Obscure Grace escrita por Ahelin


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Vocês são os melhores. PUDINS. EVER.

MARE SUA LOUCA NÃO MUDA A INTRODUÇÃO
OKAY MARE DESCULPA

Ok, parei.

Hey pudim!
Como vão as coisas na Terra?

Eu sou a Mare e bem-vindos a mais um capítulo de Obscure Grace!
Me sinto muito bem aqui. Pra mim, é o mesmo dia do capítulo anterior, mas pra vocês não. ISSO É TÃO CRUEL.
Tô feliz e exaltada ao mesmo tempo.

Enfim, sem mais enrolação!
Até lá embaixo o/



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É engraçado como as coisas podem acontecer ao acaso, e como o acaso pode ser a melhor coisa que já aconteceu.

Nunca acreditei em destino. Na minha concepção, esse é só um nome que as pessoas dão à coisa que vão culpar por tudo que lhes acontece. Isso acontece porque é sempre mais fácil atribuir a culpa a algo ou alguém, especialmente se for uma coisa abstrata que não pode se defender. Um acidente de carro? Destino. Duas pessoas se encontram e descobrem que têm tudo em comum? Destino. Uma menina encontrar um real na rua? Destino.

Não! Não há um motivo para chover no grande dia de uma apresentação de ballet, deixando o clima aconchegante e agradável para ouvir aquela música preencher o ambiente e deixar-se levar por ela. Duas pessoas se encontram em um lugar inusitado porque as duas estavam no mesmo lugar e na mesma hora. Não existe um agente sobrenatural atuando ali, apenas acontece porque acontece, é porque é.

Funciona como uma frase que meu irmão sempre me disse: Superman voa porque ele voa, porque sim, ponto final. Assim que tentaram explicar o porquê disso, em O Homem de Aço, eles acabaram com a magia de tudo. Da mesma forma, atribuir uma explicação a algo inexplicável, dizer que de qualquer maneira isso aconteceria, apaga um pouco o brilho impressionante que o acaso tem.

Esses pensamentos invadem minha mente em uma cascata enquanto caminho pela festa infantil mais legal do século. É realmente uma pena que ela não tenha acontecido de verdade. A porta que atravessei deu direto na sala de jogos, e assim que me virei para conferir de onde tinha vindo, não passava de um armário de limpeza.

O salão é enorme e tudo parece estar brilhando: há até uma mini-sala de realidade virtual no canto, sem contar um monte de brinquedos que parecem muito legais. Droga, eu daria tudo pra ser qualquer uma dessas crianças aqui e poder dar uma volta nessas maravilhas. Não, infelizmente não dá, tenho coisas sérias pra resolver.

Mais rápido do que imaginava, encontro Leo acenando para mim do outro lado da festa. Caminho de encontro a ele e preciso desviar de algumas crianças cheias de energia durante o percurso, mas nada grave. Quando chego perto, ele ainda está com a mesma expressão de antes.

— Tudo bem? — pergunto. — Você tá bem estranho.

E o motivo é óbvio, por sinal.

— Essa foi quase — responde baixinho, e me arrependo instantaneamente de ter tocado no assunto.

— Eu sei. — Puxo sua mão e a aperto, tentando passar alguma segurança. — Vamos ficar bem, eu prometo, mas vou entender se não quiser mais me ajudar.

— Não comece a falar bobagens. — Um pequeno sorriso surge em seu rosto. — Não vou deixar você se divertir por aí e arrumar encrenca sozinha.

Sorrio de volta. Estou feliz por conseguir esconder que minhas mãos estão tremendo e eu estou mais nervosa que ele. Como as pessoas conseguem fingir que estão bem quando na verdade não estão? É uma habilidade que não tenho.

— Vamos lá — chamo, mantendo o sorriso. — Nós dois temos uma chave pra encontrar.

— Só mais uma pergunta. Você não vai tirar esse chapéu ridículo? — A mão dele tenta sorrateiramente derrubar meu chapéu, mas dou um tapa nela antes que consiga.

— Não.

Mal damos dois passos e já me sinto deslocada na festa, usando esse chapeuzinho rosa com um rosto de porco no meio de toda essa decoração azul relacionada a ballet. Como todas as outras coisas irrelevantes, isso passa. Aperto a mão de Leo por impulso quando nossas duas versões mais jovens passam correndo junto com um pequeno Rafa. O trio está reunido.

— Que saudade dessa época — comenta ele, parecendo contente. — Por que eu não lembro desse dia?

— Porque não aconteceu. — Dou um tapa de brincadeira em sua testa. — Já esqueceu que eu mudei tudo?

Leo ri e dá de ombros.

— Ok, desculpe. A chave está em algum lugar por aqui, demos sorte dessa vez. Vamos dar uma olhada e tomar cuidado para eles não notarem a gente, tá?

Assinto e o puxo pela mão até um canto mais afastado, perto de onde os adultos estão reunidos, pra podermos observar todo mundo de longe. De repente, paro pra ver a Lis: correndo e sorrindo até as bochechas doerem. A cada meio segundo, alguém puxa seu vestido azul rodado para que ela tire uma foto com um parente que veio de longe pra essa festa. Sento numa das cadeiras em frente a uma pequena mesa redonda, e meu amigo se contenta em ficar parado atrás de mim. Merda, odeio quando alguém faz isso.

Reparo em um menino que acaba de chegar junto com mãe; o cabelo louro-escuro é cortado em tigelinha e ele claramente não quer estar aqui, mas assim que ela lhe dá uma leve cotovelada um sorriso de comercial de pasta de dente se abre em seu rosto. É o Miguel! E, julgando pelo laço desajeitado, foi ele quem embrulhou o presente que está carregando.

Os dois caminham e logo a mãe dele encontra a minha. As duas se abraçam e começam a conversar como duas velhas amigas e em um piscar de olhos a dona Clara empurra o pobre garoto até a Lis.

— O que você tá olhando? — pergunta Leo, se debruçando em cima dos meus ombros. Obrigada, Deus, por ao menos uma pessoa que tem quase o meu tamanho, mas ele é pesado e vai acabar me rachando algum osso.

— Shh — reclamo e inclino o tronco para o lado, fazendo com que ele se desequilibre e quase caía. Um peso muito grande foi literalmente tirado dos meus ombros. — Presta atenção neles! — Isso parece funcionar, porque ele fica quieto.

Miguel respira fundo e fica um bom tempo sem jeito, tentando falar com a aniversariante, mas ela está sempre ocupada. Quando já estou ficando nervosa comigo mesma por ignorá-lo, ela se livra do resto das pessoas e solta uma risadinha pra ele.

— É a coisa mais fofa que eu já vi na minha vida! — Leo dá um suspiro falso e lhe lanço um olhar fulminante.

— Silêncio!

Nesse momento, uma moça vem correndo até nós com uma expressão furiosa. Reparo em seu uniforme verde-escuro e no nome do salão bordado em letras cursivas nele, bem acima do crachá que diz "Flávia".

— Ah, vocês estão aqui — briga ela quando chega bem perto, e fico surpresa com seu tamanho: ela consegue ser ainda menor que eu! Sua altura combina perfeitamente com seu cabelo cacheado e curto, que a deixam parecida com uma boneca. Se ela não estivesse tão brava comigo por motivo algum, eu poderia colocá-la num chaveiro.

— Desculpe, o quê? — Leo se pronuncia antes de mim.

— Vão arrumar aquela mesa, rápido! — ordena ela. — Vocês estão atrasados! E, por Deus, menina, tira essa porcaria ridícula da cabeça.

Que ótimo trocadilho. Peppa, porco, porcaria.

— Ok... — respondo e puxo Leo em direção à cozinha, mas não antes de tirar o chapéu. Adeus, Peppa. — Se é pra procurar alguma coisa aqui dentro, não tem jeito melhor do que sermos empregados!

Ele concorda com a cabeça, um pouco contrariado, mas temos que aproveitar qualquer chance. Assim que chegamos na cozinha encontramos Flávia, que de alguma forma desconhecida pelo homem conseguiu chegar aqui antes de nós.

— Como ela apareceu tão depressa? — sussurra Leo.

— Não tenho ideia — respondo, no mesmo tom, e ela não parece bem um pouco feliz com isso.

— Parem de ficar cochichando aí e vão trabalhar! — reclama, depois de jogar dois aventais verdes para nós. — Estagiários preguiçosos... — termina, rolando os olhos.

Visto meu uniforme e Leo faz o mesmo. Ótimo, agora estamos camuflados. Em silêncio, para não corrermos o risco de tomar outra bronca, começamos a caminhar para a mesa de doces. Em algum desses momentos, ele se separa de mim para procurar a chave do outro lado.

Desvio de várias crianças com o organismo entupido de açúcar, que estão correndo em círculos pelo salão todo, mas sou barrada por uma delas. Um Rafa de catorze anos aparece devorando um monte de brigadeiros que estão empilhados em um pratinho de bolo.

— Ei, é você! — diz ele, e tudo que consigo fazer é sorrir. Onde o Leo se enfiou? — A moça lá do calçadão!

— Eu mesma, senhor. — Faço uma reverência e ele ri. Esse Rafael usa o mesmo perfume gostoso que meu irmão de verdade! Quase fico tonta quando o cheiro forte me atinge, mas depois que me acostumo ele me trás muitas boas lembranças.

— Não sabia que trabalhava aqui — continua ele, aumentando o sorriso.

Pois é, nem eu sabia!

— Ah, é só um estágio — explico. Será que existe algum jeito de fugir dessa conversa? A linguagem corporal dele nesse momento é no mínimo... estranha. — Ei, tenho que fazer algo útil antes que a minha chefe grite comigo de novo.

— Ok, então tchau! — Ele acena e dá as costas, para logo em seguida ir correndo em direção à sala de brinquedos. Acho que a versão mais nova do meu irmão mais velho está um pouquinho apaixonada por mim. Que droga, Rafa!

Meu nariz começa a coçar assim que passo pela mesa de doces e quase grito para que Leo apareça logo, mas me contenho no último segundo. Certo, agora já sei que a chave está aqui, mas o que será? Não há nada além de brigadeiros e bolo, então tem que ser uma dessas duas coisas.

Alguém se coloca atrás de mim nesse instante e descansa as mãos nos meus ombros. Reconheço os dedos pequenos como sendo dele; só meu amigo e minha avó têm mãos desse tamanho.

— Já achou alguma pista ou só tá com fome? — debocha ele.

— As duas coisas — retruco. — Meu nariz tá coçando. É alergia ou um sinal?

— Um sinal, óbvio. — Leo começa a analisar a mesa. — Não tem alergia no céu.

— Bom, aí está o problema! — Suspiro. — Não consigo lembrar de nada importante na minha infância que possa ter ligação com um doce, e se fosse um dos estágios que mudei eu não teria sentido nada, certo?

— Certo — concorda ele ao pegar um dos brigadeiros na mão. — Mas posso apostar o que você quiser nesse aqui. Você vivia só pra comer isso, e não era lá muito fã de bolo. Quer arriscar?

Dou de ombros. Se der errado, podemos testar a outra opção, mas seria uma perda absurda de um tempo que não temos.

Ele faz seu tipo de simpatia mágica louca que não brilha no brigadeiro e o entrega a mim. Vamos em silêncio até a porta do armário de limpeza, e ele a "encanta" também. Um pouco irônico sair pelo mesmo lugar que entramos.

Ainda assim, antes de ir, olho uma última vez para Lis, que está desembrulhando o presente que Miguel trouxe. É um porta-retratos azul com desenhos brancos.

— Pra guardar o que você quiser — diz o garoto para ela.

Tiro o avental verde e o penduro nas costas de uma cadeira qualquer, e Leo faz o mesmo com o dele. Então, com uma determinação que não tenho ideia de onde veio, dou outro passo em direção ao fim.


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Notas finais do capítulo

Ei, o que achou? Eu gostaria muito que me contasse.
No mesmo esquema do capítulo anterior, por onde você quiser! Vou ficar muito feliz.

E ei, duas novidades:

1- EU EDITEI O MARE RESPONDE. Mas só vou postar o link no último capítulo >:)
2- Já escrevi vários spin-offs, que são como pequenas histórias paralelas a essa. Por exemplo: o que aconteceu com a Liv, com a Edlyn e com o Will quando ele sumiu. Vou postar cada um como uma One-shoot separada depois do final de OG, e quem quiser ficar atualizado com o link basta me adicionar aos favoritos ou me mandar uma MP :3

E era isso. Beijinhos ♡



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