Cem Anos Depois escrita por Adson Kamps


Capítulo 10
X – Dourada como o Sol no manto da Noite


Notas iniciais do capítulo

Aqui esta o capítulo como prometido, e o trailer veio embutido :3
Espero que gostem dos dois.
TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=G4MYLJ4R9vY



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  O veneno de Górgona corria pelo sangue da jovem Oráculo. Anos de magia para conservar sua juventude como uma seguidora de Nox se desfazendo na mistura de sangue e veneno que agora corria nas veias de Rapunzel. Os olhos verdes se fechavam vagarosamente, relembrando a responsável pela sua morte – que ia muito além de um simples suicídio.

  Um sorriso brotou nos seus lábios que se desfaziam em pó, pois a garota sabia que finalmente teria a sua vingança – mesmo que não estivesse mais nesse mundo para vê-la se realizar.

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—José! – Rapunzel chorava sobre o corpo do ladrão. Vira sua madrasta Gothel despencar da torre após se desesperar por ter perdido sua magia de juventude e não sabe se suportaria perder o amante no mesmo dia – Por favor, não se vá. – balbuciava enquanto as lágrimas pingavam no rosto do homem – Trás de volta já... O que uma vez foi meu...

  Uma de suas lágrimas que continha o ultimo resquício de magia escorreu pela bochecha do rapaz e penetrou a sua pele começou o encanto. Uma luz dourada brilhou na ferida de José Bezerra e logo depois liberou feixes luminosos tão brilhantes quanto o Sol. Porém, antes que o machucado pudesse se fechar por completo, os raios que pareciam ouro líquido foram sugados para um local distante, dentro das sombras.

  Uma risada maligna ecoou por toda torre, e do local para onde fora levada a magia de cura surgiu uma mulher em vestes azuis com uma capa negra como a noite segurando uma caixinha de vidro nas mãos de onde podia se ver a luz mágica se debatendo como se quisesse continuar seu trabalho.

— O que... O que você fez?! – perguntou a princesa se pondo de pé e catando um dos vidros quebrados no chão para usar de arma – Solte essa magia ou eu...

— Ora querida, poupe-me de suas ameaças sem conteúdo – com um gesto de mão, o fragmento de espelho voou para longe das mãos da garota se cochando contra a parede e quebrando em cacos menores – Eu vim aqui para lhe fazer uma proposta. – um sorrisinho brotou nos lábios da Rainha Má – Algo que poderia salvar a vidinha medíocre desse reles ladrão.

— Salvar?! Eu estava prestes a fazer isso quando você me impediu! – apontou acusatória para a mulher a sua frente. Estava começando a perder a paciência. – E saia daqui! Não preciso da sua ajuda, Regina!

— Oh, não precisa? – fez cara de magoada – Lembra quem te deu aquele sapo quando você se sentiu sozinha?

— É um camaleão... – murmurou em resposta.

— Tanto faz – abanou a mão em desdém – Não me importo. Lembra também quem impediu você de se enforcar com o cabelo? Ou de pular da torre por não aguentar a prisão que é isso aqui? – indicou o quarto em volta.

  Rapunzel arregalou os olhos e desviou o olhar para o chão. Não queria que ninguém lhe fizesse lembrar as maneiras com que tentara acabar com sua vida, e muito menos na frente de Pascal, que lhe olhava surpreso. Passou as mãos nos cabelos – Tudo bem, você me ajudou com tudo isso, mas nunca se quer me tirou daqui! Isso teria sido a sua melhor ajuda!

— Não poderia tirar você daqui porque precisava de você assim, minha querida. – o sorriso sínico voltando aos lábios da rainha – Seu coração de ouro era como de Lumus, e depois de suas varias tentativas de suicídio começou a ser consumido pelas trevas de Nox.

  Uma raiva incandescente tomou conta de Rapunzel por inteira, e ela partiu pra cima de Regina – Sua bruxa! Demônio de coroa! – tentou acertar um soco na mulher que sumiu em uma nuvem roxa, reaparecendo a dois metros atrás da princesa.

— Pare de tentar culpar os outros por seus problemas, garotinha. Seu coração esta se tornando tão negro quanto de qualquer vilão, e não a nada que você possa fazer para impedir. Se ainda tem dúvidas, olhe para a sua magia! – estendeu a caixa.

  Rapunzel se virou de costas lentamente, e quão grande foi o seu susto ao ver que a caixa segurada pela rainha estava agora tomada por uma guerra travada entre Luz e Sombras, onde a última levava maior vantagem – Não... – murmurou desconcertada.

— Sim, minha querida – mais uma risada grotesca digna de uma bruxa se espalhou por todo o recinto – A deusa de toda escuridão esta tomando posse do seu coração! E quanto mais tempo você perde não vindo junto comigo menos tempo de vida seu namorado tem.

  A princesa rangeu os dentes – E é claro, o seu poder sobre esta magia se tornara mais fraco – completou com um sorriso vitorioso nos lábios – Então, vem comigo, ou não?

  Rapunzel sentia seu coração ficando cada vez mais pesado, como se agora ele bombeasse chumbo líquido ao invés de sangue. O pensamento começava a se tornar mais frio e a ira, maior. Em um surto de adrenalina, a garota gritou tão alto que ecoou nas montanhas ao redor da torre. A tranca da caixinha de vidro nas mãos da Rainha se estilhaçou liberando as duas energias que começaram a ricochetear nas paredes.

  Enquanto a energia pura e dourada adentrava no ferimento de José Bezerra, as sombras iam e vinham, atravessando o corpo de Regina e entrando em Rapunzel. Os cabelos da mulher mais velha se soltaram das vestes e começaram a clarear até atingirem o tom de castanho. Em uma ultima investida, a energia negra atravessou novamente Regina, só que desta vez começaram a reconstruir os longos cabelos de Rapunzel que voltaram ao tom de loiro novamente.

  A Rainha Má estava caída no chão ofegante; os cabelos castanhos revirados como se tivessem passado por um furacão e as vestes antes azuis escuras e pretas estavam agora um vestido amarelo, quase toda a escuridão que residia naquele corpo fora retirada do mesmo sendo levada para um novo receptáculo: Rapunzel.

  A princesa, ao contrário de Regina, permanecia de pé e imponente. O vestido tremulava com cor de óleo, o cabelo loiro ondulava as costas de Rapunzel como tentáculos dourados de um polvo “místico”. Os olhos esmeraldas brilhavam em uma neblina roxa misteriosa, esta mesma brotava nas costas da garota.

— Agora, querida ­— disse Rapunzel com o rosto sem expressão – Você conseguiu o que queria. Esta satisfeita? Gosta do que vê? – girou no mesmo lugar e parou de frente a mulher que parecia anos luz mais nova. Agora era a sua vez de mostrar um sorrisinho sínico.

  A bela moça caída a sua frente ofegava transmitindo toda a sua raiva. Um tentáculo feito de fios loiros voou em direção ao pescoço da mesma começando a enforca-la – Quem diria que a Rainha Má iria morrer nas mãos de uma reles princesinha sequestrada?

— Rapunzel. – a garota perdeu a concentração deixando o cabelo afrouxar em torno do pescoço. Olhou na direção da voz que a chamava e viu Flynn Rider de pé, encarando-a atordoado.

— José... – arregalou os olhos surpresa ao vê-lo vivo. Mas de onde deveria estar brotando uma luz dourada uma sombra roxa pulsava.

— Você não vê, não é? – disse a mulher no chão – Cada má ação que você fizer ira converter sua magia de luz em trevas puras, e estas por sua vez não curam nada.

  Rapunzel continuou olhando para seu amado e não percebeu a movimentação de Regina, que pegava do meio das dobras de seu vestido uma adaga feita de bronze. Se levantando com um pouco de dificuldade, a ex-Rainha Má partiu pra cima da loira.

— Ah! – gritou erguendo a adaga ao alto. Em um gesto de reflexo, Rapunzel olhou com toda a sua ira para a moça que “voava” em sua direção e com toda sua má intenção lançou um “coice” de puros cabelos nela.

  A moça foi atirada janela a fora com um grito abafado pelos cabelos louros, e já longe do campo de visão de todos se desfez em uma nuvem roxa, deixando para trás as duas pessoas atônitas.

— Eu... Eu... – Rapunzel não conseguia formular uma frase inteira. Olhou surpresa para o homem que caiu no chão se contorcendo de dor – José!

— Rapunzel... eu... você... – se afastou da garota – Você é um monstro.

  Com os olhos cheios de lágrimas, a menina tentou se aproximar do rapaz que colocou um caco de vidro entre os dois para que a mesma se mante-se afastada – Você não é quem eu conheci, não é mais aquela garota que queria descobrir o mundo. Você mudou – ele falava rápido sem pausar, e suas ultimas palavras foram:

— Você não é mais a mulher que eu amo.

— José! – gritou ao ver o seu amante se transformar em uma estátua de pedra com musgo – José... – caiu nos braços dele chorando desolada.

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  Após deitar Flynn em sua cama para que ele tivesse pelo menos um local de descanso digno, Rapunzel foi até a janela principal da torre e pendurou seus cabelos descendo até o chão. Catou a capa de Gothel e a vestiu.

— Eu vou me redimir, pode ter certeza disso – falou para as sombras da noite ao seu redor. Assobiou três notas da canção e seu cabelo se iluminou – Vou aprender magia de vislumbres e vou destruir seus planos Nox; sejam eles quais forem – e pôs-se a caminhar com o cabelo como guia.

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Notas finais do capítulo

Reviews? Especulações sobre o capítulo? Estarei lendo assim que puder :3
Kisses :*



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