Capitulo Um

   A Primeira coisa que ele viu ao abrir seus olhos foi a luz neon piscando em meio a penumbra do quarto. Por um momento ele achou que ainda estava na boate. Um som estranho ritmado o estava enlouquecendo, sonolento, demorou uns segundos para distinguir que o som estava vindo do quarto ao lado, gemidos e... – Tapas, chicotadas?!—ele presumiu abrindo bem os olhos e tentando ouvir com nitidez. –Mas o que diabos estava acontecendo ali? Seus pais estavam realizando uma orgia de chicotes?!  Quando ele finalmente focalizou o quarto, percebeu que não estava na segurança da sua cama e nem tão pouco da sua casa.

    A luz neon continuava a piscar. Seu estomago estava protestando e embrulhando o deixando levemente nauseado.  Da janela ele viu a placa que piscava uma grande palavra ‘MOTEL’, Ele piscou seus grandes olhos assustados em surpresa. Era um sonho?— Não, não era um sonho. – ele respondeu a si mesmo. Mas o que ele estava fazendo ali? Onde estava Rosie? Ele havia deixado sua melhor amiga em casa como combinado? –Mil e uma perguntas passavam por sua cabeça. – Ainda meio grogue, sentiu algo quente nas suas costas. Era um braço?! Humano?!— Que observador– pensou ele. Erguendo–se um pouco ele tentou ver algo.

   Mas a pessoa estava totalmente coberta, pelo caos no quarto, e vendo sua roupa intima e uma calcinha rosa chiclete na poltrona, ele deduziu que era uma garota ao seu lado... Ufa. Mas quem? Que diabos ele tinha feito? Ele tentou lembrar, mais isso foi um erro, o latejar constate da sua cabeça o estava matando. Pela respiração compassada e tranquila da pessoa ao lado ele pensou que esta estava dormindo.

   Soerguendo-se lentamente ele pode finalmente se desvencilhar daquele braço. O que ele não imaginava era a dificuldade da garota naquele momento. Era difícil respirar enquanto se tinha um ataque histérico. O mais lentamente possível, ela tentou pegar seu celular que estava na mesinha ao seu lado. – Só mais um pouquinho, só mais... Ela quase soltou um grito quando sentiu o colchão ceder. – O que ele esta fazendo? – Perguntou-se apreensiva.

  Com passos lentos e segurando sua respiração ele saiu pegando suas roupas e correu para o banheiro. Era um banheiro minúsculo, típico de motel. Ofegante e trêmulo ele começou a se vestir o que era uma tarefa difícil dada a sua tremedeira devido a adrenalina que corria nas suas veias. Ele queria dar o fora o mais rápido possível. ‘Worth It’ começou a tocar estridentemente o assustando. Desajeitadamente ele deixou o celular cair no chão. ‘ Claro eu tinha que fazer isso!’ No visor do aparelho apareceu a foto da Rosie rindo e ele imediatamente respirou aliviado, ela saberia o que fazer nessas situações.

   Mas ele a mataria quando a visse por colocar aquele toque personalizado. Ele riu ao lembra-se que aquilo era uma vingança por ter falado que a girlband favorita dela era flopada.— Alô.  Rosie? – Alô? – Ele perguntou novamente ouvindo o silêncio do outro lado da linha. – Onde você está? O que aconteceu? Você estar em casa, esta segura?

 – Alex, Alex… Ela sussurrou baixinho. – Me ajuda!

— O que esta acontecendo?– O garoto perguntou alarmado.

  – Alex onde você esta? Minha cabeça está explodindo, como eu vim parar aqui?

 – Onde é aqui? Rosie eu estou com um problema! Acho que dormi com alguém.

— O que? Você também?

 – Como assim? Você também… Rosie?

 – Acho que estou num motel e não me lembro de nada... O que quer dizer que perdi minha virgindade, MINHA VIRGINDADE – repetiu ela com ênfase e dramatização. E nem me lembro! Da pra acreditar? Alex o que eu faço, ele logo sairá do banheiro. Não sei onde estão minhas roupas. Ai meu deus acho que ele esta vindo!

— Calma. Mantenha a calma. Lascou! Meu deus.

— O que foi Alex?

— Acho que a garota acordou. – estou escutando ela se movimentar no quarto, o que eu faço? Rosie?  Você esta ai?

— Alex, Alex o que eu faço? Raciocina! Você é homem! Homens não ficam histéricos quando perde sua virgindade, eles comemoram! Faz grupinho, da um nome ridículo ao próprio pênis!

— Eu não fiz isso! Ou melhor... Não tive tempo ainda – Ele adorava a provocar com esses comentários– Aliais não é hora pra bancar a machista!

— O quê? Eu não sou!

— E sim!

— Não, não..

— Sim, sim..

— Pelo amor de deus Alex! isso não é hora para discutir! O que eu faço? –A menina tentava a todo custo encontrar algo que cobrisse sua nudez naquele momento, ela correu para a cama e pegou o lençol e tentou se cobrir.

— O.K – Disse ele lentamente – Somos adultos, fizemos coisas de adultos então vamos agir de forma adulta. Você vai abrir a porta do banheiro e encara-lo. E eu farei o mesmo e agiremos como se isso fosse a coisa mais normal do mundo, porque é a coisa mais normal do mundo! Isso aconteceria um dia. Ok, talvez não dessa forma...

— Pode apostar que sim Alex! Eu preferiria lembrar-me desse momento único na minha vida… Okay, você estar certo. Sou adulta, tenho dezoito anos! Pelo amor de deus! Não somos mais crianças. Vamos fazer isso! – Alex, você esta me ouvindo?

  O garoto estava com a cabeça encostada na porta tentando escutar algo, quando se deu conta que ainda estava no celular. – Okay, Vamos abrir a porta ao mesmo tempo o.k? – O timing esta perfeito! Acho que a garota esta vindo para o banheiro. – Vamos abrir a porta ao mesmo tempo Rosie.

 – Ok Alex, eu peguei na maçaneta e você?

— Eu também. No três?

— Certo.

—Um, dois...

Seus corações batiam freneticamente, suas mãos suavam devido à tensão daquele momento. Parecia aqueles reality show de TV, onde o participante ganharia algo de valor se abrisse a porta certa, já o perdedor encararia um palhaço assustador.  Dando um longo suspiro eles continuaram a contar.

 –Três.

Nada aconteceu.

 – Alex. Eu acho que a porta estar emperrada!  – Rosie falou tentando equilibrar o aparelho celular entre seu ombro e orelha.

— Eu também não consigo abri-la.

Ao forçarem a porta ela finalmente se abriu com um estrondo. A garota deu um pulo para trás fazendo com que o lençol se enroscasse entre suas pernas, o garoto foi puxado. E a gravidade fez o resto.

 Eles tombaram juntos num maldito emaranhado de lençóis brancos.

 – Alex?

— Rosie?

   Os dois falaram ao mesmo. E automaticamente seus olhos foram seguindo o lençol que a cobria parcialmente e que naquele momento, justo naquele momento escorregou. Ofegaram juntos e rapidamente Alex fechou seus olhos. Num gesto cavalheiresco da sua parte. Tardiamente ela tentou cobrir-se com as mãos.

 – Ai meus deus, o que diabos… Nós. Fizemos. Alex?!