Natal. Ah, o Natal… por muitos é considerado um feriado santo. Um dia de calma e paz de alma. Em época de Natal todo o mundo esquece dos problemas e se concentra apenas no espírito natalício e no sossego no seio da família.

Quem me dera! Para mim, o natal não passa de uma piada de mau gosto feita pelo mensageiro do próprio capeta, tudo para me ver sofrer. Como se não bastasse aquele mico que Caliel me fez passar há umas semanas atrás, bem no meio do Beco Diagonal, agora ainda estou sendo obrigado a fazer outra sessão outra sessão de compras com essa louca. E dessa vez é sofrimento a quadruplicar, porque ao que parece, a idiota da minha irmã gêmea decidiu me azucrinar também, e ainda conseguiu fazer com que a minha tia e a noiva do meu primo também viessem. Eu não acredito que estou carregando as sacolas com as compras de Natal da diretora de Hogwarts. Minha vida social acabou de passar de ridícula para inexistente.

—Se prepare. Quando eu contar para todo o mundo que você está carregando a sacola da diretora, sua vida social vai passar de ridícula para inexistente

—Te odeio Ratazana. Você é a pior pessoa que eu conheço.

—Obrigada, eu me esforço para isso. Au!

—Carter, não bata na sua irmã. Se quiser fazer isso não use as sacolas. O relógio que comprei para seu tio ainda está aí dentro. Se bater nela com muita força é capaz de quebrar.

—Desculpa tia Lucy.- então quer dizer que posso bater nela com outra coisa qualquer… me pergunto se vendem tacos de Quadribol em alguma dessas lojas trouxas. Preciso de um bem grande para acertar a cabeça dela.

—Não acredito!

—O que é agora Caliel? Por favor, não me obriguem a entrar em outra loja de garota. Principalmente se for de roupa interior. Como eu já disse, ninguém vai ficar feliz em receber calcinha de prenda de Natal.

—Cala a boca, pirralho. Mãe, vamos naquela loja. Eu quero um vestido branco para estrear no Ano Novo.- ai não… roupa de Reveion não. Roupa branca significa mais duas horas com essas doidas.

—Tem calma Carter. Eu depois convenço elas a fazer uma pausa para lanchar. Aí você pode descansar.

—Obrigado Tit… quer dizer, Diretora Good. Se eu não sentar acho que vou dar em louco.

—Que é isso menino? Desde quando você me chama assim?

—Desde que eu, assim como toda a Hogwarts, descobri que você… digo, que a senhora, é diretora da escola.

—Senhora? Olha aqui moleque, eu não sou velha nenhuma para ser chamada de “senhora”. Você já me conhece desde que fiquei noiva deAmadeus. E a gente nem está em Hogwarts. Nesse momento eu sou apenas uma pessoa normal, aproveitando as férias de Natal com a família. Da qual você faz parte, já agora.

—Eu sei, desculpa. Mas é que é muito estranho. Eu estou no shopping com a diretora. Pior, eu estou no shopping com a dona do Dentuça!

—Errado. Você está no shopping com a futura esposa de seu primo.

—Tá bom… Tituba, posso lhe perguntar uma coisa?

—Claro. O que é?

—Eu sei que você e Amadeus já estavam em Londres há quase dois anos. Então porque só agora decidiu contar que era a diretora? E porque é que meu primo largou o trabalho de Auror para ser secretário?

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Carter e Tituba conversavam enquanto seguiam Quinn, Caliel e a Senhora Füssair, as quais já haviam adentrado a loja de roupas trouxa.

—Tá bom… Tituba, posso lhe perguntar uma coisa?- o garoto olhou meio incerto para ela.

—Claro. O que é?

—Eu sei que você e Amadeus já estavam em Londres há quase dois anos. Então porque só agora decidiu contar que era a diretora? E porque é que meu primo largou o trabalho de Auror para ser secretário?- nesse momento a moça parou estática em frente á porta da loja. Olhou para ele, pensando no que dizer.

—Carter, eu queria poder te explicar isso, mas é complicado. Sabe como é, problemas de adultos. Nada com que deva se preocupar. Venha, vamos ter com elas antes que acabem comprando a loja toda.- o garoto obviamente não havia ficado satisfeito com a resposta. Tinha até ficado um pouco ofendido por ela o ter chamado de criança. No entanto, resolveu não insistir na conversa, sendo que um certo dragão com bafo de ovo podre lhe veio á memória.

Entraram no estabelecimento. Delano se preparava para sentar e jogar todas as sacolas em um dos sofás estofados e de aspeto confortável perto dos provadores, quando notou algo perturbador.

—Ah, Carter olha quem está aqui. Diz um oi para elas seu mal-educado!- ele não conseguia acreditar no que via. Enquanto Thomas estava em casa acompanhado de seu tio e de seus primos (que tiveram pena do garoto e o salvaram, vendo como ee era magrinho e ingênuo), Carter foi arrastado até á zona comercial de Miami. Se viu obrigado a carregar as sacolas de quatro catatuas e a caminhar de um lado para o outro, indo de loja em loja, durante três horas a fio, sem sequer fazer pausa para ir no banheiro. E como se tudo isso não fosse suficiente, agora elas tinham se multiplicado. Já não eram quatro. Agora ele conseguia contar sete.

—Ah não! Por favor não! Eu não acredito nisso. Me matem! Me matem agora!

—Eu hein Delano! Também não precisa falar assim. A gente já sabe que você nos ama.- disse Evangeline, uma menina pouco mais alta que Quinn, de cabelos castanhos e olhos escuros. Tinha poucos amigos, sendo que a loira era um deles. A sua expressão era quase sempre a mesma, com as sobrancelhas ligeiramente arqueadas, que lhe davam um ar mal-humorado. Detestava o seu nome, e insistia em ser chamada de Angeline. Essa era uma das razões que originavam grande parte das brigas entre ela e a irmã.

Emeraude Wurdig tinha quinze anos, dois anos mais velha que Evan… Angeline. O cabelo era da mesma cor, mas bem mais comprido que o da mais nova. Seu nariz empinado condizia com sua personalidade fútil e mimada. Amigos não tinha nenhum. “Quem precisa de amigos? Não passam de farsantes. Se você lhes der a mão eles arrancam seu braço.”, costumava dizer. A verdade é que Emeraude não tinha amigos, mas nunca estava sozinha; sempre tinha por perto três ou quatro subordinados (escravos) e carradas de admiradores que a seguiam por tudo quanto era lado.

Ao lado delas estava sua prima, Bianca Vause. Muito parecida com as outras duas, mas bem mais alta que elas. Tinha a mesma idade que Callie, e eram muito amigas uma da outra. Ambas frequentaram o Instituto das Bruxas do Salém, e foi lá que se conheceram. Um ano depois de Caliel ter decidido se mudar para Hogwarts, Bianca fez o mesmo, e frequentava agora o sexto ano na casa de Grifinória.

—A Bianca eu já esperava ver, mas vocês duas não costumam passar o Natal na Alemanha?- Quinn perguntou, se dirigindo a Angeline.

—É, mas esse ano nossos pais quiseram passar as festas com nossos tios. Eles já não se viam há algum tempo.

—Hmm… E aí, não querem dar uma volta com a gente? Carter pode carregar vossas sacolas.- disse Callie alegremente, já de braço dado com Bianca.

—Ai!

—Que foi isso garoto?

—Foi o som de minha alma e minha espinha se quebrando.- ele as fuzilou furioso, sentado no sofá preto.- Vocês estão doidas, né?! Só podem estar me zoando. Nem morto que eu vou carregar as sacolas de sete pessoas!

—Não são sete querido, são oito. Tem mais uma no provador.- falou calmamente a Senhora Füssair, sentada ao seu lado.

—Não brinca com a minha cara! Eu não sou jumento para…- a sua voz foi morrendo á medida que a porta do provador se abria e revelava a oitava pessoa.