A Fronteira Maldita escrita por Dama do Poente


Capítulo 14
13 - Sina


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de agradecer a daughter of the sun, Dama das Cores, McLancheFeliz e Mica Ligeia pelos reviews no capítulo passado. E então pedir desculpa pela demora: a bad bateu em minha porta, junto com o bloqueio criativo e não querem ir embora. Foi uma luta para escrever esse capítulo, e eu espero que gostem dele!



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P. O. V Sadie:

As coisas estavam acontecendo rápido demais. As horas passavam e sequer tínhamos consciência disso: começamos a discutir pela manhã, mas quando vimos já era o meio da tarde, e ainda estávamos de pijama ― os D’Anibale foram gentis ao ponto de nos emprestarem roupas mais confortáveis que jeans para dormir; o que pra mim não fazia diferença: minha roupa de linho era confortável, e de fato parecia um pijama. ―, com a louça do café da manhã na mesa, tentando decidir quem voltaria e quem seguiria viagem.

― Vocês não estão entendendo: mais do que três pessoas, e alguém morre ou é seqüestrado. Sophia sumiu, Claire tem que voltar comigo! Isso não abre vaga pra ninguém! ― o mentor de Catarina, Nico di Angelo, discursava com ardor.

Não posso dizer que essa notícia me alegrou, pelo contrário: apenas me deixou ainda mais apreensiva. Eu sempre me garanti como uma boa maga, mas eu não era a melhor em combate, e sentia-me culpada por não ter conseguido proteger Sophia ― ela sumira na rodada de monstros egípcios; eu deveria ser capaz de acabar com Sepopardos! ―: eu não reclamaria se um dos três maiores magos fosse comigo para a missão.

― Você parece preocupada! ― Walt murmura, abraçando-me pela cintura.

Estávamos afastados da mesa de discussão, não o suficiente para não ouvirmos, mas o suficiente para não nos ouvirem sussurrar.

― Ta mais pra culpada! ― suspiro, não sentindo mais necessidade de manter a postura severa. ― Eu deixei aquela menina ser levada...

― Ou, talvez, deixou-a seguir seu destino! ― ele diz, levando-me a encará-lo. ― Você mesma nos contou que ela é a proibida, e se ela está ouvindo palavras traiçoeiras, talvez ela não seja tão inocente assim.

― Ela só tem 13 anos, Walt! É uma criança! ― protesto.

― E você tinha apenas 12 quando salvou o mundo das peripécias de Set. ― suavemente, ele me contesta. ― Idade não define sina, Sadie. Você, mais do que ninguém, deveria saber disso!

Walt estava certo, é claro. Poderia estar falando a respeito de Carter e eu, mas eu sabia que também falava por experiência própria: se não fosse hospedeiro de Anúbis, Walter teria morrido aos 16 anos, graças a uma maldição lançada sobre seu ancestral há milhares de anos. Quando se vive numa realidade mítica, o presente pouco importa: o passado pode determinar sua vida tanto quanto suas ações atuais podem modificar seu futuro.

― Se ela não foi seqüestrada, e sim escolheu ir... Isso influenciaria a visão de Catarina? ― me perguntei, apoiando o rosto contra o peito musculoso do meu namorado.

― Se sim, vai depender muito do que Sophia vai fazer. ― Walt sussurrou. Se nos olhassem agora, jamais imaginariam sobre o que conversávamos. ― Ela pode nos ajudar, ou nos levar a ruína.

Afastei-me um pouco, focando meu olhar em Lorenzzo, que parecia determinado a ajudar ― mesmo que demonstrasse claramente não estar entendendo nada. ―, e senti um aperto em meu coração. Imaginei como Carter se sentiria, ou como eu me sentiria se fosse meu irmão quem estivesse no lugar de Sophia; eu me desesperaria, faria de tudo para achá-lo... E me decepcionaria eternamente se soubesse que ele estava me traindo.

Eu precisava encontrar Sophia não apenas para salvar o mundo ― o que era um motivo e tanto, é claro ―, mas também para preservar uma família.

― Antes de decidirmos qualquer coisa, e de treinarmos os três selecionados para a missão... Pois, se acham que podem ir para Alexandria sem treinamento, estão enganados; seria gentil da parte de Claire nos explicar os mistérios por trás de Sôter. ― Nico eloqüentemente solicita, soando tão educado quanto ameaçador.

Ele não era o único curioso a respeito da arma; embora magos contassem mais com magia, nossas varinhas e cajados eram versáteis, porém jamais no nível do arco mágico de Catarina, que podia se transformar em algumas outras armas, dependendo da necessidade de sua dona. Talvez essa peculiaridade nos ajudasse no futuro, considerando que soubéssemos como lidar com ela.

Claire não pareceu se incomodar com o tom arrogante de Nico ― até porque, no quesito arrogância, ela naturalmente vencia ―, apenas olhou em nossos olhos, aparentemente pensando como iria nos contar, antes de despejar sobre nós a história.

― Cada um dos deuses gregos tem seu próprio arsenal lotado de artefatos mágicos e armas poderosas. Seus símbolos de poder estão ali, assim como suas formas favoritas de guerrearem; mas nem sempre eles têm o que fazer, e é nessas horas que coisas como Sôter surgem. ― ela inicia, esticando a mão para que Catarina lhe passasse o diadema. ― Pode parecer um arco de cabelo simples, digno de Blair Waldorf, porém ele foi forjado por Hefesto e Apolo, quando os dois deviam estar bastante inspirados. Não sei ao certo se foi forjado diretamente para você, ou se ele já existia muito antes de existirmos, apenas sei que ele é poderoso demais para ficar em mãos erradas: somente filhos de Apolo podem manejá-lo; se eu tentasse atirar uma flecha com ele, algum estrago aconteceria.

― E como explica o fato de Thalia Grace e eu termos sido capazes de tocá-lo? ― Nico questiona.

Eu não conseguia deixar de comparar o arco com o martelo de Thor em Os Vingadores. Apenas os dignos podiam erguer o Mjölnir, enquanto por aqui apenas os descendentes de um deus podiam manusear Sôter sem causar desastres que eu não conseguia imaginar. Pelo que eu sabia, Apolo era o deus da arquearia, porém me perguntava se a pontaria precisa de Catarina se devia a sua herança genética, ou ao arco mágico.

― Vocês foram escolhidos, assim como minha família, para o protegerem. A idéia de Apolo era manter Sôter sob a proteção da minha família até o dia que Cathy completasse 15 anos, mas depois que fomos atacados no ano passado, ele soube que não era mais seguro. ― ela relata, e Nico assente, provavelmente sabendo sobre qual ataque ela se referia. ― O que acredito que aconteceu foi que Apolo pediu ajuda a Ártemis, e nesse caso ela jamais recusaria um pedido dele; como Thalia é a tenente das caçadoras, a pessoa em quem a deusa mais confia, não havia nada mais justo do que confiar a proteção do arco a ela, e você entra nessa história como o transportador mais eficiente: ninguém pode te rastrear, Nico. Se algum ataque acontecesse às caçadoras, era seu dever levar o arco para longe, e devolvê-lo apenas quando estivesse seguro.

Meus amigos e eu trocamos olhares enviesados, todos desconfiados e confusos a respeito da história que nos era contada. Como uma arma poderia ser perigosa o suficiente para comover inúmeras pessoas para mantê-la segura? Era como está, mais uma vez, de volta ao museu em Londres, de frente para a Pedra Roseta, na qual fortes encantamentos egípcios estavam gravados: seu poder era incalculável, e eu me perguntava se sôter era igualmente assim.

― Isso é tão confuso. ― Catarina suspirou, parecendo derrotada. ― Eu tenho um arco mágico, mas ele não parece ser suficiente para me livrar de enrascadas e impedir que pessoas sejam seqüestradas.

A dor na voz dela fez com que eu me lembrasse de como eu me sentia desolada a cada erro cometido em minha primeira jornada para salvar o mundo. Quando soube que não poderia trazer meu pai de volta, me senti a pior pessoa em toda a história, porém naquela época eu não entendia que ele não queria ser salvo. Assim como, nessa ocasião, Sophia tampouco queria que nós a ajudássemos.

E eu sentia que, quando os demais descobrissem, não ficariam nada felizes.

P. O. V Autora:

Ainda havia um pouco mais a se decidir antes de Catarina, Sadie e Lorenzzo partirem para Alexandria. Nico di Angelo havia ressaltado que eles precisariam ser treinados, e o filho de Hades estava certo: ele treinara Catarina antes desta partir em missão, mas não fora o suficiente para que ela ensinasse Lorenzzo a lutar; ainda existia o agravante de tentar coordenar poderes gregos e egípcios para funcionarem juntos... Parece trabalho demais, e de fato o era, tanto que Claire Reymond já não o suportava mais.

O dia 25 de janeiro foi gasto apenas em conversas e descanso: não adiantaria correr na direção do inimigo, se não conseguiriam ficar em pé para batalharem. O truque era saber esperar pela hora certa para atacar, e foi o que fizeram, aproveitando para explicarem melhor como aquele mundo de fato funcionava; para a felicidade de Claire, ela não era a única veterana por ali, mas ainda assim não poderia se dar ao luxo de escapar de seus companheiros... Exceto se fizesse algo que lhe pediram encarecidamente para não fazer.

A Biblioteca Olimpiana era enorme e continha exemplares de todos os livros do mundo. Era mutável como o Labirinto de Dédalo, permitindo que apenas alguns escolhidos, selecionados por Atena e Apolo, pudessem circular tranquilamente por toda a sua extensão; dentre os afortunados havia divindades menores, escribas e, obviamente, semideuses, dentre os quais Claire era uma: para acessar o acervo divino, bastava que ela usasse sua chave de ouro com rubis entalhados em qualquer porta, como fazia na madrugada do dia 26 de janeiro de 2013.

― Imaginei que mais cedo ou mais tarde passaria por aqui... ― uma voz suave e precisa a assusta.

― Jasmyn! ― Claire se rende e abraça sua irmã gêmea. ― O que está fazendo aqui?

― Vim impedir que você faça alguma besteira, Claire! ― os olhos heterocromáticos de Jasmyn faiscaram enquanto ela se afastava. ― Por que vem tratando Catarina tão mal? Você sabe o que devemos fazer por ela.

E esse era todo o problema: Jasmyn e Claire, desde pequenas, receberam de Apolo a tarefa de guiar Catarina em sua missão. Ele sabia que as provações da filha seriam difíceis demais para se enfrentar sozinha, e contava que as primas de Cathy a ajudariam; Jasmyn não se incomodava com tal tarefa ― ela amava a prima, e faria o possível para vê-la bem ―, porém Claire odiava seu papel. Sua vida estava presa a de Catarina, e se esta fizesse algo que desagradasse os deuses, todos ligados a ela morreriam.

― Eu não quero viver minha vida em função dela, Jas. Deixei muita coisa para trás, muitos sonhos, para ficar de babá da Cathy, e estou cansada disso. ― a garota suspira, deixando-se cair sobre um divã.

As irmãs ainda não tinham acesso total a Biblioteca, mas seus “corredores” se conectavam, formando um espaço amplo, de pé direito alto, cercado por estantes altas, intercaladas por extensas mesas de madeira maciça; a iluminação se dava graças às enormes janelas arqueadas, esculpidas nas paredes de tijolos aparentes.

― Você sabe que isso não será para sempre. E que tampouco é culpa dela. ― Jasmyn tenta acalmar a irmã, mesmo sabendo que seria inútil. ― Nenhum deles ali tem culpa, são vítimas do infortúnio de serem filhos dos deuses, e precisam lutar para se manterem vivos... Aliás, preciso que me ajude com uma bainha!

O primeiro pensamento de Claire era que a irmã estava louca, mas logo após lembrou-se de quais corredores estavam. O seu continham cada tragédia já ocorrida por conta dos deuses, inclusive aquelas ensinadas em escolas humanas, nas aulas de literatura; já o de Jasmyn era a catalogação de cada arma já usada. Eventualmente, coisas que estavam acontecendo acabavam por ali, como era o caso da enorme lança de ouro imperial que Jasmyn tinha em mãos.

― De quem é isso?

― Para quem, você quer dizer! ― a irmã a corrige. ― Acredito que seja um presente de Marte para aquele menino que você ajudou a resgatar... Uma lembrança pelo nobre ato de devolver a arma de um deus... Mas antes, preciso achar uma boa bainha para essa arma: não dá pra andar com esse troço enorme por aí... O que você acha que seria melhor?

A imagem de Lorenzzo passou pela mente de Claire: a pele bronzeada sobre os músculos fortes, os cabelos castanhos claros, quase loiros, a barba por fazer dando a impressão de o italiano se mais velho do que claramente era. Foi os olhos esverdeados o que mais encantaram a filha de Afrodite, embora tivesse ficado claro para ela que não seria a sortuda a receber olhares dele ― e isso apenas a deixou um pouco mais enraivecida.

― Acho que uma pulseira combinaria. Algo simples, porém de prata: ele parece ser um pouco soturno demais para usar coisas de ouro... ― ela responde, vendo a irmã compactar a lança magicamente, transformando-a em uma corrente simples de prata. ― Devo levar isso?

― Não, ele precisa encontrar sozinho, é o que diz as regras! ― Jasmyn dá de ombros, e com um estalo de seus dedos, a corrente desaparecera. ― E você precisa dormir: amanhã tem que ajudá-lo a treinar.

― Por que eu? Di Angelo é muito melhor com armas...

― Mas ele é o mentor da Catarina... E vai precisar de uma boa desculpa para Will não matá-lo! ― a irmã sorri, lembrando de como o amigo se irritava facilmente quando não era obedecido. ― Além do mais, ele precisa contar tudo o que sabe sobre Alexandria para ela e a maga.

E de súbito, Claire entendeu porque ainda estava na Itália, embora já pudesse ter dito adeus para a missão. Não perdeu tempo escutando mais conselhos da irmã, apenas se despediu e voltou para seu quarto, fechando a porta mágica da Biblioteca divina. Até tentou correr para contar o que notara, mas era tarde demais: todos dormiam, sabendo que teriam de se levantar cedo; com um suspiro resignado, a filha de Afrodite resolve que deveria se recolher também, e deixar a descoberta para a manhã seguinte.

P. O. V Lorenzzo:

Por mais tranqüila que minha noite de sono tenha sido, eu ainda estava cansado ao ponto de sentir que fora atropelado por um trem cargueiro. Levantei-me cedo, como fora requisitado por meu conterrâneo, e tomei um banho rápido, agasalhando-me bem antes de descer para o café da manhã. Mas, antes que eu pudesse sair do quarto, um brilho prateado me chamou a atenção.

Era uma pulseira simples, como a de um relógio, e junto a ela havia um bilhete cuja mensagem era “use-me”. Por um momento me senti em Alice no País das Maravilhas, porém considerei o fato de que minha realidade era outra agora, e aceitei o pedido escrito; qual não foi minha surpresa quando, ao flexionar o pulso, a corrente se estendeu, dando lugar a uma lança consideravelmente grande, feita de ouro.

Queria dizer que não entrei em desespero, mas a verdade é que quase tive um colapso nervoso, e desci as escadas correndo, procurando por ajuda daqueles que já sabiam o que faziam da vida como semideuses. Contudo, meu desespero foi ignorado: apenas me explicaram como a história de armas embainhadas funcionava, e logo fomos treinar.

― Vocês sempre lidam tão calmamente com os problemas? ― perguntei a Claire, desviando um de seus ataques.

― A gente acumula a raiva e o desespero para ajudar a correr e a matar os inimigos. ― ela responde, pulando quando tento dar uma rasteira nela. ― O que me lembra... ― ela então assobia, chamando a atenção dos demais, que se aproximam resmungando. ― Parem de reclamar feito bebês chorões, é importante: eu acho que sei onde devem procurar em Alexandria!

― Como? ― Catarina pergunta, franzindo a testa.

― Se esse tal de Setne quer mesmo unificar magias, não existe melhor lugar para isso do que a biblioteca de Alexandria: toda a história da cidade está ali.

― Mas as pessoas veriam se uma menina de 13 anos começasse a... Fazer umas bruxarias macabras no meio de uma biblioteca! ― opinei, pensando em cenas de Harry Potter.

― Não se ela usar as ruínas da primeira biblioteca! ― Carter, o irmão de Sadie, se manifesta. ― Lá não está apenas a história daquele povo, mas também seu sangue: é um lugar extremamente poderoso, e que serviria muito bem para os propósitos de Setne.

Um arrepio percorreu minha espinha ao imaginar quais seriam os reais propósitos do tal mago, especialmente em para que ele usaria minha irmã. Eu só conseguia me lembrar do quão frágil ela era quando foi adotada, e me perguntava como estaria agora: machucada? Assustada e com medo? Parecia perda de tempo continuar ali, treinando, como se a vida de minha irmã pudesse esperar até que eu aprendesse algo útil.

― Precisamos partir imediatamente! ― interrompi a discussão que se iniciava. ― Se esse tal de Setne é tão poderoso, não podemos esperar que ele fique ainda mais. Precisamos atacá-lo enquanto ainda temos o elemento surpresa ao nosso favor.

― Quando se trata de Setne, nunca temos o elemento surpresa ao nosso favor: ele sempre vai prever o que iremos fazer! Foi quase impossível capturá-lo da última vez; não teríamos conseguido se Percy Jackson não tivesse hospedado uma deusa! ― Sadie contesta seriamente.

― Percy fez o que? ― Nico parecia alarmado. ― Como ele faz esse tipo de coisa e não conta?

― Combinamos de não falar nada! Não queríamos trazer problemas... ― Carter murmura.

― Acontece que é exatamente isso o que temos! ― meu conterrâneo os repreende ― Se tivessem contado, talvez pudéssemos ter nos preparado melhor!

― Não ia adiantar, di Angelo! Catarina é a única que pode ir nessa missão, e ela não podia saber de nada antes de completar quinze anos, então não adiantaria treinarmos e nos prepararmos: essa batalha não é nossa! ― Claire argumenta.

― Não existe essa de direcionar batalhas para cada um. ― Nico contra-argumenta, olhando-a reprovadoramente ― Somos semideuses: a batalha é de todos nós!

As palavras de Nico ficam pesando entre nós, mesmo depois de ele admitir que eu estava certo: por mais que precisássemos de treinamento, o destino do mundo estava em nossas mãos. Teríamos que contar com a sorte e com nossa ascendência divina para nos ajudar em nosso caminho.

― Não se esqueça do que eu lhe disse: confie em seus outros sentidos. A visão não é a que mais lhe importa! ― ele aconselha Catarina uma última vez, quando já estávamos no aeroporto.

Segundo eles, voar não era o tradicional jeito de um semideus resolver seus problemas, mas no momento era perigoso arriscar qualquer outro método ― Sadie disse que poderia abrir um portal direto para as ruínas, porém corríamos o risco de ficarmos presos numa dimensão mágica egípcia chamada Duat. ―, então ali estávamos nós, prestes a embarcarmos para um vôo com destino ao Cairo.

E o pior de tudo isso era ver as lágrimas no rosto de minha mãe. Sophia desaparecera, e agora eu partia para uma missão suicida, sem sequer saber me defender... Eu me sentia um péssimo filho, entretanto havia muito desde que eu passara a aceitar o que o destino me reservava.

― Por favor, por favor, não morra! ― ela me pede, abraçando-me com força.

Não lhe prometi nada, porém jurei a mim mesmo que minha irmã voltaria sã e salva. Nem que isso me custasse à vida.

P. O. V Autora:

Enquanto os semideuses da missão corriam contra o relógio, aqueles que permaneceram no Acampamento Meio-Sangue tinham outras questões em mente, como o misterioso desaparecimento de Maria Valentina Reymond, uma filha de Apolo desconhecida por muitos, porém de vital importância. Todos os conselheiros chefes estavam em reunião com Quíron, a fim de discutirem o que deveria ser feito... Na verdade, do chalé de Apolo, Will não era o único por ali, mas é nele em quem devemos prestar atenção.

― É inútil continuarmos aqui, reunidos ao redor de uma mesa de tênis, comendo Doritos enquanto uma irmã minha está lá fora, correndo perigo! ― o loiro discursa com ardor, chocando até mesmo os romanos que foram chamados para dar apoio nas buscas. ― Os Olimpianos já deveriam saber o que está acontecendo, Quíron: nem mesmo as caçadoras conseguiram rastreá-la... Se bem que eu me admiraria se tivessem conseguido ou nos alertado. ― e o filho de Apolo lança um olhar amargurado para Thalia.

― Me poupe, Solace: a culpa é toda do seu pai nesse caso. Não suporto que mintam para mim, ou que me usem em missões. ― a filha de Zeus tenta se defender, mas sabia que errara feio ao compactuar com as mentiras de Nico.

Thalia de fato mandara as melhores caçadoras, como Phoebe, para ajudar nas buscas, porém permanecera no Acampamento a fim de acobertar a mentira criada com o filho de Hades. Ela não iria embora antes de descobrir para que foram usados, mesmo que isso significasse tolerar os olhares de raiva lançados por Will.

― Eu não vou falar mais nada! Vimos o que aconteceu quando Percy desapareceu, e não acredito que queiramos repetir a dose. ― o conselheiro foi sucinto ― Meu pai pode não ser um dos três grandes, mas ainda é um Olimpiano, é um deus importante. E mesmo que fosse um deus menor, não acredito que seja decente deixar uma semideusa a mercê da própria sorte.

― Falta de sorte, eu diria. ― um ruivo, filho de Bóreas, se manifesta, suspirando ― A culpa disso estar acontecendo é toda minha.

E mais uma vez Eleazar Campbell se perguntava se deveria mesmo ter insistido em um relacionamento que desde o princípio mostrava sinais de fracasso. Sim, havia muito amor entre ele e Valentina, mas a sorte nunca parecia acompanhar o afeto no caso deles.

― Não há nada de errado em se amar, Eleazar. ― para a surpresa de todos, é Thalia quem o conforta. ― Quem estiver por trás disso é o culpado por tudo o que está acontecendo no momento. E eu concordo com Will: está na hora dos Olimpianos saberem de tudo... Seja lá o que esse tudo for.

O ruivo lhe fornece um meio sorriso, que em nada iluminou seus olhos azuis claros. Havia muito mais acontecendo além do desaparecimento de Maria Valentina, algo que quando os deuses soubessem, provocaria uma revolta sem igual. Pelo menos provocaria em alguns deuses em especial.

― Se eu for contar tudo o que sei, precisarei trazer uma testemunha essencial. ― ele murmura, já deixando a varanda da Casa Grande. ― E, desde já, peço que me perdoem por qualquer inconveniente que isso possa causar a algum de vocês.

Sem esperar por reações, Eleazar abre suas esplendorosas asas arroxeadas, alçando vôo logo em seguida, deixando todos boquiabertos no recinto, com exceção de alguns poucos campistas que o conheciam de longa data.

― Por que ele estava pedindo desculpas? ― Will perguntou, virando-se para Aria Santi, uma filha de Atena, que calhava de ser prima de Eleazar.

― Porque provavelmente sentiremos a ira de Apolo quando ele descobrir todos os detalhes por trás desse desaparecimento. E, considerando que estamos vivendo um período de conselho, a coisa vai ser muito feia! ― a garota suspira, apoiando-se na cadeira em que Malcom Pace estava sentado.

E ninguém ali precisava ter o dom da profecia para saber que Aria Santi estava certa.


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Notas finais do capítulo

Preciso dizer que uma das coisas que mais estou gostando em reescrever essa fic é o poder de adicionar toda essa subtrama de Valenzar nos capítulos. E vocês, o que estão achando de toda a história? Por favor, não deixem de me contar o que estão achando: a opinião de vocês é muito importante.
Aliás, não sei se estão sabendo, mas estou participando do NaNoWriMo2016 e estou postando a continuação de Worse Than Nicotine. Quem quiser e puder dar uma passadinha em Favourite Sweater e me contar o que está achando, eu vou adorar recebê-los por lá!!
Beijoos e até!



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