PDV Isaac

- Onde estamos indo exatamente? – Ela perguntou quebrando o silencio.

Tirei os olhos da estrada para encará-la. Eloise não conseguia ficar muito tempo em silencio afinal. Quando ela resolvera fazer voto de silencio há alguns minutos quando critiquei seu senso de direção achei que ela fosse levar as coisas mais a serio.

Segurei um sorriso para evitar deixa-la mais irritada, embora ela ficasse encantadora assim.

- Para uma reserva perto da cidade de Siena.

- E porque não podemos simplesmente caçar perto de Volterra?

- Por quê? Não gosta de viajar? – Desafiei.

Ela ergueu a sobrancelha esperando a resposta. Limitei-me a rir de sua reação.

- Vai me responder? – Perguntou de braços cruzados.

- A fauna de Volterra é muito limitada, os animais são contados a risca lá. Aro não quer levantar suspeitas.

- Quer dizer que você tem que viajar sempre que precisa caçar?!

Dei de ombros. E voltei a fitar a estrada.

- Na maioria das vezes eu caço durante as missões. Embora eu esteja tendo muito poucas ultimamente. – E a me virei para ela. – Acho que cuidar de você está tomando todo o meu tempo.

Ela me fuzilou com olhar e eu não pude deixar de gargalhar. Realmente, Eloise não tinha o menor senso de direção. Perguntei-me o que teria acontecido se eu não tivesse saído para procurá-la.

- Haha. Muito engraçado, Isaac. Mas se você não se lembra eu ia conseguir achar a saída sozinha. – Cruzou os braços e se virou para a janela.

Orgulhosa.

Sim, ela com certeza era orgulhosa.

Eu tinha que parar de brincar com isso.

Voltei a olhar para a estrada, agora faltavam poucos minutos para chegarmos.

- Obrigada. – Ela disse de repente me deixando confuso.

- Pelo quê?

- Por ter ido me procurar, eu não teria conseguido sozinha.

Sorri para mim mesmo já que Eloise ainda encarava a janela.

- Não há de que. Você sabe que eu vou te proteger de qualquer coisa que te ameace. Sempre que precisar de mim, eu estarei lá.

Eu queria sempre falar o quanto ela era importante para mim e que sempre faria tudo por ela, mesmo que muitas vezes a minha vontade era dizer realmente, que eu a amava e que ela era a melhor coisa que já havia me acontecido nos últimos 295 anos.

Avistei o inicio da floresta e diminui a velocidade.

- Chegamos. – Disse parando o carro.

PDV Eloise

 Isaac sempre me deixava sem graça quando dizia coisas desse tipo pra mim, mas dessa vez eu não consegui segurar um leve sorriso, uma parte de mim gostava de saber que ele se importava comigo. Embora Aro tivesse dito que ele era responsável por mim, então ele tinha que cuidar de mim mesmo.

Uma onda de tristeza passou por mim quando pensei que Isaac tinha que se preocupar comigo por obrigação.

- Chegamos. – Disse me tirando dos meus pensamentos.

As arvores da floresta eram ENORMES, e ao que parecia não havia quase nenhum musgo, completamente diferente de Forks.

Isaac saiu do carro e antes que eu percebesse estava abrindo a porta do carro para mim estendo uma das mãos com o sorriso mais lindo do mundo.

Franzi o cenho.

- Se acha que vou te perdoar tão fácil... – Comecei.

- Eloise, eu nasci no começo do século dezoito, estou acostumado a ser um cavalheiro.

- Cavalheiros não ficam criticando o senso de direção de damas – Disse enquanto o fuzilava com o olhar. Sim, eu não havia me esquecido disso.

- Damas não fazem birra quando alguém se oferece a abrir a porta para elas.

Estreitei o olhar.

- Touché. – Disse e segurei sua mão enquanto saia do carro.

Seu sorriso agora era vitorioso. Mas não por isso menos bonito.

- Eu já vim aqui antes, há muitos animais aqui. – Falou enquanto me puxava pela mão em direção à floresta. – Eles vivem no meio da floresta, fica a alguns quilômetros daqui, vamos ter que correr. Acha que consegue? – Perguntou me desafiando.

Limitei-me a sorrir.

- Tente me acompanhar. Se puder. – E sai correndo floresta adentro.

-----------*----------

Sentada da rocha pude observá-lo caçar um cervo. Isaac se movia elegantemente no ar como se a gravidade não existisse para puxá-lo para baixo, antes de desferir o golpe que mataria o animal.

Eu encarava a cena boquiaberta, ele simplesmente havia corrido, pulado e atacado, pronto. Fazia com que caçar fosse simples demais.

Segundos depois veio sentar-se ao meu lado, não havia uma única gota de sangue na sua roupa, e nem um único fio de cabelo fora do lugar. Ninguém diria que havia ido caçar a não ser pelos seus olhos, que agora assumiam um dourado extremamente claro.

-Como fez isso?

- Isso o que? – Perguntou me fitando com aqueles olhos que agora eram mais avassaladores do que antes.

-Isso... Caçar com tanta facilidade. – Eu não era lá grande coisa caçando, meu cabelo era prova disso, por isso estava devidamente preso num coque, teria que dar um jeito nele mais tarde.

Ele riu. E sua risada me trouxe uma felicidade repentina.

- Anos de pratica.

- Serio? – Disse curiosa esperando que continuasse. – Desde quando?

- 1723.

- E está com os Volturis desde 1723?

- Sim.

- E por que resolveu ser vegetariano já que todos se alimentam de sangue humano?

Ele não respondeu, apoiou o queixo na mão e me olhou com um sorriso brincando em seus lábios.

-Você é bem curiosa, não?

¬¬

- Curiosa. Como se já não tivesse ouvido isso antes. – Revirei os olhos.

Riu novamente.

- Mas para sua sorte, você tem uma curiosidade encantadora.

Sorri timidamente. Ninguém nunca me havia dito isso. Na verdade, muitas coisas que Isaac me dizia eram novas pra mim.

Fitei seus olhos e eles me encaravam intensamente, me permite mergulhar no ouro liquido de seus olhos e me perdi completamente. Estávamos muito próximos agora, podia sentir a sua respiração batendo como uma leve brisa no meu rosto e seu cheiro subindo a minha cabeça me impedindo de pensar em qualquer coisa que fosse.

Afagou levemente meu rosto com as costas de uma das mãos e aquele simples toque fez com que todo meu corpo se arrepiasse.

- Eloise... Eu... – Sua voz saiu  roca por entre seus lábios antes que eles se fechassem definitivamente.

Queria muito que terminasse a frase, alguma coisa dentro de mim havia se agitado com suas palavras e eu não estava certa do que aquilo significava.

Mas aquilo não aconteceria... Seu celular tocou quebrando o silencio e Isaac pulou para longe de mim sentando-se na beirada da pedra.

Ele falava rapidamente e pelo tom de voz que vinha do outro lado da linha imaginei que podia ser Luke.

- O que foi? – Perguntei assim que desligou o telefone.

- Temos que voltar, Luke disse que Aro quer falar comigo. – respondeu sem olhar para mim.

- Hmn...

Foi a única coisa que eu disse. Os problemas da guarda eu não fazia questão de saber, embora esse chamado de Aro fosse um tanto esquisito.

- Bem, então vamos. – Disse se levantando.

Eu pulei atrás dele em poucos segundos chegamos onde o carro estava.