O CAMALEÃO SIDERADO escrita por MARCELO BRETTON


Capítulo 36
Capítulo 36




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— Eu não falei que aquele merdinha ia passar remédio pra gases, ainda bem que não foi em supositório senão eu mesmo o enfiaria no cu dele.

— Também, foi peidar na cara dele enquanto ele te examinava – Ralhou Selma, enquanto a van que os transportava ganhava a estrada principal levando-os para casa.

— A culpa é dele que bateu na minha barriga.

 

O médico havia feito curativos nos ferimentos e o examinado. Estava ótimo, com a pressão arterial de criança, a despeito dos seus abusos com o álcool. E aproveitando o ensejo, fez Diolindo comprar duas garrafas de aguardente na vendinha mais próxima do posto de saúde com a intenção de festejar qualquer coisa. Sua ressurreição, o fato de ter uma mulher que o queria na doença e na tristeza, de ser pai de um homem justo e de estar voltando pra casa. Casa? Cheirou a boca da garrafa e logo virou um gole goela abaixo.

 

— É isso mesmo meu coroa, você abusou da paciência do coitado – Intercedeu Gemima que não desgrudava do velho.

— Minha flor de hibisco, meu remédio é um chazinho de sua calçola e tchan! Eu fico bom. Isso cura tudo. Não fosse você eu já tinha batido com as quatro e vocês estavam seguindo o meu féretro.

Gemima pôs a mão na boca de Franco para que ele não falasse mais bobagens.

— Você têm razão minha caranguejinha de mangue. Vou usar a boca pra beber minha pinga – E tornou a dar um longo gole.

 

Diolindo vinha pensativo e alheio a besteirada que o sei pai despejava, agora vinha sentado ao lado de Selma, de mãos dadas, e com a cabeça encostada no seu ombro, enquanto o seu sogro estava no banco da frente ao lado do motorista. De vez em quando dava uma espiadela pelo retrovisor. Tinha que vender o diamante logo. Fredson picara a mula do acampamento e talvez tivesse ido buscar reforços para prender o velho. Não estava preocupado com o tal de Romeu que fugira, ele não saberia onde encontrá-lo, mas poderia chegar até o boteco do Almeida. Ou não. Estava cansado e resolveu parar de pensar antes que o seu raciocínio entrasse em parafuso, como sempre acontecia.

 

Almeida tinha pensado em pedir ao motorista pra parar num telefone público e saber como estava Florinda e Babi, mas preferiu chegar sem avisar e fazer uma surpresa. Agora que sua filha resolvera ir morar com Diolindo, o seu quarto seria arrumado com um berço para sua filhinha caçula. Pensava em começar a procurar Joãozinho pelos hospitais naquele mesmo dia, mas estava exausto. Pediria ajuda a Fredson, que misteriosamente saíra nas carreiras. Mas para quê? Ainda tinha que providenciar o enterro de Clarice.

 

Selma abraçava o seu homem e acariciava seus parcos cabelos, enquanto dava o seu ombro para ele descansar. Com calma conversaria com o seu pai sobre as últimas ocorrências. O velho precisava descansar para enterrar Clarice no dia seguinte, se ambientar com a sua nova mulher e buscar o neto perdido. Ela faria o que fosse preciso para ajudá-lo, só não contassem com a sua presença no cemitério para enterrar a irmã. Lembrava bem o quanto sofrera quando ela descobrira sua condição de hermafrodita. Corria atrás dela com uma faca na mão quando saia do banho. Uma vez, ainda jovens, ela acordou assustada com Clarice segurando firmemente o seu pênis, que devido a manipulação logo endurecera. As duas se olharam, e Selma achou que sofreria uma amputação, mas ao invés disso, a irmã o colocara todo na boca e só parou de estimulá-lo quando enchera a boca de esperma. Depois daquilo, nunca mais foram a mesma uma com a outra.

 

Num ato instintivo, Almeida pede que o motorista pare ao lado de um telefone público plantado a beira da rodovia e cata umas fichas na pochete de couro. Estava agoniado demais para saber notícias das duas.

 

###

 

Ela fora mornar um pouco de água para dar banho em Babi. Queria que ambas tivessem cheirosas para receber o seu marido e provedor. Também teria que estar preparada para o caso dele querer fazer sexo. Tomara que não fosse necessário fazer coisas estranhas para ele conseguir uma ereção, do tipo enfiar-lhe um dedo na bunda. Fazia uma cara de nojo só de pensar na cena. Também teria que se mexer em cima dele com calma, pois os ossos naquela idade já não eram mais os mesmos, tinha a questão da artrose. Mas o que tinha mais receio era que ele tivesse incontinência urinária e mijasse dentro dela durante a penetração. Aquilo estava lhe consumindo o juízo. Não ia mentir que não tinha qualquer atração por ele, isso era um fato, mas quem sabe com o tempo as coisas não se ajeitassem e ela pudesse se acostumar. Nos momentos de tesão por um homem mais jovem ela sempre poderia contar com os seus dedinhos pra poder desanuviar. Quem sabe até, mais na frente, pudesse comprar um consolo.

 

Ouviu Babi chorar e se apressou para acertar a temperatura da banheira improvisada numa bacia plástica que lavara com todo cuidado e pusera em cima do bidê. Ligou o aparelho de som da sala e buscou uma estação que tocasse algo suave para o momento.

 

Felicidade foi-se embora

E a saudade no meu peito ainda mora

E é por isso que eu gosto lá de fora

Porque eu sei que a falsidade não vigora

 

Não era bem aquilo que queria ouvir, mas ao menos o ritmo da música era como uma canção de ninar. Pegou Babi nos braços e deu-lhe um pouco de peito. Logo depois de colocá-la pra arrotar, levou-a pro banheiro e pousou-a suavemente na água. Logo ela estava sorrindo com o contato com a água morna. Ao término do banho, escutou o telefone tocar na sala. Era Almeida, tinha certeza. O seu peito se enchera de alegria ansiando por notícias dele, a sua voz sempre a acalmava. Rapidamente virou a água da bacia no ralo do chuveiro e virou-a ao contrário ainda em cima do bidê, forrando-o com a toalha e repousando Babi nela.

— Fique quietinha meu amor que eu vou falar com papai e já volto pra te vestir.

Florinda correu pra sala e atendeu a chamada.

— Oi meu querido, estava aguardando notícias suas.

— Acabei de dar banho nela.

— Estamos te esperando. Vou preparar algo pra você comer.

— Outro.

E repôs o telefone no gancho quando ouviu um baque surdo vindo do banheiro.

— Babiiiii!

O balde tinha emborcado com o movimento do bebê e virado em cima do vaso sanitário, que por sua vez, estava aberto e recebera a criança caída de cabeça para baixo na água imunda.

 

###

 

O seu pênis era engolido sistematicamente pela boca da baixinha que sabia o que estava fazendo.

— Quero pegar em você, te apalpar – Pediu sem deixar demonstrar o desespero na voz. Pensou que já que ela tinha lhe tirado a mordaça, também podia deixá-lo um pouco mais livre.

— Eu vou adorar. Nunca vi um pau tão grande – Respondeu a criatura num estado de excitação tão grande que ela era quase uma escrava dos seus desejos. E prontamente desamarrou-o com os dois caindo um por cima do outro no chão.

— Aqui não, vamos pro quartinho. Minha irmã está abastecendo os carros lá na frente, agora é hora de movimento.

E puseram-se sorrateiros a caminhar nus pros fundos do posto.

— Se deite aí, que eu tô completamente no cio – Dizia ela com uma voz rouca carregada de más intenções.

 

Ele nunca imaginara nem nos seus sonhos mais insanos que um dia teria que realizar a trepada da sua vida justamente com uma mulher. A primeira vez que gozou, nem ela nem ele perceberam, tal era o tesão da mulher e a concentração dele pra não deixar o pau murchar. Ainda em riste ela pediu pra ele meter na sua bunda. Aquilo o animara um pouco mais e logo estava em ponto de bala pra enfiar-lhe o membro ânus adentro. Perto de ejacular pela segunda vez e com a mulher de costas pra ele, deu-lhe uma gravata com todas as forças que ainda lhe restavam e, em poucos minutos, a criatura estava desmaiada. Soltara-a no momento certo, antes que fosse irreversível. Voltou rapidamente para buscar suas roupas, olhou pela fresta dos vidros a grandona abastecendo um veículo com outro na espera e correu mato adentro pelos fundos do estabelecimento ainda sem um plano.

 

###

 

— Meu amor eu tenho que pagar as prestações que restam de Desirée.

— A sua intenção é boa e eu entendo. Mas com esse dinheiro nós poderemos comprar uma casa maior, mesmo na comunidade, enquanto você vende a que a sua mãe lhe deixou. A melhor maneira de nós prestarmos uma homenagem a ela é não esquecendo os momentos que passamos juntos.

Franco que até então estava calado, abriu a boca.

— E não esqueçam que eu e Gemiminha iremos morar com vocês.

— Viu aí o que eu te disse. Agora é que a casa precisa ser grande mesmo! – Ralhou a mulata, imaginando o perrengue que seria morar sob o mesmo teto que Franco.

— Olhe, eu tenho umas economias, posso entrar com uma parte dessa casa aí que vocês tão falando – Intrometeu-se Gemima.

— Você é minha heroína, baby – Falou o padre apertando a gordinha para si e dando-lhe uma bicota.

— Nesse caso, tudo bem.

Selma achava que não estava tudo bem, mas pelo menos estaria perto do seu homem, aquele que lhe entendia perfeitamente e a queria exatamente como ela era. Iria lhe dar filhos perfeitos, não como ela. Duas, cada uma com um sexo somente, caso contrário preferia abortar.

 

Almeida voltava do telefone todo faceiro, com um sorriso que lhe alargava o bigode, agora inerte, em meio palmo.

— Ok pessoal, vamos pra casa, onde sempre têm notícias boas a nossa espera. Lar doce lar.

Franco pensou na porcaria que era o seu lar, uma barraca nojenta, cheia de lixo dentro, e deu uma risadinha de escárnio, enquanto enfiava um dedo na boceta de Gemima discretamente pra não perder o costume.


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