

Esta era uma característica em comum entre Grifinória e Corvinal.

Curiosidade.

Ambos sedentos pelo saber, pelo poder que temos ao conhecer mais sobre os outros.

Quando me aproximei o suficiente, sentei no capô do carro, balançando as pernas no ar.

— Você já pagou por ela? — mais outra tentativa de conversa.

— Tenho dinheiro, Scorpius — respondi, prolongando o mistério — Não preciso que pague tudo sempre.

— Como sabia que ele aceitava moedas bruxas?

Deliciei-me com a curiosidade aflorando mais ainda em Scorpius. Ele não era o único observador.

Eu sabia muitas coisas.

Sempre fui assim.

— Uma tinta trouxa não secaria tão rápido, garoto-grude.

— Bem observado, cabelo-de-fogo.

Então, ele cruzou os braços e se aproximou de mim com uma expressão divertida.

— Mas esqueceu de reparar o símbolo de hoje.

— Hum... — estreitei os olhos, analisando-o de cima a baixo. Não demorei muito para apontar para ele — A jaqueta. Um bottom com um leão imperial.

— Está cada dia melhor, Rose.

— E quanto ao meu símbolo?

— Desculpe?

Tirei o casaco novamente, inflando o peito.

Scorpius alisou o queixo e balançou a cabeça freneticamente, como se entendesse o significado daquilo.

— Scorpius — quebrei o silêncio, incorporando a Rose de catorze anos, que parecia uma enciclopédia ambulante — Do Latim, escorpião...

— Um escorpião vermelho, bem acima do coração. Não é difícil deduzir.

— Com certeza não é.

— Por que não caiu na Grifinória?

— Por que não caiu na Corvinal?


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Notas finais do capítulo

A parte da música "eu tenho uma lâmpada de azul relâmpago" é a rose. Lâmpada remete à ideias, conhecimento da Corvinal. Azul é a cor da casa dela. Relâmpago porque é perigosa.



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