Not About Angels escrita por Paper Wings


Capítulo 3
Cap. 2: Sorrow


Notas iniciais do capítulo

Voltei, walkers queridos! Desculpem-me pela demora! T.T E obrigada por serem tão pacientes. Um obrigada muito especial a Cool Girl, que recomendou a fic! Muitíssimo obrigada! Adorei ler cada palavra e saiba que me deixou emocionada e com um grande sorriso no rosto!
Sem mais delongas, então, boa leitura.



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Slowly

Then all at once

A single loose thread

And it all comes undone”

Sorrow – Sleeping at Last

 

Você já pensou em simplesmente sumir? Quando tudo parece tão errado a ponto de querermos desistir e sermos carregados pelo vento para bem longe de nossos problemas; um lugar onde somos felizes e vivemos com quem amamos, construímos uma família e uma boa vida... Libertador, não é? Se você não tem esperança, por que continuar a viver? Por que continuar aqui, se todas as belas palavras de papai diziam que as coisas ruins seriam compensadas depois que deixássemos o mundo? Era injusto ficarmos presos a esse mundo destruído.

Eu já pensei dessa maneira, lembra? Acabei por escrever aqui, nessas folhas em branco, exatamente o que eu senti ao me trancar no banheiro do quarto e, entorpecida, observar o sangue em meu pulso escorrer. Nossa, como os sentimentos mudaram em um piscar de olhos, e até hoje não sei dizer se foi a coragem ou covardia que me ajudaram a hesitar e, por fim, permanecer viva... Em um momento, estava lá eu decidida a desaparecer, em outro, grossas lágrimas nublaram minha visão e só conseguia pensar “O que eu fiz?”.

Estou me lembrando desse incidente, pois acabei sonhando esta noite exatamente com isso: desistência. Nem sei quando havia sido a última vez que sonhei, mas por algum estranho motivo, consegui desta vez e foi estranho. Eu sentia que flutuava por cima da antiga Beth, revivendo tudo nos mínimos detalhes.

Agora, estou escrevendo com os primeiros raios de Sol e as últimas fagulhas da fogueira acesa por Daryl. Tenho quase toda certeza que ele não dormiu, mesmo quando acordei durante a noite por conta do sonho/pesadelo e assumi a guarda. Talvez ele não confie em mim tanto quanto preciso confiar nele. Sei que minhas chances são maiores se eu ficar aqui, ainda mais depois de resquícios do sonho ainda despontarem em minha cabeça e fazerem com que diversas suposições surgissem com duras pancadas.

É claro. Meu subconsciente provavelmente estava me alertando sobre as tentativas da fraca Beth Greene quebrar as paredes do meu baú para tomar controle sobre mim. Será que, lá no fundo, eu ainda possuía um desejo de desistir de tudo, apesar de tantas vezes negar essa vontade? Estava, sim, ficando mais difícil me segurar em falsas esperanças, mas eu seria capaz de simplesmente desistir?

Acabei olhando para o meu pulso, diário. Ele ainda possui uma fina cicatriz que me levava de volta à fazenda, quando todos estavam vivos e bem — mamãe ainda estava conosco como ela mesma —, até tudo começar a desmorona, como uma linha solta na costura, e quem eu amava passar a cair um por um. Eu assistia, impotente, à cada morte... Eu não quero continuar a ser impotente. Todos temos um trabalho a fazer; papai dizia isso.

 

Daryl parou de ler, relutante, enquanto passava os dedos calejados sobre as letras escritas à mão. Não fazia a mínima ideia de que a jovem havia pensado nessas coisas quando estavam juntos, lá fora, e distantes de todos. Imaginava, sim, que ela pudesse ter uma crise de realidade e tentasse fazer algo estúpido, pelo menos no começo, ao se conhecerem melhor, mas não sabia que Beth refletia tanto sobre autoconfiança e sobre provar seu verdadeiro valor. Não com tanta frequência.

O caipira esperava com todas as suas forças que a pequena Greene tivesse mudado sua opinião sobre ele, já que era inútil negar a si mesmo: Daryl passara a confiar nela. Beth foi quase como uma epifania personificada; a partir de sua presença, o homem sentia suas defesas sendo destruídas aos poucos e algo diferente descompassar seu coração. No início, recusava-se a sequer considerar ter sentimentos pela jovem, porém, a cada dia que passava, mais próxima Beth ficava e mais importante se tornava para ele.

Tolo, pensava vezes ou outras. Beth é nova demais e ainda tem a vida pela frente, quer mesmo fazê-la acreditar que é o único homem no mundo que pode protege-la com armas e dentes, e privá-la de alternativas? Não, ele nem viu quando os sentimentos de ambos começaram a convergir e a paixão tornar-se uma só.

Talvez, essa fosse a razão de forçar-se a parar de ler a todo momento: não era apenas o fato de Beth ter ido se solidificar a cada palavra avançada em direção ao fim da agenda verde, e sim, o medo de descobrir o que ela pensava sobre ele. Ao mesmo tempo em que queria respostas urgentemente, queria esconder o diário e não o ler. Temia ter interpretado tudo errado, temia não ter sido correspondido da mesma maneira, temia ter se precipitado... Um filho da mãe patético, praguejou silenciosamente.

Antes que realmente guardasse o diário, pensou melhor. Ainda tinha tempo e, se ficasse olhando para a grama aos seus pés, acabaria pensando naquilo, o exato momento em que tudo despencou: quando ouviu o som do gatilho e a pequena Greene caiuno chão do hospital, rodeada por uma poça de tristezas escarlate. Não. Se lesse, ao menos poderia reviver partes da vida de Beth, bem longe daquilo.   

 

Acho que não sou capaz de desistir outra vez. Não posso desistir deles, dos sobreviventes que acredito estarem vivos e bem, em algum lugar aos arredores, ou de Daryl, que estava ali, protegendo-me embora nunca tivéssemos sido próximos. Somos uma família construída sobre sangue, confiança, amor e... Esperança. Certo? Isso é inquebrável.

Não podemos ficar outro dia aqui, precisamos andar, nos mover... Gosto de acreditar que estou começando a entender a floresta, mas Daryl ainda me envia olhares de censura quando piso em galhos e folhas secas, fazendo um barulho desnecessário. Quase não conversamos, na verdade, o que torna nossa jornada relativamente desconfortável, porém, gosto do silêncio. Daryl Dixon é uma caixinha de surpresas, talvez já tenha mencionado isso.

Não fui feita para essa vida, mas isso não é exatamente novidade. Uma pessoa é capaz de se redimir por tantos erros? Será que eu poderia ter sido mais útil? Com certeza. Talvez se, agora, eu fosse procurar alguma fruta para comermos antes de prosseguir a viagem, não estaria sendo um peso-morto. Se ao menos tivesse um bebê ou uma criança para eu tomar conta... Não era bem o que eu me imaginava fazendo até o fim dos meus dias, porém, eu era boa com isso: cuidar dos pequenos.

Meu coração acabou de apertar. Pensar nos pequenos me faz lembrar de Judith e das outras crianças da prisão. O desespero que senti ao não encontrar ninguém nas celas ou não ouvir um choro sequer quase me destruiu, mas me forcei a sair da prisão antes que fosse tarde demais. Eles estão seguros, disse para mim mesma na ocasião. E, enfim, encontrei Daryl do lado de fora; e a incerteza sobre eles estarem seguros aumenta a cada dia.

Eu sei que não estou exagerando. São crianças; sinto-me no direito de me preocupar assim como uma mãe sem seu filho se preocuparia. Elas eram parte da família, afinal. Eu nunca substituiria a mãe de tantos órfãos da prisão, pois não era de longe minha intenção, entretanto, poderia ser uma figura que dava a elas carinho, amor e conforto. Certo? Todos precisamos disso atualmente: carinho, amor e conforto, já que o mundo tenta nos destruir com frequência.

Acabei de notar que Daryl piscou algumas vezes antes de fechar seus olhos. Eu bem tinha a impressão que ele não estava dormindo; provavelmente, se eu tivesse levantado para buscar frutas, ele teria ido atrás de mim e me enviado aquele semblante inquisidor. Ele realmente não confia em mim, isso Daryl já fez questão de deixar claro. O que eu posso fazer para mudar isso?

 

Nada, Daryl respondeu mentalmente assim que fechou o diário. Ela não precisava se esforçar para mudar; ela já era perfeita. Talvez, tão perfeita que o mundo atual a julgou imperfeita, diante de tanta morte e tristeza. Beth Greene não merecia tanto sofrimento; ninguém merecia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Amo vocês! Até o próximo capítulo!
Xxxxxxx



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