Uma Semideusa Inadequada escrita por Geek Apaixonada
Notas iniciais do capítulo
Vou dar um pouco de Apolo pra vocês, quero suas opiniões nos comentários!
Olhei para Apolo e me lembrei de todas as brigas que já tivemos. Ciúmes, sexo, medo e decepção. A única vez em que ele pediu pra “dar um tempo”, e dois dias depois estava na minha cama reclamando que eu o deixava louco, mas que não conseguia ficar sem mim. E de todas as noites dormindo de conchinha no meu quarto do dormitório, e acordar sozinha por que ele tinha que dirigir a maldita carruagem solar. De todos os amassos e o “vamos parar por aqui”. E do primeiro “eu te amo” dito.
Apolo estava com os olhos cheios de lágrimas.
— Ah, fala sério! – zombei. – Se você começar a chorar agora eu mudo de ideia e termino com você!
Ele franziu a testa sem entender e eu caminhei até ele. Acariciei seu lindo rosto e rocei meus lábios nos dele. Apolo deu um sorriso trêmulo de quem vai começar a chorar e engoliu em seco.
— Eu amo você. – falei. – Eu só precisava ter essa certeza.
Ele soltou o ar que eu nem sabia que estava prendendo e me abraçou apertado.
— Nunca mais me assuste desse jeito. Eu pensei que você fosse me deixar...
— Pensou errado. – acariciei seu cabelo. – Eu estou bem aqui.
Ele suspirou baixinho e continuamos abraçados, ele com o queixo no meu ombro, os braços em volta da minha cintura, e eu acariciando o cabelo dele... Droga, agora meus olhos também estavam cheios de lágrimas. Pisquei para afasta-las bem na hora em que Ártemis entrou na tenda. Apolo se virou pra ela, entrelaçando os dedos nos meus.
— Irmãzinha! – disse ele, mudando rapidamente de humor. – Não acredito que você deu aquele cartão pra Tracy!
— Eu dei uma escolha a ela.
— Ela já fez uma escolha. Eu.
Ártemis deu de ombros e olhou entediada para o irmão.
— Está na hora de você levar a minha ex-caçadora ao Acampamento Meio-Sangue.
— Só mais cinco minutos com a Tracy e eu já vou.
Ártemis suspirou.
— Cinco minutos. Só cinco minutos.
Ela saiu da tenda e Apolo se virou pra mim, já levando uma mão ao meu cabelo e os lábios aos meus. Ele me beijou, cheio de paixão, e me apertou contra seu corpo.
— Tenho uma coisa pra você.
— O que? – falei, enquanto mordia seu lábio. – Outro colar?
— Não – ele sorriu, enfiando as mãos pela minha blusa. – Outra coisa. Tá no seu carro.
— Uma surpresa? – perguntei, enquanto ele acariciava meus seios e beijava meu pescoço.
— Uma surpresa. – repetiu.
Apolo começou a sugar minha pele e eu inclinei o pescoço de lado, mordendo o lábio de prazer.
— Pronto – disse depois de um tempo, se afastando e olhando o resultado. – Isso deve manter aquele filho de Ares longe.
— Apolo! — o empurrei, embora sorrindo.
— Acha que eu não sei que ele dá em cima de você? – sorriu. – Eu vejo tudo, Tracy.
— Até quando estou tomando banho?
— Talvez. – ele deu de ombros. – Quem sabe?
Eu ri e cruzei os braços.
— Eu também vi o que você fez com aquele carinha do posto de gasolina.
Minhas bochechas coraram.
— Eu não fiz nada.
— Não? Só apertou a virilha dele, nada demais...
Bufei e me aproximei dele, correndo a ponta do nariz pelo seu pescoço e depositando um beijo atrás da orelha.
— Eu jamais trairia você.
— Assim espero. Por que eu estou andando na linha, exatamente como você queria...
— Continue assim.
— Por você, Raio de Sol? Qualquer coisa.
— Apolo? – Ártemis voltou. – Já deu cinco minutos.
— Só mais um beijo.
Ele se inclinou, me beijando na frente da irmã.
— Isso é uma falta de respeito! Já não basta eu ter deixado vocês se... envolverem na minha tenda? Tem que fazer isso na minha frente também?!
— Olha só – ele a encarou. - Eu não sei quanto tempo vou ficar sem ver o amor da minha vida, então perdoe-me se eu faltar com respeito na sua presença, mas você não precisa ver isso.
Ele sorriu e voltou a me beijar, por fim depositando um beijinho na ponta do meu nariz e me soltando.
— Qualquer dia desses eu te sequestro no meio da sua missão.
— Vou esperar ansiosamente.
Ártemis fingiu vomitar e Apolo piscou pra mim, sorrindo.
— Ah, espera – falei, segurando a gola de sua camisa. – Não vá dar em cima daquela caçadora. Eu vou saber se você tiver feito isso.
— Não confia em mim, amor?
— Não mesmo.
Ele fingiu-se de ofendido e me roubou mais um beijo antes de sair da tenda.
— Hã... Tracy? – disse Ártemis. – Tem uma marca obscena no seu pescoço.
— Obrigada! – falei já soltando o cabelo e penteando-o com os dedos. – Eu já estava esquecendo.
Ela deu um sorriso forçado e começou a sair da tenda também.
— Ártemis – fui atrás dela. – Desculpe se faltei com respeito a você. É que...
— Eu entendo. Também já estive apaixonada, Tracy.
Engoli em seco. Eu conhecia a história muito bem. Órion era um caçador, e Ártemis estava tão apaixonada por ele que até se entregaria, perdendo a virgindade. Apolo, enciumado, enganou a irmã dizendo “Duvido você acertar uma flecha naquela mancha negra lá na água”. Ártemis aceitou o desafio, ofendida, e acertou Órion que estava se banhando no rio. Ele morreu e virou uma constelação.
— Mas se vocês tivessem passado de beijos...
— Não. – interrompi. – Não fazemos sexo.
— Por que não?
— Por que os deuses não tem uma camisinha divina, e eu não quero engravidar aos dezessete.
Ela me olhou quase admirada, mas balançou a cabeça e mudou pra como se me achasse estúpida.
— Até quando acha que ele vai aguentar? – perguntou, enquanto caminhávamos. – Estão juntos a o que, dois meses?
— Um ano. E se ele não puder mais aguentar, terminaremos. Já deixei isso bem claro pra ele.
— Você não vai terminar com ele, Tracy. O ama demais pra deixa-lo ir. E tenho de admitir, nunca vi Apolo desse jeito. Acho que ele nunca amou ninguém da forma como ama você.
— Obrigada, eu acho.
— Não agradeça. Ele acabará com o coração partido e você morta.
Engoli em seco. Caminhamos em silêncio até a carruagem de Apolo, onde Juliet, Trent e Lindy já estavam.
— Senhora Ártemis! – Mandy correu até nós. – A pele do Leão de Neméia não quer se transformar!
— É claro que não, ela só vai se transformar nas mãos do herói que o matou.
Mandy franziu a testa para mim e estendeu um monte de pele na minha direção. Assim que a toquei, a pele se transformou num cumprido casaco guarda-pó marrom-dourado.
— Bizarro...
— Bizarro? – repetiu Mandy. – Nada pode atingir o casaco. É como um colete a prova de balas divino.
— É meu?
— Você matou o leão, não matou?
Fuzilei-a com o olhar e caminhei até Lindy, que estava com os olhos vermelhos de tanto chorar. Apolo estava apoiado no carro, os braços cruzados, observando tudo com um ar de divertimento.
— Quero te dar de presente. Use.
— Mas...
— Pega logo.
— Não, eu...
— Se você não quiser, vou dar em sacrifício a Hera.
Lindy pegou o casaco e o vestiu. Por que todos, menos Ártemis e Apolo, estão me olhando como se eu estivesse pirada?
— Está na hora – disse Apolo. – Não podemos mais esperar, ou isso vai atrasar o fuso horário e vai dar uma confusão do caramba pro meu lado.
Lindy me abraçou, depois abraçou Ártemis e entrou na carruagem. Apolo mandou um beijo no ar e piscou pra mim. Eu lutei para evitar o sorriso que queria se formar em meus lábios de volta e ele entrou no carro, enquanto Ártemis revirava os olhos.
— Tchau, mana!
— Não me chame de mana!
— Chamo sim!
— Não ch...
Ela parou, por que o carro já tinha saído voando. Bufou irritada e se virou pra nós.
— Então... O que vocês vão fazer agora?
— Procurar por outra amante. – respondi, já que meus amigos não paravam de franzir a testa pra mim. – E ver se não foi ela que roubou os pomos.
— Desejo-lhes boa sorte.
Nisso, eles pareceram acordar do transe e fizeram uma reverencia a Ártemis, copiada por mim. Caminhamos até o carro, e eles começaram o falatório.
— Você pirou? – Juliet começou. – Dar o casaco pra ela? Ela já está protegida pelo Acampamento!
— Proteção nunca é demais.
Juliet balançou a cabeça, incrédula.
— Juliet tem razão, Tracy. – Trent concordou. – E o que você ficou fazendo esse tempo todo com Ártemis?
— Conversando, oras!
— Sabe... – Juliet me cutucou. – Você viu Apolo piscando e jogando beijo pra mim?
— Hum... vi. O que você achou dele?
— Quente, sexy e tudo de bom... Tipo, deuses, ele é gostoso pra caralho – ela mordeu o lábio. – Eu pegaria.
— Tá maluca? – disse Trent. – Ele é o Apolo.
— E daí?
Trent suspirou e balançou a cabeça.
— Você não vai querer ficar com ele, Juliet. – falei. – Ártemis me contou que ele tem herpes.
— É sério?
— Seríssimo.
— Nossa, não sabia que deuses podiam ter doenças...
— É uma herpes divina, sabe?
Alcancei o carro e abri a porta. No banco do motorista havia uma caixa de papelão cheia de Tic Tac, com um bilhetinho amarelo escrito:
Você esteve nos meus braços há alguns minutos e eu já estou pensando no quanto sentirei sua falta daqui pra frente. Aliás, você não conseguiu deixar seu cheiro na minha camisa dessa vez. O que farei agora?
P.S.: Faça o favor de prender seus belos cabelos lilases pro imbecil no banco de trás ver o seu chupão.
Te amo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O que acharam do Apolo?