A paisagem era linda, estávamos cercadas por arvores e uma pureza no ar. Deve ser o alivio do perdão.

Nunca me encaixei bem, nunca me entendi, não era pra menos, eu não sabia quem eu era e o que era. Na verdade ainda não sei o que sou, diz à lenda que eu deveria ser forte e sobrenatural. Mas a única coisa de sobrenatural em mim é que sou imune a vampiros.

Meus pensamentos existenciais foram quebrados por um cheiro um tanto estranho.

—Que cheiro é esse. –perguntei

—Você consegue identificar cheiro de lobo? –me olhando com certo estranhamento.

Ótimo, mas uma coisa em que sou diferente. O cheiro era de cachorro molhado. Hayley não tinha esse cheiro, mas aquele lugar sim. Devia ser pela quantidade de lobos naquele lugar.

Hayley estava linda, seus cabelos castanhos estavam soltos. Ela era magra, não tão alto e com a pele bronzeada. É claro que não podemos esquecer-nos dos olhos, seus olhos eram lindos. Cá entre nós, ela era linda.  

Fomos caminhando até o lugar onde a matilha ficava, era um lugar bem escondido. Caminhamos durante mais ou menos 1 hora. Ela claramente me encanou sobre os 30 minutos.

Conversamos sobre varias coisas, querendo ou não. Já nos conhecíamos de varias formas.  

Depois de tanto caminhar, comecei a perceber uma movimentação na floresta, pelo jeito havíamos chegado ao lugar. De longe conseguia ver uma pequena cabana e logo Jackson veio correndo em nossa direção e me deu um abraço muito apertado.

—Oh céus, o que deram pra você comer, você cresceu tão rápido! –disse ele rindo.

—Oi Jackson. –disse respondendo o seu abraço por algum tempo.

—Esse é o Bayo. –disse Hayley enquanto nos afastamos do abraço.

—Venha vou te mostrar tudo. –disse Jackson.

—Ok. –respondi

Olhei para Hayley para saber se ela aprovava aquilo e ela fez que sim com a cabeça e disse que logo se juntaria nós.

Caminhamos por um tempo, enquanto Jackson muito empolgado contava a historia de toda a linguagem das matilhas e todas essas coisas de lobo.

Nossa conversa foi interrompida por uma ligação, era Klaus.

­–Alô? –disse

—Onde diabos você está? –para variar ele estava um pouco estressado.

—Com Hayley, no bayo.

—Porque? –disse.

—Vocês estão malucas. –completou.

­–Calma. O que aconteceu? –perguntei.

Enquanto isso percebi que Hayley se aproximou para prestar atenção na conversa. Fiquei me perguntando se eles tinham super audição.

Enquanto isso na ligação dava para perceber que Klaus estava preocupado.

Hayley pegou o telefone da minha mão e começou a falar com ele.

—Ela também é minha filha, Klaus. Eu tenho todo o direito de levar ela onde ela pedir. –disse irritada.

Não conseguia ouvir o que ele dizia. Exatamente nada.

Continuei a prestar atenção em Hayley.

—O que? –a sua expressão facial mudou, ela estava assustada.

—Okay, vou avisar a todos. Vamos te esperar. –desligou o celular e olhou para Jackson.

­Avisar a todos de que? Porque devemos esperar Klaus? –pensei, mas antes das palavras saírem da minha boca Jackson perguntou a ela.

—O que aconteceu? –perguntou.

—Pelo que parece um crã de bruxas sentiram que a Hope está na cidade e estão vindo atrás dela.
—Um crã de bruxas? Que bruxas? –perguntei.

—Um crã só de supremas, um crã de lideres.

—Mas... –pausei por um minuto. –Elas estão vindo atrás de uma criança de quatro anos e não de uma mulher de 20.

—Ela tem razão. –disse Jackson.

—Talvez tenha. –respondeu Hayley. –Mas eu não vou perder minha filha de novo. –completou.

—O que vamos fazer? –perguntei.

—Vou avisar a todos os lobos que precisamos estar preparados. –disse Jackson.

—Não diga que eu sou Hope, não diga a ninguém. –respondi.

—Ela tem razão Jackson. É melhor acharem que ela é a minha irmã. E que ainda não encontramos Hope.

Entramos na cabana, enquanto esperávamos Jackson alertar o bando de que inimigos estariam na cidade.

Sentei-me em uma das cadeiras e Hayley ficava andando de um lado para o outro.

—Vamos mesmo esperar Klaus? –perguntei para quebrar o silêncio que estava me matando.

—Sim.

Quando ela ia dizer algo, se silenciou por ter ouvido algo no quarto. Até eu que tenho ouvidos humanos consegui ouvir.

—Fique aqui. –ela disse indo em direção ao quarto como se estivesse em modo de defesa.

É claro que não fiquei. Fui atrás dela.

O barulho era de um homem que aparentava ser uns três anos mais velhos que eu. Sempre fui muito boa com essa coisa de saber a idade das pessoas. Ele tinha os cabelos negros e lisos, a pele era clara, seus olhos azuis como o céu, com uma barba cerrada que cobria parte de seu rosto. Vestia uma camisa xadrez que marcava seus braços musculosos. Ele era um projeto de lenhador.

—Hanna, este é James. Irmão mais novo do Jackson. –disse Hayley.

Ele se aproximou para me cumprimentar, ele parecia atordoado. Estiquei a mão que não estava machucada para ele. Ele balançou a cabeça e apertou minha mão.

—Olá. –respondeu

—Ela é minha irmã, James. –completou Hayley.

 Ele foi até onde estávamos antes porque Hayley insistiu muito. Ele era um tanto estranho, parecia doente.

Hayley falava com ele e ele só mexia a cabeça fazendo que sim ou que não. Não resisti em perguntar se ele estava bem.

—James, você está bem? –perguntei o encarando. Ele estava com o olhar baixo.

—Sim. –respondeu.

—Sua orelha! Sua orelha está sangrando! –disse me levantando para ajudá-lo.

Enquanto me levantada Hayley já foi a sua direção.

—James, olhe nos meus olhos. –disse Hayley levantando seu rosto.

—Precisamos levar ele ao médico. –disse.

Ele estava silencioso, apenas mexendo a cabeça e não concordando com o que dizíamos.

—Ele é um lobo. –respondeu Hayley.

Claro, aspecto de lenhador, forte e bonito. Obviamente ele é sobrenatural.

—Mas isso é normal em lobos? –perguntei.

—Sim! É normal em lobos que estão em transição.

Ele levantou o olhar, mas não disse nada.

—Ele está se transformando em lobo agora? –perguntei assustado, senti dó do pobre homem. Ele estava abatido e parecia que estava morrendo.

—Ele na está se transformando em lobo. Ele já é um lobo. Ele está se transformando em um vampiro. Um hibrido para ser mais exata. Não acredito que Klaus fez isso com você. –Hayley estava muito brava.

Jackson chegou e Hayley disse tudo para ele, inclusive que Klaus era o culpado.

E em um momento super oportuno, Klaus chegou. E Jackson partiu para cima dele e fez varias perguntas ao mesmo tempo e entre elas estavam “como você teve coragem de transformar meu irmão em um monstro?”. Foi só nesse momento que Klaus entendeu o que estava acontecendo e que o James estava em transição. Klaus negava. Entre um soco e outro, Klaus negava. A briga ficou mais pesada quando eles foram para fora da cabana. Os outro lobos queriam se envolver mas Jackson disse não. Eu fui atrás para ver tudo. Eu queria fazer algo, mas eu era apenas uma humana. Jackson bateu muito em Klaus que não queria lutar com ele. Talvez pelo fato de eu estar vendo. Eu disse não, gritei para pararem mas Jackson estava cego de raiva. Klaus estava ao chão, quando Jackson pegou um pedaço de madeira que estava ali e transformou em uma adaga e quando se aproximou para cravar em Klaus eu corri até lá e entrei na frente.

—Jacksoooon, não! –Hayley gritou e logo estava atrás de Jackson.

Minha respiração estava pesada. Eu olhei para os olhos de Jackson, Hayley segurava sua mão enquanto ele a abaixava.

—Por favor, entrem. Vamos resolver isso lá dentro com menos prateia. –disse, ajudando Klaus se levantar.

—Obrigada. –disse Klaus.

Você precisa de ajuda para ir até lá? –perguntei a ele, enquanto Hayley discutia com Jackson enquanto entravam na cabana.

—Não. –respondeu Klaus.

Caminhamos até lá, onde James o irmão de Jack agoniava. Pelo que escutei na discussão, se ele não tomar um pouco do sangue do vampiro que o transformou, ele morre.

—Só o sangue que o transformou pode salva-lo e se ele tomar sangue de outro vampiro, ele morre na hora? –perguntei.

Jackson respondeu sim, olhando para Klaus. O ódio era visível.

—Klaus, por favor pode me dar um pouco do seu sangue? –peguei uma tesoura que estava em cima da mesa e dei na sua mão.

—Já disse que não foi eu. –respondeu se negando a dar o sangue.

—Eu sei. –respondi devolvendo a tesoura a ele.

Todos olhavam, ele cortou a mão e colocou o sangue em um copo que estava na mesa e logo depois me entregou.

—Obrigada. –disse a ele.

Aproximei-me de James com o copo, mas ele se negava. Não queria tomar o sangue de Klaus de forma alguma.

—Klaus, seu desgraçado! Você o transformou a força e agora ele prefere morrer do que terminar a transição e se transformar em um monstro igual a você. –Jackson disse se aproximando de Klaus. Mas eu disse não e ele parou.

—Só queria dizer que você é casado com um hibrido. Ela também é um monstro? –perguntei a Jackson, enquanto ia em direção a Klaus para pegar a tesoura da sua mão. Hayley estava em silencio, era obvio que ela estava magoada com o que ele disse.

Peguei a tesoura da mão de Klaus. Todos me olharam. Desenrolei a faixa que cobria o corte anterior.

—O que você está fazendo? –perguntou Hayley.

Klaus me olhou, ele de alguma forma entendeu o que eu ia fazer.

—Abrindo a ferida. –respondi a pergunta de Hayley enquanto reabria o corte que estava começando a cicatrizar.

O sangue começou a escorrer. Fui em direção a James. Aproximei minha mão da boca dele e ele começou a sugar meu sangue. Retirei rapidamente e como mágica  ele começou a melhor. –Klaus? –chamei-o

Ele se aproximou de James e viu que a transição estava terminada. Ele já era um hibrido. Confirmou-me isso fazendo que sim com a cabeça.

—Você? –disse Jackson

—Cala a boca. –respondi

Klaus olhou como se estivesse adorando aquilo.

—Agora, James, você vai me dizer como diabos conseguiu meu sangue e não vai mentir sobre isso. Não vai mentir sobre nada. –disse a James.

—Primeiro obrigada. –disse James. –Segundo, eu sempre fui obcecado por vampiros, a classe, a postura, eu sempre quis ser um vampiro porém nasci com a maldição da lua e me transformei em um lobo.

—Você não... –disse Jackson, mas logo foi interrompido foi Hayley dizendo para ele deixar James terminar de falar.

—Eu sabia que só um vampiro com um sangue especial poderia me transformar. No caso Klaus ou você. Mas eu sabia que Klaus nunca ia fazer isso.

—Como você sabia quem eu era? –perguntei

—Quando Hayley disse que a vela se acendeu, eu procurei por todas as pessoas que chegaram aqui naqueles dias. Não havia chegado nem uma criança que tinha a idade de Hope. Então deixei de filtrar minhas buscas e comecei a procurar por crianças mais velhas e mulheres. Mas foi realmente fácil ligar Hope a você. Você chegou no mesmo dia que a vela acendeu e se aproximou rapidamente dos Mikaelson. Foi simples.

—Como conseguiu meu sangue? –perguntei intrigada.

—No dia do feitiço de confirmação, eu estava lá no quartel. Ajudei a limpar os sangues. E peguei uma gota que estava no chão. No local onde você estava, tinha certeza que era seu. –completou.

­Fomos interrompidos por Elijah.

—Porque vocês demoraram tanto? –perguntou Elijah. –Seu corte abriu? –completou vindo em minha direção. Me deu o lenço que carrega em seu terno e ajeitou na minha mão.

—Obrigada. –respondi

—O que diabos aconteceu aqui? –perguntou soltando a minha mão.

—Você deve conhecer James. –ele respondeu, disse sim.

—Então, James, é o meu primeiro Hibrido. –completei.

—Tecnicamente, seu primeiro hibrido é Hayley. –disse Klaus, rindo sarcasticamente.

­–O que? –perguntou Elijah.

—É uma longa historia, te contamos em casa. Eu quero ir pra casa. Estou cansada e com fome.

James saiu, Hayley foi atrás dele enquanto Jackson me olhava como se quisesse dizer alguma coisa.

—Como você sabia que não era eu? –perguntou Klaus.

—Eu sou uma Mikaelson, eu sou Hope Mikaelson! E eu sei quando um dos meus estão dizendo a verdade, principalmente quando essa pessoa... –travei por um segundo.

—É o meu pai. –disse olhando para Klaus.

Ele sorriu. Podia sentir o quanto ele esperou pra ouvir aquilo.

—Vamos embora daqui? –disse. –Acho que vi do Bayo o suficiente por um dia. –completei.

Sai sem olhar para trás, Klaus e Elijah me acompanharam. Não consegui me despedir de Hayley, depois vou e falo com ela já que ela é vizinha.

Elijah ficou no seu carro, mas eu percebi que ele estava cuidando de mim que estava esperando por meu pai. Klaus foi conversar com alguém e pediu pra mim ficar dentro do carro. Sabia que com Elijah me olhando, estaria segura. Enquanto esperava no banco da frente acabei adormecendo.