TODAS AS LUZES - Coletânea de Natal escrita por Serena Bin, Gessikk, Cardamomo, Miss Houston, Maya, Amauri Filho, Lady Gumi, Maxx, Sr Devaneio, Lucas Freitas, Analu, Nanathmk


Capítulo 10
Quem Está Aí? - Lady Gumi


Notas iniciais do capítulo

Notas iniciais: Olá pessoal, esta é minha primeira história de terror, e vou logo dizendo que não é exatamente terror, mas um suspense leve, logo, o proposito não é dar sustos, então me digam o que acharam. Boa leitura e tenham um feliz natal.



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Por alguma razão eu não conseguia pregar os olhos...Mesmo a casa estando tão silenciosa eu ainda estava lá, acordado. Até mesmo o Fevereiro que é o cachorro da minha irmã mais velha, Ana, estava dormindo. Ele que sempre vem a essa hora da noite no meu quarto rasgar ou babar em alguns dos meus brinquedos, mas hoje parece que Fevereiro está bem quietinho lá com Ana. O que será que deu nele? Bem, não me importa, eu nem deveria estar pensando nisso agora.
Hoje era véspera de Natal e foi bem divertido! Mamãe fez suas guloseimas e papai ajudou ascendendo a lareira, aliás, estava muito frio e já tinha neve lá fora, não sei como a vovó conseguiu trazer aquele peru enorme pra gente...Se bem que, eu nem cheguei a prova-lo, não estava com fome e, não estou com fome agora. Mas tudo parecia realmente delicioso.
Estava com o meu lençol cobrindo-me do pé até o queixo. Papai disse que se deixar qualquer parte do corpo descoberta o bicho-papão vem fazer uma visitinha, claro que eu fiquei com medo nas primeiras semanas no meu quarto novo...Mas ora! Eu já tenho seis anos, sou um homem crescido, certo? E também, não é o bicho-papão que eu quero ver hoje e sim o Papai Noel! O vovô me ajudou a preparar alguns biscoitos para deixar para o Papai Noel, então assim que eu ouvir as migalhas ou qualquer outro som, irei espiar imediatamente! Um plano infalível, não é?
Sim, sim...Mas já passa das três da manhã e já não tenho tanta certeza se ele virá.
Enquanto esperava o bom velhinho. Peguei minha lanterna na cômoda ao lado da minha cama, a ascendi e fiquei brincando de criar formas com a sombra da minha mão. Realmente já estava entediado, mas recuar agora sem nem ao menos ouvir alguma coisa, esse com certeza não sou eu!


Espera...
Acho que ouvi um barulho. Rapidamente desliguei minha lanterna, deixando a imagem do meu quarto sombrio novamente. Aos poucos, minha visão ia se acostumando com a escuridão e eu podia ver as silhuetas de cada coisa. Com certeza o barulho não vinha do meu quarto.
De novo! Talvez seja uma porta. Alguém a abriu...Ana ou os meus pais?
Não...O quarto deles não era tão longe assim, eu teria ouvido melhor se fosse aqui do lado. Talvez eu deva ir checar...
Minha garganta ficou seca e com força apertei a lanterna contra meu peito. Tirei a coberta e pisei descalço no chão gelado tirando-me arrepios. Lentamente caminhei até a porta, girando a maçaneta a abri permitindo que a luz do abajur que iluminava o corredor adentra-se no meu quarto. Olhei em volta e não havia nada caído ao chão ou as portas do quarto dos meus pais e de Ana abertas. Eu teria que ir até a sala.


Com receio deixei a lanterna em cima da mesinha ao lado da porta que havia no meu quarto. Sem fechar a porta, apenas a encostando, sai do quarto. Suspirei tomando coragem e continuei pelo corredor que daria a escada para o primeiro andar.
Tudo continuava silencioso. Desci as escadas tentando fazer mínimo barulho possível. Luzes nada convidativas piscavam com uma fraca força, eram aquelas lanterninhas que ajudei a pendurar na arvore de natal com Ana, achei que a tivéssemos desligado depois que todos foram embora... Não era nada demais, pelo menos com elas dava para enxergar a sala de estar por completo. Assim como no corredor onde ficava os quartos da minha família, não havia nada aberto ou caído.

Foi ai que eu ouvi.

Algo respirava com força, quase sufocando, bem atrás de mim. Nem tão perto. Nem tão longe. Estava na cozinha, ou pelo menos acho que sim.
Meu coração acelerou tão rápido que eu achei que fosse sair do meu peito. Tomando um gole do meu próprio medo eu olhei para trás. Receoso. Não tinha nada, absolutamente nada, além dos moveis e a porta entre aberta da cozinha... Com certeza tinha alguma coisa ali. Lá dentro.

Tantas coisas passaram pela minha cabeça naquela hora. Eu estava sozinho. E seja o que fosse que estivesse ali iria me pegar. Eu sabia. Mas, mesmo assim caminhei em direção a porta meio aberta. Talvez fosse o sr. Noel, poderia até ser meu avô que voltou para pegar algo para comer.
Não, realmente não era.

Assim que cheguei a encostar a minha mão na porta da cozinha, tomando um suspiro, percebi que eu não ouvia mais nada além do meu próprio coração nervoso. A maciez gélida da porta me vez voltar para o mundo real, eu já tinha a aberto e nem percebi. Vazio. Não tinha ninguém ali. Foi então que Fevereiro saltou debaixo da mesa, correndo por mim, parecia que nem tinha me visto. Realmente estranho. Provavelmente estava voltando para o quarto de Ana.

Ah que vergonhoso, com certeza não direi esta experiência a ninguém durante a minha vida! Sorri para mim mesmo, aliviado. Talvez fosse Fevereiro com aquela respiração esquisita.
Eu chequei tudo pelo menos umas duas vezes, abri os armários, geladeira e não encontrei nada ou ninguém, bem, os armários não são lá grande coisa e a geladeira... duvido que alguém tenha pensando em se esconder ali.
Descoberto o mistério, o que mais se poderia fazer? O vovô poderia estar lendo... vou vê-lo! Ele pode me contar aquelas histórias de terror. Há uma muito boa que ele me contou uma vez, na qual o segurança de um prédio faz sua ronda, normal, ele nos conta que salvou o lugar de assaltantes, ou achava que tinha salvo. Acontece que ele estava morto. Mas ele não sabia, e seu espectro, fantasma ou sei lá o que vagava sem rumo pelo prédio, ainda querendo fazer seu serviço. Quando eu for adulto gostaria de saber se serei tão dedicado quanto esse segurança.

Acho que possuo os mesmos problemas de insônia do meu avô, especificamente essa semana, há dois dias eu não consigo dormir, sinto minha garganta seca e nariz entupido, mas nada relativo a gripe... eu não sei o que é, mas se fosse dizer a minha mãe ela provavelmente falaria isso e minha avó mandaria eu beber um chá ou xarope.
Faltava poucos passos para chegar na biblioteca, uma sala com alguns instantes e poltronas atrás da escada. Poderia se dizer que minha família tem um dom para leitura, eu ainda não vejo graça, prefiro ouvir do que ler histórias, mas acho que as amo, assim como todo o resto dos meus parentes.

Uma luz fraca saia pelos pés da porta, eu tinha razão! Um clarão de alegria acendeu em meu peito, fazia muito tempo que eu não conversava com o vovô... quando de novo, eu ouvi aquela respiração... tão áspera e perturbadora, parecia ser alguém quase sem vida, lutando por mais ar.
Minha espinha se arrepiou ao perceber que estava chegando mais perto, perto, perto, perto, pertopertopertopertopertopertopertopertopertoperto—

Estava bem nos meus pés.

Sem perceber, corri o mais depressa que pude em direção as escadas e parei no topo, talvez, esperando alguém correndo atrás de mim. Não havia nada. Nada, além da minha loucura. É isso que insônia faz?

Certo.

Me surpreendi de novo quando vi Fevereiro parado em frente à minha porta, ele rosnava baixo. Ele poderia muito bem ter entrado e me esperado na cama, já que a porta estava entre aberta como eu havia deixado.
A menos que houvesse alguém ali...
Será?
Novamente engoli em seco. Essa madrugada não tem nada de natal, a escuridão deixava tudo tão sombrio e a sombra que os flocos de neve faziam ao cair do céu pareciam vultos estranhos ao passar pelas janelas.
Me aproximei de Fevereiro, ele sequer notava minha presença, entretido em encarar aquela porta estúpida, que agora estava me dando arrepios!
“Ei amigão! ” minha voz saiu inaudível. “Ei, o que você tem? “ Tentei de novo, mas nem eu mesmo pude ouvir qualquer silaba, além de um sopro fraco. Ok, minha garganta está pior do que eu imaginava.
“Bem, se ele acha dificuldade nisso...” pensei abrindo a porta. “Pronto, ai está amigo! “ Completei o final do pensamento.
Sua reação foi totalmente a contraria do que achei que aconteceria. Fevereiro recuou dando gemidos que eu nunca havia ouvido antes, parecia com medo de algo. Era apenas o meu quarto, ora!
De repente, ele me encarava, não tinha certeza se olhava diretamente para mim ou para o que tinha atrás de mim. Virei-me para ter certeza que não havia nada... e realmente não havia, só um cachorro medroso descendo velozmente as escadas.
“Afinal, o que ele tem? “
Suspirei. Olhei por mais uns instantes e encarei a entrada do meu quarto. Escuro e sombrio.
Eu estava ali a alguns instantes, não era possível ter outra pessoa ali nesse meio tempo, certo? Entrei relutante, apenas um passo, depois outro. Peguei a lanterna e a liguei.

*Click*

É, vazio.
Dei uma olhada rápida e agora sei que Fevereiro também esta louco.
Ao passear a lanterna pelo quarto algo estranho começou a tremer e se remexia no chão, coberto por um lençol era impossível ver o que realmente era. Paralisado, minha mão deixava a lanterna focada naquela bizarra aparição, não havia nada há um segundo...
“Não vá... ” sussurrou.
Eu não havia entendido, mas não pude perguntar. Um pescoço longo e contorcido saiu do lençol com... Com o meu rosto e gritou “NÃO VÁ! ”
Deixei a lanterna cair no chão e sua luz instantaneamente se apagou.


Onde? Onde ele esta?!


Recuei para trás, aquela coisa parecia ter se livrado do lençol que o impedia de se mover direito. Dei outro passo e então aquilo começou a vir rapidamente em minha direção. Continuei recuando até encostar na parede, sem saída.


“Mãe “ era Ana. “Tem alguém na porta, será que o acharam? “ ela havia saído de seu quarto e esperava na frente da porta do de meus pais.
“Eu também ouvi, irei lá ver. “ meu pai respondeu.
Ele passou por mim sem me encarar. O que estava acontecendo?
Quando sua imagem desapareceu do meu campo de visão, eu via meu quarto escuro e completamente vazio.
“Ana, você foi de novo lá? “ Minha mãe perguntou, enquanto ajeitava um casaco em si mesma. “Tudo bem, temos que deixar arrumado, querida. “
“Sim, eu sei, me desculpe “ disse com a voz embarcada.
“Vamos, vamos lá para baixo. “
Ao chegarem em frente ao meu quarto, minha mãe delicadamente fechou a porta e abraçou minha irmã ao descerem pela escada.
“Ana? Mãe? “
Eu as segui silenciosamente, não ficaria ali em cima sozinho nem por cinco minutos!
Meu pai conversava com alguém na porta e nós esperávamos bem atrás dele. Ele parecia enxugar os olhos, de repente a vovó apareceu, parece que a acordamos, ela se juntou a Ana e minha mãe foi ficar ao lado do meu pai e começou a conversar também.
Apoiei minha mão no braço da vovó para conforta-la e me confortar do que eu não estava entendendo, ela apenas me olhou, seus olhos estavam vermelhos, vazios e tristes. Tirei minha mão meio arrependido, e ela voltou a olhar para frente.
Comecei a prestar atenção na conversa dos meus pais com o homem estranho.
“... estava bem perto da sua casa, num terreno em construção. Não sabemos o motivo e não possuímos respostas para isso. Foi uma atrocidade com alguém tão pequeno. Peço que vão a delegacia ao amanhecer dar um depoimento, quem fez isso pode ter motivos pessoais, não é certo que seja, mas será um caminho a seguir para a justiça. “
“Meu Deus! “ Minha mãe exclamou.
“Acalme-se querida! “ papai pediu gentilmente.
“Bem... “ deu uma pequena tossida e prosseguiu. “Também precisaremos que confirmem o corpo e... “
“Tudo bem, obrigado por tudo sr., por favor, apenas vá embora agora. “ rogou meu pai.
“Claro, eu entendo. “ Disse ao se despedir “Eu lamento por Peter ”
Vi minha mãe desfalecer nos braços dos meus pais dizendo meu nome.

Mas eu estou aqui...

“Ana feche a porta! Mãe, faça um chá para nós e pegue umas pílulas para Sandra... ela não ira conseguir dormir hoje sem isso. “
“Por que alguém tiraria ele de nós? Meu filho... Meu filho! Ele não merecia morrer! “ ela soluçava e se engasgava em suas lágrimas.
Mamãe eu estou aqui... Por que não conseguem me ver?
Toquei em seu rosto úmido e recebi o mesmo olhar que minha avó havia me direcionado antes.

Estou morto?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
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XD



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