Acordei com frio, tinha dormido com a janela aberta, e agora o vento das montanhas preenchia meu quarto.

Ainda estava escuro lá fora. Olhei no relógio que ficava em cima da estante. 4:56 da manhã.

Será que eu conseguiria voltar a dormir?  Achei que não.

Então decidi usar esse tempo em uma coisa mais útil do que olhar o teto. Pensei em como poderia romper o bloqueio criativo que não me deixava compor nenhuma musica.

As palavras que antes surgiam facilmente na minha mente pareciam ter sumido, a melodia que vivia em meus dedos parecia ter acabado.

Qual o motivo disso tudo? Talvez fosse por causa da Jennie. Terminar com a namorada podia ser um bom motivo. Mais eu não me sentia mal com essa separação.

Talvez fosse por eu estar a muito tempo sem usar maconha.

Ou.. talvez fosse por Kath. Quando eu a via meu coração acelerava, minhas pernas tremiam, e minha mão começava a suar frio.

Assim que era se apaixonar de novo? Não era assim com Alison, nem com nenhuma outra garota, eu compunha musicas para elas. Varias musicas. Mas não com Kath, e eu só queria saber o por que.

Era como o que eu sentia por Jennie, porém 10 vezes mais forte.

Ás vezes parecia que ela sentia o mesmo, e ás vezes parecia que ela me queria o mais longe possível.

Era tudo tão confuso.

Perdido em pensamentos, eu não vi o tempo passando.

Quando olhei no relógio novamente já era 7:49.O sol já nasceu.

Me levantei e ainda de pijama desci as escadas. Apenas Chaz e Nath estavam levantados, tomavam café. -Belas olheiras - disse Nath rindo.

-Obrigado - disse sem emoção e me sentei na mesa.

-Vamos fazer trilha hoje. - disse Chaz feliz - Quando terminarmos de comer vamos começar a arrumar as coisas.

-O que temos que levar? - perguntei enquanto arrumava meu café da manhã.

-Ah... comida, tipo barras de cereais, água, agasalhos, e 2 barracas caso ocorra algum imprevisto.

-Barras de cereais? - perguntou Nath fingindo nojo.

-Que horas nós vamos? - perguntei.

-Depois que todos almoçarem.

-É. Se o casal feliz acordar até o almoço - disse Nath rindo. - Eles assistiram filme de terror até tarde ontem.

-Casal feliz? - perguntei confuso.

-É, você sabe, Jennie e Justin - disse o Chaz e ele e a Nath riram.

-Não podem falar nada, vocês são um casal feliz - eles se entreolharam com vergonha - é verdade. Eu como todos sabia que os dois já tiveram um ''caso''. E todos esperavam - acho que até eles esperavam - que eles voltassem.

Mais não admitiam isso.

-Deviam conversar e se acertar logo - disse e sorri me levantando da mesa. Eles se entreolharam e ficaram chocados enquanto eu sai da cozinha. Já tinha arrumado minha mochila.

Estava pesada.

Agora estava quase na hora de sairmos. Já tinhamos almoçado. Estava sentado no quintal que tinha uma linda grama completamente verde. E o céu azul. Fazia com que eu sorrisse.

Era lindo.Aquela cena devia me inspirar. Mais não hoje.

Os outros já estavam prontos também.

Chaz estava realmente feliz. Ele ''comandaria'' a trilha. Porque obviamente como morava aqui, conhecia melhor o caminho.

Fomos montanha acima. Eu fiquei atrás, tentando pensar no que faria.

Eu gostava da Kath, não havia o porque de eu negar. Eu gostava dela, e queria dizer isso pra ela. Andamos por uma trilha que parecia que não iria acabar tão cedo.

Comecei a ficar cansado depois de um tempo.

Chaz andava na frente olhando para os lados, como quem sabe o que está fazendo. Nath o seguia de perto.

Justin e Jennie estavam no meio, andavam de mãos dadas e conversavam alegremente.

Atrás deles vinha Kath que parecia um pouco perturbada. Ela escorregou em uma folha e ia cair pra trás quando eu a segurei. Eu quase escorreguei e cai junto, mais consegui me equilibrar a tempo. -Cuidado - disse olhando nos olhos dela.

-Pode deixar - ela disse simplesmente se soltando de mim e voltando a andar dessa vez mais rápido. A cada passo eu achava que tinha sido mais idiota o fato de eu ter trazido meu violão. Só deixou mais pesada as minhas coisas. E mesmo com um cenário lindo, a inspiração não vinha.

A trilha começou a sumir. E o Chaz começou a subir a montanha por conta própria.

Estávamos cada vez mais alto. Era frio lá em cima. Bem mais do que embaixo.

Percebi o quando Kath era desastrada, ela quase caiu mais 3 vezes. Comecei a ficar preocupado, o caminho só ia ficando pior e mais difícil.

Senti um aberto no coração quando estavamos quase no topo, e menos de 1 minuto depois eu ouvi um grito. Me virei para o lado e vi Kath escorregando em um ''barranco'' que tinha lá.

Não pensei duas vezes, pulei atrás dela.

Rolamos barranco abaixo por alguns metros. Uns 20.

Paramos depois de um tempo.

Tinhamos vários cortes, minha manga tinha rasgado e eu sangrava um pouco.

No rosto de Kath tinha um corte perto da testa.

Mais não acho que tinhamos quebrado nada. -Você está bem? - perguntei.

-Acho que sim - ela disse confusa. - Nunca mais faço trilha.

-Eu também não. -Hey vocês dois! - gritou Justin.

-Estamos bem! - gritei de volta.

-Vamos achar um jeito de descer ai! - disse Jennie.

-Não. Podemos dar a volta e encontra vocês no topo da montanha. Continuem subindo, é mais seguro - disse me levantando e tirando a terra da minha roupa. Os quatro se entreolharam mais concordaram.

Eu apenas queria ficar um pouco sozinho com Kath.

-Vamos - disse estendendo o braço pra ela apoiar e levantar. -Você... veio atrás de mim, quando eu cai - ela disse olhando pra baixo - Obrigado.-Tudo bem. Andamos em silencio tentando achar uma trilha secundaria que levasse ao topo da montanha. O céu antes azul começava a escurecer.

-Escuta, precisamos conversar - disse antes que aquelas palavras me matassem.

-Sim. Precisamos.

-Eu realmente não sei o que você sente por mim. Mais eu gosto de você. Mais do que pensei que gostaria de qualquer pessoa.

Ela ficou em silencio e depois simplesmente disse: - Achei a trilha. Ela se virou e seguiu na minha frente.

-Kath?!

-Que foi?!

-Você me escutou?

-Claro.

-E não vai dizer nada? Não entendeu Kath? EU TE AMO.

Acho que ela finalmente parou. Porque virou pra mim e olhou no fundo dos meus olhos.

-Eu falo sério. É diferente de tudo que eu já senti, faria qualquer coisa por você agora. Pularia atrás de você para qualquer lugar, seguiria você sempre. Nunca sairia de perto de você. Porque eu preciso de você para respirar.

-Eu... - ela começou.

-Não precisa falar nada. Só queria que você soubesse.

Sai andando e passei por ela, subindo a montanha novamente. Depois de um tempo andando ela puxou meu braço me fazendo virar e me beijou.

Sem saber o que fazer eu correspondi seu beijo em choque.

Quando ela me soltou ela disse: - Vamos, temos que encontrar os outros.

E sorriu.

Ainda desorientado eu a segui.

Chegando em cima da montanha encontramos os outros e eu só tinha certeza de uma coisa. Minha criatividade tinha voltado.