Uma nova chance escrita por Ana Carol Machado


Capítulo 4
Eduardo


Notas iniciais do capítulo

Oiii, espero que gostem do capítulo de hoje. Desculpe pela demora e boa leitura. Abraços e vejo vocês nos comentários. Abraços



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Quando Eduardo falou que ia visitar uma idosa no asilo seus pais o olharam com desconfiança. Desde aqueles problemas em que ele se meteu nada mais foi como antes em seu lar. Seus pais pareciam desconfiar de cada palavra dele e pareciam ter a impressão que a qualquer momento ele iria aprontar novamente. Como dizem, confiança uma vez quebrada e quase impossível de ser consertada. Tudo isso o deixava somente mais triste.

O garoto precisou insistir muito para que a sua saída fosse autorizada. Quando seus pais cederam foi com a condição de que ele voltasse logo, mas mesmo assim eles lhe olharam com desconfiança. Como se desconfiassem que ele iria se encontrar com os ex-amigos pichadores. O que mais despertou a desconfiança deles foi o fato dele sair para fazer a visita em uma tarde de sábado.

Quando saiu de casa uma fina chuva estava caindo. Eduardo não se preocupou em voltar para pegar um guarda-chuva, pois se voltasse era capaz de seus pais mudarem de idéia. Além disso, o menino gostava muito de chuva. Gostava de senti-la em seu rosto e cabelos.

Quando era mais novo, Eduardo viu um filme em que uma frase sobre chuva era dita. Essa frase sempre vinha a mente do menino toda vez em que ele se molhava com chuva. A frase em questão era:

“Deus está na chuva”

O menino achava que essa frase era verdadeira, pois toda vez que sentia a chuva em seu rosto se sentia mais perto de Deus. Naquela vez não foi diferente. A fina chuva o molhando parecia lavar a tristeza que sentia por causa da desconfiança dos pais e de todo seu passado. Ele sentia que Deus estava com ele e isso o acalmou. Mas além disso, naquele dia, sentiu algo a mais. Sentiu que Deus aprovava a sua visita para a senhora Sarah.

Quando chegou no asilo a chuva já havia passado. Ele nem chegou a se molhar muito, mas sentia um pouco de frio logo que entrou no lugar. O menino não sabia se o frio era por causa do ar-condicionado ou por causa do frio do abandono que tomava todo o local.

A senhora que responsável pela recepção do local se surpreendeu com a presença do menino lá e se aproximou. Quando ele disse que estava lá para visitar dona Sarah a mulher abriu um sorriso e disse:

—Você é parente dela, rapazinho? A senhora Sarah ficará feliz de lhe ver. Ela não recebe muitas visitas...

Eduardo ia dizer que não era parente da senhora Sarah, porém mudou de idéia. A recepcionista não precisava saber disso. O menino sentiu uma súbita tristeza ao saber que a senhora não recebia muitas visitas. Talvez por isso ela aparentasse ser tão triste e sozinha.

O menino começou a pensar que deve ser muito triste ficar longe da família e não receber visitas de nenhum parente. Eduardo tinha problemas com a família, isso era verdade, mas pelo menos ele tinha eles por perto e tinha companhia nas horas das refeições. Ele começou a pensar que os momentos das refeições devem ser os mais tristes no asilo, pois não existe nada pior que comer longe de quem amamos.

Eduardo foi encontrar dona Sarah com outras idosas tricotando. Era hora da terapia ocupacional deles. Quando a senhora o viu sorriu e deixou o que estava tricotando em seu colo e fez sinal para ele se aproximar. O menino logo obedeceu.

—Que bom que você veio, meu filho. – falou a idosa sorrindo. – Sente aqui do meu lado.

Eduardo sentou e cumprimentou a senhora. Ele reparou que a idosa havia o chamado de filho novamente. Talvez ele se parecesse com algum dos filhos dela ou talvez ela o chamasse assim por carinho. O garoto preferiu pensar que era a última opção, pois ele sentia falta de ser tratado com carinho.

Depois que ele se sentou um silêncio se instaurou entre eles. Ambos pareciam não saber o que dizer, mas pareciam ansiosos para que a conversa começasse.

O menino não começou a conversa porque tinha medo de tocar em algum ponto delicado. Ele podia reparar que a idosa tinha muitas tristezas que ela guardava somente para ela. Assim como ele.

—Fazia tempo que alguém não me visitava. – falou dona Sarah quebrando o silêncio.

—Sinto muito.- respondeu Eduardo sem saber ao certo porque. Ele sentiu a dor da senhora ao falar isso e queria dizer algo para a fazer se sentir melhor. Por algum motivo ele achou que se desculpar poderia ser uma opção.

A idosa o olhou curiosa e disse:

—Porque você está se desculpando? Não é sua culpa...

—Porque eu sinto muito pela senhora não receber visitas... Eu lamento por eu não poder fazer nada para mudar.

—Você já fez muito por mim vindo me ver. Obrigada, meu filho...- falou a senhora sorrindo verdadeiramente. Eduardo gostou daquele sorriso e queria poder fazer à senhora sorrir novamente mais vezes.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Não se esqueçam de mim dizer nos comentários. Abraços e até o próximo que será publicado no domingo também!.



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