Supernova escrita por StardustWink


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Eu estou gritando aleluia desde o final do ano passado, mas só agora depois do capítulo 200 a inspiração veio pra escrever. Finalmente as coisas estão andando, pessoal!

...E, claro, agora que o Raku percebeu que está xonado, eu tinha que escrever algo do pov dele :v Então tá aí. Não fui muito à fundo no impasse dele porque é, essa fic não era p/ ficar longa, e o mangá deve tratar disso por si mesmo. Enfim, espero que gostem!



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Ele nunca achou que fosse se tornar tão difícil olhá-la de frente.

Quer dizer, a revelação que tivera já o privara de seu sono o suficiente. Raku só não esperava que, além das olheiras debaixo de seus olhos e coração acelerando a cada rastro de loiro e de laços vermelhos, ele pelo menos conseguiria tentar fazer a si mesmo a agir normalmente perto dela.

Mas aí ela parece, toda rosto sorridente e olhos impossivelmente azuis chamando seu nome, e de repente parece que ele está olhando diretamente para o sol.

Chitoge sempre fora brilhante, antes; desde os sorrisos nem-tão-raros que ele mantinha como pequenas conquistas até o rosto que se iluminava de vermelho por completo quando ela estava envergonhada; mas nada assim, nunca assim. Era como se ela tivesse sempre sido uma estrela no fundo de sua mente que ele nunca realmente notara até que tivesse crescido e crescido e agora tomasse conta de todos os seus sentidos, queimando por dentro de si mesmo e fazendo Raku se perguntar como é que ele conseguia agir normalmente perto dela antes.

Eles são melhores amigos num namoro falso, indo a encontros quase semanalmente e conhecendo um ao outro como a palma de suas próprias mãos, mas ele tem medo que isso acabe por ser sua ruína.

Afinal, o garoto não conseguia nem sair de seu pequeno impasse entre encará-la ou desviar os olhos, entre desejar o toque dela como a última gota d’água do deserto e fugir dele como se houvesse sido queimado. Como é ele pode manter a pessoa mais próxima de si mesmo de descobrir algo tão óbvio?

Ah, mas ele tenta. Porque Raku sempre fora competitivo com ela, e aquela era uma batalha que ele não queria perder. Principalmente quando o mesmo não sabia o que exatamente estava em jogo quando perdesse.

(Ou talvez, bem no fundo, ele soubesse, porque havia vezes em que olhava para Chitoge e via as mesmas promessas que ele tinha refletidas em seus olhos, como um espelho.)

E o faz de conta continua por dias, semanas; ele fingindo que o mero chamar dela pelo seu nome não fazia seu coração dar saltos, ela brilhando mais e mais e tomando espaço em seu peito até que se tornasse a primeira imagem que via ao acordar, a última antes de fechar os olhos.

Chitoge não está deixando aquilo fácil, como sempre. Por que de andar lado a lado eles foram para segurar mãos, de discussões para implicações leves, e o mesmo já se vê sem dedos das mãos para contar quantas vezes ele quis largar o que estavam fazendo e beijá-la até que tudo no mundo se resumisse a eles dois.

E ele desconfia que ela saiba. Pelos olhares de soslaio e sorrisos nada discretos, pode dizer que tem quase certeza. Só que parece que ambos estão presos na mesma etapa de um jogo, temerosos de dar mais um passo e arruinar o que custaram tanto para construir.

Para uma dupla que não mostrava hesitação em trocar ofensas falsas antes, parecem estranhamente quietos quando é a hora de falar a verdade.

Então é claro que acontece quando outra briga finalmente explode entre os dois. A última semana fora repleta de provas estressantes, e a tensão crescente entre ambos estava ficando tão permeável que podia até ser cortada com uma faca. Ela fizera um comentário sobre ele estar demorando a entender a explicação que ela dera e, o mesmo acabara respondendo rude demais.

Se tinha algo que Chitoge era boa em fazer, era o deixar com os nervos à flor da pele. Além disso, ela tinha um vocabulário até que bem extenso para xingamentos.

– Mas então porque você sequer decidiu me ajudar se não tem paciência, senhorita sabe tudo? - Ele está inclinado para frente com as mãos na mesa, rosto a centímetros do dela e dentes trincados em frustração.

– Por que eu estava tentando ser legal, broto de feijão, coisa que obviamente você não sabe aproveitar! - A resposta da loira é curta, lábios dispostos num quase rosnado semelhante aos dele e olhos vidrados no seu, queimando.

– Se você não acha que eu estou aproveitando, porque não vai ajudar o cara que você gosta então?

Ele se arrepende da frase assim que ela sai de sua boca, mas já está feito; a boca dela permanece aberta por uns segundos, olhos arregalando em choque, antes que uma onda de vermelho inunde suas bochechas e a faça paralisar em sua posição na mesa.

Chitoge sempre se aquieta quando ele acaba mencionando o sujeito misterioso recentemente, por motivos que ele talvez já saiba. Ainda assim, ele pode ver os traços de dor em seus olhos, e suspira, sentando-se.

–... Chitoge, desculpa, isso foi desnecessário. - Ele corre uma mão por seu cabelo, recusando-se a olhá-la de frente, pele ardendo como se houvesse passado tempo demais debaixo do sol. - Nós nem discutimos mais assim agora, o que estamos fazendo?

Ela demora a responder, mas sua voz vem, baixa e mais suave.

– É... Parece que a semana de provas pode mesmo enlouquecer as pessoas. - Finalmente, ele arrisca olhar para o seu rosto; e o ar parece mais difícil de puxar para seus pulmões quando Raku vê o sorriso pequeno que adorna suas feições, maçãs do rosto ainda rubras.

Ela não parece ter se esquecido do comentário que ele deixou escapar, não ainda. De repente, várias frases se formam na ponta de sua língua, prontas para se perguntar, como sempre acontece quando aquele mistério era mencionado.

Quem é ele, exatamente, que te faz sorrir desse jeito? Que te faz falar com tanta certeza palavras que eu mal consigo dizer para mim mesmo em pensamento?

É quem eu estou pensando que seja?

Raku umedece os lábios, hesitando, e as palavras que escapam de sua boca são diferentes das que pretendia.

– Mas... Sério, porque você não fez isso?

Isso a tem piscando novamente, tombando a cabeça para o lado. Fofa, ele pensa para si mesmo, antes de tentar se concentrar no agora.

– Quer dizer, todos estão meio desesperados no fim do período, em todas as turmas... E-eu também podia continuar estudando com o Shuu, e você podia até chamar a gente também para não ficar muito estranho...

Ele está começando a gaguejar, rosto mais quente sob o olhar dela, mas as palavras não param.

– Eu só não consigo entender... Nós passamos tanto tempo juntos, e eu nunca te vejo falando com outro garoto, e eu acho que você não seria de cair de amores por alguém que você só vê no corredor, então-

– No que você quer chegar, Raku? - Ela o corta, mãos fechadas em punhos sobre a mesa, piscinas azuis encarando e encarando e esperando.

No que eu quero chegar, afinal? Ele repete a pergunta para si mesmo. O que ele queria realmente saber, de todas as inúmeras perguntas que permeavam seus pensamentos?

– Por que eu? - Sua voz sai antes que seu cérebro a acompanhe, mais vulnerável do que ele gostaria de pronunciá-la. - Se você tem alguém assim, porque você continua aqui?

Ele consegue ver a mudança em seu rosto como numa estrela em seu ponto de explosão; surpresa, hesitação, choque, medo, afeto, todas num redemoinho em seus olhos quando ela o encara, antes que um sorriso terno, exasperado, escape de sua boca numa rendição.

– Porque não existe ninguém como você, Raku.

Seu coração para por um instante antes de pegar velocidade, engrenagens em seu cérebro tentando processar a informação que lhe fora dada, a realização vindo lenta e hesitante até que ele pula de seu lugar sentado no chão, ronda a mesinha em dois passos antes de ajoelhar para tomá-la nos braços.

O temor parece finalmente deixá-la quando Chitoge deixa escapar uma risada, o rosto dele se escondendo na dobra de seu pescoço, e ela soa como sinos tintilando, sua pequena silhueta encaixando-se contra a dele como se pertencessem uma a outra, como se aquela proximidade atingida fosse natural, familiar.

E podia ser. Porque naquele momento ela brilha mais que qualquer outra, a garota com o medo de escuro, que tinha uma boca suja impressionável, a que sabia todos os seus gostos e desgostos e a podia deixar louco e o mais feliz que esteve em anos. E Raku não quer deixá-la ir tão cedo, nunca se for possível.

Ele sabe que os dois nunca serão como ondas calmas num mar aberto, como caminhos silenciosos por entre cerejeiras e rostos cor de rosa com mãos dadas hesitantes como ele achou que teria com alguém um dia. Mas eles serão risadas, serão tardes vendo filmes ruins de propósito, serão competições em parques da cidade e serão a segunda casa que ele nunca imaginaria achar em uma gorila loira de olhos claros.

Terão desentendimentos, brigas, teimosia; não seriam eles sem nada disso. Mas nesse momento, Raku não se importa, trazendo-a para perto para beijá-la como já imaginara ter feito inúmeras vezes naqueles últimos meses. Nesse momento, tudo o que ele quer é se perder nas chamas que ela parece carregar na ponta dos dedos.

Chitoge era, afinal, uma supernova no corpo de uma garota; mas agora ele não tinha mais medo de se queimar.


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Notas finais do capítulo

Eeeeeeeeeeeeeeu amo fazer metáforas com estrelas porque sim, então me deixem. uvu Vamos torcer para que toda essa confusão acabe logo!!!!! Até lá, vejo vocês depois~



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