A Elite - A Seleção Semideusa - Segunda Temporada escrita por Liz Rider


Capítulo 33
Capítulo 33 - O imenso Salão das Selecionadas




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P.O.V 33

Depois do almoço, nós todas vamos para o Salão das Selecionadas. Os deuses também parecem ter sido misteriosamente evacuados em algum momento entre o café da manhã e o almoço, já que nenhum deu as caras nesse meio tempo. Menos mal, assim. Preferia não ter que lidar com Apolo

Todas as meninas já parecem ter percebido a ausência de Marlee, mas nenhuma decidiu falar sobre isso até agora, ao menos não comigo.

Então é uma tarde como qualquer outra, tirando que agora somos cinco ao invés de seis.

Ao contrário do que eu havia imaginado, a ausência de Marlee não é tão forte e opressora e eu consigo lidar “bem” com isso. Por enquanto...

Estávamos todas juntas sentadas ao redor de uma mesa, enquanto Celeste estava mais ao fundo do salão, com uma Tv ligada, sem realmente prestar atenção, e foleando uma revista. Nem Annie, nem Silvia estavam por perto. Eu não tinha certeza se isso era um bom ou um mau sinal. Com tudo o que aconteceu, eu esperava que Silvia estivesse aqui nos corrigindo por tudo o que fizemos errado nesses dias.

Eu ainda não tinha certeza de quando, mas em algum momento nos últimos meses, Silvia passou de uma espécie de contrarregra do Programa, para uma espécie de tutora secundária, que dava as broncas no lugar de Annie, que parecia bastante desconfortável com essa função.

Não me entenda mal: Annie nunca teve problema algum em brigar com pessoas no Acampamento quando elas faziam besteira... mas aqui? Esse não era seu ambiente. Brigar com meninas que parecem princesas da Disney por causa de deuses chatos e brigões que muitas vezes ela parece apenas suportar, por causa de um emprego que não é exatamente dos sonhos? Posso entender sua relutância.

Relutância, entretanto, que não é compartilhada por Silvia... Ela parece sempre ansiosa por agradar os deuses e fazer tudo o que for necessário para que nós estejamos perfeitas — até certo ponto, não era uma função tão diferente da contrarregra, mas agora ela garantia que estaríamos perfeitas em todos os momentos, em frente ou por trás das câmeras. Assim, elas faziam uma boa dupla: Annie fugindo daquela situação desconfortável que nem ela parece saber como se meteu e Silvia querendo sempre mostrar serviço.

Minhas indagações sobre a relação de Annie e Silvia são atrapalhadas por um grito animado de Celeste para sua revista:

— Meu anúncio saiu!

Celeste não parecia estar particularmente falando isso para nós, mas também não parecia querer que ignorássemos. Tirando o olhar irritado de Kriss, que jogava xadrez com Elise e aparentemente se desconcentrou com o grito, foi o que fizemos.

Celeste era modelo. Isso era de conhecimento geral — a maioria de nós já viu algum anúncio dela por aí, então eu não entendia exatamente o que a estava animando tanto nisso.

— Victoria Secret... finalmente — ela meio que sussurra, meio que exclama, como se quisesse, ao mesmo tempo, guardar segredo e fazer com que todas nós soubéssemos. Seu tom é quase de devoção. É estranho imaginar Celeste como uma pessoa devota e não como uma víbora manipuladora ladra de vestidos.

Ainda assim... Eu não sabia muito sobre a Victoria Secret — acredite ou não, marcas de lingerie com desfiles mega caros nunca foram um dos meus maiores interesses, mas parecia improvável que uma menor de idade — o que eu imaginava que Celeste fosse — pudesse posar seminua por aí. Mas eu com certeza não ia discutir com a Celeste devota.

Mais alguns minutos se passam enquanto tento me concentrar no meu livro. Antes que eu consiga realmente engatar na leitura, no entanto, Kriss dispara, parecendo cansada de sua interminável partida de xadrez com Elise.

— Vocês notaram que os deuses estavam fantasiados de banda de rock? — ela pergunta, curiosidade brilhando em seus olhos castanhos.

Não faço ideia de onde isso saiu...

— O quê? — Natalie pergunta, como se Kriss estivesse falando abobrinha... Não podia dizer que ela não estava.

— Os deuses... Zeus, Hermes, Apolo e Dionísio... eles estavam vestidos de banda de rock! — ela repete, olhando para nós como se fôssemos burras.

— Apolo estava com uma guitarra — contribuo, a contragosto lembrando-me da fantasia dele. Fechando meu livro, viro-me para ela, querendo saber onde ela quer chegar.

Também não ignorei o fato de ela estar tão animadamente falando daquilo quando, na verdade, seu pai não estava incluído na fantasia em grupo... se bem me lembro, Hefesto estava fantasiado de Mário...? Não tinha certeza, mas para o deus da metalurgia, não parecia algo tão surreal se fantasiar do mais famoso encanador da história dos videogames.

— Sim! — ela concorda com uma animação atípica. Eu poderia esperar algo assim de Natalie, mas de Kriss? Ela nunca parecera chegada a rompantes de animação aleatórios e despropositados.

— Hermes estava com duas baquetas, então suponho que ele fosse o baterista — Elise continua, seu tom de voz baixo e plano.

— E Zeus estava de vocalista e Dionísio de baixista. Eu achei tão legal! Queria que nós tivéssemos feito uma fantasia em grupo, também.

A ideia não me agradava tanto quanto parecia agradá-la. Mas Natalie foi fisgada pela ideia.

— Será que vamos ter outro baile como esse? Eu ia amar me fantasiar em grupo! — ela exclama, sua animação e a de Kriss fazendo-as parecer dois redemoinhos que engoliram arco-íris.

— Espero que sim! Talvez pudéssemos pedir para Maxon outra festa como essa. Se todas pedirmos, talvez pudéssemos conseguir algo! — ela exclama.

Bingo... Ai estava o que ela queria esse tempo todo.

Não quero parecer cínica. Não sou paranoica ou desconfiada e tampouco acho que Kriss seja manipuladora como Celeste. Entretanto, chegamos a um estágio de convivência que eu conheço essas garotas bastante, talvez até mais do que eu gostaria. Claro, não é como se elas fossem Marlee, mas eu já conhecia Kriss por tempo suficiente para saber que ela não era nenhuma bobinha.

Obviamente, ela nunca parecia tão animada com bailes. Essa pessoa provavelmente era Celeste, que nunca podia esperar por uma oportunidade para pavonear por aí — nenhum trocadilho intencional com sua última fantasia —, ou talvez até Natalie, que parecia sempre se animar com a perspectiva de conversar e se divertir.

Mas Kriss? Ela tinha se provado reservada até então, não como Elise, mas certamente ela nunca fora do tipo festeira. Também não ignorei estava alheia ao fato de que ela ignorara completamente a existência de Asher, como se ele fosse alguém que nem merecesse menção. Se ela realmente quisesse uma festa, parecia mais coerente que ela apelasse às duas pessoas que tinham poder para fazê-la acontecer.

Algo estranho estava acontecendo ali... eu queria saber o que era, mas não tinha certeza se tinha energias para descobrir. Aquela conversa estava apenas me deixando cansada. Falar de bailes quando a minha melhor amiga e minha família acabaram de partir? Simplesmente não parecia certo.

Eu não queria ser a pessoa que ia jogar um balde de água fria nelas — tudo bem, talvez só um pouco —, mas alguém teria que trazê-las de volta para a realidade.

— Olha, garotas, eu adorei a ideia de outro baile, mas eu acho isso altamente improvável, pelo menos em um futuro próximo. Vocês viram como foi complexa toda a produção do baile e eu duvido que eles façam novamente, mesmo com todas nós pedindo. — Faço uma pausa, para que elas assimilem o que eu disse. — Além disso — abaixo meu tom de voz —, se nós fizermos uma festa com uma fantasia em grupo, teríamos que chamar Celeste também.

Kriss imediatamente torce o nariz.

Alguns segundos se passam até que elas digam algo. Natalie e Kriss parecem estar me achando uma pessoa muito desagradável para compartilhar seus planos de festas. Mas Elise, que parecia tão empolgada com a ideia de outro baile quanto eu, parecia encontrar muita sensatez em minhas palavras.

— America tem razão. —Ela para por um instante e espero que ela diga algo mais, mas ela não o faz, apenas se cala, observando o jogo de xadrez inacabado, como se ainda quisesse voltar para a partida.

Kriss suspira e dispara, de repente:

— Eu já estou com saudades da minha família...

Então era isso... saudades. Parecia meio surreal que ela já estivesse arquitetando uma maneira de reencontrá-los, visto que eles foram embora essa manhã, mas eu a compreendo. A falta de Marlee e de meus pais fazia com que eu sentisse um vazio no peito.

Imediatamente, sinto uma onda de simpatia por Kriss e me aproximo dela, envolvendo seus ombros em um desengonçado abraço.

— Tudo bem, Kriss. Eles voltarão em breve — tento confortá-la.

Ela dá de ombros quando me afastei.

Aquela parecia minha deixa para ir. Sentia um princípio de dor de cabeça se instalando pelo meu cérebro.

— E Marlee? — Kriss pergunta, com certa relutância na voz. Olhando para seus olhos, no entanto, vejo que eles brilham de curiosidade, a saudade da família já distante.

— Ela foi embora — respondo, dando de ombros.

Não queria falar de Marlee, apesar de saber, pela maneira como tanto Elise, quanto Natalie se inclinaram para a frente, que elas estão com tanta curiosidade quanto Kriss.

— Sim, mas por quê?

Não era óbvio? Alguém tinha sido eliminado e esse alguém fora Marlee, não havia motivos para ficar fazendo perguntas, a menos que... elas soubessem de Carter.

Eu não sabia exatamente o que minha amiga gostaria que eu dissesse ali, mas com certeza eu não queria revelar demais.

— Porque ela quis, estava com saudades da família — respondo, de maneira incisiva, para que ela entenda a deixa e pare de perguntar.

— E o guarda? — Natalie questiona, como se não aguentasse de curiosidade.

Apesar do olhar de advertência que vejo Elise lhe dirigir, sei que essa era a pergunta que todas queriam fazer.

— Carter? — pergunto, tentando desmerecer a questão, como se isso já fosse assunto antigo, para que elas larguem o osso. — Sim, eles foram juntos.

— Ela pediu para ir embora por vontade própria, não foi? — Kriss pergunta.

Aceno com a cabeça positivamente.

— Parece idiotice abandonar tudo isso por um cara... — Elise comenta.

Eu não tinha certeza ao que ela se referia com “tudo isso”. A imortalidade? Os confortos? Ou o coração do cara por quem nós deveríamos estar lutando? Decido levantar essa questão.

— Mas não é por isso que estamos aqui? Por um cara? — friso, para que ela entenda do que estou falando.

Parece que é assim que tenho me comunicado aqui no salão hoje: por frases cifradas e por falsas gentilezas. Isso é absolutamente exaustivo.

— Maxon não é só um cara — Kriss rebate.

— E também tem Asher — Natalie emenda.

— Sim, Asher — Kriss concorda, como se fosse algo irrelevante. — De qualquer modo, eles não são simples caras.

Quero discutir com ela, apontar como suas intenções são erradas. Não deveríamos ver Maxon e Asher como os caras que são e não como deuses? Eles não deveriam ser um meio para o fim, mas o fim em si. Pelo que eu via ali, todas pareciam mais interessadas em tudo o que eles tinham a oferecer e não neles.

E eu? Onde eu estava em toda essa situação? Eu queria o rapaz, mas não a bagagem que o acompanhava. Minha dor de cabeça se intensificou.

— Você tem razão — digo, encerrando a conversa.

Espero mais alguns minutos antes de ir embora, para não parecer que estou indo embora por birra, então justifico minha ausência e saio. Tampouco me sinto disposta para ir ao jantar aquela noite e espero ansiosamente a aparição de Maxon em meu quarto para procurar saber como eu estou.

Ele, entretanto, não aparece.


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