Sociedade dos Corvos escrita por Raquel Barros


Capítulo 15
Capitulo Quatorze - Stephan


Notas iniciais do capítulo

Sim, um capitulo de Stephan! Por que? Por que eu estava inspirada para isso, então foi o que saiu. E aparentemente, usei a sinopse de um outro livro, mas vocês vão fingir que não sabem disso.



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O conhecimento está nas pontas dos meus dedos, mas conhecer não me faz um sábio. A beleza foi estampada no meu rosto permanentemente, a juventude no meu corpo, mas não sou jovem. Meu coração é forte, muito forte. Ele bombardeia duas vezes mais rápido o sangue pelo meu corpo do que para qualquer um da minha espécie e isso me proporciona duas coisa: Resistência e força. E não há coisa alguma que eu não saiba ou tenha experimentado, exceto o amor. Quando me contaram pela primeira vez de algo chamado amor eu desdenhei.  Nunca rir tanto na vida. E quando me disseram que o amor faz as pessoas fazerem coisas que elas nunca imaginariam que fosse capaz eu fiz piada. Hipnose disfarçada foi o que chamei. Em meus plenos trezentos anos de vida nunca me permitir à paixão. Sempre foi irracional de mais para mim. A loucura que todos sentem na juventude foi me aparecer na flor da idade e a juventude que nunca me permitiram viver começou a ser vivida forçadamente na juventude da eternidade. E eu teria muito prazer em dizer que não foi como um raio caindo na minha cabeça, com milhares de watts de energia, como dizem por aí. Para mim foi pior. Foi um furacão. Um imenso e enorme furacão destruidor. Um raio não seria capaz de fazer o que ela me fez. Uma tempestade é avistada de longe e quando ela aparece você se esconde. Ela é uma tempestade silenciosa e invisível. Um tsunami inesperado, um terremoto de dez graus na escala Richter, um furacão que começa do nada em um dia limpo, um vulcão adormecido que entrou em erupção no momento que ninguém imaginaria. Não faz nenhum barulho, mas sabe que se está lá, vê a destruição, ouve falar dela e duvida com todas as forças que é de verdade, até ser atingindo. Quando a conheci foi assim que me sentiu. Atingindo por uma tempestade. O chão sumiu dos meus pés. Obviamente ainda sinto a intensidade da paixão louca que nutro por essa mulher. É tão forte que sinto sua agonia em mim, marcada em meu coração. Quase sinto falta da minha fragilidade. Quase.

E aparentemente minha maldição é mais intensa e extensa do que eu imaginei ser possível.  Onyx não mudou nada nos últimos vinte e sete anos. Pelo menos a sua floresta. Ela continuava com o mesmo cheiro de pinho, cedro e terra úmida, as mesmas árvores altas e o mesmo chão de terra úmida do derretimento da neve. Estou tão perto e tão longe de casa. Ainda assim, tenho que trazer a Beverly de volta. Com o nosso sumiço Hazazel agiu solto, espalhando o caos em meu reino através de Miguel. Somos iguais, absolutamente iguais. Ele faz o que bem entende e a fama ruim fica para mim.

Olho para a Arya.

Ela estava sumindo dentro do rio. Apenas as partes dos olhos para cima estavam do lado de fora. Não faço parcas de ideia de que parte do meu cérebro estava funcionando no momento, talvez a parte nenhuma, mas pulei no rio como um doido. O que quer que tenha atraído Arya para lá a puxou para baixo. Antes que eu percebesse, já estava nadando com tanta força para lá, que atraiu um monte de sanguessuga de volta para onde estávamos. Eu não sentia o frio da água do rio, mas meu cabelo e minhas roupas estavam grudando em minha pele. Algum sangue suga grudou em meu braço, mas como o meu sangue não é nem um pouco gostoso para sanguessugas, logo soltou. O que fez com que um fio dourado chamasse a atenção de mais sanguessugas. Eles são os menores dos meus problemas. Arya estava sendo arrastada para o fundo e eu não teria oxigênio por tanto tempo. Depois de um tempo, vejo o que a pegou. É verde escuro, dentes brancos afiadíssimos, de forma humana apesar de suas pernas se confundirem com algas e com a própria água e sem rosto. No lugar de olhos duas fendas negras.  Continuo a nadar em direção do monstro e ele tenta me intimidar mostrando os dentes. Será que sobrevive fora da água? Vou adorar ter que testar. Arya estava desmaiada. Parecia morta. Como quem não se importasse de ser arrastada para o fundo de um rio. Toco o braço dela rapidamente. A imagem do Aspen convidando-a para dentro do rio vem em minha mente. Ele estava brincando com a dor e a saudade dela. Continuo a nadar e dessa vez seguro seu pulso e puxo. O monstro resiste e a puxa de volta. Chego mais perto! Não vou perder! Não vou perdê-la. Toco naquela coisa, com a intenção de congelá-la. A água parecia esquentar ao meu redor. Mas não tenho tempo de processar direito. Eu me vejo em um quarto todo branco, sentado em uma cadeira do papai de couro. Tinha uma criança em meus braços. Cabelo negro e grosso, olhos adoráveis azuis gelo, tão familiares quanto se é possível. Arya estava escorada na porta, com um sorrisinho convencido na cara. Adoro esse sorriso.

Sinto uma dor em meu ombro, que me trás de volta. A coisa tinha me mordido e a Arya estava solta, de algum modo boiando para o fundo do rio. Um som de hélices zumbia em meus ouvidos. Uma luz se formou direto no monstro, que soltou um grito mudo, enquanto desaparecia. A Emma estava brilhante dentro do rio. Parecia emanar luz própria. As sanguessugas não chegavam perto dela, apesar da água estar mais quente agora. Graças a Deus! Vou ao normal. Mergulho até a Arya e a puxo pela camisa. Seguro a mão de Emma, que me puxa para a margem com uma facilidade impressionante. Meu ombro doía e as mordidas de sanguessuga deixaram marcas na minha pele. Eu tinha saído e uma ainda continuava em meu ombro. Coloco a Arya na margem do rio. Estava pálida, com os lábios roxos e também tinha uma mordida feia, meio verde em seu ombro. Toco seu pescoço procurando pulsação. Estava tão fraca. Seguro sua nuca e a mordo. Seria como injetar adrenalina. Arya se move, abrindo os olhos azuis cansados, tocando meu rosto e sussurrando o nome de seu humano, antes de desmaiar novamente.


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Notas finais do capítulo

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