Gato de rua escrita por Aislyn


Capítulo 2
A curiosidade matou o gato. A satisfação trouxe-o de volta


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que lerem e favoritaram a história, e um agradecimento super especial para ~pah-chan, ~Blackat, ~reneev e ~Cry Baby por terem deixado seus surtos e opiniões nos comentários!

Fico realmente feliz que tenham gostado!

Esse é o último capítulo de Gato de Rua, mas espero ver vocês nas próximas histórias!



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As palavras de Kenma bateram contra seus lábios num leve sopro, fazendo-o engolir em seco. Estava prestes a beijar o amigo!

Definitivamente sentia algum tipo de atração por ele. Só isso para explicar o que estava com vontade de fazer. Mas que chances tinha com o amigo? Não podia simplesmente dizer que estava atraído por ele. Kenma era inocente demais, nem devia saber o que aquela proximidade fazia consigo ou o que queria fazer com ele… com os lábios dele…

Suspirou longamente, de olhos fechados, tentando reaver sua calma e controle, e principalmente seu bom humor. Nada como uma piadinha para sair ileso. Afinal de contas, não podia estragar uma amizade de anos com um simples beijo. Kenma não parecia ser o tipo de pessoa que iria se interessar por ele, ainda mais por outro homem!

Era melhor afastar aqueles pensamentos…

Quando olhava pra Kenma, só conseguia imaginar uma criança. Ou melhor, um filhotinho de gato. Pois as crianças podiam ser terríveis e Kenma era inocente, pequeno, indefeso, sempre precisando de muito carinho e atenção. Mas ele também era como um gato de raça, altivo, inteligente, observador. Tinha o seu mundo próprio. Enquanto que ele, Kuroo, era como um gato de rua. Havia sido bem criado para enfrentar os problemas do mundo, tinha um lar para onde voltar, mas sabia se virar muito bem na rua. Eram de mundos completamente diferentes, a única coisa em comum sendo a amizade que prevalecia por todos aqueles anos.

Estava bem claro que um gato de rua nunca teria chance com um gato de raça. Ele talvez até lhe dispensasse atenção, por curiosidade, para conhecer algo novo, mas não demoraria a enjoar e procurar algo melhor para se distrair.

Se bateu internamente por ter pensado daquela forma sobre o amigo. Nunca, em todos aqueles anos, havia pensado mal de Kenma e sabia, ou melhor, tinha certeza, que ele nunca faria nada tão esnobe e mesquinho para magoá-lo.

Soltou uma risada irônica e vazia até mesmo para seus ouvidos, sentindo o pequeno se remexer em seu colo, sentando de lado. Reabriu os olhos, sendo alvo dos dourados de Kenma, que o encaravam analíticos e curiosos.

– Você realmente está estranho hoje, Kuroo… – o loirinho remexeu mais uma vez, se aconchegando melhor até estar no colo do amigo, envolvendo seu pescoço em um abraço, o jogo esquecido num canto.

– Ah, já disse que é impressão sua, Kenma. Relaxa! – levou a mão aos fios loiros, bagunçando com um cafuné.

– Kuroo… dorme aqui hoje? – o pedido veio em tom baixo e manhoso, e Kuroo se viu tentado a negar, pela primeira vez, com medo de não resistir e acabar fazendo algo errado.

Só que beijar o baixinho não parecia errado! Era certo até demais!

– Claro. Sem problemas! – tentou manter um tom leve, bagunçando-lhe mais os cabelos e derrubando-o na cama, ficando por cima de seu corpo – Mas eu durmo na cama!

– Hn… tudo bem.

– Sério? – Kuroo encarou-o com os olhos arregalados, esperando algum sorriso que provasse que era brincadeira. Kenma nunca havia cedido sua cama antes.

– Mas com uma condição…

– Qual?

Kenma ficou com as faces coradas enquanto desviava o olhar, praticamente obrigando Kuroo a seguir seu movimento, passando a língua pelos lábios no processo. Desde quando o pequeno tinha os lábios tão bem desenhados? Mesmo finos, eram bonitos… rosados…

– E-eu quero que você continue o que estava fazendo? – seu tom foi tão baixo, quase um sussurro, que obrigou o capitão a se aproximar para ouvir melhor, quase encostando a face na sua.

– Ah, claro! Eu estava esperando você terminar sua partida pra jogar. – o capitão forçou uma risada, pegando o controle e voltando a se sentar num pulo, iniciando uma nova partida, recebendo um olhar indignado do levantador.

– Não estava falando do jogo...

Kuroo ouviu o murmúrio do loirinho, mas não deu muita atenção, até sentir os dedos dele em seu queixo, tocando de leve, virando seu rosto para encará-lo. Será que aquele garoto tinha noção do que estava fazendo consigo?! Não era possível! Sentiu seu baixo ventre formigar, mas engoliu em seco, soltando outra risada forçada.

– Você está parecendo um gatinho carente hoje, Kenma. Querendo atenção só pra você, me pedindo pra dormir aqui…

– Termine o que estava fazendo.

Aquilo não foi um pedido. Foi uma ordem. Dada naquele tom baixo e aparentemente desinteressado, mas cheio de obstinação.

– E-estou tentando, mas você está me distraindo. Depois vai jogar na minha cara que sou ruim…

O sorriso forçado ainda estava presente em seus lábios quando Kenma soltou seu queixo, suspirando frustrado e saindo da cama, de cabeça baixa, resmungando que ia pegar um futon no outro quarto.

Kuroo soltou um suspirou sôfrego, deixando o controle do game de lado e apoiando a cabeça na parede, de olhos fechados. Ele conseguiu deixar Kenma irritado. Muito irritado. Sabia disso apenas olhando para o amigo. Logo ele, que sempre tinha uma piadinha na ponta da língua, que sempre sabia o que fazer, estava desorientado e perdido.

Não era possível que o levantador tivesse pedido para continuar! Só podia ser um devaneio seu, depois de tanto olhar e desejar o pequeno. Kenma era inocente demais para saber o que estivera prestes a fazer, por isso havia pedido aquilo. Ele não sabia as consequências!

Fixou seu olhar na parede, atônito demais para fazer qualquer outra coisa. Ainda sentia os dedos do loirinho tocando sua face, cuidadosos e quentes…

Ouviu os passos pelo corredor e logo Kenma entrava novamente no quarto, ajeitando o futon próximo à sua cama, pegando um travesseiro extra e um cobertor no armário. Ele não o encarou nenhuma vez, o que significava que ainda estava chateado. Kuroo não entendia o motivo… até que algo se estilhaçou a sua frente.

A imagem de Kenma se despedaçou, caindo no chão como cacos de vidro de um espelho quebrado. Ele, que sempre pareceu uma criança a seus olhos, deixou de ser um filhotinho de gato para se tornar um adolescente. Um pouco menor do que ele mesmo, mas não tão baixinho como quando eram crianças. Os olhos eram sagazes e analisavam tudo atentamente, ele era rápido e forte, mesmo sem um porte físico avantajado, o que o ajudou a se tornar um ótimo levantador.

A quem queria enganar, além dele mesmo? Criando uma imagem tão inocente do amigo…

Kuroo soltou uma risada irônica, dessa vez direcionada a ele mesmo, saindo da cama e caminhando na direção de Kenma, que havia voltado o olhar na sua direção ao ouvir o riso, talvez estranhando a falta de um motivo.

– Neh, Kenma… Quer que eu termine agora o que estava fazendo?

– Por que? Quer tanto assim dormir na minha cama? – um brilho sagaz tomou conta dos olhos de Kenma antes que ele os fechasse devagar, erguendo a face, completamente entregue. Kuroo sabia o que queria e agora sabia também o que o loirinho queria, mas mesmo assim engoliu em seco, passando a língua pelos lábios antes de se aproximar, roçando os lábios no do menor com cuidado. Levou a mão à sua face, acariciando-a com o polegar, enquanto a outra mão pousava em sua cintura, puxando-o para perto com calma para não assustá-lo.

Mas era ele quem estava assustado! Kenma estava exatamente aonde queria que ele estivesse e agora ficava naquele dilema, ansiando e temendo o próximo passo! Argh… tinha que parar de agir como se fosse seu primeiro beijo… Mas era o primeiro beijo com quem gostava…

– Tetsurou Kuroo. Faça.

As mãos de Kenma seguravam a frente de sua camisa, como que para impedi-lo de fugir mais uma vez, porém, foi o olhar dele mais uma vez que fez todos os seus temores sumirem num instante.

Kuroo encostou os lábios num dos cantos da boca de Kenma, beijando de leve, movendo para o lado até que uma boca cobrisse a outra completamente. Sentiu quando o loirinho entreabriu os lábios, ansiando por mais, tanto quanto ele, por fim correspondendo como queria, aprofundando o beijo e o puxando contra seu corpo, abraçando-o com carinho e desejo.

Sobressaltou-se ao sentir suas pernas baterem contra a lateral da cama, caindo sentando sobre o colchão. Kenma parou a sua frente, encarando-o sério, os olhos dourados brilhando e as mãos firmes pousadas em seus ombros, empurrando-o com cuidado para se deitar. Era meio óbvio quem estava no controle da situação, e Kuroo tinha certeza que não era ele.

O segundo beijo partiu do levantador, que se aproveitou da posição para deitar sobre o corpo do capitão, mas não se importou de ceder espaço quando Kuroo iniciou mais um, rolando sobre ele na cama, até estarem ambos no chão, embolados e rindo da situação.

Kenma segurou sua face, passando a língua por sua bochecha, como um gato faria com seu dono, deixando Kuroo com as faces coradas.

– Vamos jogar mais uma partida?

– Quantas você quiser, pequeno!

E mais uma vez, Kenma estava no colo de Kuroo, com o controle em mãos, concentrado em seu jogo. Mas dessa vez, havia um pequeno sorriso em sua face, enquanto o capitão tinha um sorriso enorme nos lábios, daqueles bobos de alguém que está apaixonado.

Afinal de contas, um gato de rua pode ter chance com um gato de raça, se insistir um pouco e souber reconhecer os sinais de que é correspondido.


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Notas finais do capítulo

Primeira fanfic do ano completa e finalizada! Yay! lol

E será a primeira de várias! Torçam por mim -q