Wicked escrita por Boca de Netuno


Capítulo 3
parte três.




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  Depois de passar o dia de cama, voltei para o colégio no dia seguinte. Sem que eu notasse, todas minhas amigas da classe me encurralaram em minha carteira.


  'Nat, estamos preocupadas com você. Faz três semanas que você se afastou completamente de nós.'

 

  'Eu falei pra vocês sobre o Nathan, não sei o porque do alvoroço.'

 

  'Vai continuar com a história desse cara? A gente já sabe que o Nathan não é real.'


  'Por que vocês diriam algo assim?'


  'Porque ninguém além de você jamais o viu.' disse a garota da direita.

 

  'Nat, você passa os intervalos sozinha e não fala com mais ninguém.'


  'Como é possível? Ele sempre estava parado na porta da sala para voltarmos juntos.'


  'Uh, não.' a da ponta esquerda manifestou-se 'Você é sempre a última a sair da sala, e parecia estar tendo uma conversa retórica.'


  'Certo. Vou provar que ele é real.' levantei, aproveitando a demora do sinal, e fui até a primeira sala do corredor, sozinha, enquanto minhas amigas ficaram paradas em frente a nossa sala.


  'Nathan está aí?' perguntei a uma garota qualquer.


  'Quem?' ela estranhou.


  'Nathan. Nathan Woods. Ele estuda na última carteira, fila do meio.' exasperei-me.


  'Hm, aquela carteira está vaga. Desde o começo do ano, na verdade.'


  'Ah' senti meu coração apertar 'Ok, desculpe.'


  'E então?' perguntou uma das garotas, a mais alta delas, quando eu estava perto o suficiente.


  'Algo está errado. Preciso sair daqui.' passei reto por elas, pegando minha bolsa de cima da cadeira que demarcava meu lugar, e sai, ouvindo o sinal soar assim que pus os pés fora dos limites da escola.


  Peguei meu celular e disquei o número de Nathan, e esperei. Nem chegou a tocar uma única vez, uma voz feminina e desconhecida disse claramente que "O número chamado não existe." Desisti depois de ouvir a mesma frase pela quinta vez, e rumei para casa.


  'Natalie, o que está fazendo em casa?' uma mulher me abordou quando fechei a porta atrás de mim.


  'Mãe?' assustei-me, pois não esperava encontrar ninguém 'Pergunto o mesmo sobre você. Quer saber? Deixe quieto.' gesticulei, correndo para a lavanderia.


  Lá estava o casaco de Nathan, pendurado em um cabide azul, bem como o cachecol vermelho que ele sempre usava. Soltei o ar, pensando que eu não estava louca. Esse sentimento durou pouco.


  'Bonito esse casaco velho do seu pai, não?' mamãe perguntou-me, aparecendo atrás de mim.


  'Como é?'


  'E, eu achei no armário um tempo atrás, mas só tive tempo de lavá-lo ontem.' ela explicou.

 

  'Eu vou me deitar.' anunciei, saindo dali de imediato. O celular ainda estava apertado em minha mão direita. Havíamos trocado inúmeras mensagens, mas não havia nada na caixa de entrada. Todas as mensagens que eu escrevera estavam na caixa de não enviadas. Não  tinha registro algum de ligações de Nathan. Cada vez mais eu me sentia esquizofrênica.


  'Mãe, quem mora duas casas para cima da nossa?' gritei da porta do meu quarto.


  'Não é aquele casal de idosos que sempre encontramos no mercado?' ela respondeu.


  'Ah, certo.' Fechei a porta, e joguei tudo o que tinha nas mãos na cama. O celular tocou , a música que eu escolhera como toque ecoando. Juntei o aparelho e olhei para a tela: Nate. A situação não poderia ficar mais louca, então eu resolvi atender. 'Nathan, por favor, diga que eu não tenho sérios problemas.'


  'Isso não seria justo. Eu ajo conforme sua vontade, não é? E você nunca percebeu que eu nunca falava no ônibus. Nunca reparou o modo como as pessoas te fitavam quando você falava comigo.'


  'Você até disse que me amava.' falei baixo, achando tudo muito estranho.


  'Essa era a sua vontade. O que prova que você mentiu ao dizer que não acredita em amor.'


  'Por que eu te criei, então?' sentei na cama, falando com alguém que não existia.


  'Você queria uma nova história. Nada mais lógico do que ter um novo personagem.' Nathan disse tranqüilamente.


  'Ok. Só mais uma coisa: por que eu te imaginei tão real, tão perto de mim?'


  'Talvez seja essa a nova história.'


  'Natalie?' mamãe chamou das escadas.


  'Já vou!' respondi, cobrindo o bocal do celular 'Nate?' perguntei ao telefone mudo. Sorri fracamente ao pensar em tudo o que acontecera e larguei o objeto preto em cima da cabeceira, deixando a porta aberta ao sair do quarto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

that's it.
espeeero que tenham gostado.
espero que deixem reviews /ilusão