PDV Eloise

Jane, Alec, Felix, Demetri.

Os quatro adentraram à clareira três minutos depois, vestidos de longos mantos negros que tornavam sua presença ainda mais ameaçadora.

O próprio tempo parecia ter ficado mais fechado com sua chegada.

- Hmn... – Jane murmurou olhando o campo em volta. – Pelo visto chegamos tarde, perdemos toda a diversão.

- Tivessem chegado alguns minutos mais cedo e teriam cumprido seu papel. – Edward.

Seus olhos carmins se focalizaram nele.

- Sim, infelizmente, não fomos avisados cedo o bastante. – E depois encarou a Isaac e a mim. Um sorriso falso se abriu em seus lábios. – Isaac, Eloise, é bom vê-los novamente. Aro lastimou muito pela sua saída Isaac, ele ficaria feliz em aceitar vocês de volta.

- Diga a ele que não. – As palavras de Isaac foram duras. Quando falava assim, parecia o general Volturi impiedoso que costumava ser.

- Uma pena. – Falsa. Até eu que não lia mentes, sabia que Jane estava melhor sendo a nova favorita de Aro. – Bem, vejo que fizeram um bom trabalho, quantos eram a final?

- Dezenove. – Edward. – Vinte, contando com a criadora.

- Criadora?

- Victoria. – Apontou para trás com um movimento de cabeça.

- Entendo. – Disse Jane se referindo a fumaça que era vista no horizonte.

Seus olhos passaram por nós e pararam de repente.

- Parece que deixaram um.

- Ela se rendeu. – Carlisle.

- Se... Rendeu?

- Sim, disse que não queria lutar e lhe oferecemos a paz.

Ela meneou com a cabeça.

- Uma coisa que não podia ter oferecido. Felix?

Felix deu alguns passos na direção da menina que se escondia inutilmente atrás de nós.

- Não. – Isaac rosnou encarando Felix, este parou ao ouvir sua voz. Sua expressão mostrava como estava dividido entre o medo por Jane e o por Isaac. – Jane, o que está fazendo?

- Ela quebrou a regra e irá pagar por isso. Os Volturi não dão segundas chances. Você melhor do que ninguém deveria saber disso Isaac.

Ele se calou perante a última afirmação. Eu sabia que Isaac havia feito coisas horríveis a mando de Aro, e também sabia que ele se arrependia por isso. Eu via sofrimento em seus olhos quando se lembrava do seu passado.

Os quatro passaram por nós e Jane me lançou um olhar vitorioso.

Fiz menção para partir em cima dela, mas Isaac me segurou no lugar.

O encarei com olhar questionador.

Ele negou com a cabeça,  e quando eu ia perguntar o porque, me lembrei que Bella ainda estava lá.

Então comprar briga agora, não seria mesmo uma boa idéia.

Suspiro.

O ultimo grito da menina foi ouvido, não quis virar para ver o que haviam feito a ela.

- Mais uma coisa. – Jane falou as nossas costas. – Tenho certeza que Caius ficara feliz em saber que Bella ainda é humana, ainda mais agora que Eloise voltou e trouxe um general da guarda consigo. Sabem, não gostamos de sair perdendo. – Senti a satisfação no timbre agudo e infantil de sua voz. – Vamos.

E seus passos se afastaram pela clareira até sumirem definitivamente.

A fumaça de uma nova fogueira enchia o campo.

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- Você vai mesmo cura-lo? – Seth.

Eu estava encostada numa moto do lado de fora da casa de Billy Black, esperando Carlisle terminar de ver os danos de Jacob e me dizer exatamente onde agir.

Somente nós dois havíamos podido ultrapassar as linhas do acordo.

- Não se preocupe Seth, eu prometo que ele vai acordar andando amanhã de manhã.

Seth tinha meu tamanho na forma humana, e agora, não se parecia nem um pouco com o pulguento feliz da clareira que eu havia visto mais cedo.

- Isso é ridículo, vamos deixar a vida dele nas mãos de uma sangue suga?!! – A única lobisomem do grupo, Leah, me olhava com nojo. Eu até responderia, mas queria terminar logo com aquilo e ir para casa.

- Fique quieta Leah! – Sam, o alfa ordenou e ela se calou.

- Eloise? – Carlisle apareceu com sua malinha preta. – Os ossos da região direita estão todos quebrados. Há algumas costelas esquerdas que também sofreram. Vou te esperar aqui.

Assenti com a cabeça e entrei na casa.

O quarto de Jacob era pequeno.

Ele estava estirado na cama, sua expressão agoniada mostrava que a morfina não devia ter ajudado muito.

- E ai vira-lata?!! – Cumprimentei com leve animação. – Sofrendo muito?

- Sangue suga... O que faz aqui? – Gemeu de dor, até falar era difícil.

- Relaxa, vim ajudar. Você precisa de ossos e aqui estou eu.

Antes que ele pudesse falar alguma coisa, coloquei minhas mãos brilhantes em cada osso quebrado que via.

Ossos quebrados eram sempre muito difíceis de concertar. Reestruturar um tecido tão sólido quanto o osso exigia um nível maior de energia.

Jacob reclamava de dor sempre que eu tocava em algum ferimento e me xingava.

Ao final de vinte minutos, terminei meu trabalho.

- Pronto vira-lata. Agora cale a boca!

E dei um soco em seu rosto.

- O que foi isso?! – Ele estava perplexo. – Achei que tivesse vindo para me ajudar.

- Foi por ter me chamado de bloco de mármore.

Suspirei cansada e me sentei na cama deixando os ombros caírem.

-Desculpe, é que doeu. Desta vez... Não fiz por mau.

Dei de ombros.

- Tudo bem.

- Sangue-suga?

- Sim.

- Como fez aquilo tudo?

Ri.

- Algumas semanas de treinamento e ser sorteada no “pegue seu dom aqui” do mundo dos vampiros tem que servir para alguma coisa.

Ele riu também.

- Pegue seu dom aqui?

- É... Sabe, Edward, lê mentes, Alice vê o futuro, Jasper controla emoções, Isaac tem suas esferas de energia. E por ai vai, tudo depende se você é sorteado ou não.

- Sabe, se você não fedesse tanto e se não fosse tão estressadinha eu até poderia tentar ser seu amigo. – Falou deitando a cabeça no travesseiro olhando para o teto.

O encarei, parecia um tanto cansado.

- E se você não fedesse tanto, se não estivesse tentando roubar a namorada do meu irmão. E se não ficasse me chamando de sangue suga e estressadinha... – Coloquei a mão no queixo como se estivesse refletindo à estilo “o pensador”. – Lamento Jacob, acho que nem se nascêssemos de novo e reencarnássemos na mesma família.

Soltou uma risada fraca.

- Tudo bem então. Acho que eu merecia isso.

- Claro que sim! Só estou aqui sendo legal com você por que Seth é meu novo amigo – Apontei meu indicador para seu rosto. – Não se acostume em me ver de bom humor perto de você.

- Ainda bem, afinal. Não consigo te imaginar de bom humor todos os dias.

Dei um soco em seu leve soco em seu braço e ele moveu o pé que estava atrás de mim, me empurrando da cama.

Estreitei o olhar.

- Bem, não vou quebrar sua cara hoje. – Levantei-me e fui em direção à porta. – Mas você está na minha lista negra vira-lata, e isso não é bom pra você.

Deu de ombros.

- Até qualquer dia, sangue-suga.

Virei-me em direção à porta e acenei sem olhar para ele.

Fechei a porta de seu quarto e fui até o quintal onde Carlisle e a tropa de cães esperavam.

-Não se preocupem, ele está ótimo. Agora está dormindo, mas sem um único osso quebrado. – Levantei a mão esquerda e coloquei a palma para frente. – Garanto.

Carlisle sorriu de modo aprovador e antes que pudesse dizer “Vamos pra casa.”, meu celular tocou.

- Alô?

- Eloise por Deus vocês tem que voltar aqui correndo!!! – Alice exclamou do outro lado da linha. Ao fundo eu conseguia ouvir gritos de agonia, eu me senti sufocar quando reconheci o timbre da voz.

- Alice, o que aconteceu??? – Perguntei desesperada, querendo que a minha conclusão fosse desmentida.

- Isaac, ele não está bem.

O mundo caiu sobre os meus pés. O telefone quicou no chão quando eu me vi sem forças até mesmo para segurar um simples objeto.

Mas o que estava acontecendo?!

- Eloise? Eloise??!! ELOISEEE?!!!