Capítulo 5

***

(Safe & Sound – Taylor Swift)

Eu me lembro das lágrimas escorrendo pelo seu rosto

Quando você disse "nunca te deixarei ir embora"

            Se há uma coisa que ele estava achando muito difícil nos últimos dias era conseguir lidar com algumas lembranças que pareciam cismar em voltar a todos os momentos. Na semana que precedeu a viagem as memórias dele entrarem em ebulição e poucos foram os momentos que ele não se percebeu recordando algo. Não seria tão rim relembrar certas coisas se as lembranças não viessem carregadas de emoções dolorosas.

Ultimamente se recordar de coisas acontecia com mais frequência. Parecia que a atmosfera de Konoha ativava todos os seus neurônios de memória e pela sua mente eram repassadas coisas muito antigas até as mais recentes. Lembrava-se perfeitamente dos sentimentos que teve na missão onde luto com o Zabuza e Haku. Na época não conseguia explicar porque simplesmente se jogo na frente do ataque que deveria ir para Naruto.

Poderia ser naquele momento que seus laços começaram a ser construídos? Era difícil saber. O que mais se lembrava era do desejo de não querer ver um companheiro machucado, meio irracional, sim, pois no principio do time sete ele não se importava com nenhum dos seus integrantes. Naruto e Sakura eram apenas obstáculos em um caminho longo e difícil que ele devia correr.

Quando tudo mudou? Quando ele começou a enxergar as pessoas próximas de outro jeito? Enquanto corria para não deixar Sakura cair outra lembrança o tomou. A lembrança de vê-la machucada, sangrando e a ponto de morrer na floresta da morte. Em sua mente criou uma desculpa para a raiva que sentiu naquele dia. Era o selo de Orochimaru o responsável por todo ódio que direcionou para as pessoas que tinha atacado Sakura. Agora, sabia que não era aquilo.

Os sentimentos que teve na época, e que estava tendo agora, não eram provenientes do selo amaldiçoado (até porque ele já não o possuía, não havia a quem dar a responsabilidade). Eram sentimentos seus. Enquanto ia em direção a ela várias coisas passavam por sua cabeça e podia resumi-los em uma palavra: preocupação.Sasuke sabia de todos os seus erros, e ele não era idiota suficiente para negar o que tinha feito. Havia traído sua vila, seus amigos, sua história, seu irmão, sua família e a ele mesmo. Talvez fosse a hora de fazer Sakura entender o que tinha significado aquele obrigado que disse aos doze anos.

Quando todas as sombras quase acabaram com a sua luz

Eu me lembro que você disse "não me deixe aqui sozinha"

Mas nesta noite tudo está morto, acabado e já passou.

***

                        Quando Sasuke a segurou em seus braços a primeira coisa que fez foi levar a mão ao pescoço da garota e logo depois ao nariz dela para ver se a respiração ainda era existente. Sim, ela respirava. Em sua cabeça tentava se recordar se Sakura já tinha comentado ou ele se ele já tinha ouvido alguém falar que ela tinha alguma doença ou algo do tipo. Não conseguia se lembrar de nada. Ficou de pé com ajeitando a menina em seu corpo e andou na mesma direção por onde vinham Hinata e Naruto correndo.

            A pele clara de Sakura assumira um tom de palidez doentia, seus lábios antes rosados, começavam a aparentar um tom mais próximo do azul ou roxo. Tocando na pele do pescoço dela ele pode sentir o quanto ela estava gelada. Mudando Sakura de posição enganchou as pernas dela em volta de sua cintura e passou os braços da garota pelo seu pescoço, queria passar o máximo de calor possível para ela.

            — O que aconteceu Sasuke-san? — Hinata já estava nas costas de Sasuke colocando a mão na cabeça da amiga que repousava como se estivesse dormindo sobre o ombro do Uchiha.

            — Não sei. — Sasuke apertou mais Sakura a si — Ela começou a andar devagar e desmaiou.

            — Ela está azul. — Comentou o Uzumaki.

            Enquanto tocava o rosto de Sakura , Hinata se lembrava de algumas alunos que recebera da própria amiga sobre primeiros socorros e um pequeno jutsu de cura. Enviou um pouco do seu chakra para Sakura e torceu para que aquilo fosse o suficiente até conseguirem chegar num lugar mais aquecido.

            — Não tenho muita certeza— Hinata colocou as luvas novamente enquanto andava para frente de Sasuke e Naruto que lhe encaravam esperando algum esclarecimento — Mas, provavelmente, deve ser hipotermia.

            — O que vamos fazer? — A pergunta foi Sasuke que fez.

            — Temos que aquecê-la. — Após ouvir isso o Uchiha retirou o próprio casaco e a envolveu nele, seria pouco, mas era o que tinham por enquanto.

 — Ainda bem que estamos próximos ao hotel. — Ao ouvir o Uzumaki dizer isso ele suspirou aliviado — Podemos chegar lá em menos de meia hora.

            — Ótimo — Hinata disse enquanto voltava a correr.

            Sasuke mudou novamente Sakura de posição, colocou-a nas costas, segurando a menina por suas pernas e braços, sabia que não era o melhor jeito de levar alguém, mas era única forma que ele conseguia pensar no momento de correr o melhor que podia e carregar ela sem maiores problemas.

            Uma distância tão insignificante daquela, nunca pareceu tão grande para o Uchiha. Chegar à vila estava demorando demais, ele devia aquecer Sakura o mais rápido possível, mas a droga daquela vila nunca chegava. Olhando para frente começou a ver os primeiros campos abertos cobertos de neve. Se a situação não fosse tão preocupante, ele tinha certeza que pararia para observar tamanha beleza na paisagem.

            A neve branca cobria o gramado verde, era possível se sentir no ar  o cheiro de vegetação molhada causado por uma chuva recente que houvera naquela região. Embora o céu tivesse uma cor acinzentada, que lembrava um dia de tempestades, não podia ser mais bela. Na verdade, aquela imensidão cinzenta, dava todo o toque especial naquela paisagem maravilhosa.

            É impossível descrever a sensação que se sentia ao ver as primeiras casas da Vila da Neve. Eram residências, na sua grande maioria, de madeira, e ele se perguntava como aquelas pessoas, que ali moravam, sobreviviam ao frio. Pois, a madeira não é o que se podemos chamar de algo que aquece.

            Mesmo que não tivesse acostumado com aquele local ele pode ver que realmente tratava-se de uma cidade turística. Dava-se para notar que as pessoas que circulavam pelo centro da vila não eram moradores de lá. Homens, mulheres e crianças, caminhavam envoltos em várias camadas de roupas. Ele conseguiu diferenciar os habitantes dos turistas, pois em certos lugares – como lojas, mercados e etc. — as pessoas vestiam menos roupas que os turistas. O que ele atribuiu a estarem acostumados com o clima local.

            Naruto se informou em uma pequena mercearia e descobriu onde ficava a pousada mais perto, logo todos seguiam em direção a ela. Sasuke começava a recobrar a preocupação, Sakura não havia despertado durante todo o trajeto. Temia pelo que pudesse acontecer a ela.

            A pousada ficava um pouco afastada do centro do comércio da vila, o que era muito bom para o Uchiha, já que ele não gostava de muita agitação. A pousada era relativamente um local grande, possuía três andares. Sendo que o primeiro era onde ficavam o restaurante e a recepção. Assim que entraram na Pousada Yuike, pediram os quartos. Sasuke quase teve vontade de bater em Naruto. O Uzumaki havia esquecido-se de fazer as reservas dos quartos, mas, por sorte do loiro, existiam quartos vagos.

            O dono do local disponibilizou dois quartos para um grupo. Um quarto seria dividido por Sakura e Hinata e outro por Naruto e Sasuke.  Foram direto para o que seria ocupado pelas meninas. O Uchiha se apressou e deitou Sakura sobre a cama.

            — Acenda a lareira, Naruto-kun. — Pediu Hinata se aproximando de onde Sakura estava deitada.

            Era um quarto espaçoso, com duas camas e uma grande lareira que em pouco tempo já estava aquecendo todo ambiente. A decoração era basicamente madeira e tecido escuro. Um grosso carpete cobria todo o chão e lindas e acolchoadas cobertas estavam empilhadas sobre as prateleiras de um pequeno armário.

            Naruto terminou de acender a lareira e voltou a ficar ao lado de Hinata, que naquele momento encarava os dois rapazes a sua frente se perguntando se eles pretendiam permanecer ali. Sasuke interpretou

            — O que foi Hinata? — Indagou ele — É algo grave?

            — Será que você poderiam sair do quarto para eu  poder trocar as roupas dela? — Os garotos fizeram a cara de quem não estava entendendo nada, então a Hyuuga teve de se explicar novamente — Preciso colocar roupas mais quentes nela, e não posso fazer isso com vocês aqui dentro.

            — Ah! — Em fim Sasuke e Naruto entenderam — Claro, vamos Sasuke. — Naruto saiu levando Sasuke consigo. O Uchiha estava meio relutante para sair, não que ele fosse pervertido ao ponto de querer ver Sakura sem as roupas, mas não queria se afastar dela.

            Foi com alivio que encarou algumas poltronas logo no corredor onde era o quarto que Sakura estava. Ele e o amigo se acomodaram e ficavam aguardando. Sasuke tinha o rosto mais sério do que de costume, e apesar de a situação não ser muito boa Naruto achou engraçado. Sabia que Sakura ficaria bem, ela era forte. O Uzumaki teve que controlar a risada ao ver Sasuke tão sério daquele jeito. Aquele idiota. Até quando ele ia insistir e em esconder o que estava sentindo?                    

            — Assim você quebra a cadeira, teme. — Disse o loiro no seu limite de controle de riso. Só aí que Sasuke percebeu que apertava os braços da cadeira com muita força. Estava tão concentrado em pensamentos sobre Sakura que não percebera o que suas mãos faziam — Cara, Eu nunca ti vi tão nervoso.

            — Não enche dobe! — Resmungou Sasuke, não estava com paciência para as indiretas do Uzumaki.

            — Ei Sasuke? — Chamou-o o Uzumaki alguns segundos mais tardes.

            — Fala — grunhiu o Uchiha.

            — Ela está bem. — Disse o loiro.

            — O quê? — Perguntou o Uchiha sentindo-se confuso com as palavras de Naruto.

                        — A Sakura-chan, — explicou o futuro Hokage — Não se preocupe ela é forte.

            Sasuke apenas concordou com  cabeça. Naruto podia às vezes ser a pessoa mais irritante do mundo, mas sabia o que falar nas horas certas. Principalmente quando esse assunto se referia a seus amigos. Se Sasuke outrora renegara a amizade do Uzumaki, agora, fazia questão de tê-la. Naruto era como um irmão para ele, só que nunca Uchiha Sasuke revelaria isso. Até porque, a amizade deles era assim. Um sempre tentando ultrapassar o outro, e se isso acabasse, perderia a graça.

            Era bom ter alguém que mostrava que que o aceitara. Diferente de quase todas as pessoas Naruto parecia ser o único para quem não importava o tempo que Sasuke tinha ficado fora. O Uzumaki sempre estava presente quando Sasuke precisava saber algo ou parecia confuso por ter perdido alguns acontecimentos da vila.

            Dentro do quarto Hinata trocava as roupas de Sakura as substituindo por peças que a aqueceriam mais, pegou mais alguns edredons, que estavam no pequeno closet do quarto, e cobriu a Haruno com eles. Achou que seria bom pedir algo quente para a rosada beber, chamou o serviço de quarto e fez um pedido de chá fumegante, aquilo ajudaria bastante a sua amiga a recuperar-se o mais rápido possível.

            Aos poucos ela foi recuperando o tom normal de sua pele, mas ainda estava inconsciente, isso seria preocupante se ela estivesse desmaiada, mas aquele não era o caso. O corpo de Sakura apenas dormia para recuperar as suas forças. Logo depois, Hinata deixou os rapazes entrarem no quarto. Sasuke foi diretamente se sentar ao lado de Sakura, parecia nem se lembrar de que havia outras pessoas no cômodo, pois levou sua mão até os fios róseos do cabelo dela e os acariciou lentamente.

            Naruto e Hinata ficaram afastados, sentados no sofá cor de marfim que estava em um dos cantos do quarto. As horas se passaram e Sakura ainda continuava dormindo, o Uchiha não saiu do lado dela, ficaria até quando ela acordasse, pois, provavelmente, Sakura não ia gostar de tê-lo perto dela depois que despertasse.

            O estomago de Naruto começou a reclamar por não se alimentar a bastante tempo.

            — Estou com fome. — Disse Naruto.

            — Eu também. — Confessou Hinata

            — Vão comer alguma coisa. —Sasuke falou baixo sem retirar os olhos de Sakura,

            — Ela não pode ficar sozinha. — Explicou a Hyuuga.

            — Ficarei com ela. — O Uchiha passou a fitá-los — Não tem problema, sério. Não tenho fome.

            — Ótimo! — Exclamou o loiro se levantando. Hinata achava incrível a confiança que o Uzumaki depositava em Sasuke, resolveu fazer isso também — Vamos, Hina?

            — Só irei pegar um casaco. — A morena foi até sua mochila e pegou um casaco, Naruto acenou para o Uchiha e saiu do quarto com a namorada. Confiava em Sasuke o suficiente para saber que ele cuidaria bem de Sakura, mas será que Sakura pensava assim?

            Hinata ficou na dúvida na hora de deixar Sasuke sozinho com Sakura, se a garota acordasse existia a possibilidade de não gostar de ver o Uchiha ao seu lado, teria que arriscar. Já estava mais do que na hora daqueles dois começarem a se entender. A amiga que a desculpasse, mas ela estava fazendo aquilo em prol do bem dela.

            Sentia frio, todo o seu corpo parecia estar dentro de uma geladeira. A última coisa de que se lembrava era de estar a caminho do  local onde passaria as férias com seus amigos, e com... Sasuke. Depois disto, tudo não passava de um borrão, e ela não se lembrava de nada.

            Percebeu que estava deitada, provavelmente em uma cama, notou também que havia várias cobertas em cima de si. Com algum esforço tentou se sentar, mas foi impedida por alguém que fez com que ela se deitasse novamente na cama.

            — Não se esforce muito. — Falou Sasuke — Ainda precisa se recuperar. Você quase bateu a cabeça na queda.

 — Sa-sasuke? — Sussurrou ela após reconhecer aquela voz — O que aconteceu? Onde nós estamos?

            — Você teve um, acho que foi isso que a Hinata quis dizer, principio hipotermia e desmaiou no caminho — Ele explicou enquanto sentava-se na borda de onde Sakura repousava — Estamos na Vila da Neve. Como estávamos aqui perto, achamos melhor te trazer para cá.

            — E o Naruto e a Hina? — Perguntou ela sentando-se, e agradeceu com um leve sorriso por ele ter ajudado a ela a se sentar melhor na cama.

            — Saíram para comer alguma coisa. — Ele a respondeu — Aquele dobe ficou com fome.

            — Por que não foi também? — Provavelmente todos estavam famintos, ao olhar para a janela vi que o sol já tinha ido embora há algum tempo.

            — Bem, Hinata não queria que você ficasse sozinha. — “ E eu não queria te deixar só”.

           — Obrigada por isso. — Ela disse após algum tempo. — Devo estar parecendo uma idiota né? — Perguntou ela com um sorriso triste.

        — Como? — Sasuke arqueou uma  das sobrancelhas em sinal de confusão.

       — Sou uma médica e não percebi que estava com principio de hipotermia. Eu que deveria cuidar das pessoas e não as pessoas cuidarem de mim. — Sakura ria nervosa enquanto olhava para suas próprias mãos.

  — Está errada — Falou Sasuke soltando a respiração pelos lábios criando uma pequena fumaça devido ao frio.

 — Como? — foi a vez dela fazer essa pergunta.

 — Você cuida das pessoas — Ele começou a explicar sem perder a tranquilidade —Mas também precisa que alguém cuide de você. Apesar de ser uma médica, você ainda é um ser humano. E como qualquer outro, precisa de cuidados quando está doente ou algo do tipo.

 Quando Sasuke fitou a rosada viu os orbes esmeraldinos dela arregalados em sinal de franca surpresa, ele não soube o porquê falou aquilo, somente disse o queria. Somente desejou ajudá-la a parar de se auto flagelar, não gostava de vê-la se menosprezando daquele jeito.

 A Haruno não conseguia tirar os olhos do rosto do Uchiha. Realmente ficou muito surpresa  com as palavras dele, nunca, sequer, imaginou que algum dia ele seria tão... carinhoso –essa era apalavra certa – com ela. Não pode deixar de ruborizar e como uma garotinha de dozes anos desviou os olhos dela antes de sussurrar :

 — Obrigada, Sasuke-kun.

 Sakura não conseguiu perceber, mas Sasuke soltou um longo suspiro de alívio quando ouviu que ela voltara a chamá-lo com o sufixo –kun. Ele sentiu como se aos poucos estivesse retornando, talvez fosse aquilo o que lhe faltava, ser aceito novamente por Sakura como um amigo e um companheiro, talvez assim finalmente conseguisse voltar para seu lar. Foi impossível não sorrir, mesmo que aquele ato só tivesse acontecendo em sua mente e não tivesse percebido que realmente estava sorrindo pra Sakura.  Ela viu aquele sorriso no rosto dele e não pode deixar de sorrir junto. Ele era uma pessoa de poucos sorrisos, mas quando sorria fazia isso perfeitamente bem.

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Somente feche seus olhos

O sol está se pondo

Você ficará bem

Começar um quebra cabeça é sempre difícil. Primeiro vemos todas aquelas pecinhas espalhadas e olhamos a imagem na caixa do brinquedo e nos nossos pensamentos só passa a ideia do quão difícil vai ser conseguir aquilo. E começamos, peça a peça, juntar, testar, trocar de lugar, jogar uma peça pro lado, buscar a peça que caiu, se irritar por não conseguir saber de onde aquela pequena peça de canto é e talvez pensar em desistir.

Então acontece algo bom. Aos poucos você vai vendo as imagens se formando, as peças começam a se encaixar melhor e você que elas estão diminuindo no lugar que você as guardou. E quando você percebe que está chegando ao fim sente saudades do tempo que passou procurando as pecinhas, do tempo que gastou pensando sobre onde colocar e de onde tirar.

Era assim que Sasuke começava a se sentir. Sua vida era um quebra-cabeça, daqueles de cinco mil peças ou mais. Tantos fragmentos foram se criando ao longo dos anos, e agora que estava pronto para se “remontar” ele passava por todas as etapas. Obviamente ainda tinha muita coisa para se conectar, mas quando percebeu que tinha mantido uma conversa de mais de trinta minutos com Sakura depois de tanto tempo era como se finalmente algumas peças há muito esquecidas – aquelas peças bem lá no fundo da caixa- começavam a encontrar seu lugar.

Ele sabia que aquilo não significava que as coisas voltaram ao normal, que ela o trataria como se coisas ruins nunca tivessem acontecido. Talvez aquilo nunca acontecesse, mas só a sensação de algumas coisas se encaixando aos poucos e acertando seus lugares dentro dele era o suficiente por enquanto.

Quem sabe algumas coisas boas pudessem acontecer mesmo para ele não merecia nada daquilo. Enquanto conversava com ela naquele quarto teve mais uma vez a certeza que fizera a escolha certa ao voltar para Konoha.

Ninguém pode te machucar agora

Ao chegar a luz da manhã

Nós ficaremos sãos e salvos