Saviors of Darkness escrita por Lala Clark, Pamy_B


Capítulo 30
Capítulo 23 ~ O "desaniversário" de Lala


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me pela demora... Tive imprevistos na minha saúde mental e não consegui postar no dia que eu queria (dia 27/05, no meu aniversário)... Mas aqui está o capítulo fresquinho S2 Espero que gostem ♥



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No dia da corrida, Lala não havia demorado tanto a acordar, mas quando percebeu que sua mão estava sendo segurada por outra mais quente ela decidiu ficar de olhos fechados até o mal estar passar. Quando abriu os olhos, perguntou para Pamy o que houve e recebeu a versão resumida de Pamy, exceto pela surpresa de Jun e todos os outros. Depois, a Clark foi até os outros e agradeceu pelos cuidados com um singelo sorriso. Ren corou de leve ao vê-la, mas logo se recompôs e apenas acenou com a cabeça pelo agradecimento da garota.

Agora, dois dias já haviam se passado e Lala estava visivelmente estranha. Ela se isolava discretamente e estava muito quieta para o normal que conheceram dela. Yuki e Pamy eram as únicas que tinham mais contato com ela, já que uma era sua guardiã espiritual e a outra era o porto seguro de Lala, que ficava segurando sua mão conforme faziam algo e que passavam horas abraçadas, numa quase vã tentativa de acalmar a Clark.

Horohoro tentava ajudar Chocolove nas piadas para fazer a pequena shaman rir, mas eram respondidos por um sorriso leve e fraco apenas. A risada da garota estava fazendo falta. Yoh, Manta e Ryu tentavam puxar assuntos mais leves, envolvendo suas vidas no Japão, que era um assunto que Lala gostava de ouvir e comentar, mas apenas comentários curtos eram feitos por ela. Ren estava sem saber o que fazer, então acabou ficando em seu canto, apenas observando, como Fausto, que a analisava para conferir se além do comportamento diferente algo mais estava errado.

Yuki estava mais presente ao lado de Lala que o normal. Mesmo quando Lala estava caminhando, Yuki se apoiava na cabeça de sua parceira para mostrar que estava ali por ela. Seria uma cena fofa, se o motivo não fosse preocupante.

Pamy se mostrava ainda mais protetora e preocupada com Lala, mas mal conseguia respostas para os assuntos que puxava com a amiga. Ela tentava dar pistas para o grupo desistir da ideia de fazer a festa de aniversário surpresa, mas era despercebida ou até ignorada - por Anna -. No final ela podia brigar com o grupo e mandar eles esquecerem aquela ideia, mas em seu interior ela queria tentar, queria dar uma lembrança boa para a amiga e tentar amenizar a lembrança que tinha daquela época. Então só torcia silenciosamente para tudo dar certo.

Lala saia escondida de noite, para voar com Yuki e tentar se acalmar e enquanto todos achavam que ela dormia, tentavam organizar a pequena e improvisada festa de aniversário para ela. Pamy e Anna eram as únicas que não estavam ajudando.

No dia da festa, que coincidiu com seu aniversário real, Lala havia falado que ia passear com Yuki durante a tarde e com isso o grupo se agilizou para preparar tudo definitivamente.

Horohoro montou uma bela estrutura de gelo, Ren iluminou o local com seus raios,  Yoh e Chocolove davam um jeito de escrever "Parabéns" com pedras no chão. Ryu, Tamao, Jun e Manta cuidavam da refeição, preparando sanduíches doces e salgados. O Usui ainda fez um pequeno bolo, usando o gelo de Kororo, para enfeitar o lugar. 

Tudo estava pronto, estavam apenas esperando Lala voltar para anunciar a surpresa. No entanto, Lala Clark precisava de um tempo para si, para pensar em seu passado e tentar viver devidamente seu presente.

***

Lala sobrevoava o caminho até a montanha que seria ponto de chegada da corrida de dias antes. Sua febre ia e vinha, então Fausto não a deixava ficar muito tempo fora, aquele dia estava sendo exceção.

O vento batia em sua face e fazia seu cabelo flutuar e sua saia balançar. Ela trajava sua roupa mais comum, uma saia xadrez pregueada preta e lilás e sua meia listrada nas mesmas cores e usava uma camiseta preta com rendas roxas na barra e na gola e seu costumeiro colar de dragão. Mesmo com sua roupa fresca, o vento frio que batia em seu pequeno corpo não a incomodava. Ela era treinada para suportar frio e calor daquele nível, sua Mestra havia feito um bom trabalho treinando seu corpo e mente para não se afetar por tão pouco. 

Chegou até a base da montanha e desceu das costas de Yuki, tocando a montanha com a mão esquerda e sentindo a energia pura daquele lugar a acalmar.

Normalmente, ela subiria até o topo e ficaria olhando as estrelas até cansar, mas, com Fausto controlando seu tempo fora, isso era algo difícil de fazer. Yuki pousou ao seu lado, levantando um pouco de poeira no ar, e logo tomou a forma de bola de fogo espiritual, se aconchegando no cabelo do topo da cabeça de sua shaman. Lala deu um sorriso pequeno, feliz em sentir sua parceira apoiando-a de forma silenciosa.

Foram anos assim, com Lala passando mal durante aquela semana e conseguindo se recuperar depois de um tempo. Dessa vez a Clark estava incomodada consigo mesma, chateada com seu organismo traumatizado a deixando inapta a continuar viajando com seus companheiros. Ela não queria mostrar aquele estado fragilizado para nenhum deles, especialmente para Pamy. Queria ser forte, se mostrar forte, para ser motivo de orgulho para a Brown e não de preocupação.

E em todos esses anos ela buscava lugares altos e afastados da humanidade, das pessoas, para ter paz. Diversas vezes quase morreu por se esconder enquanto tinha febre, mas Yuki sempre a salvou ao avisar sua mestra de onde ela estava. Sua mestra Sally, mãe de Pierre, foi a única pessoa que a viu em um estado mais fragilizada desde que se recuperou da primeira tragédia. E Lala fazia de tudo para ela ter sido a única pessoa a vê-la naquele estado. 

Mas esse ano, fraquejou. Talvez por estar próxima de energias espirituais tão fortes ela tenha se relaxado, afinal ali era a aventura que sempre quis viver. Estar ali para tentar se tornar a rainha shaman era sua secreta razão de lutar, ao menos era até reencontrar com Hao e ver que ele estava mais forte do que quando o conheceu. Ela admitiu sua derrota antes de lutar, mas faria de tudo para ter seu desejo mais profundo, o motivo de querer se tornar a rainha Shaman até então, ser realizado.

Yuki: Lala… Você vai conseguir revê-los. Aposto que Hao consegue realizar esse desejo com facilidade quando se tornar o rei shaman.

Lala: Eu sei… Só espero que ele não traia minhas expectativas… Confiei a ele minha raison d'être.

Sua raison d'être, sua razão de ser, de existir, se resumia ao desejo de ver suas pessoas queridas uma última vez. Queria apenas mostrar para eles que ela estava bem e que, agora, tinha muitos amigos para proteger. Queria dar orgulho a elas.

Hao havia prometido a Lala um desejo a realizar quando ele ascendesse ao trono de rei shaman, então Lala realmente havia depositado todas as suas esperanças nele. Sabia que seus meios eram sujos, mas não podia julgá-lo. Ela também não era um poço de pureza.

Yoh era um bom candidato a rei, assim como Ren e Horohoro, mas não tinha a força necessária para lutar contra Hao. Hao era uma injustiça naquele torneio. Sua alma reencarnou tantas vezes que seu furyoku era quase impossível de se calcular. E ele lembrar de suas vidas anteriores era algo que o deixava ainda mais forte, já que ele tinha técnicas milenares em sua mente.

Yuki: Acredito nele… Sinto que podemos confiar nele.

Lala apenas concordou com a cabeça e Yuki se ajeitou novamente no topo da cabeça dela. Lala se sentou de costas para a montanha e cruzou as pernas, ficando na posição de lótus. Tentou meditar para esquecer seus sentimentos ruins e lembranças piores ainda.

Nos últimos dias Lala estava passando por uma crise de depressão profunda. Por mais que sorrisse e interagisse com todos, em sua mente só havia pensamentos como não ser digna de viver, de ter sido um erro, de só estar viva por sorte, de ter sido a causa do que aconteceu anos atrás. Pensamentos suicidas também passavam por sua mente, mas a promessa de ajudar Hao a se tornar o shaman king a mantinha firme, assim como a promessa de voltar viva para seus amigos de Paris e sua mestra, sua família.

Mas por mais que estivesse deprimida, não conseguia chorar de jeito nenhum. A angústia que sentia era tão grande que seu peito doía, mas as lágrimas não saiam. Talvez por estar perto de pessoas novas em sua vida, talvez por orgulho de querer parecer forte, ela não sabia o motivo, apenas não conseguia tirar aquele peso de dentro de si.

Passou um tempo meditando e tentando controlar seus sentimentos ruins até Yuki a cutucar de leve.

Yuki: Precisamos voltar…

Lala concordou e se levantou, balançando a terra de sua saia curta pregueada e de suas meias. Yuki voltou à sua forma original e Lala subiu em suas costas, se sentando em sua nuca. Ela estava de olhos fechados curtindo a brisa do final da tarde, então não viu a grande tenda de gelo próxima das barracas do grupo. Yuki deu uma leve freada em seu vôo ao ver aquilo, já receosa com o que iriam encontrar, mas antes que Lala percebesse ela pousou em frente à tenda de gelo.

Quando a Clark desceu de Yuki, ainda sem olhar para frente, foi recebida por um uníssono:

— SURPRESA!!!

Lala arregalou os olhos e viu finalmente toda a festa preparada para ela. Um enjoo a dominou e lágrimas finalmente começaram a querer sair de seus olhos. A lembrança de seu irmão mais velho segurando um bolo de aniversário e seus pais cantando parabéns para ela surgiu em sua mente. Uma dor de cabeça a atingiu em cheio.

Jun se aproximou dela e tocou seu ombro, sorrindo, feliz com a reação de surpresa que Lala mostrou, sem nem suspeitar o quão ruim era aquilo.

Yuki rosnou e Lala bateu na mão de Jun com sua mão, tirando a dela de seu ombro. Todos a olharam surpresos, exceto Pamy, que tentou se aproximar, sentindo-se culpada por deixar eles irem em frente com aquela ideia.

Lala: Por quê?...

A pergunta foi dirigida à Pamy, que sabia de seu passado. O desapontamento e desespero eram audíveis em sua voz.

Jun: É uma surpresa de aniversário… Pensamos que ia gostar.

Jun a olhava confusa, Lala a olhou séria. Seus olhos não brilhavam como antes e lágrimas estavam presas neles. Lala sabia que a intenção não era ruim, mas não estava pronta para comemorar uma data que lhe era tão sombria. Subiu novamente em Yuki e alçaram voo, sumindo da vista de todos num piscar de olhos, teleportando-se, como Hao fazia, até o topo da montanha de antes.

O grupo se entreolhou e direcionou seu olhar para Pamy, esperando por uma explicação. A Brown os olhou e encarou o chão logo em seguida, dando um suspiro triste e anunciando com a voz chorosa. Ela estava tão irritada consigo mesma naquele momento que estava prestes a chorar.

Pamy: A culpa é minha, devia ter impedido vocês… Mas não pensei que ela pudesse reagir assim… Digo, esperava que ela fosse ficar feliz, do fundo do meu coração…

Jun: Mas o que houve com ela? O que aconteceu pra ela ter reagido dessa forma?

Pamy: Eu não tenho direito de contar tudo, na verdade nem sei exatamente como foi, mas pra ela o seu aniversário é sinal do aniversário de morte de seus pais…

Jun e Tamao colocaram a mão em frente a boca pela surpresa da notícia. Yoh, Manta e Ryu encaravam Pamy com os olhos arregalados. Chocolove olhava para Pamy confuso, não sabia como reagir. Horohoro e Ren ganharam uma sombra no olhar e o Usui foi até Pamy agarrando a gola de sua camiseta.

Horohoro: Por que não nos falou antes?! Tem idéia da dor que podia ter evitado?!

Horohoro estava irado, há muito tempo não se sentia daquela forma e seu tom de voz e expressão mostravam isso claramente. Segurava com tanta força a gola de Pamy que os nós de seus dedos estavam brancos. Ren nada falou, apenas saiu caminhando para longe com Basong ao seu lado.

Pamy o empurrou com força fazendo o Ainu a soltar, dando dois passos para trás, e o encarou séria. Seus olhos mel estavam marejados.

Pamy: Eu também queria que ela ganhasse uma lembrança boa! Eu estava torcendo pra ela ficar bem! Não imaginei que a ideia seria tão ruim… E olha que passei os últimos dias dando dicas de que poderia dar errado! Mas… Mas… EU TAMBÉM QUERIA VER ELA SORRIR!

A Brown gritou, chorando e colocou as mãos nos olhos, tentando inutilmente parar suas lágrimas de decepção pelo que aconteceu e consigo mesma por não ter impedido realmente aquela ideia estúpida de acontecer. Tamao e Jun se aproximaram dela e Jun tocou seu ombro, fazendo-a olhar para si.

Jun: Desculpa… A culpa foi nossa por ter insistido na ideia, mesmo você tendo a negado e dado sinais de que era uma má ideia… Consigo ser bem cabeça dura quando quero fazer algo, então eu assumo a culpa… Me perdoe… Espero que Lala-chan me perdoe também.

Pamy concordou com a cabeça e Jun foi pega de surpresa por um abraço da morena. Faltava agora Lala os desculpar.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo: Ren percebeu o erro de tentar forçar uma festa surpresa para Lala, ela se afastou ainda mais. Ele vai atrás dela para tentar entender onde estava o problema exatamente, sua descoberta não o anima.



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