Acorrentados escrita por Ray Shimizu


Capítulo 8
Especial ~ Dia dos Namorados - Parte I




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“Não sei se ela ainda lembra-se da nossa promessa, mas isso já não é importante. Já que eu não consegui naquela época cumprir a promessa que fiz a mim mesmo quando criança. De proteger a felicidade dela.

Dessa vez, eu não posso falhar.”

Príncipe Edward estava sentado na escrivaninha de seu quarto; pensativo. Na realidade estava preocupado.

Preocupado em como as coisas estavam acontecendo. Harume decidiu fugir de casa para não se casar e ele não poderia dizer que concordava com a fuga da garota, mas compreendia que ela havia feito aquilo por que já não via mais saídas. Dentro de si, ele também se sentia feliz, porque ela ainda confiava nele e concordou em ficar no castelo, assim o príncipe também poderia cuidar dela. Ele não ousou dizer que se sentia contente em vê-la se recusando a casar, afinal, sempre fora apaixonado pela jovem cantora.

Harume já estava no esconderijo de Edward, lembrava de quando era criança e ia visitar o castelo, eles sempre fugiam para o esconderijo; apenas para terem um momento de sossego. Às vezes passavam a manhã com algum livro, cantando e brincando com algum jogo, mas uma das coisas que faziam por ali era um piquenique onde o pequeno príncipe trazia as comidas preferidas da amiga, já que desde criança ela tinha uma dieta rígida e cruel.

A cantora não pode deixar de lembrar-se das coisas que eles costumavam fazer, afinal muitos anos passou desde que ela entrou neste lugar. Ficou admirada que aquele pequeno cômodo ainda estivesse exatamente de como se lembrava. Ali era bem pequeno; tinha menos que dez metros quadrados; tinha uma poltrona, uma mesa de centro e uma escrivaninha com duas gavetas.

Harume achava incrível porque o lugar ficava dentro do castelo, precisamente no quarto de Edward, porém era escondido em uma pequena porta secreta que se localizava dentro do guarda roupas. A porta era discreta e da mesma cor, assim parecendo o fundo do armário. Sempre ficava coberto de roupas penduradas, além de algumas caixas empilhadas, dificilmente descobririam aquele lugar, tanto que quem sabia de sua existência era Harume, e o falecido mordomo que se chamava François, (pronuncia Françoá) pai de Louis (pronuncia Lúi). Já que François foi quem ajudou Edward a construir aquele esconderijo sem que mais ninguém soubesse.

− Bom, não que você vá ficar confortável aqui, mas é o que eu consigo fazer. – Edward havia pegado algumas cobertas para forrar o carpete, assim, ela poderia deitar de uma maneira mais confortável e também se cobrir caso sentisse frio. – Você pode ficar no meu quarto, e entrar caso alguém venha.

− Você acha que alguém vai me achar aqui? – a cantora perguntou um pouco preocupada.

− Até hoje ninguém descobriu. Nem mesmo Louis que vive grudado em mim. Acho que o lugar mais secreto que você poderia ficar é aqui.

− Tem razão, acho que ninguém vai achar que tem uma porta secreta no armário... – Harume sorriu e tentou relaxar. Ela não queria que seus pais a achassem, pelo menos não tão rápido.

Edward deixou a jovem no esconderijo, disse que voltaria logo, ele apenas precisaria fazer algumas coisas em seu escritório. Por via das dúvidas ele trancou o quarto, poderia alguém entrar ali, achava difícil, mas não poderia descuidar-se.

Completamente sozinha, decidiu ficar deitada em cima das cobertas, pensando em como fazer a mãe desistir daquele casamento. Talvez apenas sumindo por uns tempos funcionasse, mesmo que com isto acabasse sendo deserdada, porém não importava mais, desde que estivesse feliz. Enquanto pensava na vida, olhou para a escrivaninha e lembrou-se de como Edward gostava de sentar ali e desenhar, ou então ler alguma história de fantasia para ela. Movida pelas lembranças, levantou e caminhou até ela, sentando no banquinho. Parecia que estava numa miniatura, já que os móveis que tinham ali era para uma criança de uns dez anos usar. Curiosa abriu as gavetas onde tinham várias coisas dentro, um pequeno diário lhe chamou a atenção e nem atentou pelo fato de que não deveria ler, estava perdida em sua nostalgia, onde se lembrava do príncipe sentado ali, escrevendo no diário, enquanto ela ficava sentada na poltrona comendo as guloseimas que ele trazia.

Assim começou a folhear as páginas, mesmo para uma criança a letra dele era linda, cheia de adornos, a escrita era clara e a forma de escrever polida. Enquanto passeava os olhos pelas linhas, lembrava das traquinagens que eles faziam, já que ele sempre falava alguma coisa de Harume. Quando ela ia brincar com ele, ou quando ela não ia e ele tinha que brincar sozinho ou com o mordomo. Ela riu quando leu a parte que Edward escrevia como Harume adorava comer alguma besteirinha, um doce ou um salgadinho. E que sempre cuidava para não deixar vestígios para que Layla não descobrisse.

As lágrimas escorriam silenciosamente enquanto lia, ali estavam registrados seus momentos de felicidade que aos poucos havia esquecido. Os aniversários, os bailes, os passeios no jardim, e quando não estava presente, Edward anotava tudo, sempre deixando uma nota: “Mostrar para Harume como foi divertido e fazê-la sorrir de novo!”. Chegando às ultimas páginas ela viu uma fotografia colada com muito cuidado, e logo em baixo da foto estava escrito algumas linhas, ela leu vagarosamente em um tom de voz baixo, quase sussurrando.

“Hoje eu pedi a Harume em casamento, assim ela será a minha princesa para sempre...”

 Olhando a foto, lembrou-se que naquele dia eles estavam fazendo um piquenique no jardim, enquanto Layla estava fora resolvendo qualquer assunto político. Foi naquele dia em que o príncipe a pediu um casamento, ela se lembrava disso, mas por alguma razão, não conseguia lembrar-se da resposta que havia dado e também não havia mais nada escrito no diário.

Ela o fechou e guardou de volta na gaveta, forçou na memória o que ela havia respondido, porém, aparecia uma neblina, onde não conseguia lembrar. Harume limpou as lágrimas e suspirou, naquele momento não ia fazer diferença, provavelmente ele nem lembrava mais daquele pedido. E estava mais preocupada em não se casar com Keith.

Saiu do esconderijo, Edward disse que poderia ficar no quarto e se percebesse alguma ameaça, era só entrar de novo; e Harume conseguia entrar rapidamente. E quando trespassou as portas do armário completamente, viu que já estava entardecendo, havia passado mais ou menos quatro horas desde que o príncipe havia saído. Também percebeu o estômago reclamar de fome, mas como estava acostumada a ficar sem comer, não ligou tanto assim, só queria saber se o príncipe iria demorar.

Foi então que ouviu a chave destrancando e em seguida o príncipe entrou, carregando um carrinho cheio de coisas deliciosas. Bolo, pudim, pães e frios e sua comida preferida: Torta de framboesa.

— Nossa! – a jovem exclamou, a fome que sentia, começou a lhe incomodar agora.

— Desculpe a demora, tive que dispensar todo mundo da cozinha para preparar as coisas. – Edward queria preparar tudo ele mesmo, e também evitar perguntas sobre para quem era toda aquela comida, já que ele não tinha o costume de comer tanto.

A cantora olhava para o príncipe, boquiaberta, não sabia que ele tinha dotes culinários e ainda conseguir fazer aquelas coisas que pareciam estar deliciosas. Enquanto ela não sabia fritar um ovo.

Ele colocou as coisas em cima da mesa que tinha no canto de seu quarto, em segundos ela estava cheia.

— Não sei se está bom, mas espero que você aprecie. – o príncipe disse num sorriso contido.

Harume ainda estava estática do lado do armário, assombrada com o fato do príncipe ter feito tudo aquilo, e para ela. Só acordou de seus pensamentos depois que Edward a tocou no ombro a chamando.

— É tão difícil de acreditar que eu possa cozinhar? – ele perguntou com humor.

— Não... É que... – abaixou o rosto, sorrindo timidamente. – Obrigada, Edward.

Sem cerimônias ela sentou à mesa e avançou na comida. O príncipe sentou-se a frente da moça e assistia ela comendo com entusiasmo, pela feição animada, parecia que realmente estava apetitoso. A cantora sempre comia sorridente, parecia que era uma criança comendo, sem qualquer etiqueta, porém ela parecia graciosa aos olhos do príncipe.

Depois que ela terminou de comer, ela se jogou na cama do príncipe e se espreguiçou.

— Tava tudo uma delicia! Comi tanto...

Em segundos ela havia caído no sono, Edward a ajeitou em sua cama, para que ela pudesse dormir melhor. Depois sentou ao lado da garota, e colocou a mão na testa de Harume, sabia que ela dormia melhor daquele jeito. Sorriu ao pensar no modo infantil que a jovem agia quando estavam a sós, talvez ela se sentisse segura ao seu lado ou apenas podia ser ela mesma sem se preocupar com nada. Alargou o sorriso quando notou que, não importava a situação, Harume não saia de sua mente.

— Quem sabe na próxima vez eu não a peça em casamento de novo...


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Notas finais do capítulo

Aeeeee! Voltamos na metade do mês pra deixar um especial dos dias dos namorados! Esperamos que tenham curtido...
Até o dia 1 de julho :3



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