A Elite - A Seleção Semideusa - Segunda Temporada escrita por Liz Rider


Capítulo 31
Capítulo 31 - Adeus




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P.O.V 31

 

Foi difícil entender que Marlee estava indo embora. Eu sabia que não estava nos meus domínios fazê-la ficar e, mesmo que estivesse, seria egoísmo demais tentar dissuadi-la a ir embora.

A verdade é que o Soldado Woodwork — Carter — é um ótimo cara; gentil, carinhoso, atencioso, bonito, estudioso e também ama filmes, assim como Marlee. Eles pareciam perfeitos um para o outro e eu não podia negar.

Tudo o que eu podia querer, então, era a felicidade da minha amiga.

— E então, ele disse para mim que tudo bem... — Marlee está contando a história de como eles se conheceram. — E foi olhando no fundo de seus olhos que eu soube que eu estava caidinha por ele. — Marlee dá uma risadinha apaixonada, olhando para o namorado, que aperta sua mão com ternura.

Sem dúvidas, eles eram perfeitos um para o outro.

— Não venda os direitos do seu filme, Marlee, porque eu quero fazê-lo! — digo, brincando.

Ela sorri.

— Você realmente acha que daria uma boa comédia romântica? — ela pergunta, desconfiada, como se não tivesse certeza se eu estava sendo irônica, mas quisesse me dar o benefício da dúvida.

— Vamos ver... — Começo a listar nos dedos das mãos. — Você foi selecionada para um concurso para concorrer pelo coração de um deus grego; você, apesar de ser linda e maravilhosa, a favorita do público, não sentiu nada por ele; você conheceu um lindo guarda e se apaixonou; você descobriu que ele sentia o mesmo; você viveu um romance secreto e proibido; você tem uma melhor amiga sidekick; e você conseguiu seu final feliz e vai ficar com o boy... — Olho para ela com carinho. — É, acho que daria uma história.

Ela ri, largando a mão de Carter e vindo me abraçar.

— Ah, America, você é maravilhosa! Vou sentir tanto a sua falta! — ela diz, me apertando. Sorrio de seu jeito fofo.

— E eu a sua, Marlee — respondo, ainda abraçando-o.

— Você o aprova? — ela sussurra.

Sua pergunta me pega desprevenida. Por que eu teria que aprová-lo? Ele seria o seu namorado, não meu; sua família claramente já aprovava o relacionamento e eu claramente não passava da amiga sidekick personagem secundária de quem nunca nem lembra o nome vinte minutos depois dos créditos. Ela não precisava pedir minha aprovação.

Mas, mesmo assim, ela pediu.

É fofo e tocante. Marlee é uma amiga melhor do que eu poderia pedir.

Apesar de termos mantido segredos uma da outra, pelo contexto único no qual nossa amizade surgiu, ela era perfeita para mim e eu gostava de pensar que eu era para ela.

Suspiro antes de responder.

— Claro que sim, Marlee. Vocês são perfeitos um para o outro. De verdade.

Ela para de me abraçar. Apesar de eu ter certeza de que ela está feliz com minha resposta, seu semblante é preocupado:

— Então não vai se ressentir de mim por ir embora?

Era uma pergunta complicada. Quase uma armadilha. É difícil não me ressentir, certo? Porque mais que eu saiba que é egoísmo de minha parte querê-la aqui contra sua vontade e que é arrogância pensar que ela ficaria aqui só por mim, isso não me faz não querer que ela fique. Eu nunca pediria isso, mas...

Não é como se eu tivesse raiva dela ou fosse guardar rancor ou mágoa, mas parecia meio improvável que eu fizesse o mesmo... claro, eu tinha Maxon e, de alguma forma, tinha alguma coisa acontecendo com Asher, mas mesmo assim, se não fosse o caso, eu iria embora?

Tento me colocar no lugar dela: imagino o que teria acontecido se eu não tivesse sentimentos por Maxon e me apaixonasse por alguém aqui na mansão, talvez um guarda — por mais que minha mente grite “Christian!”, tento abafá-la. Eu iria realmente deixar Marlee e as mordomias da mansão por isso?

Por outro lado, eu sinto saudades de casa. Talvez mesmo sem uma paixão, se Maxon não estivesse envolvido, eu provavelmente já teria ido embora, deixando Marlee, as comidas, as mordomias e tudo para trás.

É... eu não podia me ressentir com Marlee por seguir seu coração e fazer exatamente o que eu faria.

— Não, amiga. Sem dúvidas, não — respondo com sinceridade.

A resposta parece satisfazê-la. Isso é suficiente para ela decidir que é hora de ir. Ela vai até Carter e depois até o resto da comitiva.

Acompanho-a com o olhar. Ela se move com graciosidade e quase saltita de felicidade... é adorável. Meus olhos, entretanto, param em Asher e Maxon. Eles não se aproximaram de mim e de Marlee. Talvez eles estejam respeitando nossa necessidade de nos despedir apropriadamente, mas talvez não.

É estupidamente difícil decifrar os sentimentos deles e, mais difícil ainda, os meus.

Eu havia feito promessas para Maxon, promessas que eu não pretendia quebrar, mas, mesmo assim, eu e Asher tínhamos tido um momento, certo? Eu acho que sim. Eu havia sido completamente sincera com Maxon, mas quando eu estava com Asher... tudo parecia ter simplesmente sumido.

E eu me odeio por isso. Completamente, totalmente, redondamente e absolutamente. Eu não posso me permitir ser isso, ser essa pessoa que fica entre dois caras absolutamente perfeitos que aparentemente fariam tudo para mim.

Não.

Eu não vou ser a mocinha irritante do livro de romance que sempre enche o saco dos leitores. Eu ficava de saco cheio com essa personagem e não posso me permitir sê-la. De jeito nenhum.

De um jeito ou de outro, eu tenho que descobrir o que se passa em minha mente e coração e...

— America?

Meus pensamentos são cortados pela voz suave de Percy. Ele parece perceber que eu estou em outra dimensão. Annabeth as vezes reclamava que Percy era assim: meio lentinho e com tendência a sair de órbita facilmente, então não me parece absurdo que ele saiba reconhecer os sinais de uma pessoa com os pensamentos longe.

— Oi? — digo, ainda um pouco absorta.

— Marlee está prestes a ir. Talvez você queira se despedir mais uma vez dela.

Algo estala na minha cabeça. Marlee. O motivo de eu estar do lado de fora nesse vento congelante só de camisola e roupão antes das sete da manhã. Claro, eu tenho que me despedir novamente de Marlee.

— Ah, obrigada, Percy.

Quero abraçá-lo, mas acho que é só a partida de Marlee me deixando super emotiva. Afasto o pensamento enquanto caminho até minha amiga.

Ela está parada encostada no carro. Dois carros irão leva-los até o aeroporto, um com sua tia, seu pai e um guarda, e outro com ela, Carter e o segundo guarda. Parece seguro. Pelo que posso ver, os motoristas já esperam — provavelmente impacientes — a hora de partir. Tento ser rápida.

Cumprimento rapidamente sua família, para ser educada. Passo o número da minha mãe, já que ela aparentemente prometeu, mas esqueceu com a animação da festa de ontem. Minha mente quer automaticamente trocar “animação” por “perversão” ou alguma palavra que denote meu descontentamento com suas ações, mas eu ignoro meus pensamentos sarcásticos.

Vou até Marlee e Carter. Ela ainda me aguarda. Nos abraçamos mais uma vez e não dizemos nada. Eles entram no carro.

— Foi um prazer conhecer a melhor amiga da minha namorada, America — diz Carter com um sorriso amigável.

— Cuide bem dela, ok? Porque, senão... — penso rapidamente nas ameaças que posso fazer — eu posso não ser boa com arco e flecha — e nem tão boa com espada, acrescento mentalmente —, mas você pode se surpreender com quão afiado pode ser o arco de um violino — digo, com o semblante mais sério que consigo. Mas quem quero enganar, ele era um fucking guarda, eu não tenho chance contra ele.

Marlee dá uma risadinha anasalada, que vai lentamente se tornando uma gargalhada, acompanhada por mim e Carter. Alguns segundos depois, Marlee fala, ainda lutando contra as risadas:

— Tudo bem, America. Tenho certeza que sua ameaça vai fazer Carter se comportar como um perfeito cavalheiro — ela diz, com seriedade forçada.

— Não tenho dúvidas — respondo, também buscando, em meio às risadas, algum pingo de seriedade para lhe responder apropriadamente.

Pela janela do carro, nós nos abraçamos novamente e ela parte.

E é oficial: eu estou sozinha.


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