A Lagarta escrita por Vatrushka


Capítulo 26
Final


Notas iniciais do capítulo

Prometi que ia avisar, e como diz o título do capítulo, sim: esse é o último capítulo da nossa história Y.Y MASCALMA que eu só vou fazer a choradeira de despedida nos comentários finais... Agora leiam, seus lindos! o/



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Aquela semana passou com muita rapidez.

Os heróis - era como todos ali os chamavam agora - receberam, em frente ao Palácio, o clamor da população. Para Lana, aquele foi um dos momentos em que ela mais teve dificuldade para entender que aquilo estava realmente acontecendo.

Olhou para trás, se despedindo do atual Palácio Esmeralda. Sentiu um calafrio, e quase tropeçou.

“O que houve, Lana?” Giullian a ajudou a se recompor, preocupado.

“Eu só tive uma… Impressão.” Sussurrou, respirando fundo.

“Qual?” Interrogou Luce, do outro lado. “Suas intuições sempre estão certas, Lana, o que é?”

A Lagarta sacudiu a cabeça. “Haverá uma monarquia novamente.” Resolveu admitir. “Mas… Não se preocupem. Não estaremos vivos até lá.”

Todos trocaram olhares, pensativos. “O futuro Rei… Será… Um falso mágico? Sim, sim. E descendente de Alan. Ele vai ajudar a todos que seguirem por uma… Estrada…” Os olhos de Lana se voltaram para a escadaria, como quem enxerga algo que ainda será construído. “De tijolos amarelos…”

“Chega de profecias, Lana, você está exausta. Vamos logo para casa.” Determinou Ghunter, já a encaminhando para a carruagem.

Lana obedeceu, rindo para si mesma. ‘Alan e a Duquesa… Ora. Quem diria.’

Custou alguns dias para que todas as flores dali pudessem se acostumar com a presença dos heróis como seus vizinhos. Os quatro receberam novas casas em uma região perto ao Palácio - afinal, antes todos eles moravam longe demais.

E custou mais alguns dias para que esses pudessem se organizar com o seu mais novo modo de vida.

Lana sabia que Giullian e Luce seriam os primeiros a fazer questão de sumir dali e começar a trabalhar.

No dia da despedida, a Lagarta e a Lebre se abraçaram por longos minutos.

“Eu sei que ainda vou te visitar muito… Por quê estou sentindo como se fosse um adeus?” Perguntou Luce, lacrimejando.

“Porque acho que nunca esteve longe de mim, na realidade.” Sussurrou Lana, de volta. “Ei. Vai ficar tudo bem. As aventuras só vão começar agora.”

A Lebre riu, e as duas se afastaram para se ver. “Não se culpe pela decisão do seu irmão, Luce. Tenho certeza que seus pai e Carl estariam orgulhosos de vocês dois.”

Luce assentiu, controlando outra enxurrada de lágrimas. Subiu na carruagem com Giullian, antes que tivesse uma crise de carência e resolvesse ficar.

“Luce?” Chamou Lana.

“Sim?” Ela respondeu. O cocheiro já dava a partida.

“Cuide das flores que vierem no seu caminho. Por mim.”

Outra semana se passou. Lana decidiu que estava preparada para reencontrar as flores de seu antigo vilarejo. A rever sua antiga casa e biblioteca. Casa que antes era de Martin.

E para deixar tudo ainda mais nostálgico, Ghunter resolvera ir junto.

Chegaram com muitas saudações. Lana passou no mínimo uma hora abraçando cada flor, trocando lembranças e risadas.

Foi quando que, no final da fila, avistou Marta. Aquela flor que trabalhava para Lana há tanto tempo. Aquela que havia recebido uma facada nas costas quando os Cartas de Copas invadiram sua biblioteca, para escoltar a Lagarta ao Palácio, até então, Vermelho…

E naquela escolta, havia conhecido Pan…

Lana afastou a névoa de memórias. Correu para abraçá-la.

“Marta… Marta! Está tudo bem? Na correria, eu consegui te curar da forma correta? Sentiu muitas dores, como está?”

Marta riu. “Lana, suas mãos são milagrosas. Você me curou de algo que poderia ser fatal! Para mim e para…”

Lana ergueu a sobrancelha. ‘Você e para quem?’ Queria perguntar. Mas seu olhar acompanhou o de Marta e suas perguntas foram respondidas.

Um bebê se acomodava nos braços do marido de Marta.

Os olhos da Lagarta se arregalaram. ‘Ela estava grávida! Eu salvei o bebê e nem sabia!’

Sorriu. “Qual o nome?”

Marta pegou o bebê nos braços. “Demos o nome a ela de Glinda. A nossa boa menina.”

Lana sorriu, decidida. Pôs sua mão direita sobre a testa da garotinha. “Eu lhe abençoo, Glinda. Você será uma mulher poderosa, benevolente e tomará ações decisivas para o bem das flores. Você, Glinda, irá continuar o meu trabalho.”

A magia azulada percorreu o corpo da pequena Glinda. Ela gargalhou com as cosquinhas.

Lana sentiu algo diferente em sua magia. Como se tivesse algo que nunca fizera antes. Olhou para Glinda por alguns segundos, internamente aflita. ‘Terei feito algo errado?’

Foi quando percebeu que havia a magia entrou no corpo de Glinda e subiu para seus olhos. Sua íris, originalmente castanha, foi se transmutando para um pérola prateado.

Os pais seguraram o espanto. A Lagarta começou a entender o que estava acontecendo.

Só não conseguia acreditar.

“É uma bênção milenar!” As Flores murmuravam, umas para as outras.

“Lana?” Perguntou Marta, receosa. “O que isso quer dizer?”

A feiticeira olhou para as próprias mãos. Ela realmente teria feito isso? Algo tão raro e poderoso realmente havia ocorrido com ela?

“Eu abençoei sua filha com o dom da magia.” A voz finalmente conseguiu sair. “Ela… Eu a tornei uma feiticeira.”

Todos se alegraram, berrando vivas e consagrando a menininha como uma bênção. Emocionados por terem presenciado uma cena sem igual, festejaram por três noites seguidas.

Intitularam a menina de Glinda, a bruxa boa do Sul.

Lana entrou em sua antiga biblioteca. Suas muitas estantes, agora estavam vazias. Havia transferido todos os livros para uma nova biblioteca que estava construindo perto do Palácio, para que ficasse de melhor acesso para muito mais pessoas.

Abraçou os próprios braços, sentindo o cheiro de madeira. Quanto tempo de sua vida passara ali. Lendo histórias. Imaginando como seria vivenciar uma.

Bom, vivenciara. E se saíra melhor dos desafios do que jamais imaginara.

Depois de muito tempo, pôde deleitar-se com um sentimento de harmonia. De paz. Realizara coisas que não sabia que era capaz. Estava tudo bem.

‘Conseguimos, Martin. Conseguimos.’

“Argh, aqui está lotado de poeira.” Ghunter entrou sem bater - como sempre - estragando a reflexão de Lana. “Precisamos de dar uma limpada aqui. Urgente.”

Não pôde evitar de revirar os olhos. “Ah, sim, você tem tanta moral pra falar de sujeira.” Lana riu, se virando. “Me lembro de como era seu quarto. Uma nojeira só.”

“Não me venha você com argumentos da minha adolescência, Lana. Meu passado não me atinge.”

Claro que entendeu o tom da brincadeira, mas não pôde parar de pensar na última frase. ‘Meu passado não me atinge.’ É, seria um bom lema para adotar.

“Estou pensando em um projeto para apresentar no Parlamento, Lana, e queria ver o que você acha.”

Ela ergueu a sobrancelha, surpresa ao vê-lo se empenhar. Agora foi a vez dele de revirar os olhos.

“Escute primeiro, me julgue depois.” Ele adiantou. “Como você já passou pela minha cabeça, sabe de onde eu vim. Onde nasci.”

Lana ficou séria. “Nos Breus.”

Sentia arrepios só de se lembrar daquela mata sombria e fechada.

“É… Na verdade, em uma caverna, em específico. Uma gruta em que pessoas marginalizadas viviam.”

A Lagarta assentiu. “E?”

“E eu quero propor uma expedição para ver se aquele lugar ainda existe. Se alguém ainda mora lá depois do escambau de revolução que aconteceu, e se sim, tentar convencê-los a sair dali e viver em sociedade. Integrá-los. Igualdade e Paz.”

Lana inclinou a cabeça. “São criminosos, Ghunter. Muito provavelmente não querem ser integrados.”

Ghunter se aproximou. “Ah, vai por mim, Lana. Eles querem. Só precisam ter um motivo bom o suficiente.”

Ele a encarou, sem piscar. “Que nem eu tive.”

Lana sentiu um relâmpago subir da sua barriga até a sua garganta, como sentia toda vez que a conversa deles ia para esse rumo - ou quando ele a olhava daquela forma. Escapou do assunto, como sempre.

“Você quer rever seu pai, não quer?”

Os olhos de Ghunter escureceram, mas o feiticeiro não se deixou abalar. “Duvido que ele ainda esteja lá.”

“Mas e se estiver?” Provocou Lana, agora se aproximando. “O que você vai fazer?”

Ghunter pareceu pensativo. “Dar um soco. Amaldiçoá-lo.”

Lana negou com a cabeça. “Martin não nos ensinou tudo sobre família pra você jogar tudo o que aprendeu no lixo, Ghunter. Você vai perdoá-lo. Vão conversar sobre todos os anos que perderam. Vão resolver esse assunto. Você sabe o quanto eu odeio quando alguma história não tem desfecho.”

O Gato sorriu de forma irônica. “Não parece.”

Nenhum dos dois falou nada por alguns segundos. ‘Droga, Ghunter, pare de bater na mesma tecla!’

“E por que eu faria isso?” Prosseguiu ele.

“Porquê estou te pedindo.” Afirmou. “Por favor, Ghunter. Pelo seu bem. Me prometa.”

Ele acirrou os olhos. “Me faça prometer.”

Lana lembrou-se de anos atrás, revivendo esta mesma situação. Num ímpedo de coragem, Lana se aproximo o suficiente para quase colar seus rostos. Ouviu as batidas cardíacas dele se acelerando, assim como as dela própria.

Com uma voz suave e olhos fixo nos dele, ela repetiu. “Me. Prometa.”

Ghunter tocou seus lábios nos dela.

A primeira reação foi a de choque. A ação de preencher o espaço entre eles foi súbita e rápida - e Lana não achou que ele iria fazê-lo. Teve o reflexo de recuar a cabeça, mas Ghunter avançou no que Lana se afastou.

Seu peito explodia em fogo. Parecia não ter mais ar.

Ele a aprisionou pela cintura. Antes que pudesse pensar, suas próprias mãos já estavam em seu pescoço.

Lana estava com os ombros reprimidos e tensos. Ao longo dos minutos, foi se permitindo relaxar. A sensação era se satisfação e êxtase, mas de alguma forma, nunca era o suficiente.

Apenas tiveram a coragem de interromper a ação quando não conseguiam mais respirar. Lana tentou o empurrar para mais longe, mas as mãos dele continuaram fixas em sua cintura.

Sentiu os olhos dele fixos nela, mas Lana tinha vergonha de olhar diretamente.

Sempre achara aquele tipo de situação extremamente constrangedora.

“Eu prometo.” Ele deixa escapar, por fim. Como Lana fazia questão de continuar encarando o nada, ele se deu a liberdade de beijar a extensão de seu pescoço enquanto repetia: “Eu prometo. Eu prometo. Eu prometo.”

Lana fechou os olhos, tentando conter o arrepio. Ela estava perdendo o controle da situação, e odiava isso.

“Ótimo.” Sussurrou ela, tentando afastá-lo de si, mas sem êxito. “Vamos falar com o Parlamento quando voltarmos.”

Aham.” Ele confirmou a pressionando contra uma estante.

Ela passou a mão em seu cabelo. “E nós deveríamos estar voltando, neste exato momento.”

A boca de Ghunter finalmente desgrudou de seu pescoço. Lana o encarou nos olhos, pela primeira vez depois do beijo. Ela sentiu outra pancada imaginária no esôfago ao ver que seus olhos quase a devoravam.

Sorrindo, ele disse:

“Tenho certeza que podemos demorar mais um pouco.”

Entregou-se.

Após se despedir de todos da vila - e se comprometer com Marta e seu marido a ser Mestre de Glinda quando crescesse - Lana entrou na carruagem com Ghunter, em direção ao Palácio. Teriam uma reunião.

O Gato sentou-se colado à Lana, acariciando sua mão. A Lagarta tentava não corar. Alguns momentos atrás, teve de fugir às pressas da biblioteca, antes que alguém a visse… Descabelada.

“E se não aceitarem minha proposta?” Começou Ghunter, em um tom sério, quando a carruagem já se afastava da vila - e muitas flores acenavam um até logo.

Lana deu de ombros. “Se não aceitarem, o que eu duvido, vamos fazer o que sempre fizemos.”

“Ficar jogando pragas um no outro?”

“Vamos nos virar.” Corrigiu Lana, risonha. “Juridicamente, nada nos impede de ir lá e ajudar de forma independente, de qualquer forma.”

Inconscientemente, deitou sua cabeça no ombro de Ghunter. Este recostou seu rosto sobre ela.

“Se meu pai estiver lá…” Começou ele. “Como eu vou te apresentar?”

“Simples. Como a Lagarta Azul, como a heroína, como a Lana. A lista de opções é grande.”

Ele suspirou. “Como minha irmã? Como minha amiga?”

Lana encarou o nada por alguns segundos. Namorada parecia algo tão mais oficial… Seria equívoco pedir a ele para chamá-la assim?

“Fale que sou… Sua companheira, apenas. O resto ele conclui sozinho.”

Ghunter empurrou o cabelo de Lana, deixando seu pescoço exposto. “Com esse arroxeado aqui, acho que não vai ser tão difícil descobrir…”

“Ghunter!” Lana exclamou, se afastando e envergonhada. Ele gargalhou, se acomodando ao seu lado de forma que não houvesse mais escapatória.

“Ah, Laninha… Não fuja mais de mim...”

A expressão deles ficou mais séria. Ambos sabiam que, no fundo, havia um apelo verdadeiro naquela brincadeira.

“Eu não vou.” Respondeu a Largarta.

Eu não vou.”


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Notas finais do capítulo

SO BEAUTIFUL
GOD
JESUS CHRIST
kkkkkkkkk
ps: antes de começar, só queria perguntar: vocês pegaram as referências do Mágico de Oz? (o neto do Alan -com a Duquesa huehuehuehue-, que viria a ser o Mágico de Oz, e a Glinda, que é a bruxa boa do Sul?) Eim? Eim? AIQUIBOM
Enfim, gente, falando sério agora. Papo reto. Eu quero muito agradecer, do fundo do meu coração todo o apoio que vocês me deram pra produzir essa história. Honestamente, quando comecei a escrever, não tinha montado nem 1/20 do enredo, algo que só foi possibilitado pelos meus leitores lindos *.*
Quero agradecer a todos que acompanharam e favoritaram a fic! Agradeço particularmente à Alkone, Shadow Of Scarlet Wolf e Emissary of Chaos pelos comentários construtivos e incentivadores! À UniAssassino pela presença não só nessa fic, como em várias outras - e especialmente à leitora Senhorita Pato, que me acompanha e me motiva desde o primórdio primeiro dia que postei o primeiro capítulo da fanfic! Se fez presente em absolutamente todos os capítulos e até recomendou a história! Muito, muito, muito, muito, muito, mas muito obrigada a todos vocês! Sério, de coração!
Espero que tenham gostado da história, e que ela tenha marcado vocês com todas as memórias boas que me marcaram!
Até mais, e espero poder me esbarrar com vocês em outras fics por aí!
Muito obrigada pela atenção!



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