Mais que o Acaso. escrita por Thaís Romes


Capítulo 4
Ollie por acaso?


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Espero que gostem...



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UM ANO DEPOIS...

OLIVER

Estava em um evento de gala da empresa, organizado para arrecadar dinheiro para a caridade. Esses eventos são anuais e obrigatórios para todos os membros da família. Thea tenta fingir que não está me vigiando, mas acho que é um reflexo natural dela. Não posso culpa-la, mesmo já estando a um ano sóbrio as tentações são infinitas, como esse garçom passando com uma bandeja de vodca, ou esse outro, me oferecendo champanhe.

—Peguei para o senhor. –Dig, o cara que mentem dizendo ser meu assistente, mas se parece com um armário, e age da forma que um guarda costas deveria agir, me entrega um copo de agua tônica. –É melhor manter as mãos cheias. –sorri de lado, ignorando meu olhar de fúria.

—Não te dei essa noite de folga? –pergunto, tomando um gole da minha água.

—Não precisava dela. –dá de ombros e passa a olhar para a frente.

—John, o que sua esposa pensa a respeito disso? –ele olha para os dois lados, como se quisesse se certificar de que não havia ninguém por perto.

—Minha esposa sabe o que é já ter estado com um alcoólatra.  –ele tira uma moeda do AA do bolso, me mostrando. –Então Sr. Queen, posso dizer que ela está de acordo.

—Já estou sóbrio a um ano. –falo um pouco irritado, por que agora sei, pior do que meu guarda costas, esse cara é a minha baba. –Estive muito estressado no ano passado, muito trabalho, muita gente para lidar...

—Claro, você é desses. –solta uma risada curta.

—Desses?

—Do tipo que culpa o universo, o coelhinho da páscoa, ou o Papai Noel. Todo mundo, menos ele mesmo. –sussurra, me olhando de lado. –Quando a culpa vai passar a ser sua Sr. Queen? Eu vi como olhava para as bandejas com a bebida, como quase aceitou por mais de uma vez. Se continuar a distribuir a culpa, não vai ficar sóbrio por nem mais um dia! –pisco algumas vezes, seu discurso foi o equivalente a levar uma surra.

—Não te pago para me dar conselhos. –ele mexe os ombros com desdém. –Quer saber Sr. Diggle, você está despedido! –entrego a ele o copo com água, e decido ir logo embora daquele lugar.

Durante todo o caminho as palavras de Diggle continuam ecoando em minha cabeça. Quando chego em casa, abro meu freezer e retiro as duas garrafas de tequila que escondi dentro dele. E com as imagens do dia em que quase me matei e levei minha irmã junto, eu viro as duas na pia, pensando em Barry Allen, que se transformou em meu fantasma particular.

De quem é a culpa, afinal?

Pego meu computador e digito o nome “Allen” no Google. Vejo que a mãe dele, Nora Allen, morreu em um incêndio quando o garoto ainda tinha onze anos. E que o pai dele, Henry Allen, ficou gravemente ferido ao tentar salvá-la, morrendo três meses depois. Então encontro as contas dele nas redes sociais, repletas de mensagens de pessoas que diziam o quanto ele foi um bom homem, desejando conforto para sua mulher e filhos. É quando assumo, finalmente, que a culpa pode ter sido minha, eu deveria ter morrido no lugar dele.

Com uma busca mais avançada consigo o endereço de sua família, decidido a não ficar mais indiferente ao que eles podem estar passando. Vou dar um jeito de ajuda-los, enviar dinheiro, ou descobrir se precisam de ajuda com o processo contra a empresa aérea. Talvez eu pague os advogados, ou apenas diga a verdade a viúva dele, conto a ela que fui eu quem deu a passagem para o seu marido.

No dia seguinte, Thea se assusta ao chegar em meu loft, e me encontrar sentado na cozinha, com dois pratos de panquecas prontos, suco de laranja e algumas frutas sobre a mesa posta. Ela caminha olhando para tudo desconfiada, mas se senta a meu lado e come em silêncio.

—Me desculpa, Speed. –murmuro, quando ela termina suas panquecas. Ela suspira e pega a minha mão sobre a mesa.

—Nem sei dizer o quanto senti a sua falta. –sussurra, com os olhos marejados e um sorriso doce nos lábios.

FELICITY

Não sei onde raios eu estava com a cabeça quando comprei esse cachorro para o Wally. Graças a Deus, Sara é a melhor amiga do mundo e o aceitou na casa dela, ou teria que ceder meu quarto para esse rottweiler, tamanho monstro. Ollie tem um ano, e posso dizer com toda certeza, foram os 365 dias mais sofridos da minha vida. E isso vindo de uma mãe de dois filhos, significa alguma coisa. Sara teve uma consulta médica e não pode ficar com ele, então meu plano é trancá-lo no banheiro do meu trabalho, até que Ray, o namorado de Sara, passe lá e o pegue escondido. É um plano horrível, e já sinto o desemprego batendo em minha porta assim que meu chefe descobrir.

—Vem Ollie! –murmuro o puxando com muito esforço, enquanto ele faz questão de andar na direção contrária. –Por favor, seu cachorro teimoso. –praguejo. –Vai me fazer chegar atrasada...

Cinco minutos depois, consigo andar da calçada até a porta da Hedi Tech. Se estivesse na China, só o que precisaria era de um vendedor de feira e pronto, problema do cão resolvido. Para trancá-lo no banheiro levo mais cinco minutos, é quando finalmente consigo abrir a loja.

Vejo um homem louro passar pela porta, usando um terno escuro alinhado. Pisco algumas vezes, de forma inconsciente, por que pessoas com esse nível de beleza, geralmente são vistas na televisão, não buscando suporte técnico. É quando me dou conta de que realmente o vi na televisão, esse é Oliver Queen. Ele para em minha frente, com um pequeno sorriso nos lábios.

—Sra. Allen? –pergunta semicerrando os olhos, ouvir o sobrenome de Barry me traz de volta ao presente.

—É Smoak, na verdade. –suspiro, ignorando a pontada que se segue, sempre que preciso corrigir meu sobrenome. –Felicity. Smoak. –limpo a garganta. –Sou divorciada.

Eu digo que sou divorciada, por que a palavra viúva tem um peso esmagador, e me dá vontade de deitar em posição fetal e chorar por minha perda. Mas se digo as pessoas que me divorciei, parece ter sido algo que escolhi, que fui capaz de controlar, diferente da verdade.

—Divorciada? –ele parece confuso por um momento, e balanço a cabeça concordando.

—Em que posso te ajudar? –tento retomar algum rumo que faça sentido, Oliver começa a falar, mas Ollie passa a latir alto demais para que eu o escute. –O que? –pergunto me inclinando sobre o balcão em direção a ele, que explica mais uma vez, mas meu cachorro, vindo do inferno, faz questão de latir ainda mais alto.

—Espera! –Oliver grita. –Tem um cachorro, aqui?

Balanço a minha cabeça negando. –Não. –murmuro, e vejo Oliver morder os lábios para não rir. –Tem. –assumo, por que a Grande Praga não vai mesmo parar de latir para me ajudar com a mentira. –O namorado da minha amiga vai vir busca-lo em... –olho o relógio em meu pulso. –Duas horas, e vinte e dois minutos, quinze, catorze... –tento falar os segundos.

—Você me parece ansiosa por isso. –esboça um sorriso.

—Ela é quem fica com ele, por que se o deixo sozinho, preciso reformar a casa toda em seguida. –desabafo, passando as mãos nos cabelos. –Mas, do que mesmo você precisa?

—Como é o nome dele? –ixi, ferrou.

—O que? –me faço de boba, tentando ganhar tempo.

—Do cachorro, eu sou bom com animais. –ele começa a andar em direção a porta do banheiro.

—Não é uma boa ideia, ele só tem um ano, não gosta muito de pessoas e não foi treinado! –aviso, quase sem respirar ao falar.

—Está tudo bem, qual o nome?

—Jesus! –é o único nome que me vem à mente no momento, e Oliver me olha confuso.

—Mas, você não é judia? –pergunta por reflexo, e eu me assusto, dando um passo para trás.

—Quer saber, eu vou fechar agora, é melhor você ir. –dou mais um passo em direção a porta do banheiro.

—Foi um palpite, não tem como eu saber sua religião! –ele ergue as mãos, tentando me passar confiança. –Foi uma coincidência, por causa do seu colar. –aponta para o pingente da Estrela de Davi que tinha em meu pescoço.

—Isso não quer dizer nada. É melhor você ir, ou vou soltar o cachorro! –aviso, e Oliver dá mais um passo em minha direção, então solto Ollie, que rosna para ele.

—Calma Jesus! –ele diz ao cachorro. –Bom garoto, bom garoto, Jesus!

Ollie avança em sua direção e abocanha a manga de seu terno, derrubando Oliver no chão. Me desespero tentando puxar o cachorro para trás, que larga a manga, e pega a perna de Oliver. –Ollie, para com isso! –grito em meio ao desespero, o puxando com toda a minha força.

—Mas eu não estou fazendo nada! –reclama Oliver, chocado.

—Não você, o cachorro. –digo com dificuldade, para minha sorte, Ray entra correndo pela porta.

—Ollie, parado! –fala o comando para o cachorro, que solta a perna de Oliver.

—Você me disse o nome errado, por isso ele me mordeu! –acusa se levantando, sacodindo a manga arruinada do paletó.

—Não queria dizer que o cachorro tem o mesmo nome que você. –sussurro a última parte, o homem me olhava chocado. –Obrigada Ray. –me viro para meu amigo, que assente.

—Tudo bem, Sara me pediu para passar aqui mais cedo. –justifica. –Cara, eu acho que tenho uma calça no carro. –fala para Oliver, que tinha metade das pernas a mostra, e senhor, que perna!

—Nossa. –murmura, tentando cobrir o rasgo como pode.

—Obrigada Ray, vocês são meus anjos.

—Não por isso. Vou pegar as calças para ele. –aponta para Oliver, antes de sair levando Ollie.

Ele volta alguns minutos depois, e entrega a Oliver um par de calças vermelhas de corrida. Preciso morder os lábios para não rir, quando Oliver volta do banheiro usando elas, com a blusa social para dentro das calças e o sapato de bico fino preto.

—Me desculpa, Oliver. –falo, depois de ter algum tempo para pensar. –Eu agi feito uma louca.

—Tive um professor judeu, na faculdade. –suspira, levando a mão a cabeça. –Só reconheci seu pingente, por que se parece com um que ele costumava usar.

—Claro. –murmuro envergonhada. –Olha, eu posso fazer minha pausa para o almoço agora e conheço uma ótima costureira, que pode dar um jeito em suas calças. Por favor, me deixe te ajudar com isso? –faço uma expressão semelhante à de Bart quando apronta.

—Tudo bem. –se dá por vencido.


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Notas finais do capítulo

Não deixem de dizer o que acharam.
Bjnhos!