Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 21
Carpe Diem


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!
Primeiramente, tchau, queridos. É sim um adeus.
Segundamente, peço desculpa por um final meia-boca ou menos feliz, como o habitual fim da maiorias das histórias. Mas talvez até tenha sido quase um final feliz...
Além disso, eu preciso (desesperadamente) me desligar do nyah nos próximos meses, estou sem tempo para bolar um final melhor, e preciso acabar com minhas fics de uma vez logo...
Apesar disso, torço para que gostem do que escrevi todos esses meses... Quero conhecer os fantasminhas, e saber o que acharam desta história.
Um beijo grande e fiquem com uma música com letra não-tão parecida com o capítulo em si, mas eu não poderia deixar de usá-la no capítulo final.
Carpe Diem - Aldebert



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Seria maravilhoso dizer que Scorpius Malfoy foi liberado de seu mandado de prisão e que ele e eu voltamos para sua casa, como o belo e jovem casal que devíamos ser.

Seria ainda mais maravilhoso dizer que minha pena domiciliar foi um mar de rosas, e que não senti falta alguma de meu marido, porque eu sempre o visitava nos meus dias de folga.

Entretanto, esta não é uma história de amor em que tudo, literalmente tudo, dá certo no final.

Scorpius foi levado de volta à Askaban naquele mesmo dia, abalado demais pela morte de sua mamãe. Mas não precisa ficar com o coração acelerado demais, Scorpius não fez nenhuma loucura depois disso. Ele apenas recebeu suas responsabilidades como o homem que sempre soube que era. Aguardou cinco longos anos longe de tudo, longe de mim, longe da vida real.

E eu juro que adoraria poder dizer que aguardei-o também, que não fiquei com mais nenhum outro cara, esperando pelo lindo dia em que Scorpius bateria em minha porta e gritaria “querida, cheguei!”. Infelizmente, não foi bem assim. A dor me consumia dia após dia, e eu não sabia mais o que fazer. Meus pais terminaram concordando em me deixar comprar um apartamento em Londres, na condição de Hugo ir morar junto comigo.

Hugo ficou extremamente animado com a ideia de nós dois dividindo o mesmo espaço sozinhos. Ele bolou vários planos, todos eles envolvendo noites de pijama, muita bebida e adolescentes bonitos.

Meu irmãozinho e sua namorada tornaram-se inevitavelmente casados, mesmo que ainda insistam no termo “união-estável”, que é basicamente um casamento sem cerimônia. E logo a presença de Lily no quarto de Hugo se tornou mais e mais frequente. Mas isso não incomodava de forma alguma. Eu estava feliz pelos dois estarem felizes e juntos.

E embora eu estivesse aparentemente solitária e sem varinha, a vida trouxa me acolheu de braços abertos... Criei coragem para desistir do trabalho n’O Pasquim, o que não foi muito difícil, já que o senhor Lovegood não apreciava ter uma ficha-suja como funcionária.

E nesses últimos anos, realmente aprendi muita coisa trouxa maravilhosamente bem. Descobri a beleza em cada ação, a dificuldade em fazer cada experimento, a demora em tantas questões... Aprendi a cozinhar, a lavar roupa... Aprendi a lutar usando o corpo... Sim, esta é uma novidade: tomei um curso de defesa pessoal, o que levou-me inevitavelmente a tornar-me uma agente do mundo trouxa. É uma espécie de espiã, que também atua como policial.

Descobri que a magia nem sempre é a resposta de tudo, e que há um mundo muito mais complexo e aventuresco à nossa espera.  E talvez por isso, eu tenha me permitido envolver-me com um de meus colegas trouxas.

Mas isso não duraria muito tempo. Nem ao menos significava algo. Era apenas um modo de esquecer a dor causada por Scorpius Malfoy, e a culpa pulsante em meu coração. E talvez por isso, eu não aguentaria mais um dia sequer ao lado dele. Esperei que meu colega de trabalho estivesse de volta à sala que dividíamos para lhe falar:

— Isso não pode mais acontecer, David...

— Sei que não.

— Eu simplesmente não consigo parar de pensar no... Espera, o que disse?

— Estava para te contar, Rose. Só que o momento ainda não havia chegado...

— Contar o quê?!

Eu havia subido um tom de voz, subitamente irritada e curiosa.

David era um cara legal. Tinha olhos castanhos profundos, uma barba por-fazer e um senso de humor quase engraçado. E apesar de ser atencioso e prestativo, ele não era Scorpius.

E isso já dizia tudo.

Tudo mesmo.

— Tenho duas surpresas a lhe fazer hoje, Rose — ele disse, com um sorrisinho realmente suspeito — A primeira será daqui a alguns segundos.

— Ah, sério? — respondi, sem muita paciência — Pois você saiba que eu realmente não...

— Tchau, tchau, Rose! — David cortou minha fala, fazendo menção de ir embora. Mas não antes de completar: — À propósito, sou muito amigo de Mark Malfoy.

David respirou fundo, eu fiz o mesmo.

— Estive apenas lhe fazendo um favor — David retomou a palavra — Mark não queria que se sentisse sozinha... Por causa do irmão dele, você sabe... Eu nunca falei nada sobre isso... Eu só... Só queria que você se sentisse bem também.

E aí, observei-o apertar as sobrancelhas, e imaginei que estivesse realmente sem-graça.

— Rose, você se tornou uma grande amiga. Uma melhor amiga.

 David alargou um sorriso e ofereceu-me um abraço apertado.

— E só mais outra coisa: eu sou gay, Rose. Isso nunca poderia dar certo de todo jeito.

E aí David, acabando-se de rir, deixou a sala para dar passagem a uma outra pessoa.

Naquele momento, minha cabeça rodava demais. Estava morrendo de medo de cair no meio da sala, sem ninguém para me socorrer. Mas foi quando levantei os olhos e ele estava lá.

Dentro de vestes inteiramente azuladas, com o cabelo batendo nos ombros... lá estava ele. Exibindo uma tatuagem em formato de rosa no antebraço desnudo... lá estava ele. Soprando um arco de fumaça quase transparente ao redor do vão da porta.

Corri desesperadamente para poder vê-lo de perto. E ele simplesmente tirou um convite de dentro dos bolsos, um envelope vermelho-sangue, que eu sabia claramente do que se tratava.

Minha carta de alforria. Nossa carta de alforria.

A cerimônia de devolução de varinhas.

— Eu não perderia isso por nada.

E então, lá estava ele. Com um sorriso no canto dos lábios, olhando-me despido de segredos. Rindo ao tirar uma pena de dentro do bolso da calça e escrevendo atrás do envelope somente duas palavras.

Palavras gravadas com tinta permanente.

No verso de nossa carta de alforria, estava escrito:

Carpe Diem.

Talvez, quem sabe, no final das contas, esta tenha sido mesmo uma história de amor em que tudo deu certo para nós.

Ontem foi o dia que pegamos nossa vida de volta. Mas, antes que nos esqueçamos daquele momento, vamos olhar só mais uma vez para trás.

Porque naquele dia em que Scorpius Malfoy voltou, tudo pareceu retomar o sentido.

Em cima de minha mesa de escritório, descansava as palavras Carpe Diem.

E bem na minha frente, puxando minhas bochechas para um beijo apaixonado e saudoso, estava ele.

O garoto-grudento.

Scorpius Malfoy.


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