A Oitava Cullen escrita por JackelineCullen


Capítulo 24
Capítulo 24




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Como eu estava feliz, estava passando pela melhor fase da minha vida, estava amando a pessoa certa. Não era mais uma paixonite de adolescente, era amor.

 

Sim, eu estava amando de verdade. Embry sempre atencioso e carinhoso comigo, ele estava sendo muito mais que um namorado, estava sendo amigo, companheiro, estava mudando meu comportamento. Cada dia, cada semana, cada mês que passava ficávamos mais unidos, mais apaixonados e mais companheiros.

 

Posso dizer que esse ano está sendo de longe o meu melhor ano. Depois do incidente do Embry me atacar, nunca mais aconteceu nada, nem mesmo a voz vinha perturbar-me. Tornei-me a melhor amiga de Kain, até agora ele não fez nada, mas a pulga atrás da minha orelha ainda não saiu. Ainda acho que ele é um vampiro, só não sei como afirmar isso. Embry não estava gostando muito dessa amizade, e também não acreditava na minha teoria sobre o Kain ser vampiro, mas simplesmente eu o ignorava e continuava com minhas suspeitas.

 

John, desde o dia que brigou comigo por causa do Embry, nunca mais falou comigo como antes, só falava o necessário e quando me olhava virava a cara. Vi o mesmo saindo do quarto todo arrumado, meu irmão simplesmente ficava um gato com smoking, olhei pra ele e sorri.

 

- Você está lindo, John! – disse suavemente.

- Você também. – ele disse ríspido passando por mim, revirei os olhos e sorri pra mim mesma.

 

Bati na porta do quarto do Embry.

 

- Embry, vamos! Chegaremos tarde! – disse gritando.

- Eu tenho que ir mesmo?! E ainda com essa roupa?! Pareço um pingüim! – ele disse tentando arrumar a gravata.

 

Sorri e fiz o nó da gravata dele.

 

- É um baile pra você, seu besta! – disse dando um selinho nele.

- Mas não queria ir, não! – ele disse emburrado.

- Eu queria um carro só pra mim e não tenho, vê como a vida é injusta?! – sorri. - Agora vamos! – disse empurrando-o.

 

Em uma hora chegamos ao local da festa. Era o baile para o time que tinha acabado de ganhar o estudantil e para os formandos daquele ano. Ficamos o tempo inteiro juntos, trocando carícias e causando inveja em muita gente, estava me divertindo, só pelo fato de todas as garotas da escola querem dar os parabéns para o Embry, mas ele simplesmente negava e ficava comigo.

 

Estávamos dançando uma música qualquer, sinceramente não estava prestando atenção, estava ocupada beijando meu namorado. Estava de olhos fechados curtindo o momento quando Embry parou o beijo.

 

- O que vocês querem? – ele disse ríspido.

 

Abri os olhos e vi os meninos do time parados na nossa frente.

 

- Será que podemos roubar seu namorado um pouco Jackie? – Karl perguntava sorrindo.

- Se me devolverem como entreguei... – sorri de volta.

-E se eu não quiser ir? – Embry disse irritado.

- Vai lá amor! É pra você essa comemoração também, né? – disse sussurrando e em seguida beijei seu rosto. - Vocês têm 30 minutos com ele, hein? – disse rindo e me separando do Embry.

 

Antes de ele ir, me deu um beijo e saiu resmungando com os amigos. Fiquei rindo por um tempo e fui à mesa pegar algo pra comer.

 

- Pensei que nunca ia largar seu namorado. – Kain disse aparecendo do nada do meu lado.

 

“Se não fosse tão acostumada com isso...” pensei.

 

- Você quer me matar do coração é?! – disse fingindo estar assustada.

- Ainda não! – ele disse sarcasticamente.

- Como?! – indaguei.

- Nada Jackie! – desconversou – Então, será que posso dançar uma música contigo? – ele disse sedutoramente.

 

“Meu Deus! É o Edward todinho!” pensei assustada.

 

- Pode sim! – disse rindo e o mesmo me conduziu até a pista.

- Então, gostou da nota que tiramos no trabalho? – ele disse puxando conversa depois que a música começou.

- Tiramos nota máxima Kain. – sorri.

- Você está linda, sabia? – ele disse sorrindo.

 

Fiquei um pouco sem reação por causa do sorriso.

 

- Kain, quero lhe perguntar uma coisa. – disse desviando o olhar.

 

Ele estava me seduzindo.

 

- Diga – ele disse sussurrando no meu ouvido e isso me fez arrepiar dos pés a cabeça.

- Você é um vampiro... – disse quase inaudível, mas tendo certeza que se ele fosse iria escutar perfeitamente.

- Como? – ele sorriu disfarçando.

- Chaga Kain, eu sei. – disse séria.

 

Continuamos dançando.

 

- Não sei do que está falando. – ele disse me olhando torto.

- É sim. Eu sei! – disse parando e o encarando.

 

O mesmo ficou me encarando por uns segundos e sorriu, olhou profundamente nos meus olhos e me encantou, fiquei observando os olhos vivos dele. Quando o mesmo piscou pude ver algo estranho em seus olhos, senti-o me puxando mais pra perto e em segundos nossos lábios estavam juntos. Seu beijo não era quente, era frio, mas intenso, por impulso o empurrei.

 

- Está louco?! – disse um pouco tonta.

- Desculpe! – ele disse rindo.

- O que está acontecendo aqui? – Embry disse parando do meu lado.

- Nada Embry. – disse encarando o Kain.

- Como nada?! Eu vi tudo! – ele disse bem estressado.

- Se você viu tudo, então viu que não o beijei, fui beijada! – disse me virando e o abraçando, mas ele me impediu.

- Você correspondeu! - ele disse entre os dentes.

- Amor, eu não correspondi nada! - me virei pro Kain – Diga que me beijou a força! – falei engasgando.

- Você me provocou! – ele disse rindo maliciosamente.

- Kain?! – disse espantada. – É mentira Embry! – olhei pra ele, mas o mesmo estava de olhos fechados e com o punho cerrado. - Embry vamos conversar a sós, por favor! – disse com os olhos cheios de lágrimas.

- Me deixa Jackeline! – ele disse dando às costas pra mim e sumindo na multidão.

 

Olhei para os lados e vi que conseguimos manter a aparência apesar de tudo. Fui até o Kain e tentei lhe dar um murro, mas ele segurou minha mão antes.

 

- Se quiser quebrar a mão me bate! – ele disse rindo.

- Eu sabia! SABIA que era um! – gritei – Por que fez isso? Por que me seduziu? – falei chorando já. - Eu amo o Embry! Viu o que fez?

- Você não o ama e eu gosto de você! – ele disse rindo.

- IDIOTA! – berrei - Irei ligar pra minha família pra lhe matar! – falei rispidamente.

- Se ligar no outro dia você estará morta! Não sou tão bonzinho como pensa!– ele disse me puxando pra um canto mais reservado. - Escute aqui menina minada! Se amar sua família, os deixe fora daqui e deixe esse fedorento ir embora também! Não agüento mais o cheiro dele! – ele disse sério.

- Me larga! – tentei me soltar, mas ele me puxou novamente e me beijou, mas dessa vez eu mordi seus lábios.

- Hum... Adoro rebelde! – ele disse me soltando.

- Você me paga, Kain! – disse indo correndo na direção que vi o Embry sair com raiva.

 

O procurei pela festa inteira e nada dele, perguntei por todos e ninguém sabia dele, estava começando a ficar desesperada, eu tinha que explicar tudo, tinha que alertá-lo que Kain era mesmo um vampiro e ele me seduziu.

 

Eu já estava desistindo quando eu o vi, mas ao mesmo tempo queria não ter visto, ele estava num canto isolado, atrás de uma árvore, estava aos amassos com Ruth, fiquei observando por um tempo, pisquei várias vezes para ter certeza, e pude ver que ele estava adorando o beijo, suas mãos passavam por todo corpo dela e ela fazia o mesmo.

 

- É acho que mereci isso. – murmurei pra mim mesma.

 

Abaixei a cabeça e voltei pra festa. Procurei por todo lado pelo John, estava me sentindo um lixo, meu estômago estava revirando a cada segundo, e não estava conseguindo segurar o choro. Depois de um tempo procurando pelo John eu o achei se agarrando com uma garota qualquer. Toquei no ombro dele, interrompendo o beijo, a menina me olhou feio e ele virou de olhos fechados.

 

- O que é? – ele disse bem ríspido.

- Por favor, vamos embora. - disse quase chorando.

- Hei! O que foi?! – ele abriu os olhos e me olhou preocupado.

- Sai garota! – a menina disse pra mim.

- Sai você, sua vulgar. – ele disse pra garota.

- O que foi Jackie? – ele voltou a atenção pra mim e me abraçou.

 

Não me contive e comecei a chorar no ombro dele.

 

 

*Embry Pov*.

 

Eu estava conversando com meus amigos, já fazia uma hora e eles não me largavam. Ficar com vários machos conversando besteira é deplorável. Eu não tenho paciência pra isso.

 

- Bom - suspirei - rapazes o tempo de vocês acabaram, irei ficar com minha namorada! – disse rindo e caminhando de volta para a festa.

 

Como era difícil andar naquela festa sem a Jackie, a cada passo era parado por alguém e cada vez perdia mais ainda o tempo. Comecei a procurá-la, mas não estava a encontrando, vi Ruth vindo sorrindo pra mim.

 

- Hei Ruth, viu a Jackie por aí? – disse parando na frente dela.

- Ela está na pista de dança se agarrando com o Kain. – ela disse rindo - Vocês terminaram, foi?! – ela disse aproximando de mim e acariciando meu peito – Sabe sempre lhe avisei sobre os dois. – ela disse rindo.

- Não terminamos!– falei ríspido e fui até a pista e pude a ver dançando com o Kain.

 

A raiva começou a tomar conta de mim, por que ela estava dançando tão perto dele?! Pude escutar a conversa deles.

 

- Como? – aquele sujeito sorria pra ela.

- Chega Kain, eu sei. – ela disse ríspida e sem parar de dançar.

 

“Sabe o quê? Sabe que ele a seca o tempo todo? Como ela não vê isso? Ainda diz que é ciúmes bobo meu!” pensei, bufando de ódio.

 

- Não sei do que está falando – ele disse sorrindo novamente.

 

“Eles não vão parar de dançar, não?!” pensei.

 

- É sim. Eu sei! – ela disse parando de dançar e o encarando.

 

Os dois ficaram trocando olhares sem se importar com quem estava olhando, não são nada discretos!

 

“Aquele desgraçado está puxando-a? Ele vai beijá-la? Porque ela não faz nada? Ele vai beijá-la!” Fechei meus olhos, não podia ver aquilo, não queria ver!

 

- Está louco?! – a escutei brigando com ele, abri os olhos e vi os dois se encarando.

- Desculpe! – ele disse rindo.

- O que está acontecendo aqui? – disse já do lado dela.

- Nada Embry. – ela disse sem olhar pra mim.

 

Porque não me olha? Culpa?

 

- Como nada? Eu vi tudo! – disse irritado.

- Se você viu tudo, então viu que não o beijei, fui beijada! – ela disse finalmente olhando pra mim.

 

Ela tentou me abraçar, mas a impedi, estava com raiva e não queria machucá-la.

 

- Você correspondeu! - disse entre os dentes.

- Amor, eu não correspondi nada! – ela disse olhando para o Kain. – Diga que me beijou a força! – ela disse quase chorando.

- Você me provocou! – ele disse rindo maliciosamente.

- Kain?! – ela disse arregalando os olhos e pude ver nesse momento que ela estava falando a verdade eu conhecia muito bem cada expressão dela.

 

Mas eu estava com raiva, ela beijou outro homem, ela estava com cheiro dele, um perfume barato! Fechei os olhos, não ia explodir ali, não mesmo.

 

- É mentira Embry! – escutei ela falar espantada. - Embry vamos conversar a sós, por favor! – ela suplicou.

- Me deixa Jackeline! – disse me virando.

 

Estava com tanta raiva que se ela me tocasse ia machucá-la, melhor dar uma volta esfriar a cabeça e mais tarde conversar com ela. Andei pra fora da festa, tinha um banco perto de uma árvore sentei nele e abaixei minha cabeça e comecei a respirar fundo, estava conseguindo me controlar, senti alguém sentando do meu lado.

 

- O que está fazendo aqui Embry? E Sozinho? – Jackie disse sentando ao meu lado. - Esfriando a cabeça, não queria explodir lá dentro – disse sem olhar pra ela.

- Eu disse pra você. Por que ainda insiste em ficar assim? – ela disse suavemente.

- Porque eu te amo, Jackie, não foi fácil lhe ver beijando outro homem – disse sem olhá-la.

- Mas eu te amo, você não vê isso? – ela disse colocando a mão na minha coxa. - Jackie pára... Eu a amo, já disse! Mas ainda estou magoado com você – levantei, mas ela me segurou e me abraçou.

- Sei que está magoado, mas me perdoa? – ela disse beijando meu rosto.

 

Fechei os olhos e suspirei.

 

- Pára! – disse ríspido.

- Só irei parar quando você retribuir. – ela disse beijando meu pescoço.

- Então é assim? – falei segurando-a com força e a beijando.

 

Minha raiva era grande, mas como negar um beijo dela, eu nunca consegui resistir aos beijos dela, mas tinha algo estranho, o gosto estava diferente, a temperatura estava diferente, os batimentos cardíacos não eram dela. Quando senti a língua dela, percebi que tinha algo errado, e pude sentir o mesmo cheiro do vampiro que apareceu na festa, imediatamente soltei-a.

 

- UFA! Que beijo Embry! Quero outro! – Ruth disse deslumbrante.

- RUTH? – exasperei-me.

- O que foi? Que cara de espanto foi esse? Gostou não, foi? – ela disse toda assanhada.

- O que você faz aqui? Cadê a Jackie? – olhei confuso.

- Ela não estava aqui, só eu! – ela disse rindo – vem, quero mais um beijo daqueles, e menino! Você tem pegada hein! – ela piscou.

- Já fiz a minha caridade! Agora vai procurar gente do seu nível! – falei rispidamente e fui pra festa.

 

Estava na hora de procurar a Jackie e escutar o que ela tinha pra me dizer. Sei que há uma explicação pra aquele beijo, vi a sinceridade nos olhos dela. A procurei por todo canto e não estava achando, até que Karl veio na minha direção.

 

- Hei Karl viu a Jackie? – disse o parando.

- Vi sim, foi embora com o irmão. Por acaso vocês brigaram? – ele me disse levantando uma das sobrancelhas.

- Por quê? – disse preocupado.

- Porque ela estava aos choros com o irmão, deu até pena cara. – ele falou.

- Será que ela viu? – disse alarmado.

- Viu o quê? – ele disse sério.

- Eu beijei a Ruth. – falei baixo.

- Hum... Se viu, não sei, mas ela já foi embora. – disse.

- Tá Karl... Obrigado. – disse indo correndo até meu carro.

 

Peguei meu celular e disquei o número dela.

 

- Atenda, por favor... – supliquei.

 

Chamou uma, duas, três... Chamou até cair na caixa postal. Disquei novamente e de novo caiu na caixa postal, liguei para o irmão dela, chamou duas vezes.

 

- Oi. – ele disse ríspido.

- Por favor, me diga que a Jackie está com você! – disse desesperado.

- Está sim. – novamente ele fala com raiva.

- Quero falar com ela, passe o telefone pra ela, por favor. – supliquei.

- Acho melhor não Embry, amanhã vocês conversam, tchau! – ele disse rapidamente e desligando o telefone na minha cara.

 

Joguei o celular no banco do passageiro e arranquei o carro, tinha que chegar o quanto antes em Bad Tölz. Não sei o que aconteceu comigo, jurava que era ela, mas minha mente pregou uma peça em mim! A mesma peça no dia que me fez atacá-la, isso não pode está acontecendo comigo, eu nunca ia magoá-la, não era eu!

 

E o cheiro? O mesmo cheiro da festa, o mesmo cheiro de quando estava estrangulando-a, e agora o mesmo cheiro, alguém estava manipulando minha mente, e eu sabia quem era. Tenho que me explicar pra ela...

 

 

*Jackie Pov*

 

Sei que estavam todos me olhando, mas a dor que estava sentindo era forte, eu tinha perdido o amor de minha vida, ele não me amava mais. A única opção agora era chorar nos braços de meu irmão.

 

- Você quer ir pra casa? – ele disse sussurrando.

- Sim... – solucei.

 

Naquela hora, não me importava se tinha alguém apontando para mim, não me importava quantas pessoas me viram desabar nos ombros de meu irmão, eu não estava me importando com mais nada. Queria chegar o mais rápido possível em casa. John me levou até o carro, abriu a porta pra mim e sentou comigo no banco de trás.

 

- Pra casa Robert. – ele disse me abraçando.

- Você quer me dizer o que aconteceu? – John disse quebrando o silêncio.

- Acabou meu irmão... Acabou. – disse soluçando.

- Você e o Embry? Acho difícil. – ele disse rindo e acariciando meu rosto.

- Acabou John! Eu beijei o Kain e depois vi o Embry beijando Ruth. – disse começando a chorar novamente.

- Você beijou aquele branquelo? – ele disse incrédulo.

- Não! Ele que me beijou, mas Embry viu na hora, interpretou errado e quando fui tentar me explicar, ele estava aos amassos com a Ruth! Acabou John, acabou... – disse soluçando.

 

Ele apenas ficou calado fazendo carinho em mim.

 

- Acredito em você, se diz que foi forçada, acredito. – ele beijou minha testa.

 

Nesse momento deixei a dor me dominar, não escutava mais nada que meu irmão dizia. A cena do Embry com a Ruth passava centenas de vezes na minha mente, uma dor insuportável estava me controlando, a única vez que senti a mesma dor, foi quando meu pai disse que não me amava mais, só que essa dor era mais forte, me deixava anestesiada.

 

Quando chegamos à casa, não falei mais com ninguém, subi para o meu quarto e me tranquei nele. Tomei um banho demorado, queria tirar o cheiro daquele vampiro estúpido de mim, escovei bem os dentes e fui dormir.

 

Não sei por quanto tempo dormi, não sei se era de dia ou de noite, não sei que dia era. Eu não estava me importando com isso, não queria em nenhum momento levantar, não queria falar com ninguém, queria ficar sozinha, queria tentar esquecer tudo que estava acontecendo, mas minha mente estava pregando peça em mim, mostrando a cada segundo a cena deles, a cena do Embry dando as costas pra mim, ele recusando meu abraço, recusando minhas desculpas, a expressão de desapontamento dele não saía da minha mente. Voltei a chorar, meu peito doía, às vezes faltava ar, eu estava me fechando.

 

Em alguns momentos pude escutar alguém chamando meu nome, mas não atendi, em outro momento batiam à porta e novamente meu nome era pronunciado, mas estava tão distante que não tive vontade de responder. Fechei os olhos novamente e tentei dormir.

 

 

*Embry Pov*

 

Nunca corri tanto assim no meu carro, acho que cheguei à casa em menos de 1 hora. Estacionei o carro de qualquer jeito e entrei na casa correndo. Quando ia subindo das escadas John aparece descendo e pára no meio da escada.

 

- Vai embora Embry, melhor você ficar uns dias no seu apartamento. - ele disse sério.

- Primeiro preciso falar com sua irmã, sai da minha frente. – disse tentando passar por ele, mas ele ficou parado no meio.

- Embry você já machucou demais minha irmã, por favor, saia. – ele disse calmamente.

- Ela me viu com a Ruth? – perguntei nervoso.

- Sim, Embry. – ele disse quase aos sussurros. - Por que você não acreditou nela? Por que foi logo beijar a Ruth? Cara, você sabe como ela é ciumenta com aquela garota, agora ela está lá trancada no quarto por sua culpa! Embry vai embora, vai! – ele disse sério.

- Deixa ao menos tentar conversar com ela? Eu tenho uma explicação – disse suplicando.

- Tente... – ele abre a passagem pra mim.

- Jackie? Sou eu, abra a porta. – disse batendo na porta. - Querida? Por favor, eu acredito em você, abre vai. – disse suavemente. - Jackie? Amor? – bati na porta. - Jackie não faz isso comigo, por favor! – meus olhos começaram a encher de lágrimas - Responde ao menos...

- Eu disse que ela não responde. – John disse parado na minha frente.

- Ela vai responder. – disse batendo na porta - Jackeline... – sussurrei seu nome.

 

Fiquei parado na porta do quarto dela por horas, bati, chamei, supliquei e nada, nem ao menos respondia. Eu já estava desesperado, estava nervoso, ela já estava assim durante três dias, ela estava trancada nesse quarto por três dias e nada.

 

- Chega! Irei arrombar. – disse levantando do sofá e indo pro quarto dela.

- Não, Embry. – John me parou no meio do caminho - Vamos dar tempo pra ela, ela está bem. – ele dizia calmamente.

- Como você pode estar nessa calma toda? Ela está lá trancada há três dias, não come, não bebe água, não faz nada! – estava nervoso.

- Ela tem comida lá dentro, no armário é cheio de chocolate, e ela bebe água da torneira, vamos deixá-la sair desse quarto sozinha. - ele disse me segurando.

- Irei dar somente um dia! Senão irei arrombar aquela porta. – falei sentando novamente no sofá.

 

Quando sentei no sofá escutei alguém abrindo a porta, ao levantar o olhar pude ver Dona Ana chegando.

 

- Mãe? O que faz aqui? Não ia voltar daqui a 10 dias? – John disse nervoso.

- Sim, mas Robert me ligou e contou sobre a Jackie, e quanto a você, Embry... Vamos conversar. – ela disse apontando pra cozinha.

 

Respirei fundo e fui conversar com ela.

 

- O que está acontecendo aqui, Embry? – ela me olhava furiosa.

- Eu e a Jackie brigamos feio. – falei de cabeça baixa.

- E qual o motivo dessa briga? – ela disse ríspida.

- Por favor, Dona Ana já estou me sentindo horrível, não faça eu me sentir mais. – disse de cabeça baixa.

- Embry, fale o que aconteceu realmente?! Porque minha filha está trancada no quarto a três dias como vocês mesmos disseram! – ela disse quase gritando.

- Ela me viu beijando uma garota. Eu estava com raiva dela, foi por impulso, não queria, juro, eu pensei que fosse ela. – disse quase chorando.

- AHH! Meu filho! Você conhece o temperamento dela. – ela disse suavemente e sentando. - Irei ligar pro Carlisle, ele saberá o que fazer. – ela disse pegando o celular e discando.

 

 

*Jackie Pov*

 

Estava olhando fixamente pro teto do meu quarto, estava de mente limpa, pensando em nada, somente olhando pro teto.

 

- Filha? Sou eu, a mamãe! Abre vai. – escutei Dona Ana batendo na porta.

- Vai embora! - consegui responder.

- Filha! Abre vai, você esta aí há três dias, abre. – ela suplicava.

- Me deixa em paz! – disse me virando para o lado.

- Escute, irei ligar pro Carlisle, quer que seu pai venha aqui? – ela disse um pouco ríspida - Abre vai, ao menos pra comer. – ela disse suavemente.

 

Ela ainda bateu algumas vezes e suplicou várias, mas não respondi e nem abri a porta. Será que eles não entendiam que não quero falar com ninguém?! Eu só queria dormir.

 

Acordei com fortes batidas na porta.

 

- Abre! – essa voz eu conhecia. - Abre Jackie! – sim, era meu pai. - Jackeline, abre essa porta! – ele disse num tom bem sério.

 

Tentei levantar para abrir a porta, mas estava fraca acabei tento uma vertigem e desmaiei.

 

- Como vocês a deixam ficar cinco dias sem comer nada? – consegui escutar meu pai ao longe brigando com alguém.

- Eu cheguei e ela já estava assim Carlisle. – Dona Ana se explicando.

- Filha? – senti uma mão fria tocando meu rosto e abri os olhos. - Filha! – ele disse me abraçando e me dano um pedaço de chocolate. - Come e não quero reclamação – ele disse bem autoritário, peguei o chocolate e comi.

 

Ele fez sinal pra Dona Ana sair e sentou na beira da cama.

 

- Vocês arrombaram a porta? – disse comendo o chocolate.

- Sim. – ele disse sério. - Quer ser internada? – ele me recriminou.

- Hã?! E porque achou que estava querendo? – disse sem olhar pra ele.

- Você sabe o motivo... – ele falou.

- Não. Não sei pai. – disse suspirando.

- Você não sai do quarto a cinco dias! Sabia que poderia morrer? – ele disse se aproximando de mim e levantando meu queixo. - Não quero perder você filha. – ele beijou minha testa.

- Eu não quero morrer, só não queria sair do quarto. – falei baixo.

- Não come, não bebe água, não sei como ainda não morreu, sabia? – ele deu um sorriso.

- Eu não sou burra, estava tomando água sim! – falei birrenta.

- Jackie... – ele disse suavemente.

- Quê? – disse sem emoção alguma.

- Converse com o Embry, tente se entender com ele. – disse suavemente.

- Não me peça isso, acabou... – disse fechando os olhos.

- Escute o que ele tem a dizer. – o senti levantando da cama.

- Não pai... – abri os olhos, mas ele já tinha saído e o Embry estava parado na porta do quarto.

 

Estava com olheiras e com aparência horrível, abaixei a cabeça e fechei os olhos.

 

- Vai embora Embry. - disse quase sem voz.

- Por favor, me escute. – ele disse já do meu lado.

- Escutar o quê? Que você descontou? – abri os olhos e o fitei. - Escutar que você beijou aquela vaca pra se vingar de mim? – disse seca - Escutar que está arrependido? – disse já chorando.

- Não Jackie! Escute! – ele disse me abraçando, mas eu o afastei.

- Acabou, Embry, acabou... – disse levantando na cama e indo até a porta. – Acabou.

- Jackie, não! – ele suplicou. - Jackie você também beijou aquele lá. Entenda! Você também... – tentou se justificar.

- Não venha com essa desculpa! Eu tentei lhe falar que não tive culpa, que fui beijada, tentei lhe dizer que aquele estúpido armou pra mim, mas o que você fez? Não acreditou em mim, deu as costas e foi se agarrar com aquelazinha! - disse chorando e aos gritos. - SAI E SOME DA MINHA VIDA! – berrei.

- É isso que quer realmente? – vi que ele também estava chorando.

 

Fiquei calada.

 

- Responde, é isso? – ele disse parando na minha frente e forçando olhar pra ele.

 

Fechei os olhos e suspirei.

 

- É. – disse seca.

- Olhe pra mim e diga nos meus olhos. É isso que quer? – ele disse segurando meu queixo.

- Sai Embry! – falei ríspida.

- Abre os olhos e diga olhando pra mim! Olhando para os meus olhos. – ele disse e vi suas lágrimas caindo de seus olhos.

- Acabou! – disse olhando em seus olhos.

 

Notei que ele ficou sem reação.

 

- Tem certeza? – me encarara.

- ACABOU! – olhei fixamente pros olhos dele.

 

Ele deu um beijo na minha testa e saiu do meu quarto.

 

Pronto, meu dia acabou, desabei no chão e comecei a chorar. Senti alguém me levantando, mas empurrei a mão.

 

- SAI! - disse aos berros.

- Filha eu... - Carlisle disse suavemente.

- Sai... – supliquei.

 

Quando ele saiu fechei a porta, me encostei a ela e chorei. Meu peito estava doendo, estava me matando, caminhei com dificuldade até minha cama e me joguei nela. Fiquei completamente a deriva, não escutava nada ao meu redor e nem enxergava nada. Estava me entregando e mergulhando na escuridão que sempre me acompanhou só faltava um motivo pra entrar nela, e hoje eu achei.


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Notas finais do capítulo

Mesmo procedimento de ontem...se comentarem eu posto o outro ainda hj =D