A Lagarta escrita por Vatrushka


Capítulo 14
Litoral - Capítulo Bônus


Notas iniciais do capítulo

Aviso prévio: esse capítulo não segue a ordem cronológica da história. É uma espécie de OVA, uma versão paralela que narra as tão desejadas férias do Giullian. Um capítulo um pouco mais leve é bom, antes da bomba final huehuehue espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673848/chapter/14

Lana tomava sol, meditando ao ouvir o som das ondas. Não sabia que havia sentido tanta falta da água salgada assim...

Estava muito feliz que realmente conseguira arrastar Carl, Luce e Alan pra esta viagem. E que Giullian tinha animado de recebê-los na casa dele! A Lagarta estava precisando urgentemente de uma folga.

Sentada na praia, concluiu que não poderia estar melhor.

A feiticeira só gostava de ir pra praia de manhã. É quando estava vazia, e nenhum dos quatro teria acordado ainda. Era o seu tempo, ali, consigo mesma e com o mar.

Lana interrompeu seus pensamentos ao receber uma bolada forte na barriga. Praguejando, pegou a bola e procurou a imagem de seu dono. Provavelmente uma criança travessa.

Mas não encontrou ninguém. Após isolá-la no mar, voltou a espreguiçar e deitar na canga.

Após alguns minutos, sentiu alguém jogar um balde de água em seu rosto.

Enfurecida, levantou-se. Mas a praia estava deserta.

Acalmando-se, respirou fundo. Prometera a si mesma que não ia se estressar. Resolveu dar um mergulho.

Nadou de uma beira à outra da costa. A água estava gelada, do jeito que gostava. Aproveitou a distância para tentar avistar quem estaria lhe pregando peças, mas novamente, não viu ninguém.

Quando voltou à praia, percebeu que sua canga havia sumido.

"Ah, ótimo." Rosnou, abraçando-se. Teria de voltar para a casa de Giullian daquela mesma forma. "Ótimo, ótimo, ótimo!"

Para seu alívio, viu que Carl, Luce, Alan e Giullian já estavam em direção à praia, trazendo uma grelha e muitas bolsas.

Lana riu. Pelo visto, passariam o dia inteiro ali.

Eles chegaram e montaram uma barraca. Giullian foi cozinhar.

"Gente, vocês vão comer assim? E o almoço?" Interrogou a Lagarta.

"Já está na hora do almoço, Lana!" Exclamou Luce, docemente. "Deve ter nadado por horas, e de novo não percebeu!" Riu.

Mas Lana ainda tremia de frio. "Onde está sua canga, Lana?" Perguntou a Lebre, atenciosa.

Antes que pudesse responder, alguém colocou a canga sobre seus ombros e a abraçou por trás, esquentando-a.

"Acabei pegando emprestado, Laninha."

Luce riu, surpresa. Alan pulou de susto e caiu na areia.

Ao reconhecer a voz, Lana o empurrou. "Ghunter, o que demônios está fazendo aqui?! Ninguém te convidou!"

Ghunter riu. "Também mereço férias!"

"Como se o ano inteiro já não fosse férias para você..." Lana respondeu.

Giullian tossiu. "Na verdade, fui eu que convidei o Gato, Lana."

A Lagarta jogou um olhar furioso em cima de Giullian. 'Como ousa?' Queria berrar.

O amigo, fazendo churrasco, deu de ombros. "Ah, não sei, deu vontade."

Sua indiferença a enfurecia ainda mais. Luce foi montar os pratos para todos, e Lana fez questão de sentar-se entre Alan e Carl.

Comendo, todos trocaram recordações felizes.

"Ah, espera! Eu tenho mais uma!" Disse Luce, alegremente. "Lana, você lembra daquela vez que você estava me ensinando a jogar xadrez, aí Alan ficou todo nervosinho que não podia jogar também, já que era de duas pessoas?"

A Lagarta riu ao se lembrar. "É, é! Aí nós juntamos quatro tabuleiros e tentamos jogar com o Alan e com o Carl, cada um com as próprias peças, e então tudo ficou tão bagunçado que acabamos jogando tudo no chão!"

Gargalharam. Carl exclamou: "Mas eu lembro que fui eu que ganhei!"

Alan enxugou as lágrimas. "Claro que não, pateta! Você deu xeque-mate em você mesmo!"

Carl fez cara de impotente. "E daí? Todos sabem que a vitória está em vencer a si mesmo!"

Luce e Lana aplaudiram. "Ó, amado guru, quanta sabedoria!"

Ao ver que Giullian estava se sentindo excluído por não compartilhar de tais memórias, Lana tentou animá-lo.

"Ah, Giullian! Lembra de como a gente se conheceu?" Giullian sorriu junto.

"Não foi naquele dia que eu estava com febre?" Retomou Luce. "Você era um forasteiro na aldeia, todos estavam falando de você. Implorei pra Lana pegar um autógrafo por mim!"

Lana continuou. "E a sua presença conseguiu lotar tanto a praça que eu nem consegui chegar perto! Só te encontrei por coincidência, no restaurante Coma-me!"

"Pois é! Fui pra lá exatamente por que era mais escondido e eu queria paz... Só depois de a gente conversar por uns 40 minutos que você descobriu que eu era o contador de histórias!"

Eles riram. "E quando viram você me dar um autógrafo, todos os garçons avançaram em cima de você! Aí eu tive que esconder você na minha casa." As bochechas de Lana já estavam dando câimbra.

Luce sorriu. Depois disso, Giullian fez questão de visitar a Lebre para lhe contar uma história. A garota guardara esta memória com candura em seu coração, mas preferiu não tocar no assunto.

Ghunter parecia entediado. Não tinha feito muita questão de conviver com nenhum deles até então, portanto, não compartilhava de nenhuma memória. Entretanto, pegou-se analisando Lana rir. Pensou o quanto seu sorriso era bonito.

Por um instante, seus olhos se cruzaram. Mas logo Lana virou o rosto.

Giullian bancou o simpático. "E você, Ghunter? Não tem nenhuma história de aventura para compartilhar?"

O Gato pensou em contar a história do primeiro beijo de sua irmã postiça, mas não queria interromper o momento de felicidade dela. Claro, havia vivido muitas coisas, mas não achava que histórias de olha-como-eu-me-saí-bem ou de eu-enganei-ele-direitinho fossem divertir aquelas pessoas.

Ele deu de ombros. "Ah, teve aquela vez que a Denise me pediu em casamento."

Carl e Giullian cuspiram o suco que bebiam. Para Alan, só faltou desmaiar.

"E como que foi isso?" Perguntou Luce, chocada.

Ghunter deu de ombros. "Ah, a Duquesa é uma mulher muito carente. Ou como ela diz, apenas-uma-mulher-a-flor-da-idade-que-demanda-muito-calor. Enfim, nós nunca tivemos nada, mas um dia ela se ajoelhou e abriu uma caixinha com um anel."

"Que mulher aleatória..." Comentou Giullian.

O feiticeiro deu de ombros. "É. Mas aí eu falei que, por mais que adoraria a ideia" Ele forçou uma tosse "não podia."

"Qual a justificativa?" Insistiu Luce, risonha.

Ghunter lançou uma olhadela para Lana. "Não me lembro."

Alan pôs a mão no peito. "Como você esquece?! Eu preciso saber, pra também falar a mesma coisa! Aquela vez que Carl e eu prestamos um serviço para aquela doida, só faltava ela arrancar minhas calças fora!"

Lana engasgou. Ghunter fitou o Arganaz com ódio, e ele logo se calou.

Assim a tarde se passou. Na maior parte do tempo, era Giullian quem narrava as histórias.

Antes que percebessem, a noite caiu. Lana enroscou-se Carl, por causa do frio que estava começando a fazer.

Enciumado, Ghunter sentou-se ao lado de Luce e fez o mesmo para a esquentar. Lana, com o ouvido encostado ao peito de Carl, ouviu-o rosnar.

E ele não foi o único. Sem graça, Giullian se levantou, recolheu suas coisas e falou que estava com sono e voltaria para casa.

Para a infelicidade do Gato, assim que Giullian disse isso, Luce prontificou-se a fazer a mesma coisa. Com raiva e sozinho, Ghunter foi caminhar.

Não faziam a menor ideia de onde se enfiara o Arganaz. Deveria estar colhendo conchinhas.

Enrolados em sua canga e olhando para o mar, Lana e Carl continuaram abraçados. Em silêncio, Lana agradecia aos céus por estar ali, agora, ouvindo sua respiração e sentindo seu cheiro de canela.

"Você achou loucura?" Perguntou o Chapeleiro.

"Do quê está falando?" Retomou Lana.

"A Duquesa ter pedido o Ghunter em casamento?"

A Lagarta riu. "Claro que achei. Você consegue imaginar os dois juntos?"

Carl acariciou os cabelos de Lana. "Não pelo fato de ser a Denise e o Ghunter, mas... Pela ideia de casamento. Você acha loucura?"

Lana ficou sem fala. Não tinha opinião formada a respeito. "Eu... Não sei, Carl. Quer dizer... Bem... Sim. Eu acho que seja, um pouco."

Carl murmurou para que continuasse.

"Essa ideia utópica de que duas pessoas vão se suportar genuinamente até que a morte os separe... É, de fato, muita loucura."

Carl sorriu, ao apoiar sua cabeça na dela. "Que bom," ele sussurrou. "que bom."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lagarta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.