Acorrentados escrita por Ray Shimizu


Capítulo 10
Reações inesperadas




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Kenji entregou o bilhete, ele achava uma loucura o que a irmã estava fazendo, mas visto que ninguém mais tinha uma ideia melhor, acabou concordando. Layla leu o bilhete rapidamente, não tinha mais do que duas frases, onde Harume dizia que não iria voltar enquanto o casamento não fosse cancelado.

− A Harume não deixou apenas esse bilhete. Deixou também para trás as sandálias e a bolsa. – Kenji fingiu estar aflito pelo sumiço da irmã, apenas se imaginou na noite anterior procurando por ela e não a encontrando. Só de pensar naquilo seu coração ficava apertado novamente.

A reação de Layla foi inesperada, ela simplesmente amassou o papel e começou a rir, como se realmente achasse graça.

− Não tem com o que se preocupar, ela foi embora sem nada? Não dou nem uma semana para a sua irmã entrar em contato falando que está arrependida.

− Mãe! Como você pode ser tão fria? Ela está em algum lugar sofrendo e você ainda ri? – Kenji não sabia se podia chamá-la de mãe, uma pessoa tão insensível como ela.

− Fria? Meu filho, eu sempre me sacrifiquei por vocês, sempre dei tudo do bom e do melhor. Aposentei-me cedo para cuidar de vocês e ela me retribui fugindo de casa! – Layla dizia com tom de indignação, como se a vítima tivesse sido ela. - Aliás, essa não é a primeira vez que ela faz isso. Qualquer mulher morreria para poder casar com o príncipe Keith! Ela é uma ingrata! Mas logo ela vai se arrepender e voltar pra casa.

− Você tem noção do que você está falando? – ficou boquiaberto, olhando em seguida para pai. – E você pai, não vai falar nada?

− A Layla sabe do que está falando. – Hattori respondeu, simplesmente. –Logo a Harume vai aparecer.

− Eu não estou ouvindo isso! – Sem dizer mais nada ele saiu pela porta pelo qual havia entrado.

Kenji precisava tomar um ar fresco, talvez dormisse em um hotel naquela noite, geralmente ignorava as atitudes da mãe, e o pai que geralmente nada fazia. Mas daquela vez ele realmente estava indignado com tudo aquilo. Chegou a pensar que talvez pudesse ter uma nova alternativa para cancelar o casamento de Harume, mas depois daquilo, notou que não.

Também não queria que a mãe tomasse uma atitude de chamar investigadores particulares ou qualquer coisa do gênero, ainda sim, esperava que a ela tivesse um esboço de preocupação, e no final a irmã acabou saindo como a ingrata da história toda. 

—/-

Harume acordou no meio da madrugada, estava deitada na cama do príncipe, sua última lembrança foi de ter comido como se não houvesse o amanhã e depois de ter deitado, mas não de ter pegado no sono. Piscou algumas vezes e então se tocou de quem devia estar ali era Edward, afinal o quarto era dele, porém o mesmo não se encontrava na cama. Procurando rapidamente, viu o amigo deitado no sofá que ficava debaixo da janela. O sofá era enorme e ele dormia tranquilamente, ainda sim, a cantora se sentiu incomodada em vê-lo repousar ali, daquela forma. Mesmo assim, não quis acordá-lo, Edward deveria estar cansado e parecia estar em um sono tão profundo, então apenas o cobriu com o cobertor que estava na cama.

O príncipe dormia pacificamente e aquilo deixava Harume menos tensa, sabia que pedir ajuda dele poderia colocá-lo em uma situação muito desagradável, ainda mais com o reino de Liberty; e consequentemente com Keith. Talvez estivesse apenas sendo egoísta, entretanto teria que ser assim, pelo menos até Kenji voltar com notícias.

Acabou adormecendo novamente, deitada no cantinho da cama e apenas acordou com a luz do Sol entrando pelos vidros da janela. Edward já não estava no quarto, porém viu do lado de sua cama um bilhete dele, dizendo que logo iria voltar com o café da manhã.

E não demorou muito para que o príncipe chegasse com um generoso desjejum.

− Bom dia. – disse o jovem príncipe ao ver Harume sentada na cama. – Dormiu bem?

− Bom dia. – ela apenas balançou a cabeça, afirmando.

Ao olhar para Harume, Edward soltou um leve riso. Fazia muitos anos que ele não a via com aquela expressão sonolenta e descabelada. Mesmo assim, ele a achava fofa e graciosa.

− Eu trouxe o café, vamos comer!

Edward tirava as bandejas do carrinho e colocava em cima da mesa, como na noite anterior, a mesa havia ficado farta.

− Eu não consigo comer tanto. – brincou, indo até a mesa. – O pessoal não tá achando estranho você vir para cá com tanta comida?

− Normalmente eu tomo o café no quarto, já que geralmente eu faço as refeições sozinho, então prefiro comer aqui. E ninguém está vendo realmente o que tem dentro do carrinho, além das duas tampas. Mas de qualquer maneira, não posso deixar você aqui passando fome. – ele riu e apesar do tom de brincadeira, sabia que Harume não estava se alimentando direito, porque além de conhecer a mãe pirada da garota, estava vendo o quanto ela estava magra.

− Mas também não posso ser descoberta! – a morena tinha noção do quanto era difícil ficar escondida por muito tempo. – Você pode ser, hmm... Mais discreto! – gesticulou, ficando pensativa novamente. – Pode trazer algo mais simples, fácil de carregar ou talvez colocar em um saco...

− Até seu irmão vir com notícias você não pode sair daqui, além disso, se eu trouxer comida em um saco, aí sim vão achar esquisito. – riu moderadamente. – Geralmente é o Louis quem trás minha comida, como ele está viajando levando um documento para mim, eu mesmo estou indo buscar, nada saiu do normal.

Harume olhou desconfiada para o príncipe, mas decidiu parar de retrucar e resolveu comer.

—/-

Kenji encontrava-se em um hotel, não queria passar a noite em casa depois daquela conversa desagradável, até pensou em ir direto para Charles, entretanto não estava só cansado fisicamente, mas mentalmente também. Além disso, o avião que ele pegaria não era assim tão mais tarde que os anteriores.

O rapaz estava em um estado mental desgastado, mas ele faria o que pudesse para proteger Harume daquele casamento maluco.  Deu umas garfadas em seu café da manhã, porém não estava com apetite, então tratou de se arrumar e ir até o aeroporto.

Chegou ao aeroporto, só que ainda estava muito cedo para pegar o voo, decidiu fazer o check in e depois foi andar, o local era imenso, tinhas várias lojas e restaurantes. Aquilo ao menos serviria de distração. Enquanto caminhava olhou na vitrine alguns celulares, achou que seria útil comprar um e dar para sua irmã, assim poderia conversar com ela. E foi o que fez.

Já tinha passado da hora do almoço, quando Kenji chegou ao castelo e viu o príncipe descendo as escadas do hall.

− Boa tarde. – Edward dizia sorrindo, ainda sim, estava preocupado com o que o rapaz trazia como noticia.

− Boa tarde. – o moreno respondeu, com um sorriso abatido, talvez pelo cansaço das longas viagens seguidas. – Podemos conversar?

− Claro, claro. Vamos ao meu quarto. – acenou com a cabeça e o outro o seguiu.

Assim que o príncipe abriu a porta, fez sinal para que Kenji entrasse primeiro.

− Já vou chamar a Harume. – ele foi até o armário e abriu a porta, chamando baixo pelo nome da jovem.

− Não me diga que o esconderijo é... – Kenji ficou perplexo, realmente parecia um bom esconderijo, mas ele ficou um pouco incomodado, do local ser dentro do quarto do príncipe.

− Ah sim, depois eu explico melhor. – Edward pegou Harume pela mão e ajudou a sair de lá com maior facilidade.

− Oi! – sempre abria um largo sorriso quando via seu irmão, era a pessoa que ela mais confiava no mundo. – Você está bem?

− Estou bem, sim... E você? – era visível que Kenji se preocupava com Harume, mesmo ela estando no castelo sob os cuidados de seu amigo.

− Estou bem, o príncipe Edward “entucha” tanta comida que acho que já engordei uns cinco quilos. – respondeu humorada.

− Você precisa comer mesmo, já que a nossa mãe não deixava. ­ − ao lembrar-se da mãe, o moreno sentia o sangue ferver de raiva.

− Mas me conta, como a mamãe reagiu com o meu bilhete? – ela parecia curiosa, ao mesmo tempo preocupada.

Kenji respirou fundo e contou o que aconteceu, a reação da irmã foi ficar de boca aberta, e parecia não ter processado a informação. Edward suspirou e lamentou.

− Nessa primeira semana provavelmente ela não fará nada... Ela está crente que você vai voltar, e implorando perdão por ter fugido. – sentou-se na cama e colocou as mãos na cabeça. – Nossa mãe é uma pirada.

− Ao menos teremos tempo para arranjar as coisas por aqui. − Edward tentou ver o lado positivo da situação. – E também por hora ela não vai chamar a polícia.

− Do jeito que a mãe é louca, não sei o que ela vai fazer. O casamento com o Keith trará muitos benefícios para a nossa família, e para a família Alford também, já que nós temos muita influência no reino de Oriens. E como a própria Harume está conhecida mundialmente, Charles e Phillip são onde ela mais tem viajado. Minha mãe não vai abrir mão desse casamento.

− Conhecendo Keith, ele também não vai. – Edward conhecia muito bem o amigo, ele faria de tudo pelo seu reino, e aquele casamento parecia mais benéfico para Liberty do que se ele casasse com uma princesa de algum outro lugar. Porque com Harume, eles poderiam ter mais influência do que já tem com três reinos de uma vez. Não seria surpresa se a cantora tivesse mais pretendentes do que o príncipe.

− A única saída é forçar um lado a desistir. – Kenji olhava preocupado para a irmã. – Mas não sei como.

− Bom, em último caso a Harume pode casar comigo. – Edward disse de forma tão tranquila, que os irmãos demoraram em assimilar o que fora dito.


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Notas finais do capítulo

Ray: Acharam que a gente ia furar e não postar no dia 1???? Foi por pouco, mas conseguimos finalizar a tempo! Quase trabalho de TCC ... kkkkk
Esperamos que tenham curtido! No dia 1 de Agosto focaremos na fofa da Juliet ;D
Preparem-se... Serei muito má! Até a próxima!!

Jessy: Antes tarde... Do que mais tarde! Até mais! TuT waaa....



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