A Família Perfeita escrita por Cat Winter


Capítulo 3
Sentenciados


Notas iniciais do capítulo

OLÁ! Desculpa pela demora gente. Eu sei que nem tem tanta gente lendo a fic assim mas mesmo assim me sinto mal. De qualquer forma, meu notebook quebrou e agora as coisas vão ficar muito mais difíceis :c Enfim, espero que gostem do cap! E comentem :3

Mas de qualquer maneira, espero que gostem do cap ♥ Até a próxima.



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A primeira coisa que Boruto viu quando acordou foi Sarada. Ela dormia - aparentemente desconfortavelmente - numa cadeira de madeira ao seu lado. As roupas de grife que seu pai insistia em comprar tinham voltado com toda a força, uma calça de marca e uma blusa vermelha que provavelmente custava os olhos da cara - Para um mortal comum, é claro. Não para um Uchiha - Os cabelos negros estavam bagunçados em volta do rosto, os óculos tortos, ela apoiava a cabeça entre as mãos e a julgar pelas olheiras roxas que a garota inutilmente tentara esconder com maquiagem, ela não dormia há dias. O que não era algo incomum, mas que mesmo assim deixou o loiro preocupado. 

A primeira coisa que ele se perguntou, foi onde estava e como tinha parado ali. A pergunta inicial foi facilmente respondida. Era obviamente um hospital. As paredes de seu quarto eram brancas - tudo era branco na verdade - o azulejo tão limpo que chegava a brilhar. As máquinas metálicas ao seu lado funcionavam a todo o vapor... Mas como ele havia chegado ali? Não sabia responder. Sua cabeça estava uma bagunça. 

Tentou procurar entre suas últimas lembranças. Tudo que lhe vinha à mente era o bicho demoníaco de Saori, a vergonha que passara na frente de Kiara, e algo relacionado a cachorros e vômito. Fora isso, sua memória estava vazia. Não tinha a mínima ideia do que tinha acontecido. Do que ele tinha feito. Mas ao julgar por sua própria situação, aparentemente as coisas não tinham acabado tão bem quanto imaginava, e Boruto não estava com um pressentimento nada bom em relação a isso.

Olhou para os lados, percebendo pela primeira vez a fina agulha de metal inserida em seu braço. Soro. Porque raios ele estava tomando soro? Resolveu que assim como o resto de sua dúvidas, deixaria essa pergunta para mais tarde. Dirigiu sua mão para o resto do cômodo. Era um quarto de hospital comum. Uma cama, uma cadeira, máquinas com nomes irrelevantes e impossíveis de se pronunciar corretamente, e uma mesa de cabeceira, onde um pequeno espelho negro estava depositado. Com certa dificuldade, ele o pegou.

Encarou seu reflexo no espelho. Se achava que Sarada estava mal, ele não estava muito melhor. Parecia abatido. Uma súbita onda de cansaço preencheu seu corpo, ele não estava preparado, acabou deixando o espelho cair.

Sarada tinha sono leve - o que, pelo que ele sabia, causava a morena várias noites seguidas de insônia - e acordou no mesmo segundo. Sua reação imediata foi olhar em direção a Bolt, como se das outras vezes que acordara, também tivesse feito o mesmo, o que fez o Uzumaki ponderar a quanto tempo estava deitado naquela cama e, principalmente, ter medo da resposta... 

—Bolt? BOLT! Você acordou!- Exclamou a menina em pura descrença. Então as expressões dela começaram a mudar rapidamente. A incredulidade virou preocupação, que virou alegria, que passou para raiva, e para a infelicidade do loiro, nesta permaneceu. – BAKA* (IDIOTA)! Tem a mínima noção do quanto eu estava preocupada com você? – Indagou ela marchando em sua direção. Boruto suspirou, sentindo o remorso tomar conta de si. Por alguma razão, teve a impressão de que era exatamente esse sentimento que permaneceria com ele por algum tempo...

—Gomennasai. – Ele se desculpou com sinceridade abaixando a cabeça. – O que aconteceu? - A fúria da pequena Uchiha se dissipou tão ligeiramente quanto tinha chegado. Boruto sabia que ela ainda estava chateada, ficaria por algum tempo, mas Sarada tinha a incrível e útil habilidade de controlar seus sentimentos de um modo que ele jamais conseguiu. Ela o encarou. Os grandes olhos ônix transbordando de preocupação.  

—Não se lembra do que aconteceu? – Perguntou ela, um pouco hesitante. Sarada sabia a resposta, claro que sabia. 

—De basicamente nada. –Respondeu o loiro com um suspiro. Antes que Sarada pudesse dizer qualquer coisa - e ela parecia ter muito a dizer -, o quarto foi invadido por um furacão chamado Hinata Hyuuga. Himawari caminhava em seu encalço. 

Hinata era mãe de Boruto. Líder da empresa da grande família, a famosa Hyuuga Center. Era uma mulher jovem e gentil e uma mãe dedicada e preocupada, mas também muito ocupada, e que poucas vezes tinha tempo para outra coisa que não fosse seu estimado trabalho. Se ela estava ali, a coisa era realmente séria. Boruto tremeu na base. De todas as pessoas, odiava em especial causar algum tipo de preocupação para sua mãe. Sabia que por conta dele, Hinata não tinha uma noite tranquila há anos. Porque Hinata sabia, sabia que se dormisse no ponto, Boruto aprontaria algo ainda pior que sua travessura anterior, e esse era um risco que ela não poderia correr.

—Boruto, meu filho, daijobu* (você está bem?) - Questionou a mulher passando a mão cuidadosamente por cada centímetro do rosto do menino. - Está com dor? Se sente mal? Quer uma água?

—Daijobu, Okaa-san* (Mãe). - O menino garantiu lançando um fraco sorriso. Hinata suspirou, aliviada, e abraçou o filho. 

Boruto sentiu seu rosto ser amassado contra os seios fartos da mãe e notou as mãos de sua irmã entrelaçadas nas suas. Por um segundo, tudo estava bem, porém, obviamente, o paraíso particular do garoto loiro não durou muito tempo.

—Boruto Uzumaki! – Chiou a morena mais velha se afastando bruscamente do loiro. – No que você estava pensando? – Ela ralhou com ele de forma irritada. Os olhos perolados estavam vermelhos. – Tem noção do quão preocupada eu estava com você? O que tem nessa sua cabeça? – O Uzumaki respirou fundo, pronto para uma bela bronca. A pior parte era que nem se lembrava de o que tinha feito de errado.

—Tia, - Sarada chamou a atenção para si. – Ele não se lembra. – Avisou a garota mordendo o lábio inferior. Hinata encarou o filho, e respirou fundo, sentando-se em sua cama.

—Boruto... – Começou a Hyuuga. – Você e Sarada puseram fogo na mansão dos Sabaku.

O loirinho arregalou os olhos. Virou seu rosto em direção à Sarada, e viu a Uchiha confirmar sutilmente com a cabeça.

—Não foi na mansão toda... – Argumentou Himawari se aproximando, como sempre, tentando aliviar a barra do irmão mais velho. Ainda que fosse dois anos mais nova, e tivesse o comportamento perfeito, Himawari entendia os motivos de o irmão fazer o que fazia. – Foi só no quintal, e os bombeiros apagaram tudo muito rápido.

—Não defenda seu irmão, Himawari. – Brigou Hinata lançando um olhar feio para a filha mais nova que logo se encolheu. Hinata raramente ficava zangada, mas quando ficava... Não havia um ser humano na Terra que conseguisse discutir com ela. –Boruto precisa entender que o que ele fez foi errado. Não foi uma brincadeira. Foi algo estúpido e muito perigoso que podia ter deixado alguém seriamente ferido. – Ela acrescentou. – E fogo foi só uma das várias burradas que seu irmão cometeu durante aquela festa. – Disse Hinata. – Eu tenho certeza de que as pessoas não começaram a passar mal por nada, e os cachorros... Por Kami, filho, já pensou o que poderia acontecer se você focasse sua criatividade para coisas boas que não fossem prejudicar as pessoas ao seu redor?

—E-eu... E-eu... – Boruto tentou, todavia, não sabia o que dizer. Não tinha o que ser dito.

—Calado! Eu ainda não acabei! – Vociferou Hinata e o menino fechou a boca no mesmo instante. – Eu sei que os responsável pela confusão foi você. Eu conheço meu filho. Mas e se outra pessoa soubesse? – Ela perguntou arqueando a sobrancelha. Bolt pensou consigo mesmo que aquele não era o melhor momento para dizer que Kiara e Kagami provavelmente sabiam, e talvez Saori também desconfiasse de alguma coisa... – Seu pai e eu seriamos processados!Pior, eu poderia perder definitivamente a sua guarda! - Advertiu Hinata segurando Bolt pelos ombros. - Não é a primeira vez que você envolve a polícia em suas travessuras, as autoridades pensavam que tinha sido um atentado contra a vida de Saori, eu tive que usar a última gota de dignidade que me restava e pedir para o Obito mais uma vez livrar sua cara. 

Boruto gostava de aprontar, e pior, tinha talento pra isso. Não era a primeira vez que entrava em confusão com a polícia, e pelo visto, não seria a última. Em casos normais, ele já teria sido mandado para um reformatório há tempos, com Sarada a tira colo, mas, para a sorte do loirinho, Naruto tinha um velho amigo entre os guardas, que - por bem ou por mal - sempre conseguia livrar a cara do garoto. 

Obito Uchiha era tio de Sasuke. Irmão mais novo de Mikoto. E juntamente com Kakashi, presenciara o crescimento de Naruto e Sasuke e o nascimento de seus filhos. Obito era muito bom com crianças, e apesar de trabalhar com a polícia há anos, tinha um coração muito mole... 

—E-eu não queria que isso acontecesse! - Exclamou o garoto produzindo algum som pela primeira vez durante aquela conversa. - Foi um acidente! - Explicou. - Eu não queria ir tão longe!

—Mas foi. - Hinata finalizou a conversa com um olhar frio. - Conversa não está funcionando com você, Boruto. Eu vou ter que te castigar mais sério dessa vez. - Concluiu Hinata com um suspiro. Boruto nunca tinha visto sua mãe tão irada em toda a sua vida, e ele já tinha dado vários motivos para que ela o fizesse antes. Mas dessa vez... Ele tinha mesmo ido além dos limites... 

—Quando Naruto se casou de novo, ele se ofereceu para tomar a guarda de vocês... - Disse Hinata mexendo nervosamente os dedos. - Mas eu recusei. Achei que ele devia focar em passar o tempo com Shinachiku-kun e Hanami-chan, achei que eu seria o suficiente para educar vocês dois... Mas eu estava errada...

—O que quer dizer...? - Bolt perguntou, ele tinha medo da resposta. 

—Estou mandando você para a casa do seu pai. - Decretou a líder Hyuuga se levantando em direção à porta de saída. - Ele vem buscar você amanhã de manhã. 

—NANI? Okaa-san! Não pode fazer isso! - Gritou o loirinho desesperado já tentando sair da cama. Ele foi segurado por Sarada. - Me dê outra chance, onegai! 

—Não, Bolt! Eu estou cansada! - Revelou Hinata. - Cansada de acordar no meio da noite para saber que você se envolveu com problemas com a polícia, os bombeiros ou o corpo estudantil. Você sempre promete que vai mudar de comportamento, que vai melhorar. Mas nunca cumpre. Continuo tratando você como uma criança, mas você já tem quinze anos, Boruto Uzumaki. Está na hora de honrar sua palavra. E ninguém melhor que seu pai pra te ensinar algo assim. - Discursou a Hyuuga com um olhar triste em seu semblante. Hinata odiava brigar com os filhos, até porque sempre fora péssima em dar bronca, mas era preciso. Boruto precisava entender que não era mais um moleque de doze anos. Ele tinha que aprender a pagar por suas irresponsabilidades. - Já arrumei suas malas. Amanhã cedo partirá para Konoha com seu pai. Seis meses. Seis meses intacto, e poderá voltar para casa. 

Hinata deu um última olhada em direção ao filho e balançou a cabeça, saindo em seguida. Nenhum “tchau”, ou “vou sentir sua falta”, ou beijo de despedida... Hinata Hyuuga estava mesmo em seu limite...

Himawari caminhou até o irmão e apertou sua mão, tentando lhe passar algum apoio. Boruto olhou para a irmã com ternura. Kami sabia que se não fosse por Himawari, Boruto provavelmente seria ainda pior do que já era. De todas as coisas que sentiria falta em Sunagakure, sua adorável Imouto certamente estava no topo da lista. Bolt e Himawari eram muito próximos. Era só encarar aqueles grandes olhos azuis da pequena garotinha que já sentia uma paz inexplicável lhe atingir. Olhando para as duas safiras da irmã menor, Boruto se sentia capaz de tentar ser um filho melhor, uma pessoa melhor.

—Você realmente a irritou dessa vez, Nii-chan. – Declarou a moreninha antes de sair pelo corredor do mesmo modo que a mãe fizera segundos antes. Boruto afundou sua cabeça no travesseiro violentamente.

—Fui longe demais dessa vez, Sara. – Lamentou-se o menino passando as mãos pelo rosto. – Agora vou ter ir morar com meu pai. –Disse ele como se estivesse falando do pior dos castigos. E na cabecinha confusa de Boruto Uzumaki, realmente era.

—Não foi só você que se deu mal, tá bem? – Disse Sarada com um suspiro. – Otou-san também não ficou nada feliz comigo quando descobriu nossa proeza. Estou sendo tão castigada quanto você... – Informou ela. Boruto olhou para a amiga com a sobrancelha arqueada.

—Quer dizer que...

—“Sarada Uchiha, você está voltando para a casa da sua mãe. Sakura é uma doida varrida, e desde que se casou com Dobe, deve ter ficado duas vezes pior, mas ela é sangue do seu sangue e deve ser capaz de colocar ao menos um pouco de juízo nessa sua cabeça! Explodir a casa dos Sabaku... Francamente” – Sarada imitou a voz do pai fazendo uma careta em seguida. –Eles falam como se não tivessem aprontado na nossa idade. –Resmungou a garota cruzando os braços, contrariada. – Papa sabia que voltar para aquela casa era a última coisa que eu queria! Ele vem me chantageando com isso há meses! – Disse ela em clara revolta. Sarada adorava que a mãe viesse visitá-la, por outro lado, odiava fazer presença na casa dela. Não que não amasse sua mãe, ou tivesse algum problema com Naruto. Longe disso. O que achava realmente complicado era ter que lidar com a presença de Hanami e Shinachiku sempre que ia visitar a genitora.

Em parte influenciada pelo comportamento de Boruto, em parte com medo de sua mãe gostasse mais da irmã do que dela, Sarada não conseguia lidar com eles sem se sentir frustrada ou irritada, e por isso fazia o máximo para evitar o contato.

Há alguns anos atrás, logo depois de Sarada ter sido oficialmente assumida como uma Uchiha e como filha de Sasuke, um boato maldoso se espalhou como praga no mundo das celebridades. Revistas e mais revistas foram publicadas especulando que a verdadeira mãe de Sarada não era Sakura, e sim Karin Uzumaki, irmã mais nova do grande Naruto Uzumaki e ex-namorada do Uchiha mais novo, que na época estava casada, e já tinha uma filha.

Sarada tinha apenas seis anos, e se sentiu nervosa e insegura. Sua mãe era a única família que tinha. Ela tinha conhecido o pai recentemente, claro, mas conhecê-lo não fazia dele um pai de verdade. Significava apenas que compartilhavam alguns genes. Agora, Sakura era diferente... Sakura era sua mãe, e ela não sabia o que faria se descobrisse que além de ter como pai um homem praticamente estranho, sua mãe não era sua mãe de verdade.

Foram duas semanas profundamente estressantes até que a verdade fosse finalmente revelada com uma Sakura extremamente irritada saindo do hospital com um exame de DNA em mãos e gritando com toda a força de seus pulmões: "EU TRANSEI PARA CONCEBER MINHA FILHA! A CARREGUEI POR NOVE MESES PARA DEPOIS EXPULSÁ-LA DA MINHA VAGINA! E PELOS ÚLTIMOS SEIS ANOS EU A CRIEI E ALIMENTEI, ENTÃO NÃO VENHAM ME DIZER QUE ELA NÃO É MINHA!”.

Os anos passaram e tendo o mistério resolvido, o acontecimento foi completamente esquecido por todo mundo, incluindo a impressa. Entretanto, Sarada guardava o trauma, e quando Hanami nasceu a única coisa que ela podia pensar era em quanto Sakura devia estar feliz por finalmente ter uma filha que pudesse apresentar ao mundo sem ter que se preocupar de ser acusada de sequestro infantil.

—Mas acho que dessa vez nós exageramos, Sara. – Disse Bolt com um olhar desolado retomando o foco do assunto. - Mas de qualquer maneira, eu ainda não entendi como vim parar aqui...

—Você teve uma reação alérgica àquele doce que comeu. - Explicou a primogênita Uchiha com simplicidade. Boruto apertou os olhos em desconfiança.

—Eu sou alérgico a uma erva extremamente específica, qual é a chance de Saori ter aleatoriamente escolhido-a como cobertura por acaso? - Questionou o Uzumaki.

—Não fale como se tivesse alguma dúvida a essa altura... - Retrucou Sarada. - Sua ex-namorada psicopata colocou essa erva em todos os alimentos da festa porque sabia que você iria, e provavelmente sabe que você é culpado pelo fiasco que foi. - Disse a moreninha ajeitando os óculos. - A pergunta é: Por quanto tempo ela vai manter a boca fechada?

—Saori é uma verdadeira mente maligna, mas não é muito inteligente. -Comentou Bolt coçando a cabeça. - Não há nenhuma certeza de que ela sabe que fomos nós. E mesmo que ela saiba, não vai abrir a boca, provavelmente vai me chantagear quando me ver, mas ela não vai me ver...

—Porque estamos indo para Konoha amanhã... - Sarada completou o raciocínio do amigo, sorridente. - Boruto Uzumaki, nós escapamos de novo. - Comemorou ela fazendo um High-Five com ele. 

Mal sabiam eles, os problemas estavam apenas começando... 

 

 


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