O começo dos Cullen escrita por rosanaflor


Capítulo 26
Capitulo 26 - Vampiro Regular.


Notas iniciais do capítulo

* "Eu não sei por qual razão tudo isso fez sentido para mim naquele momento, não sei o porquê me senti menos monstro matando aqueles homens, até porque eles faziam exatamente o mesmo que eu." - Pensamento do Edward antes de voltar para Carlisle e Esme. (Próximos capítulos).



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Pov. Carlisle Cullen.

Ano de 1927.

Nossas vidas estavam seguindo perfeitamente bem, estávamos morando em Boston ainda, Esme acabou se recuperando depois do incidente na nossa lua de mel em 1922, expliquei a ela que estávamos indo contra nossos instintos caçar animais e que era perfeitamente normal acontecer um deslize, com o tempo ela aceitou e tentou me convencer de que eu não era culpado, como Edward fizera no dia em que voltamos, mas eu devia ter me certificado de que não existia nenhum humano próximo a nós, foi uma tremenda irresponsabilidade largá-la, mas eram dois contra um, então tratei de seguir em frente como Esme e esquecer o ocorrido. Nosso casamento estava indo muito bem, parecia que a cada dia que passava nosso amor um pelo outro aumentava, estávamos apaixonados, ainda descobríamos facetas um sobre o outro na vida humana e riamos muito sobre pequenas coisas.

Edward... Era um caso a parte. De uns anos para cá ele andava completamente se afastando de nós, era difícil vê-lo compondo, estava ficando cada vez mais quieto, não caçava com tanta frequência e quando caçávamos ele discutia que a garganta continuava queimando e que não estava resolvendo nada, isso tudo me fez lembrar o deslize dele, quando ele começou a duvidar do que queria de verdade. Eu comecei a ficar preocupado, não só eu como Esme também. Eu sabia que meu filho era extremamente teimoso e que não adiantava lhe explicar milhões de vezes o porquê do sangue animal, o porquê ser nômade era difícil, o porquê manter a humanidade era essencial... Ele tinha que ver por si só e isso me assombrava, eu tinha medo de deixá-lo sozinho eu o via como um filho muito querido eu o amava, estava esperando o dia em que ele chegaria para mim e diria que queria viver como vampiro regular. Uma parte de mim não acreditava que ele fosse realmente fazê-lo, mas outra parte minha tinha uma certeza tão grande que era de assustar, mas eu não o deixava saber tudo isso, eu tinha muito cuidado com meus pensamentos perto dele não queria ter essa conversa.

Estava na sala instalando uma daquelas coisas enormes chamadas telefone, quando eu tinha que fazer plantão no hospital ou demorava um pouco mais para chegar a casa, não tinha como avisá-los para não se preocuparem, então cedemos à modernidade e compramos aquilo, as coisas estavam evoluindo muito rapidamente ultimamente. Esme estava no sofá do meu lado bordando o que parecia uma cortina, ela era boa naquilo, desde que chegou ela tem colocado um toque feminino na casa o que melhorou muito, a casa parecia mais clara, tinha cheiro de flores no ar junto com o seu perfume de alfazema, tudo tinha mais cor, eu sentia falta daquilo, de ter um lar. Surpreendi-me quando Edward apareceu na sala com um pequeno sorriso no rosto, mas sem nos olhar, foi se sentar para tocar piano. Ficamos jogando conversa fora por um bom tempo enquanto ele tocava, “a preferida de Esme”. Quando essa melodia acabou, ele começou a tocar outra desconhecida, ambos eu e minha esposa o olhamos, a musica era triste, chegava a ser melancólica. Edward não tinha o costume de falar o que sentia, mas nos podíamos saber o seu humor através da música. Fiquei com medo do que aquilo significava, mas eu sabia que ele estava lendo cada pensamento meu e que não faria bem algum ficar adiando tal conversa, eu já imaginava o que poderia ser então lhe perguntei em pensamentos.

“Edward, o que foi?” – Ele parou a musica e nos olhou. Seus olhos tinham uma tristeza enorme, com quem sofria muito por dentro e tentava por uma mascara em cima daquilo.

— Eu sinto muito Carlisle, Esme, mas eu não aguento mais.  – Milhares de coisas passaram pela minha cabeça, formas de fazê-lo ficar, talvez até... Obrigá-lo a ficar. Mas eu não podia, era a vida dele, quando o transformei eu lhe dei está opção. O que mais me doía em deixá-lo ir é que eu sabia que ele ia sofrer muito quando percebesse o erro que cometeu e depois voltaria para mim. Sim, eu sabia que ele ia voltar, era questão de tempo até ele perceber o que fizera, ele era um garoto de ótimo coração. Mas o que me deixava ainda pior era saber de tudo isso e ainda ter que deixá-lo ir. Saber que o meu... Filho sofreria me faria sofrer também, mas era o único jeito de fazê-lo entender essa vida, como diz o ditado quem não aprende por bem, aprende por mal. Eu respirei fundo e o olhei por alguns instantes.

— Porque Edward? Isso é loucura, fique. – Esme começou a pedir, na verdade era quase uma imploração, seus olhos estavam “marejados”.

— Esme... Eu preciso me achar. – Ele dizia todas as palavras com muito cuidado, sempre me olhando. Esme ia dizer mais alguma coisa, mas eu passei meus braços em seus ombros a segurando. Ela me olhou.

— Tem certeza que quer isso Edward? – Perguntei com uma voz baixa aveludada. Ele se surpreendeu com a minha calma, isso teria me feito rir em outras ocasiões. Percebi que não adiantaria fazê-lo ficar de nenhuma forma, era possível ver resistência em seus olhos.

— Tenho certeza Carlisle. – Eu acenei com a cabeça. Esme se desvencilhou de meus braços e correu para o quarto. Ela devia estar chateada comigo. – Me desculpe. – Voltei a olhá-lo, ele estava de cabeça baixa.

— Não se culpe. – Eu fui até ele e coloquei minhas mãos em seu rosto, levantando seu rosto para me olhar. – Só quero que saiba que a porta de casa estará aberta para quando quiser voltar.

— Obrigado. – Dito isso ele fora até a porta e acenara para mim antes de sair para o mundo. Por um milésimo de momento me senti sem chão.

Fui para meu quarto e o de Esme, ela estava encostada na cabeceira olhando para o nada. Fui até seu lado e a puxei abraçando-a.

— Ele era como um filho para mim Carlisle. – Ela me olhou.

— Para mim também Esme.

— Então porque o deixou ir? – Perguntou-me.

— Porque ele precisa ver por ele mesmo as consequências dessa escolha que ele fez, não adiantava eu lhe explicar, o garoto é teimoso. – Lhe disse dando um riso lembrando-me todas as vezes que conversávamos. – Ele vai voltar Esme, tenho uma grande certeza sobre isso, pode levar dias, semanas, meses ou até anos, mas ele é um menino de bom coração, tenho certeza que vai lhe doer muito cada pessoa que se alimentar. Eu nunca o vi com tão baixa guarda quando se alimentara da garota em Ashland. – Peguei seu rosto em minhas mãos, seus olhos estavam tristes, beijei cada um deles e depois lhe dei um beijo carinhoso em seus lábios. – Ele vai voltar querida, tenha fé.

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Quando o dia amanheceu agradeci a Deus por ter comprado um telefone, liguei para o meu trabalho e pedi alguns dias de folga, eu realmente estava me sentido mal, não só eu como Esme também. A casa parecia mais silenciosa sem ele, muito vazia. Procurei por minha esposa e a encontrei no batente da porta do quarto que era de Edward. Estava tudo do jeito como ele deixou, seus livros arrumados como ele me disse uma vez “Dos que mais gosto, pros que menos gosto”, sua cama arrumada do jeito dele, suas partituras em um montinho no canto do quarto, algumas coisas bagunçadas, era exatamente um quarto de um adolescente, tive que sorrir. Esme também parecia mais feliz.

 Não estávamos muito entusiasmados para sair de casa então ficamos conversando sentados no sofá, ela continuou bordando, fiquei olhando aquilo e parecia ser mais difícil do que parecia, houve uma hora que ela me deu para que eu tentasse, riamos a todo o momento com minhas tentativas falidas de fazer algo, eram momentos assim que marcavam nossas vidas. Quando anoiteceu o céu estava limpo então era possível ver as estrelas, a lua era tudo muito lindo.

— Espero que ele esteja bem – Esme sussurrou. Olhando as constelações.

— Esta vendo estas estrelas? Todas elas estão guiando Edward, onde quer que ele esteja, estão olhando por ele, cuidando dele, nosso filho esta ótimo tenho certeza disso, em boas mãos, seguro. – Ela me olhou sorrindo e me beijou fazendo com que perdêssemos a noção do tempo e naquela noite nos amamos como se não houvesse um amanhã.

Pov. Edward Cullen.

            Fazia tempo que eu já estava com essa ideia na cabeça, ser vampiro regular. Eu não via sentido em me alimentar de animais, porque negar o que eu era de verdade? Carlisle vivia dizendo sobre a nossa humanidade que tínhamos que preservá-la, mas eu não era humano, e nunca mais seria. Parecia que Carlisle sabia que eu estava pensando sobre isso, questionando-o novamente, pensando em me alimentar de humanos, ele ficava mais tempo comigo, me fazendo companhia tentando puxar assunto, mais eu não falava nada, simplesmente respondia as suas perguntas. Eu tinha medo em deixá-los, eles eram o meu porto seguro e ir embora significava sozinho no mundo, eu teria que aprender a viver sem companhia, mas isso era meu último problema, eu precisava criar coragem de falar com eles, até porque não seria fácil, apesar de tudo eu os amava, e doeria em mim machucá-los, eles eram como meus pais para mim, mas eu tinha que ir.

            Ambos estavam na sala, a Esme bordando e o Carlisle instalando um telefone, essa era a minha chance, era agora ou nunca. Olhei para o meu quarto uma ultima vez, vendo todas as minhas coisas que eu deixaria para trás, se era pra ser nômade eu não poderia levar essas coisas comigo, livros, fotos, partituras, tudo que eu mais amava, eles poderiam se livrar de tudo. Fui até a sala em passos lentos tentando manter um sorriso para não chamar a atenção para mim, ainda não. Fui até o piano e toquei uma última vez “a preferida de Esme”, eu sabia o quanto ela amava, estava esperando que ela gostasse.

“Oh, é tão linda está musica, como não se apaixonar.”

Continuei tocando por um bom tempo enquanto eles conversavam, não estava prestando muita atenção, quando a melodia acabou, comecei a tocar uma outra triste, ela demonstrava exatamente o que eu estava sentido naquele momento.

“Que troca de músicas, está é muito... Triste, será que ele está bem?” – Esme pensava preocupada.

“O que foi Edward?” – Carlisle perguntou. Parecia preocupado, ele já esperava o que eu tinha, mas preferia não pensar muito. Eu parei a música e os olhei, ambos esperavam que eu falasse algo, então respirei fundo e criei coragem.

— Eu sinto muito Carlisle, Esme, mas eu não aguento mais. – Disse por fim. Uma enxurrada de pensamentos encheram a cabeça de Esme, ela entendeu o que eu quis dizer com poucas palavras e se desesperou, em sua cabeça ela pensava no seu bebê que perdera quando ela era humana e eu me senti culpado. Para ela eu ir embora era como se ela tivesse perdido outro filho. Senti-me mal, mas não disse nada. Mas o que mais me preocupou foi os pensamentos de Carlisle, que estavam em um silencio profundo.

— Porque Edward? Isso é loucura, fique. – Ela disse desesperada. Carlisle estava me fitando, mas não parecia irritado, era mais como se tivesse com... Medo, por mim?

— Esme... Eu preciso me achar. – Disse medindo as palavras, não queria magoá-la mais. Ela ia falar algo de novo, mas Carlisle passou suas mãos nos ombros dela detendo-a.

— Tem certeza que quer isso Edward? – Carlisle me perguntou calmo. Eu jurava que ele me odiaria depois que eu fosse embora. Respondi sua pergunta sabendo exatamente que eu queria mesmo aquilo. Esme ficou brava em como ele aceitou aquilo tão depressa e foi para o quarto, ela não sabia que ele já desconfiava. Estava me sentindo envergonhado em deixar Carlisle para viver ideais totalmente diferentes do que ele me ensinou em quase uma década, mas ele me surpreendeu quando me disse que eu poderia voltar a hora que eu quisesse. Despedi-me dele com um aceno e sai pela porta para a escuridão, para uma nova vida.

            Corri o mais longe que eu podia daquela casa, eu não podia ficar tão próximo a eles, não queria que me encontrassem, no caminho fui pensando sobre o método de alimentação que decidi abraçar. Eu não queria ser um monstro, não queria sair por ai matando gente inocente, então tive uma ideia, matar criminosos. Por causa do meu dom eu poderia saber exatamente quem era o bandido e o mocinho e isso com certeza faria eu me sentir melhor. Eu tinha completa noção de que o que eu iria fazer era o oposto de Deus, escolher quem tem que morrer e quem têm que viver. Para mim eu seria o herói dos mocinhos e o bicho papão dos bandidos.

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 Quando percebi estava em nova York, a cidade era grande, muitas pessoas, parques, prédios, era perfeito para uma caça. No meio de tanta gente, ninguém ligaria se um criminoso sumisse. Fazia tempo que eu não caçava, mais de duas semanas, então eu estava com sede, então fui atrás da minha primeira vitima. Fui para um lugar mais afastado da cidade, onde tivesse vielas, poucas pessoas na rua, já estava anoitecendo, as luzes da rua já estavam acesas. Fiquei caminhando por aquele local, era muito bonita, a rua era de paralelepípedo, as casinhas apesar de pobres eram coloridas, tudo muito aconchegante, me lembrava de uma foto que eu tinha da Europa. Era tudo muito igual. Estava tudo tranquilo, quando ouvi um choro baixo de uma mulher e logo em seguida a voz de um homem.

—Por favor, não nos mate, lhe imploro leve tudo o que quiser. – Um homem sussurrou. Então aconteceu um disparo de arma. Olhei para trás e vi o bandido correndo para outra viela para se esconder. Ele seria a minha primeira vitima. Fui atrás dele e em menos de segundos ele estava na parede, eu o segurando mantendo-o parado. Ele não me conseguiu ver chegando, ele nem sequer sentiu meus dentes fincarem seu pescoço, foi tudo muito rápido. Seu sangue descia por minha garganta maravilhosamente, era um gosto de outro mundo, muito diferente do sangue de animais. Mas tão rápido quanto eu pegar ele a ultima gota atravessou minha boca e eu soltei o corpo sem vida no chão. A queimação diminuiu drasticamente e eu me sentia muito melhor. Antes que alguém me visse corri novamente para outro lugar o mais longe possível do corpo.


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Notas finais do capítulo

1 - As aspas, significam que é o pensamento de alguém, e o travessão alguém falando.
2 - Volto a repetir, as linhas são passagem de tempo.
Mandem o que vcs estão achando :-)