Natural Selection escrita por Paper Wings


Capítulo 6
Cap. 5: The Other Side


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei, meus walkers favoritos! Como vocês estão? Eu estou morta com apenas uma semana de aula tendo passado, ou seja, estou ferrada esse ano. Quero minhas férias de volta, é pedir muito? :3
Então, deixa eu explicar o que aconteceu: eu comecei a escrever esse capítulo há éons, mas em um certo ponto eu simplesmente não sabia o que colocar mais. T.T Falta de criatividade é coisa séria, gente. Não desejo isso para ninguém.
Bom, estava com saudades de vocês e, admito que fiquei triste pelo número baixo de comentários no cap. passado, porém, como leitora eu entendo o lado de vocês, beleza? Bola para frente, que eu estou com vontade de virar a madrugada no Netflix. Não se sintam trocados, mas faz um bom tempo que não assisto filmes... XD
Boa leitura.



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"I heard a whisper on my shoulder

Pretending life is worth the fight

Oh can you hear the song of thunder

When fear strangles a soldier's pride"

The Other Side - Woodkid

 

Circunstâncias... Talvez fosse errado sentir aquela pontinha de inveja, mas justamente por ela existir eu poderia dizer que não havia perdido minha humanidade para o apocalipse. Acho que a única coisa que nos restava além de engolir o sofrimento e se forçar a dar mais um passo à frente para sobreviver, era tentar olhar pelo lado positivo. Um humor negro nos toma e tudo não passa de mais uma porcaria de dia entre outros, os quais ainda estavam por vir.

Quando Carol começou a contar sobre sua filha e sobre como eu trouxera uma pulsante esperança no momento em que ela necessitava demais, eu congelei. Entrei em uma espécie de transe e apenas forçava meus braços a colher um legume atrás do outro, como se eu fosse uma máquina programada para fazer o trabalho sem pestanejar. Minha cabeça estava em outro mundo, outra época...

Ao dizer que, como eu sobrevivera três anos em total isolamento, a tal Sophia poderia ter tido a mesma sorte, fiquei tentada a discordar e fazê-la enxergar a verdade. E a verdade era a seguinte: as circunstâncias decidiriam se a menina desaparecida viveria ou não. Provavelmente, parece um raciocínio de um ser sem coração e, para ser sincera, o meu deve estar tão pequeno nestes dias, que beira à destruição completa. Uma pessoa pode sobreviver sem um coração? Sim, vi monstros que uma vez eram considerados seres humanos e, agora, não passam de pessoas ocas, uma carcaça ambulante.

Eu me considerava um monstro a esse ponto do campeonato. Meu coração estava lá, em algum lugar, tamborilando fracamente. Lembrava da última vez em que vira minha família e de como tudo pareceu errado. Enquanto meu corpo desejava derramar lágrimas, meu coração cinza as impediu, como um soldado patriota em plena batalha psicológica. Foi sofrido, havia despertado várias feridas que ainda não tinham tido a oportunidade ou a vontade de cicatrizar, mas como qualquer outro sobrevivente, segui em frente.

O lado positivo — e minha paranoia interferia nesse campo, pois só ela para me fazer procurar pontos positivos a essa etapa do campeonato... Bom, o lado positivo foi que, justamente por ter sido apunhalada e largada... Devido à brutal forma que meus pais me abandonaram, fui obrigada a filtrar a raiva e a tristeza e dar um jeito de continuar. Se eu tivesse sido abandonada, porém, por alguma outra razão e minha família tentasse me ajudar e, no final, não conseguisse, bom, aí, provavelmente eu não teria chegado até o dia de hoje, três anos depois, e teria morrido na primeira oportunidade. O ponto era: meu passado moldou quem eu era agora e eu não conseguia imaginar qualquer outra possibilidade das minhas lembranças serem capazes de me deixar viva atualmente. As circunstâncias decidiram meu destino, deixando-me impotente em relação ao meu caminho, o qual percorria.

Carol e Lori amavam seus filhos; depositavam neles a razão de viverem... Justamente por serem tão amados, eu não via como eles sobreviveriam sozinhos por tanto tempo. Era algo mesquinho de se dizer e muito particular. Culpar um sentimento bonito por levar alguém à morte? Bom, talvez eu estivesse me precipitando e o que havia sido o ódio para mim, fosse a esperança e o amor para a tal Sophia conseguir aguentar até os reforços chegarem. Ela teria que se agarrar a isso, pois as circunstâncias foram diferentes das minhas e, portanto, todo o resto mudava... Eu nao pude me dar ao luxo de esperar leais pessoas me encontrarem, revirando uma mata atrás de mim. Era isso. A âncora da garota para aguentar as pontas.

Eu não me considerava alguém certo para ser comparado ao seu desaparecimento, mas o grupo de Rick pensava que uma simples e trágica fatalidade separara-me da minha família, segundo minhas mentiras, e por isso a mulher de cabelos grisalhos achava-me tão importante, tão necessária para mantê-la esperançosa. Era errado, só que contar a verdade me prenderia a eles para sempre. Escancaria minhas fraquezas, meus medos e eu não estava preparada para enfrentá-los. Não houvera tempo para lutar contra meus demônios, porém, eles estavam lá, em algum lugar, somente aguardando a hora certa para me derrubar. Afinal de contas, tudo o que eu fazia era esconder minha covardia com uma grande máscara de coragem. Eu ainda era fraca...

Decidi permanecer calada e não demorou muito para Carl retornar. Ele postou-se perto da cerca de arames, assistindo as mulheres e eu terminarmos o trabalho matutino, ocupado em permanecer parado com a mão sobre o coldre. Toda aquela segurança estava começando a me deixar desconfiada. Quero dizer, mais desconfiada que o normal. O garoto fazia questão de mostrar estar preparado, dar uma de machão... Será que ele era igual a mim? Com uma conveniente máscara colada na rosto? Não... Só porque eu era assim, fraca e repudiante, não significava que os outros também eram. E, portanto, não tinha o direito de apostar em minha mente se a menina desaparecida ou o filho do xerife sobreviveriam sem a proteção dos adultos. Não era da minha conta; eu nem os conhecia. Assim como eu não gostava que formassem uma opinião sobre mim sem saber quem eu era de fato. Era uma via de mão dupla.

— Acho que acabamos por hoje, moças. — Maggie sorriu, recolhendo a cesta cheia de alimento fresco. — Vou lavar os legumes e depois trarei um pouco para vocês, tudo bem?

Carol esboçou um sorriso gentil e concordou, porém, era evidente que seus pensamentos não estavam presos na possibilidade de comer hortaliças, as quais foram colhidas na hora. Ela estava pensando na filha. Será que minha mãe havia ficado daquela forma perdida após ter feito as escolhas que fez? Será que a vida deles — dos quatro da minha família — melhorara como eles acharam que aconteceria? Não tive como perguntar da última vez que os encontrei, entretanto, não sabia se eu gostaria mesmo de ter uma resposta. Talvez só piorasse meu estado mental tumultuoso.

— Posso ir com você? — Indaguei à mulher de olhos verdes com um tom baixo de voz. — Eu deixei umas roupas na varanda para secar. Preciso buscá-las, apenas isso.

Maggie franziu os lábios, pensativa e olhando de soslaio para alguém atrás de mim. O filho do xerife. Em sua cabeça, provavelmente passavam todas as possíveis consequências se permitisse que eu fosse com ela. A moça deveria pensar que isso acarretaria uma discussão entre Hershel e Rick, afinal, eu era refém do grupo de fora, não da fazenda. Eu precisaria ser escoltada por outra pessoa, talvez Glenn ou o menino de olhos azuis elétricos, se este fosse ficar livre das garras protetoras de sua mãe por um pouco mais de tempo. Não duvidava que Lori brotaria ali, assim que eu falasse para Carl me acompanhar.

Suspirei, já ciente do veredicto.

— Vou chamar Carl. — Falei como uma derrotada e virei para trás. — Ei, Grimes, vamos...

Dei as costas às duas mulheres, ficando de frente para a cerca de arames. Eu nem tinha o direito de pestanejar, porque se fosse eu em sua posição, faria o mesmo, tentando evitar conflitos ao máximo. Senti a terra aos meus pés e o cheiro de adubo em minha pele, conforme me aproximava do garoto.

Ele continuava sério e sua expressão transparecia que ele não havia entendido uma palavra sequer que eu trocara com Maggie e estava bem curioso sobre o assunto. O jovem endireitou-se um pouco, devido à minha aproximação, e uma pontinha de dúvida surgiu pelo vinco entre suas sobrancelhas quando eu estava a centímetros dele. Nem eu acreditava que precisava conversar com o menino, por mais banal que fosse o tema. Simplesmente não aguentava aquela sua postura prepotente e orgulhosa.

— Preciso buscar aquelas roupas... — Expliquei-me com o mínimo de palavras que dera. — Vamos.

Comecei a andar sem nem ver se ele me seguia. Observei Maggie, ao longe, a qual entrava no casarão com a enorme cesta, ao mesmo tempo em que passei uma das mãos pela testa, sentindo meu suor e a ausência do belo aroma de lavanda, que já havia se esvaído pelo calor da Geórgia. Eu arrastava minhas pernas, um passo de cada vez. Onde poderiam estar minhas armas? Eu olhava para todos os lados discretamente, imaginando "Será que..." e formando ideias e mais ideias em minha cabeça. E se Rick tivesse colocado em sua própria barraca? Era tão provável quanto óbvio demais... E no trailer?

Chegamos na casa do fazendeiro e eu rapidamente andei até a varanda, recolhendo minhas roupas. Elas estavam meio rijas, porém, limpas e secas. Abri uma fresta de minha mochila — somente o necessário — e enfiei as peças lá dentro de uma maneira discreta e bem depressa. Logo, já coloquei as alças pelos ombros e o som da madeira rangendo indicava que Carl tinha subido os degraus também e se encontrava bem próximo a mim. Não olhei para trás.

Um arrepio estranho percorreu minha coluna, como em tantas outras ocasiões, e isso já estava começando a me irritar profundamente. O que estava acontecendo? Será que, no fundo, eu me sentia intimidada pelo adolescente? Não poderia me arriscar a sentir medo de um garoto de aproximadamente a mesma idade que eu. Já bastava viver em constante perigo ali, em meio a tanta gente estranha, e ter aquele Shane enchendo minha paciência. Eu tinha que ter coragem, nem que ela fosse apenas uma máscara, uma mentira. A questão atual era sobrevivência.

De repente, então, virei e passei a encará-lo. Estávamos a menos de um metro um do outro; meus olhos castanhos encontrando-se com suas safiras em um entrave desconhecido. Carl parecia um garoto que sempre ganhou tudo que queria antes do apocalipse; chato e orgulhoso. A maneira como ele postava-se deixava-me duvidosa sobre o quanto daquela pose valente era deveras real. Eu não sabia se essa era a Katrina rancorosa, a qual teimava em aparecer nas horas inoportunas, ou meu senso de observação apontando que nunca estive tão certa. Quantos errantes o menino já havia matado? Quantas pessoas ele vira morrer? O quanto ele entendia da realidade?

Eu não queria mais perder meu tempo e minha paciência com o filho do xerife, e o dia mal havia começado. Achar minhas armas era meu principal objetivo, atrás, é claro, de viver para conseguir concretizar tal ato. Eu precisava achar minhas facas, pelo menos. Com elas, eu conseguiria me defender do lado de fora e continuar minha jornada para qualquer lugar. Às vezes, eu me perguntava: "Quem eram os reais errantes nessa história?". Afinal, ambos andávamos sem rumo, cada um tentando prevalecer no topo da cadeia alimentar.

Andar sem rumo... Era tudo que consegui fazer nos últimos anos. Durante esse período de solidão, na minha cabeça, talvez uma vontade de reencontrar meus pais prevalecesse. Minha família era uma de minhas grandes fraquezas. Suprimi esse desejo até o destino colocá-lo em meu trajeto; algo que não fora planejado, assim como o que acontecia com o restante de nossas vidas sofridas. À mercê do inatingível...

Eu nunca fora religiosa, quero dizer, eu tinha minha religião, porém, não a praticava. Agora, no cenário atual, eu não sabia se eu merecia rezar e pedir por salvação, afinal, estaria apelando para forças superiores e aparentemente duvidosas em meus instantes de puro desespero. Acho que era da natureza humana que o impulso de acreditar em alguém maior aparecia. Não queremos nos sentir abandonados para morrer sem motivos. Ou se os motivos existem, queremos redenção... Com o mundo perdido, vendo cadáveres de crianças largados pelo asfalto, o pouco de religiosidade que estava dentro de mim foi sumindo gradativa e rapidamente. Elas tinham culpa? Mereciam aquele fim? O apocalipse estava acabando com nossas esperanças a cada momento que passava.

Minha única força e vontade de continuar lutando vinha da minha dor, provavelmente. Era uma dor, com a qual eu aprendera a conviver. Minha dor era minha religião, somada à raiva, ao odio e à decepção. De sentimentos feios, vinha um admirável esforço. Fome, isolamento, lágrimas inevitáveis... Eu não poderia me dar ao luxo de me importar com elementos como esses. Tudo deveria ser considerado como uma banalidade, um detalhe que precisava ser ignorado em nome de minha sobrevivência. Um dos maiores desafios, eu acredito. Ainda mais quando eles pulsam por atenção, de uma maneira impossível de ser rejeitada. Eram os minutos mais difíceis: quando você se questiona se vale à pena fazer tantos sacrifícios; sofrer mil mortes ao sentir o estômago oco e latejando por qualquer alimento; não descansar por temer tantos os vivos como os mortos...

— Ahn, licença.

Tanto eu como Carl olhamos na direção de onde viera a voz fina. Na porta, a jovem loira, Beth, estava segurando a tela contra mosquitos e fitava-nos, envergonhada. Eu ainda a visualizava como alguém fraca; algo que eu não possuía muito direito de fazer, porém, era quase inevitável. Eu não sabia se era sorte ou azar ela não ter vivenciado o fim do mundo... Por um lado, ela ainda era uma "virgem pós-apocalíptica", sem ter tido ainda a necessidade de matar; por outro, quando — não "se" — a fazenda fosse posta ao chão e infestada por mortos-vivos, a moça não estaria preparada. Seria o mesmo que acontecera comigo...

— Desculpe por interromper...

Segurei o impulso de dizer: "Não estava acontecendo nada aqui para algo ser interrompido, menina!". Eu apenas permaneci em um mórbido silêncio, enquanto o garoto ao meu lado continuou sério como sempre. Às vezes, eu tinha a impressão de que ele carregava um fardo insuportável nas costas. Um fardo colocado ali pelo mundo. O que será que havia acontecido para que o filho do xerife transparecesse energias tão negativas? Acho que nesse ponto éramos parecidos, apenas nesse, entretanto. Nada mais...

— Meu pai falou que precisa ver seus ferimentos. — A loira prosseguiu. — Para evitar infecções ou algo parecido, entendem?

Arqueei levemente a sobrancelha e encarei a figura ao meu lado de soslaio. Então o adolescente também havia se machucado? Guardei esse pequeno fato para ser estudado mais tarde, quando eu tentaria construir um perfil ao juntar tudo que absorvi durante o tempo em que passamos juntos. E, infelizmente, ao que parecia, haveria muita coisa para analisar, a não ser que eu encontrasse minhas armas logo. Como despistar a atenção integral dos desconhecidos?

Carl apenas assentiu e acenou para que eu fosse na frente. Não me dei ao trabalho de enviar um olhar de ódio e desgosto, somente andei sem reclamar. Pouparia meus esforços dali em diante. Eu estava desperdiçando minha atenção para coisas banais como fitar de maneira incessante aqueles olhos azuis elétricos quando, na verdade, eu deveria estar encontrando respostas para que eu saísse daquele meio desconfortável viva. Os detalhes importavam... Precisava me atentar apenas aos detalhes que resultariam em mais dias de sobrevivência.

Assim que pisei na sala de estar coberta por móveis rurais, senti-me como uma intrusa novamente. De algum modo, parecia errado poder desfrutar de alguns minutos em paz, considerando meus três anos de nervos totalmente à flor da pele, sempre pensando que era meu último dia naquele hostil espaço, o qual era o lado externo às cercas do lote de terras de Hershel. Ver porta-retratos, quadros ou uma cozinha com pessoas reais lavando legumes para o almoço era algo surreal; um luxo para uma minoria dos sobreviventes. Eu, um monstro, não merecia tratamentos médicos ou coisa assim, entretanto, outra semente plantada pelo apocalipse pulsava em minha cabeça: precisávamos ser oportunistas. Aproveitar ao máximo as ''bençãos" oferecidas aos de boa-fé, ou seja, quem ainda acreditava em um mundo melhor.

Depois de tanto tempo sozinha, andando sem um lugar em mente, sem pessoas pelas quais procurar, eu desistira da possibilidade de reaver tudo que fora perdido. Meus anos que se foram nunca voltariam, muito mesmo minha família... Fomos largados para morrer; quem continuava lutando era apenas a carniça do ser que eram antes. Somos tão tolos...

À mesa, o fazendeiro de cabelo branco estava sentado com um kit de primeiros socorros ao seu alcance. Ele levantou o rosto ao perceber nossa chegada e, sem muita cerimônia, caminhei até o senhor. Beth sumiu para ajudar com os afazeres domésticos e eu medi minha respiração militarmente até estar em frente ao dono da fazenda.

— Srta. Wayland. — O homem cumprimentou-me e movimentou a cabeça para Carl. — Primeiro as damas?

Engoli em seco, cerrei os lábios e, enfim, sentei-me na cadeira próxima ao velho. Será que eu estava conseguindo esconder minhas emoções? Minha fachada durona estava confiável? Afinal, precisava acobertar como eu não apreciava a ideia de ter um desconhecido verificando minha ferida e ter o filho prepotente do xerife como plateia. E não era só: ambos tinham conhecimento da minha desprezível marca de três anos já passados.

Cuidadosamente, Hershel puxou a manga de minha blusa, mostrando uma gaze abraçada à pele suturada um pouco manchada de sangue. Retirou o algodão com cuidado, encarando o machucado com uma pitada profissional.

— Como está? — Ele indagou com um semblante carinhoso. — Muito dolorido?

Dei de ombros, sentindo um leve repuxar de dor, o qual sabiamente — ou não — escondi. Aquilo não era nada comparado ao que já fora obrigada a passar. Eu não queria manter contato visual, pois não saberia como agir ao certo. Então, limitei-me a estudar de relance os pontos completamente alinhados e tão diferentes dos feitos por mim tempos atrás. Com certeza, ali apareceria, no máximo, uma linha fina e esbranquiçada no futuro.

O clima estava tenso. O senhor molhou um pedaço de algodão com uma solução, a qual possuía um cheiro bem forte de álcool, enquanto eu passei a fitar o assoalho de madeira. Tinha noção das orbes de safira sobre mim, e isso só tornava tudo mais difícil para eu manter a compostura. Uma das perguntas que zumbiam pelo meu corpo era se o fazendeiro mencionaria a cicatriz. Não, certo? Talvez o velho continuasse a lançar indiretas atrás de indiretas, mas até aí eu conseguiria me manter quieta e não admitiria qualquer informação sobre o meu passado.

— Vou higienizar, tudo bem? — Indagou sem olhar diretamente para mim. — Sentirá uma leve ardência.

Concordei com um gesto quase imperceptível, não abandonando meu jeito orgulhoso e, ao que parecia, verdadeiro. Precisava pensar no ponto positivo, não é? Bom, eu não teria uma marca muito grande feita pelo apocalipse. Uma já era suficiente. Cicatrizes eram as garras eternas do fim do mundo cristalizadas em nós; enterradas na carne para não esquecermos de quem tivemos de nos tornar para viver. Eram o preço de nossos pecados: pelas mãos sujas de culpa e de sangue dos fracos e despreparados... E nós ainda tínhamos a capacidade de fingir que sobreviver valia a pena. Nossos sacrifícios seriam pesados em uma balança, um dia, e só assim acordaríamos para a realidade.

— Acho que não teremos uma cicatriz grande demais aqui, mocinha... — Observou. — Se continuarmos de olho, não passará de uma memória ruim.

Senti o ardor do líquido antisséptico tocando meu corte e, instantaneamente, meus pensamentos voaram para anos atrás. Eu lembrava de tudo: do desespero; do medo; do ódio; do estranho alívio e principalmente da dor... Os recentes acontecimentos tentavam me derrubar, porém, minha força de vontade e resistência começaram a nascer logo após ter sentido a lâmina dos meus constantes pesadelos perfurando minha pele.

As lembranças me inundaram e novamente eu estava lá, andando completamente sozinha naquela imensidão verde, com a ferida empapando minha blusa de sangue... Não era só o meu sangue, havia também o da criatura... Um cheiro pungente Eu nunca tivera um senso de localização muito apurado, e isso era um fato. Como uma artista, eu vivia com a cabeça nas nuvens. No final das contas, talvez a única coisa que me definisse — fazer Arte — não fizesse mais parte de mim... Não dava para ver o belo no mundo em que nos encontrávamos agora, pelo menos, eu perdera a prática, não sabia dos outros... Fui desfeita.

Após andar ao que pareceram horas por aquela mata, a qual começava a escurecer, tropeçando em raízes, caindo contra a terra coberta de musgos e sentindo uma dor indescritível, além de me amaldiçoar pelo som de meus coturnos quebrando galhos e amassando folhas, finalmente reencontrei a estrada. Eu já estava em um estado deplorável... Suava frio e meu corpo sofria espasmos de dor e agonia. Minhas pernas não aguentavam mais sustentar meu próprio peso, porém, forcei-as a seguir em frente. Apenas mais um pouco, eu dizia a mim mesma. Apenas mais um pouco...

Enxergar já era um enorme desafio ao pisar contra o asfalto e ver com os olhos meio entreabertos o complexo cheio de lojinhas, do qual eu e minha... Minha família havíamos fugido. Na hora, praguejei em silêncio por ter sido descuidada o suficiente de não analisar o local antes de me aventurar e correr o risco de ser vista pelas criaturas mórbidas. Afinal, ainda tinha o risco do lugar estar tomado pelos errantes. Para a minha sorte ou não, havia um ou outro a uns bons metros de mim, os quais andavam incansavelmente.

Minha visão nublava a cada simples movimento, cada passo vacilante. Quantas vezes eu não imaginara que seria o último dado, mas algo dentro de mim me enganava novamente e eu continuava mancando em direção a qualquer lugar seguro... Eu não conseguia raciocinar pela fadiga e pela vontade pulsante de sucumbir, entretanto, lá no fundo, um sentimento de ira e decepção combatia os indícios de fraqueza. Não possuía voz para argumentar contra isso, porque o medo de morrer nas bocas putrefatas causava-me arrepios. Eu queria sobreviver, só não sabia por quanto tempo.

Eu lembrava vagamente de meus pais dizendo que ainda precisavam esvaziar uma farmácia, porém, a horda nos cercou antes que pudéssemos completar o plano. Com uma das facas dentro de meu calçado, agarrei aquela tingida pelo meu sangue, comecei a procurar o estabelecimento, mas meus olhos queriam fechar. Por que eu simplesmente não os fechara? Nem eu sabia ao certo, estava tão cansada. Ouvia os gemidos dos mortos-vivos indicando irem na mesma direção que eu, no entanto, estávamos na mesma. Andando precariamente, escravos de uma força maior que nós. Por alguma razão, eu tinha quase certeza que não me seguiam... Na mata, eu trombara com alguns deles, contudo, assim como no riacho, não pareceram me perceber. Eu ainda tinha que assimilar melhor essa informação, mas contanto que continuasse funcionando era lucro.

Finalmente, enxerguei a plaquinha. Apenas mais um pouco... Uma de minhas mãos tentava ainda estancar o sangramento, só que avistar a farmácia fez com que eu abandonasse-a e um surto de adrenalina subisse à mente. Apenas mais um pouco, repeti... Com um tranco, apoiei meu peso contra a vidraça e tentei fitar algo além de pontos negros que balançavam no ar. Aquilo não era um bom sinal, nem o som dos errantes aproximando-se, apesar de imaginá-los como uma estranha coincidência. Eu teria que entrar na loja sem nem ao menos averiguar se havia alguma daquelas criaturas detestáveis do lado de dentro.

Tentei abrir a porta, segurando a maçaneta como se ela representasse o resquício de energia que impedia que eu caísse da corda, a qual me separava da morte. Estava trancada. Voltei o olhar para trás e pensei ter visto seis mortos, assustando-me, contudo, ao piscar e sentir a visão clarear por um instante, percebi que eram somente três. Eu, então, quebrei o vidro da porta com o cabo da faca e escutei o barulho agudo dos estilhaços caindo no chão, aos meus pés. Sem mais delongas, dei fim aos poucos pedaços ainda presos na superfície de metal e enfiei meu braço pela pequena cavidade recém-aberta. Tocando na tranca e agradecida por nenhum errante ter mordido meus dedos, consegui entrar na farmácia.

Minha respiração havia se acelerado sob a possibilidade de ser pega pelos três zumbis ao ter causado o som desconfortável naquela mórbida quietude. Rapidamente, retirei minha jaqueta ensaguentada com o líquido negro e pegajoso, e tampei o buraco que tinha feito. Talvez assim eles acabassem ignorando-me e indo para outro lugar. Vai saber... Bom, ao menos era o que eu esperava ocorrer. Ao atestar que não poderia ser encontrada, tornei meu corpo e encarei o espaço sombreado pela noite que surgia, com o coração batendo em falso. Pisquei algumas vezes de novo e não vi qualquer morto-vivo indesejado por ali, porém, pelo estabelecimento ter sido trancado, existiam duas opções: o dono da farmácia havia dado o fora dali sem recolher medicamentos ou ele estava ali, com vida ou não.

Molhei os lábios, nervosa. Eu não poderia esperar para sempre. Sentia a falta de sangue e meu ar tentando fugir de meus pulmões, abandonando-me como minha família o fizera. Ao tentar caminhar à procura de antibióticos e agulha, minhas pernas vacilaram e eu caí ruidosamente no piso empoeirado do recinto. A dor tomou conta de mim imediatamente e, por um segundo, desejei minha mãe ajudando-me a levantar. E aí que lembrei de tudo... Mãe. Eu nunca mais a veria... Era um alívio, na realidade. Viver uma brincadeira de casinha não era para qualquer um e, definitivamente, não era para mim. Lembrava de pensar que, se eu sobrevivesse à ferida, nunca mais confiaria em alguém e aprenderia a lutar na completa solidão.

Depois de uns minutos ouvindo apenas o latejar da ferida, obriguei-me a rastejar até o balcão e, enfim, levantar. Como na floresta, concentrei-me na minha frustração e ergui meu corpo exausto. Ao me colocar de pé, ciente da fisgada abaixo de minhas costelas, fechei os olhos, arquejando. Eu tentava conter minhas emoções e fazer o que deveria ter feito assim que entrara na farmácia: dar um jeito no profundo corte.

O local estava abastecido de uma maneira assustadora. Como aquele lugar não havia sido saqueado ainda? Era uma indagação, da qual nunca recebi uma resposta... Ali era uma mina de ouro a céu aberto. Passei pelo balcão e comecei a vasculhar as prateleiras, atrapalhando-me com minhas próprias mãos durante o processo. A cada segundo, eu piscava para clarear minha visão e conseguir ler as pequenas letras nos rótulos. Derrubei vários frascos no chão ao sentir uma pontada na cabeça e o desejo quase sobrenatural de dormir. Eu chegara a um nível de fraqueza hediondo e ainda teria que dar um jeito de fechar o grande corte.

Quando finalmente encontrei antibióticos, coloquei dois dos comprimidos na boca e engoli, esperando que eles surtissem efeito. A sensação de ter algo entalado em minha garganta permaneceu por mais um tempo, justamente por ingeri-los secos. Logo depois, apanhei algumas tiras de gaze e encontrei agulha e linha em uma embalagem hermeticamente fechada. Rasguei o pacote com dificuldade e ergui minha blusa, deparando-me com nada mais, nada menos que uma pintura feita somente com tinta vermelha.

A cena era nojenta, no mínimo. O cheiro metálico fez minha cabeça rodar por um instante, entretanto, tentei não me prolongar muito naquela pequena análise. Precisava me concentrar. Escorei à parede e fui escorregando lentamente até sentir o chão. Com um certo receio... Bom, talvez um grande e absurdo receio, molhei a gaze com álcool e iniciei a higienização do ferimento. No instante em que o algodão tocou minha pele, a ardência fez com que eu mordesse o interior de minha bochecha, contendo a vontade de chorar. Tentei fazer o mais rápido que consegui e, logo, pude ver com mais clareza o largo corte. Já estava praticamente estancado, mas ainda era uma ferida grande demais para deixar exposta. Precisaria suturar.

Limpei meus dedos com o algodão sujo mesmo, tentando retirar um pouco do melado ensanguentado, e peguei a agulha. Minhas mãos tremiam demais e a linha não queria entrar no buraco. Praguejara incontáveis vezes, lembrava. Eu nem sabia que conhecia tantos palavrões... Após um considerável tempo, consegui ajeitar o instrumento e arfei, preparando-me para o que estava prestes a fazer. Era uma loucura. Uma loucura extremamente necessária. Até considerei tomar um analgésico, contudo, aquilo faria minha vontade de dormir ser multiplicada por cem... Teria que ser na raça.

Sabiamente, arranquei de um pacote uma porção exagerada de gaze e enfiei em minha boca. Conseguia sentir o tecido alcançando minha garganta e a ânsia de vômito quase me fizera desistir e simplesmente aguardar a morte, que sussurrava suas pragas em meu ouvido. Se eu gritasse, atrairia errantes e não teria forças para me defender; se eu desmaiasse e perdesse ainda mais sangue, morreria de hemorragia; se eu pegasse uma infecção, apesar dos medicamentos, não sobreviveria e ainda agonizaria, caso não decidisse dar um fim a mim mesma. Era uma jogada arriscada, na qual as desvantagens rodeavam-me em uma dança macabra.

Sem pensar mais, certa de que mais um minuto hesitando eu acabaria amarelando, enfiei a agulha, mesmo sem ter um campo de visão muito adequado para suturar meu ferimento, tanto pela escuridão que já batia à porta, como por não enxergar bem na posição em que me encontrava. Um gelado percorreu minha coluna e o medo faziam com que grossas lágrimas escorressem por meu rosto. Virei o objeto para ele sair de dentro da minha pele e um grito de dor e desespero foi abafado pelos quilos de gaze tampando minhas cordas vocais.

Eu suturava praticamente de modo cego, pois o conjunto nublava meus pensamentos e minha visão encontrava-se embaçada por meu choro eufórico. Soluços suprimidos saíam com guinchos agudos e eu não fazia a mínima ideia do que estava fazendo, apenas desejava que terminasse logo. Puxei a agulha para cima e tentei controlar minha respiração a mil, porém, meu corpo inteiro estava ciente de que aquilo fora somente o começo, assim, em resposta, enviava espasmos involuntários de horror. O que eu fizera para merecer passar por aquilo? Fui fraca; um ser descartável para meus pais... Falhara com minha família e, por isso, fui abandonada para sofrer.

Com raiva de mim mesma, enfiei o objeto metálico novamente e precisei cerrar os olhos por conta da dor. Eu me contorcia, entretanto, uma ponta de lucidez teimava em tentar me deixar o mais ereta e parada possível. Apenas mais um pouco, tentei dizer a mim mesma tal mentira. A agonia era tão intensa: sentir plenamente o objeto entrando e saindo da minha pele, seguido por uma linha preta. Doía tanto e meus gritos abafados, de algum jeito, começaram a sair mais explícitos. As lágrimas corriam como cachoeiras de tortura e, de repente, parei de sentir todo aquele sofrimento. Era uma sensação de anestesia e, antes de desfalecer, esforcei-me para piscar e continuar acordada, mas foi em vão.

Nem sei quantas vezes eu desmaiei naquele dia. Incontáveis, certamente... Demorei horas para fazer a sutura um tanto mal-feita e cobri-la com gaze, enfaixando meu abdome por completo. As lembranças de visualizar minha família naquela farmácia, enquanto eu delirava em total isolamento, ainda assombravam-me. As últimas palavras proferidas por mamãe naquele inferno de mata e as associações feitas em relação a todas as ocasiões em que fora deixada para trás propositalmente... Minha mente pregara peças em mim, todavia, em algum momento, decidi parar de me culpar. Provavelmente ao notar que sobreviveria. A partir daí, parei de choramingar pelos cantos e passei a me ver como um mero defeito que poderia ser concertado, e iria... Nos três anos seguintes. A real cicatriz não estava naquela marca horrível em minha pele, carimbada para sempre... Estava em todo o meu ser, dominando-me por completo.

— E você, garoto?

Despertei de meu transe e tentei disfarçar como fiquei aérea por um tempo. Eu não poderia continuar dispersando em pensamentos daquela forma tão constante, afinal, detalhes importantes passavam batido justamente assim. Hershel já havia terminado de colocar a gaze em meu ombro direito e agora atentava-se ao filho do xerife. Eu estava mais curiosa do que o necessário sobre o machucado de Carl. O que ele sofrera?

— Acho que estou bem. — Franziu a testa, meio contrariado. — Nem precisa ver.

Revirei os olhos, fitando meus próprios pés, pela tentativa de transparecer como ele era machão e aguentava tudo jogado em seus ombros. Ele me irritava, na realidade. Suas ações prepotentes me deixavam desconfortável, porém, com desejo de descobrir mais sobre o jovem. Finalmente minha loucura estava evoluindo, aparentemente, e a culpa era de todas aquelas pessoas desconhecidas. Estranhos que não merecia nem um pingo de minha confiança ou respeito.

— Seu pai não gostaria de saber disso, garoto. Sua mãe também se preocupa. — O senhor apontou sabiamente. — Vamos, venha cá.

O adolescente aproximou-se com uma carranca ao Lori ser mencionada e, bem no momento em que ergui o olhar para ele, Carl também encarou-me de soslaio. O castanho encontrou-se com o azul e quase senti nossas faíscas orgulhosas cegando-nos, contudo, isso não demorou muito... Ele quebrou o contato visual e direcionou-se ao fazendeiro — e, consequentemente, de mim — erguendo a camiseta sem muito pudor.

Havia um tecido branco enfaixando seu tórax, só que nenhum indício de sangue, ou seja, tinha se ferido há um tempo. Nem me importei por fitar cada movimento especialista de Hershel, o qual cortou a gaze e revelou uma ferida quase totalmente cicatrizada. Não contive o vinco entre minhas sobrancelhas... Aquilo parecia um ferimento... À bala?

Meu pai já tinha passado por aquilo, mas não em uma região tão arriscada. Ele levara um tiro no braço e foi um dos motivos que me fez permanecer fiel à uma promessa besta de não aprender a atirar. Como será que Carl conseguira aquele machucado? Várias perguntas pulsavam em minha mente, no entanto, mordi minha língua, contendo cada uma delas. Indagar e receber uma resposta seria uma desculpa para que quisessem o mesmo de mim, como uma dívida eterna. E ainda existia o fato de não querer demonstrar qualquer interesse pelo que acontecia ou deixava de acontecer com os dois grupos — de Rick e da fazenda.

— Está sentindo dor?

O menino negou.

— Eu acho que já pode andar sem isso. — Referiu-se à gaze. — É melhor deixar a pele respirar um pouco.

O mais novo assentiu, sem conversar muito a respeito. Hershel, então, recolheu os instrumentos médicos e guardou-os na caixinha de primeiros-socorros e, em seguida, pegou as gazes usadas para jogá-las no lixo. Antes de sumir pelo corredor, senti o olhar curioso do senhor sobre mim, como se dissesse "Não vai mesmo falar, não é?", porém, eu não revelaria qualquer coisa sobre mim mesmo. Sem chances. Tornar-me uma criatura vulnerável me levaria à morte certa.

Carl e eu ficamos na sala de jantar, completamente sozinhos. Somente o som de nossas respirações ocupava o recinto e não me dei ao trabalho de levantar ou fazer menção de sair da casa. Não ainda. Precisava criar meu perfil sobre meu "vigia vinte e quatro horas por dia", caso eu quisesse fugir da fazenda. Se o garoto desse mole, qualquer escorregada sequer, eu poderia descobrir o paradeiro de minhas armas... Não poderia ser tão difícil... A não ser que Rick tivesse enterrado meus pertences no meio da úmida e abafada floresta da Geórgia. Isso seria muita sacanagem.

O silêncio começou a ficar um tanto desconfortável, até eu admitia a mim mesma, entretanto, não parei de fitar o absoluto nada, ignorando de mentira a presença questionadora do filho do xerife. Ele abriu a boca incontáveis vezes, prestes a falar algo, e nem fazia ideia de que pelo canto dos olhos, conseguia vê-lo perfeitamente naquele entrave. O garoto estava sem jeito de indagar o que quer que fosse... Talvez referente à cicatriz, a qual eu escondia abaixo de minhas costelas.

Quando tomou coragem finalmente e decidiu dizer o que tanto queria, o som fazendo menção de sair por sua garganta e saciar sua curiosidade, eu suspirei pesarosamente.

— Guarde para você. — Calei-o, seca, ainda sem fitá-lo. — Eu não lhe devo satisfação alguma...


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Notas finais do capítulo

O que acharam??? E o passado da Kat, hein? Bate três vezes na madeira. Aquilo deve ter doído para caralho! Vocês acham que ela está pegando pesado com o Carl? XD Esse garoto vai sofrer para conseguir algumas informações sobre nossa querida protagonista. Hauhauhau
Espero de coração que tenham gostado. Aguardo ansiosamente seus comentários. Eles são importantes para o desenrolar da fic. Preciso saber se estou fazendo merda ou não, ok? Leitores-fantasmas, podem aparecer, que eu não mordo. *W*
Xxxxxxx



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