Minha História no Mundo Olimpiano escrita por Vencedora de Lesmas


Capítulo 13
Rasgam Minhas Costas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/66782/chapter/13

  É, eu estava errada. Ao me deparar com a cena, os pêlos da minha nuca se arrepiaram. Imaginem uma classe com 25 alunos de 12 anos, ok? Agora, no lugar da bagunça, conversa e bolas de papel sendo jogadas, quero que vocês pensem em crianças sentadas, quietinhas, inacreditavelmente comportadas, como anjinhos, como cybers do mal programados para somente estudar! Ok, exagerei. Enfim, captaram a idéia principal, não? Eles estavam com os livros abertos, lendo, esperando que a aula começasse, com uniformes impecáveis, e materiais totalmente arrumados.

  Olhei de relance para Percy, estávamos parecendo desleixados vestidos daquele jeito. Sorri tortamente, e lhe encaminhei com a cabeça uma carteira vazia, por sorte, era ao lado dela. Ele foi se sentar, assentindo para mim discretamente. Tossi, fazendo com que todos olhassem para mim. Caminhei lentamente até a mesa, e depositei minha mochila em cima, encarando a classe. Virei-me de costas, e comecei a escrever na lousa com um giz que eu apanhara na escrivaninha. Coloquei apenas Bronze, e voltei-me para os alunos. Inacreditavelmente, um menino com cara de boliviano de óculos estava com a mão levantada, pulando na carteira, literalmente.

  -Diga, senhor.....?

  - Springles, professora – Springles?! Isso lá é nome?! Não é uma batatinha, não? Se bem que, não posso falar nada.

  - O que foi, Sr. Springles?

  - Bronze – falou – Tipo de metal comum nos séculos.....- Apertei os olhos com força, mordia língua e balancei negativamente a cabeça, interrompendo-o.

  - Não, não, não. Bronze é meu nome.

  No lugar de me olharem com deboche, ou “WTF?!” eles ficaram em silêncio, observando-me com respeito.

  - Então - continuou o garoto - a Srta. Bronze?

  - Exato!

  Ele se remexeu desconfortável na carteira.

  - Posso começar a aula – desafiei, erguendo uma sobrancelha.

  - Por favor!

  Estranho.

  - Certo.....falaremos sobre Mitologia Grega hoje e...-

  - Mas, professora – interrompeu-me uma menina sentada perto de um aquário com uma jibóia em seu interior – Estávamos falando sobre o período feudal com o Sr.Garder!

  - E daí? – Certo, não foi a coisa mais inteligente a se dizer, mas eu queria testar a nossa menina. – Quem pode me dizer o que é Mitologia Grega?

  Estranhamente, todos ergueram as mãos, inclusive ela. Obviamente, chamei-a.

  - Nome?

  - Daniela Kang – respondeu a menina de cabelos negros, tirando uma mecha deles que estava sob seus olhos do mesmo tom. Ah, então ela oriental mesmo!

  - Dani, me diga o que é Mitologia Grega – a tentativa de fazer minha voz ficar imponente foi totalmente fail.

  - Bem.....Mitologia é o estudo de lendas, nesse caso é da Grécia Antiga.

  - Muito bom! Agora, me diga, sobre o que são essas lendas?

  - Tem os deuses, e ...-

  - Que deuses? – interrompi, a conversa estava me exaltando, só mais um pouco e a descoberta estava feita!

  - Héstia, Zeus, Deméter, Poseidon, Hades, Hera, Dionísio, Apolo, Ártemis, Atena, Ares, Afrodite, Hermes e.....e...... acho que tem mais um, mas não me recordo.

  - Hefesto – grunhi – Deus ferreiro, o melhor metalúrgico do Olimpo....-

  Eu iria continuar meu discurso e tal, mas um pigarro de Percy fez-me esquecer da raiva e me concentrar no que realmente importava.

  - Anh, certo, desculpe por isso – tossi - Interessante você mencionar Héstia primeiro, pois ela não é considerada uma Olimpiana, depois foi Zeus, o bam-bam-bam, e em seguida Deméter..... uma ordem bem diferente, presumo eu.

  - Ah, porque acho Héstia a deusa mais legal – falou ela envergonhada – e, não sei por que, eu sinto alguma coisa quando falo o nome dela....uma espécie de...-

  - Calor maternal? – interrompi com a cabeça funcionando a mil idéias – Como se ela a abraçasse, e vocês tivessem uma forte amizade?

  Ela assentiu timidamente. Por meus cálculos, só poderia ser Héstia, mas como isso é possível? Quer dizer, ela jurou virgindade eterna perante Zeus.... mas, foi como Atena, mesmo assim ela tem vários filhos.... não, isso é apenas mais uma conclusão precipitada. Um sino tocou durante minha reflexão, fazendo os alunos se levantarem e formarem uma fila para deixar a sala. Como dizem: Salva pelo gongo! Literalmente.

  - Dani – chamei quando todos saíram da sala, deixando apenas eu, ela e Percy – Venha cá um pouco.

  Percy se sentou ao meu lado, tirando uma caneta do bolso e a transfigurando em

Contracorrente. Os olhos da Dani se arregalaram. Ela vacilou, dando alguns passos para trás com a boca aberta em pânico.

  - O que, m-mas o quê di-a-bo-os é iss-so?! – disse quando finalmente recuperou a voz.

  Se ela via, ela com certeza era uma semideusa.

  - Daniela – minha voz era rouca – Meu nome é Andressa Bronze, filha do deus Hefesto, e você, assim como eu, é uma semideusa, filha de um deus Olimpiano.

  Ela riu.

  - Ah, sim, com certeza e Percy é um gladiador!

  - Gladiador? Não me chamaria assim – disse ele sorrindo – Mas sou um filho de Poseidon, se contar.

  Rimos, quando já se sabe de tudo, aquilo é realmente engraçado.

  - Parem já, não tem graça nenhum!!! E guarde isso!!!! Você está louco!!!! Vocês estão!!!

  - Calminha – adverti – Nem precisa, isso não nos fere, só machuca a eles.

  - Eles quem? – apesar de estar nos chamando de loucos, ela estava acreditando.

  - Os monstros quais lutamos, ora. Acha que estamos brincando?

  - Daniela, é sério, os deuses....eles existem. – falou Percy. Certo, ele cuidava do assunto mais delicadamente do que eu.

  - Então....algum dos meus pais é um deus Olimpiano?

  - Exatamente, assim com o meu e o do Percy.

  Uma risada sem humor irrompeu do peito da menina.

  - Ah, por favor! Querem mesmo que eu acredite nisto? Vocês são loucos! LOUCOS!!!

  - Sr.D terá que dar uma olhada nela depois, se é que você me entende – sussurrei para Percy – E acho que você exagerou com a espada.

  - Não é isso – disse ele unindo as sobrancelhas – Olhe.

  Com a cabeça, Percy apontou-me algo que eu não havia reparado: Uma porta. Uma porta no fundo da sala com os dizeres “Sub- Diretor Collins” gravado nela. Que raio de sala de aula é um atalho para a sala do sub-diretor? E, pelos deuses, o certo não é Vice Diretor?! Comecei a sentir algo que eu não sentia antes, uma presença que, observada mais detalhadamente, era maligna.

  - Dani, você tem que acreditar na gente!!!

  - Ah, claro, e por que não saímos voando nos porcos alados? – riu-se ela.

  A maçaneta da porta girou, tudo estava acontecendo rápido e desagradável pro meu gosto. Um homem alto saiu de dentro, e eu o reconheci na hora. Era o mesmo cara bicolor do meu sonho, o Manticore.

  - Ah, Sr. Collins – suspirou a menina, me virei para lhe fuzilar com os olhos – Graças á Deus você está aqui!!! Esses dois são loucos!!!

  O “Deus” no singular foi enfatizado por ela, queria ver se fosse com qualquer outro que ela estivesse lidando. Com certeza, ela não sairia viva, eu que sou muito compreensiva.

  - Não, minha querida – rosnou ele. Rosnou mesmo. – Eles estão certos.

  - Ah, vá! – gritei não conseguindo me controlar.

  Sua risada perversa rasgou meus ouvidos.

  - Irá perder novamente, Bronze.

  - Novamente?

  - Andressa, cuidado!!! – berrou Percy, tarde demais. Eu havia me distraído com o papo dócil, dando-lhe uma brecha. Ele avançou com os dentes contra mim, assumindo sua verdadeira forma. Me joguei para o lado com força, caindo em cima de algumas carteiras de encontro ao chão. Levantei minha cabeça para observar a cena, agora o Sr. Collins estava totalmente transformado arregaçando os dentes contra Percy, que erguia a espada em tom de desafia. A Dani estava mais branca do que Hades, à alguns passos de distância de nós, parecia que estava tentando reunir coragem para abrir a porta e sair correndo.

  - Agora acredita em nós? – perguntei me levantando. O anel do polegar deslizou para a minha palma, crescendo até ser a minha espada. Ela moveu a cabeça para cima e para baixo rapidamente – Que bom.

  Ataquei com um golpe de esquerda, ele se desviou e tentou me morder. Por trás do ombro do monstro, lancei um olhar significativo para Percy, ele arregalou os olhos, mas assentiu. Infelizmente, como sou muito azarada, ele aproveitou a minha distração e me deu uma cabeçada na mão, fazendo minha espada voar para longe, cravando-se no peitoril da janela mais próxima, e escorregou até s tornar novamente um anel. Eu tinha de pensar rápido. Me joguei para o manticore. Sim, foi exatamente isso o que você leu. E empurrei-o com o ombro, suas garras se cravando em minhas costas. Urrei de dor enquanto largava a espada. Sua bocarra se abria e vinha em minha direção quando, com um gesto rápido mas demorado, Percy cortou-lhe a cabeça. Parecendo filme da Alice, deuses me livrem! O monstro se dissipou em poeira dourada, deixando-me de encontro ao chão.

  - Ai – gemi com o sangue quente do meu novo ferimento encostado com o chão frio.

  - Plano suicida?! – gritou Percy correndo ao meu encontro, se ajoelhando ao meu lado.

  PLANO SUICIDA?! Urrou Odisseu em minha mente, apesar de ser um momento critico como todos os outros, foi ótimo ouvir novamente a voz do meu amigo que eu não escutava fazia algumas horas.

  - Cara – falei tanto para um quanto para outro – Foi a única coisa em que pensei.

  Percy bufou e pegou sua mochila, tirando de dentro dela um pouco de ambrosia. Comi e já me sentia melhor. Tentei me levantar, mas como gritos, a dor apoderou-se de mim.

  - Calminha – sussurrou ele, ajudando-me.

  Dani veio até nós, os olhos aterrorizados, trêmula.

  - O-o que foi isso?

  - Venha, vou te explicar – disse Percy- mas antes temos que sair daqui! 

  Eles me levantaram e me apoiaram em seus ombros. Percy apanhou nossas coisas com habilidade, carregando minha mochila e guardando Contracorrente, novamente em sua forma de caneta, dentro do bolso. Minha visão foi começando a ficar turva, o liquido quente escorrendo por minhas costas. Eu desmaiei.

 

 

  Meu coração voltava a bater mais forte dentro da camiseta. Tentei abrir os olhos, mas apenas consegui semicerrá-los, erguendo levemente a cabeça pude ver Daniela e Percy ao me redor, observando-me, dentro de um quarto branco.

  - Merda – gemi – Não me jogaram num manicômio, né?!

  - Não – riu Percy- estamos no Hospital Sta. Maria

  - Ah, beleza... E o que Hades estamos fazendo aqui?

  - Cuidando de suas costas – respondeu ele. Sua voz estava um pouco tensa, embora aliviada.

  Me sentei com dificuldade, gemendo a cada movimento.

  - Como você está? – eu me dirigia à Dani.

  - E-eu? Não foi você quem se feriu?!

  - Bah, isso? Não é nada. Digo, está tudo bem? Você sabe. Sobre sua família e......droga, Percy, não sou boa com palavras, mas alguém me responda!

  - Ela ta encarando bem – respondeu Percy.

  - Nada como monstros para nos fazer acreditar, não?

  - Ah, com certeza, principalmente se não tentam te enganar com a Névoa.

  Rimos feito idiotas, e, obviamente, a menina que nos acompanhava no ambulatório não estava entendendo nada. Estávamos em uma sala normal, parecida com uma enfermaria escolar, continha uma maca, uma mesinha com uma pia, uma prateleira com portas de vidro contendo dentro esparadrapo e outras coisas, e uma cadeira no canto, onde descansava meu colete. Eu estava sentada na maca, tentando me levantar.

  - Hey, hey! – advertiu Percy – Calma aí, ferreira!

  - Hey, hey, você! – rebati. Pulei da maca, um erro. Quase derrapei e fui de encontro ao chão, mas consegui me equilibrar, com dificuldade, mas consegui.

  - Viu só? – vangloriei-me.

  - Ta, ta, mas da próxima vez vê se não desmaia, ok? – ponto para Percy. Olhei para Dani, segurando-me em seu ombro.

  - Você está bem, mesmo? – perguntei, não era nada fácil saber de tudo isso assim, tão de repente. Para mim, não foi problema, meu avô nunca foi muito discreto, e minha mãe menos ainda, já disse o que eu era pouco antes de morrer. Essas lembranças me trouxeram dor juntamente com raiva e angústia.

  - Estou – respondeu ela, fazendo-me sair do meu transe – Só um pouco....

  - Chocada?

  - É

  - Entendo – peguei meu colete e o vesti. – Vamos!

  - Já falei com Annabeth, ela e o resto estão aqui no hospital – falou Percy, dizendo-me para me acalmar com os olhos verdes profundos. Assenti e me encaminhei para a porta – Andressa....

  - Não vamos perder tempo!!! – quando minha mão tocou a maçaneta lembrei-me no exato minuto de Hermes. Minhas bochechas instantaneamente coraram, mas não era essa a questão. A questão era a espada, a espada que ele me pedira para buscar. E eu me recusa mais do que tudo desapontá-lo. Mas porque me lembrei daquilo justo no hospital?

  - Percy – chamei – Onde está minha mochila?

  - Na recepção – disse ele.

  - Dani, pegue para mim por favor – pedir para a novata pegar não é uma boa idéia, mas eu queria falar sobre isso a sós com ele.

  - Ok – respondeu ela passando pro mim, abrindo a porta saindo, fechando-a atrás de si.

  - Percy...- comecei.

  - O quê?

  - Bem, não consegui chegar aqui sozinha....eu não sabia o caminho até a Dani, um deus nos ajudou – é, realmente não sou boa com as palavras.

  - Como assim? – por isso Annie o chama de cabeça de alga, não tem mais nada na cabeça dele!!!

  - Eu tive um sonho com a Dani, sobre ela e o Manticore, mas eu não sabia como chegar aqui, então...

  - Um deus te mostrou o caminho?

  - Quase, ele meio que me deu um GPS – ele franziu a testa enquanto eu falava, se estava entendendo eu sinceramente não sei.

  - Que mostrava o caminho pra ela?

  - Isso!

  - E que deus era esse?

  - Hermes – minha voz soou infantil, apaixonada, aveludada, e estranhamente calma.

  - Ahn – ele pareceu notar, principalmente porque eu corei – E ele quer algo em troca.

  - Não em troca, mas um favor – aquilo não foi uma pergunta da parte dele.

  - Qual?

  - Pegar uma espada, uma ultra-mega-poderosa espada.

  - Sabe onde ela está?

  - Não – falei piscando, estava tão difícil de me entender? – Por isso pedi pra Dani pegar minha mochila, pois nela está o GPS, e nele poderemos saber onde ta essa tal espada.

  - E porque você só lembrou disso agora? – um tom autoritário saiu da boca do rapaz, o que me surpreendeu.

  - Sei lá – só aí então me surgiu a idéia de por ele ser o deus dos médicos. Ah, como sou idiota!!! – Mas isso não vem ao caso.

  - Não, magina – respondeu ele sarcasticamente

  - Cuidado com a boca, moleque – rosnei. Algo estava despertando dentro de mim, o quer era eu não sabia, mas tinha a ver com minhas outras origens. Estávamos nos encarando mortalmente, até que a porta rangeu e Dani entrou no quarto novamente e pareceu notar o clima tenso, embora não tenha dito nada.

  - Aqui está – disse ela entregando-me a mochila. Peguei e abria à procura do aparelho. Ele não estava ali. Onde diabos eu tinha posto? – Andressa, né?

  - Isso – respondi quase entrando na mala.

  - Então, para quê você queria sua mochila? – perguntou ela erguendo uma sobrancelha com um leve tom de eloquência.

  - Porque tem algo aqui que eu para achar algo que um amigo precisa...

  - Achou? – perguntou Percy.

  - Er... não – virei a mochila de boca para baixo, despejando todo o seu conteúdo no chão, até que uma voz masculina irrompeu da minha mente.

  Que tal procurar no seu bolso? O estranho era que essa voz não pertencia a Odisseu, e ela era inacreditavelmente brincalhona e sensual. Senti um arrepiou sob minha pele, Hermes era quem estava falando comigo. Ri sem jeito, o que foi completamente idiota, mas comparado ás minhas tripas se contorcendo nem era tanto assim. Enfiei a mão no bolso e tirei de dentro o GPS marcado com o caduceu. Zeus não queria atingir um raio em minha cabeça naquele exato segundo, não?

  - Pelo visto – veio Percy – Você achou....

  - Isso é o que importa! – rebati. Como eu podia ser tão idiota as vezes? Na maioria das vezes, aliás.

  Minha querida, não se torture ouvi Hermes dizer, meu coração estava praticamente saindo do peito. Mas devia ter olhado no bolso primeiro zombou ele. Eu ainda o amava, para deixar claro.

  Peguei o GPS e o levantei na altura de meus olhos enquanto ele se inicializava. Engolindo em seco, apertei as coordenadas e orei para o deus dos viajantes. Com BEEP irritante, as informações apareceram na tela, o que me fez querer vomitar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enfim, ficarei um tempo sem postar, como é férias irei viajar e tals....Espero que tenham gostado, e quero reviews se não eu paro de escrever!