Simple like Flowers escrita por BlueLady


Capítulo 27
Capítulo Vinte e Sete - Passado e Arrependimentos


Notas iniciais do capítulo

Gente, não morri, ok?
Eu sei que estou demorando muito para postar os capítulos, mas eu juro que nem vi o tempo passar.
Overwatch está consumindo minha vida.
Terminei esse capítulo naquelas, achei bem ruinzinho, mas eu não queria deixar vocês mais tempo sem ele, então está aqui.
Além disso, estou num processo de responder todos os comentários da fanfic (embora eu tenha essa mania de não responder comentários de capítulos onde já tem um na frente, vou mudar isso, porque eu leio todos os comentários.) Então, se o seu comentário não foi respondido, tenha paciência comigo, porque eu amo todos vocês ♥
Gente, batendo um papo com vocês agora (Se é que alguém lê isso), eu estou tão desanimada com MLB. A série perdeu todo o encanto pra mim, tanto que eu sempre esqueço de colocar elementos do desenho aqui. Me perdoem ♥ Eu só estou continuando, porque acho que vocês merecem saber o final que planejei para a fic.
Alguém aí assiste Fairy Tail? Vocês viram que são só 20 capítulos para acabar? Estou chorando por antecipação. Mais de um ano acompanhando 3 Senti a mesma coisa com Kamisama, tanto que nem li o final com medo de chorar kkkkkkk (cada k é uma lágrima)
Ao pessoal do SS, MUITO OBRIGADA SEUS LINDOS ♥ ♥ ♥ QUASE 1000 FAVORITOS.
Nunca imaginei que fosse chegar a 100, vocês são demais (e fodas).
Um beijão para vocês. Não vou prometer nada, mas eu espero que não demore tanto para os próximos capítulos.



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De mãos dadas – e talvez um pouco trêmulas, por parte de Oliver – o mais novo casal entrou na escola. Pierre insistira para que mostrassem que eram um casal, mas Oliver não estava tão confiante.

A verdade era que Oliver tinha medo. Medo de que comentários ofensivos – e até violência – fossem jogados sobre eles. Não queria ser denegrido, principalmente na escola onde se sentiu melhor todos esses anos.

Apertou a mão de Pierre assim que entraram na sala. Ninguém em particular reparou na entrada deles, exceto Marinette e Adrien.

Adrien os encarou, surpreso, enquanto Marinette sorria.

 ― Vocês estão namorando? ― Adrien perguntou, um pouco alto demais, devido a surpresa. Nesse instante, a sala parou para olhar o novo casal e vários olhares ficaram surpresos ao perceberem quem era o novo casal.

― Sim. Algum problema? ― Pierre entrou na defensiva.

― A-Ah, não, não é isso, é que eu não s-sabia. F-Fiquei surpreso. ― Adrien não queria ter passado a impressão de que não os apoiava, só achou estranho o amigo nunca ter mencionado isso a ele. ― E-Eu achava que o Oliver ainda estava namorando a Marinette.

Oliver olhou nos olhos da amiga, procurando por ressentimento, mas ela sorria verdadeiramente. Ele se soltou de Pierre e foi até ela.

― Você está brava?

― Por que e estaria? Você está sendo feliz Oliver. Que tipo de amiga eu seria se não o apoiasse agora? ― Oliver a abraçou. Marinette era uma das melhores pessoas que já tinham entrado em sua vida.

― Mal comecei a namorar e já está querendo roubar o Oliver de mim, Marinette? ― Marinette riu com o comentário de Pierre e olhou fundo em seus olhos.

― Cuida bem dele, Pierre. ― Ele reconheceu a conversa que tiveram quando Oliver foi ao hospital. Ele aliviou a expressão, dando um sorriso sincero.

― Pode deixar.

Eles foram se sentar em seus lugares e Marinette percebeu os cochichos dos outros. Alguns alunos falavam baixinho, mas os olhares denunciavam que estavam falando de Oliver e Pierre.

― Dói, Marinette? ― Adrien se virou para ela. Ela o olhou confusa.

― O que?

― Ser trocada. Achar que alguém te ama, mas na verdade, ela ama outro. ― Marinette arregalou os olhos. Se não fosse Adrien falando, Marinette teria certeza que era uma indireta para o que acontecera com Chat. Mas não poderia ser.

― Adrien, eu... ― Ela ia contar que Oliver nunca a amou quando ouviu Chloe falar alto demais.

― Que nojo! Eles são dois homens. ― Todos olharam para ela, mas Chloe não parecia incomodada. Oliver apertou a mão de Pierre. Ele odiava passar por isso. Por que tanto ódio?

Marinette estava indignada. Como Chloe poderia ser má desse jeito? Estava irritada, mas assim que olhou para seus colegas de turma, se irritou mais ainda. A maioria dos alunos pareciam concordar com ela.

Marinette abriu a boca, surpresa.

Ela achava que conhecia seus amigos de sala, mas sentiu estar errada. Escancaradamente, ela olhou para o novo casal. Pierre evitou contato, mas Oliver olhou diretamente nos seus olhos.

E doeu o que ela viu. Ela viu comodidade, como se aquilo fosse comum para Oliver. Ela viu que ele não queria que ela se metesse, que era para deixar as coisas como estavam.

Ela se virou de volta, mas não muito bem convencida de que tinha que ficar quieta. Ela agradeceu que tanto Alya, quanto Nino e Adrien também pareciam incomodados com a situação.

Mesmo com a professora entrando na sala, os alunos não pararam com o cochicho, precisou alguns avisos para que a classe ficasse quieta.

― Vocês estão muitos dispersos hoje, o que aconteceu? ― A professora perguntou enquanto pegava o giz.

― Temos um novo casalzinho na sala, professora. ― Chloe comentou, maldosamente.

― E? Vocês são adolescentes. Isso é normal.

― É o Pierre e o Oliver. ― Ela sorriu, como se esperasse o repúdio vindo da professora.

― Ah. ― Como se fingisse que não se importava, a professora virou-se para frente. A tentativa foi falha, já que todos os alunos perceberam o incômodo dela. Pierre apertou a mão de Oliver, mas o mesmo não esboçava nenhuma reação.

― Eu não entendo por que vocês se incomodam tanto com o relacionamento deles. ― Marinette não conseguiu se segurar. Todos na sala olharam para ela, mas Marinette não se intimidou.

― Marinette, querida, são dois homens, isso não é normal. ― Chloe explicou para ela como se Marinette fosse apenas uma garotinha burra.

― Não é normal vocês ficarem se intrometendo no namoro dos outros. Eles estão se amando, o que muda se são dois homens, duas mulheres ou um homem e uma mulher?

― O que muda é que eles são gays. É nojento. É errado.

― Pelo menos eles estão namorando, né, Chloe? E você que está sozinha aí, porque ninguém te aguenta? ― Chloe fez uma cara feia e cruzou os braços. ― E você professora? Acha nojento também? Sabe o que eu acho nojento? Eu acho nojento essa merda que você chama de cara.

― MARINETTE! ― A professora gritou, já com o rosto vermelho. ― Fora da sala. Para você aprender a ter respeito comigo e com seus colegas de sala.

― Tudo bem. Não queria ficar nessa sala onde só tem gente hipócrita. ― Marinette pegou suas coisas rapidamente. Nem percebeu como a sala ficou quieta com sua pequena discussão. Ela passou pela porta e ninguém falou um pio. Estavam todos chocados com a audácia de Marinette.

Alya comemorou por dentro. Queria ser corajosa como Marinette, mas ficou feliz de ter uma amiga incrível como ela. Se falassem qualquer coisa da amiga, iam se ver com ela.

― Sabe... ― A pessoa que quebrou o silêncio foi quem menos esperavam: Stephanie. ― Ela tem razão.

― Fora da sala você também, Stephanie! ― Ela apontou para a porta, extremamente irritada.

― Por que? Por eu discordar da sua opinião? Por estarmos no século 21, não 18? ― Ela pegou suas coisas, preparada para sair da sala. ― Vocês acham mesmo a sexualidade deles mais importante que a personalidade? Vocês são muito podres por dentro.

A sala ficou em silêncio enquanto Stephanie andava de sua carteira até a porta.

A porta se fechou, quebrando o silêncio. A professora olhou para a sala, com o rosto ainda alterado.

― Mais alguém quer se juntar a eles lá fora? Vou tirar 1 ponto da média de quem passar por essa porta. ― Alya se sentiu impotente. Até Stephanie estava defendendo Oliver e Pierre e ela não conseguia falar nada.

Adrien e Nino se olharam. O loiro não queria admitir, mas Marinette tinha mandado bem. Pierre era seu amigo e mesmo assim, ele não conseguiu fazer nada. Ele queria que as pessoas da sua sala simplesmente parassem para pensar no que as garotas tinham dito. Mas ele não era ingênuo, sabia que as coisas não seriam assim.

Suspirou, virando-se para a professora e vendo ela explicar qualquer coisa que ele não ligava.

***

― Marinette! Espera!  ― Stephanie correu para alcançar a garota, que andava em direção a cantina.

― Stephanie? ― Marinette se virou. ― O que você está fazendo aqui? Não devia estar na aula?

― Eu fui expulsa também.

― Ah... ― Elas ficaram naquele silêncio constrangedor, sem saber o que dize, até que Stephanie resolveu falar.

― Eu... Eu decidi denunciar meu pai, Marinette. ― Ela soltou tudo de uma vez, com medo de não conseguir terminar. Tinha pensado muito sobre isso na noite anterior, e decidiu que não aguentava mais sofrer. ― Você é a única pessoa que pode me ajudar.

Marinette ficou em choque. Prometera ajudar Stephanie caso ela quisesse denunciar seu pai, mas não achou que ela realmente faria isso.

― É c-claro que vou te ajudar. Não se preocupe. ― Ela deu uma pausa, enquanto olhava para o rosto assustado de Stephanie. ― Você... Você já pensou no que vai querer fazer?

― Vou ligar e denunciar. Eu... ― Ela engoliu a seco. ― Eu queria que você ficasse ao meu lado. Eu sei que tivemos alguns momentos ruins, mas...

― O passado fica no passado. ― Marinette segurou as mãos de Stephanie. ― Eu vou te ajudar. ― Stephanie assentiu e pegou o celular, com as mãos tremendo. Ela digitou um número, mas suas mãos tremiam demais. ― Ele não vai te fazer mal, Stephanie.

Ela olhou para o celular na mão, aquela ligação mudaria sua vida, e ela ainda não sabia se era para melhor. Respirou fundo quando apertou para ligar e o som da chamada encheu seus ouvidos. O nervosismo cresceu dentro dela e quando ouviu uma voz dizer a frase ensaiada, ela quis desistir.

― Bom dia, como posso ajudá-lo?

― Eu... Eu gostaria de denunciar caso de violência. Eu... ― Uma lágrima caiu de seus olhos e ela teve que soluçar. ― Eu sofro agressão por parte do meu pai. Faz algum tempo.

Alguns minutos de conversa e sussurros foram posteriores a essa fala. Marinette estava do lado de Stephanie, e tocava em seu ombro mandando um olhar de afeto toda vez que ela começava a tremer.

Assim que desligou o telefone, a loira suspirou, como se um elefante saísse de cima de seus ombros.

― Marinette, muito obrigada, eu não... Eu não conseguiria fazer isso sem você.

Marinette sorriu. Verdadeiramente.

― Stephanie, você é uma boa menina, o mundo só te corrompeu. Acho que além de mim, outra pessoa precisa desse pedido de desculpas.

― Está falando do Pierre? ― Stephanie piscou rapidamente. ― Eu... Eu tentei pedir desculpas, mas ele me odeia demais agora. Ele deixou isso claro. Deixou claro também o quão má eu sou.

― O que? ― Marinette a encarou chocada. Pierre seria cruel a esse ponto?

― Eu não estou brava, Mari, ele não mentiu.

― Mesmo assim, é algo muito cruel de se dizer para qualquer pessoa. ― Marinette se remexeu, desconfortável, precisava falar com ele e entender tudo isso. O sinal bateu, indicando o fim da aula da qual elas foram expulsas. Elas andaram lado a lado, em silêncio, até a sala.

As aulas demoraram muito, pelo menos para Marinette, que tinha como missão falar com Pierre. Alya tentava puxar assunto de vez em quando, mas Marinette se fechou completamente. O que foi até bom, pois não percebeu o quanto Adrien fazia esforço para ignorá-la.

Assim que o sinal do almoço bateu, ela se levantou num pulo e foi até a mesa do casal.

― Já está sentindo falta do Oliver, Mari? ― Pierre brincou, enquanto separava seu celular e sua carteira para comprar seu almoço.

― Precisamos conversar. Agora. ― Oliver alternou o olhar entre Pierre e Marinette, tentando entender o que estava acontecendo que ele não sabia.

― O que você fez dessa vez, Pierre?

― Eu não sei. Me espera na cantina, eu já vou. ― E então se levantou para seguir a garota com cara de poucos amigos.

Ela andou até um corredor sem movimento e checou as salas para ver se ninguém a escutaria.

― Já estamos no fim do mundo, o que você queria me falar? ― Ele sorria despreocupado, mas o medo começou a crescer quando ela não mudou a expressão irritada.

― Eu soube o que você falou para Stephanie. ― Ele ficou confuso.

― E você está brava com isso? Eu achava que você odiasse ela!

― Não importa o que eu acho dela, Pierre! Você falou que a odeia! ― Ela avançava em sua direção à medida que ia falando. Ele segurou seus ombros, fazendo com que olhasse em seus olhos.

― Espera aí. Eu nunca disse que a odiava. Eu disse que ela precisava ser machucada para que mudasse. E foi o que eu fiz. Ela não podia continuar machucando os outros que nem ela fez comigo.

― Pierre, você sabia que o pai dela a estupra?

Ele parou, olhando para ela desacreditado. Seus olhos ficaram opacos e ele ficou em silêncio.

― É-é v-v-verdade? E-Eu achei q-que o A-Adrien estivesse d-d-dizendo isso para...

― É verdade, Pierre. Ela não me disse, mas tenho certeza que ela te considerava o porto seguro dela. E ela está acabada. Com muita insistência, eu consegui fazer com que ela o denunciasse.

― E-Eu... Ai meu Deus. ― Ele passou a mão no rosto, perplexo. ― Eu n-não s-sabia, e-eu... ― Ele derramou uma lágrima que foi seca rapidamente. ― Eu preciso falar com ela.

― Não.

― Não?

― Ela conseguiu superar, acho que no fim você tinha razão, ela não precisa mais de você, não a confunda nesse momento. ― Ele abriu a boca, como se fosse responder, mas a fechou de volta e acenou com a cabeça. Sem falar nada, ele se virou e, cabisbaixo, andou até a cantina.

***

Depois de algumas semanas, a vida pareceu ter entrado em modo automático para Marinette. Todos os dias ela chegava na escola, dava bom dia para Adrien e Nino, somente o negro a respondia, ela ia até seu lugar conversar sobre alguma coisa aleatória com Alya e fingia que prestava atenção na aula.

Quando batia o sinal, ia embora sem falar com ninguém e passava a tarde inteira imersa em músicas e desenhos.

Mesmo quando lutava contra um akuma, a situação era a mesma: Chat Noir a ignorava com todas as forças.

Ela se sentia mal, pelo menos com as indiretas, Marinette sentia que ele ainda pensava nela de alguma forma. O jeito como ele a tratava agora.... Era indiferença. Ele nem ligava mais para ela.

Nunca pensou que um garoto pudesse deixá-la assim. Nem quando terminou com Félix sofreu por tanto tempo assim. Se ele ao menos a deixasse se explicar....

― Marinette? Está me ouvindo? ― Stephanie balançou a mão na frente do rosto da morena. ― Estou te chamando há horas. ― Ela nem percebeu que já estava na escola.

― Desculpa, estou meio dispersa esses dias. O que foi? ― Ela finalmente percebeu a caixa cheia de coisas na mão de Stephanie. ― O que é isso?

― São minhas coisas. Eu estou indo embora.

― O que?! ― Marinette arregalou os olhos. Não poderia ser que o pai dela tivesse se livrado, não é?

― Quando eles comprovaram as agressões, meu pai foi preso. Mamãe não tem como cuidar de mim e da minha irmã, então, até ano que vem, ficaremos sob a guarda do Estado. Talvez com alguma família.

― E você não está triste? De sair da escola, e coisas assim?

― Estou, mas estou mais feliz que triste. Eu me livrei dele, Marinette, graças a você. ― Ela sorriu, o brilho chegou em seus olhos. ― Fico triste de te deixar.

― Não pense assim. Eu sempre estarei aqui, não importa o quão longe você esteja, pode sempre me ligar, certo? ― Ela assentiu firmemente com a cabeça e seus olhos lacrimejaram.

― Mari, eu não entendia, mas agora eu entendo por que todos gostam de você. Nunca imaginei que você seria a pessoa que eu me despediria quando saísse daqui. ― Ela largou a caixa no chão e a abraçou. Marinette não esperava que sentiria tanta falta de Stephanie, mas já sentia.

Assim que se separaram, Stephanie pegou a caixa do chão e continuou a andar até um carro preto que a esperava na frente da escola. Marinette definitivamente sentia que não seria a última vez que veria a garota.

Suspirou, indo até sua sala, fazer a rotina de sempre e tentar não pensar em certo gato preto.

***

Alya estava desconfiando de Marinette. Ela percebeu que a amiga andava estranha nessas últimas semanas e queria conversar.

Por isso que Marinette estava no jardim dos fundos – o lugar mais deserto da escola inteira – andando enquanto sua mente vagueava. Não estava preparada pra perguntas, muito menos da sua melhor amiga, mas precisava desabafar.

Quando viu os cabelos loiros, sua mente foi direto a Chat Noir. Seria ele? Ele estaria ali esperando por ela?

Ela avançou em sua direção, com um sorriso estampado em seu rosto.

― Ah, Adrien, é você. ― Ela tentou não demonstrar o desapontamento, mas ficou explícito tanto em seu tom de voz quanto em seu rosto.

― Não mais. Estou indo.

― Não! ― Ele parou, levando um susto com o grito da garota. ― Não vá embora por minha causa, não vou atrapalhar. Só... Só preciso de companhia.

Ele não queria fazer nada que ela quisesse, mas definitivamente estar ali era o melhor no momento. E se estivesse do lado de Marinette, poderia ignorá-la mais um pouco, para ela sentir seu ódio.

Ele deu meia volta e, sem falar anda, se sentou do lado dela.

― Você está meio quietão, Adrien, aconteceu alguma coisa? ― Ele se segurou para não soltar um comentário sarcástico e apenas ignorá-la. Ela percebeu seu silêncio como algo ruim, então ficou calada, olhando para o céu.

Por uns segundos, Adrien até esqueceu que ela estava ali, mas foi lembrado quando ela falou de novo.

― Você não vai me responder mesmo? ― Ela perguntou, mas ele fingiu que ela não existia. Ela suspirou antes de continuar a falar, olhando para umas nuvens que passeavam pelos céus. ― Está tudo tão confuso. Eu simplesmente achei que não ia sofrer tanto quando ele fosse embora da minha vida, mas eu estou sofrendo, muito. ― Adrien sentiu a garganta fechar, ela desabafava sobre Oliver deliberadamente ali. Como podia ser tão cruel? ― Tudo isso porque ele não quis me ouvir, eu entendo que o que eu fiz foi errado, mas me tratar daquele jeito... Não foi errado também?

Adrien escutava tudo, a primeira parte estava normal, mas ele achava que a segunda não se encaixava com seu caso com Oliver, ela teria brigado com ele?

― Respondendo sua pergunta de algumas semanas atrás: Não estou triste que Oliver está namorando. Eu estou feliz. Eu estava com ele justamente para que ele esquecesse de Pierre e parasse de sofrer, mas foi assim que minha vida virou de cabeça pra baixo. ― Ela riu fraco. ― Talvez se eu não fosse tão... eu, eu teria ignorado meus instintos e agora estaria tudo bem. Eu estaria com a pessoa da minha vida e, de certa forma, Oliver também. Mas eu só faço as coisas erradas, e agora, tudo que eu queria era que ele voltasse para mim, mas isso é mais um pedido impossível.

Adrien travou quando ouviu aquilo.

Ela sabia. Foi o único pensamento que passou pela cabeça do garoto loiro. Ela só podia saber que ele era Chat Noir para que dissesse aquilo para ele. Não era verdade, ele tentava se convencer....

Ele olhou para ela de canto de olho e, pela primeira vez em semanas, ele quis abraça-la e se convencer de que ela falava a verdade. Ela chorava enquanto olhava para o céu e apertava seu próprio pulso.

Ela é uma ótima atriz. Foi a única coisa que conseguiu pensar enquanto se levantava e saía do jardim. Sua mente estava embaralhada, mas tinha uma pessoa que conseguira colocar seus pensamentos em ordem.

***

― Boa tarde, Adrien, o que posso fazer por você? ― Oliver disse, parando no final para dar um gole em seu suco. Pierre estava do lado, mexendo no celular e jogado de qualquer jeito na cadeira, de vez em quando, pegando do copo de Oliver para beber o suco de laranja.

― Ahn, eu queria saber mais de seu namoro com Marinette. Não que eu não te apoie com Pierre nem anda do tipo, mas foi... rápido. Queria saber o que aconteceu. ― Oliver, pelo contrário, não parecia ofendido.

― Foi bem curto mesmo, mas Marinette é uma menina de ouro, nunca imaginei que ela pudesse fazer uma coisa dessas por um amigo, mesmo gostando de outro. ― Adrien necessitava que ele continuasse, precisava entender tudo isso, mas, para seu desespero, ele tomou mais um gole do suco. ― Bem, eu gostava do Pierre e Marinette de outro cara, mas... Ela percebeu o quanto eu estava infeliz, porque isso não estava dando certo e ela sacrificou a própria felicidade pra me deixar feliz, pra me fazer esquecer o Pierre. Acho que ela se desentendeu com o cara que ela gostava. Não sei muito bem quem é. ― Ele bebeu mais um gole, antes de passar para Pierre. ― Foi essa a história, não foi como se fôssemos um casal apaixonado.

Adrien ouviu o que Oliver tinha para dizer totalmente chocado. Ele entendera tudo errado e ainda disse coisas horríveis para a garota.

Ele se sentiu um completo idiota. Ele queria se jogar na parede ou sangrar até morrer. Marinette tentara se explicar e ele simplesmente a ignorou. Sua cabeça estava a mil, pensava sobre milhares de coisas, mas o objetivo principal piscava em sua mente: Falar com Marinette.

Tentou não parecer desapontado quando o sinal tocou e ele teve que ir ter mais 3 aulas antes de poder falar com a garota. A sós. De preferência como Chat Noir.

Estava tão imerso em seus pensamentos confusos, que não percebeu o último sinal tocar e Marinette sair dali. Ele arrumou suas coisas de qualquer jeito e saiu apressado até ela.

Viu-a atravessando a rua, em direção a padaria e quis segui-la, mas o carro branco parado em frente da escola dizia que isso seria impossível.

Ele entrou bufando no carro, e seu humor não melhorou nada ao saber que teria uma tarde inteira de sessão de fotos.

Parece que Marinette não teria uma visita de Chat Noir essa tarde. 

***

―Marinette! Querida, desça já aqui! ― A voz de sua mãe estava animada, sentimento que Marinette não compartilhava.

― Já estou indo, mãe! ― Gritou de volta. Secou uma lágrima com a mão e guardou rápido as três fotos que Chat Noir tinha achado. Não sentia mais nada por ele, mas a traição fazia com que ela não conseguisse esquecer.

Desceu as escadas do jeito mais vagaroso possível, principalmente quando começou a ver quem a esperava – não que ela não soubesse.

― Marinette! ― Sua irmã pulou nela, gritando de felicidade quando notou a irmã mais nova. Não era segredo para ninguém que olhasse que não pareciam nem de longe como irmãs. Tirando o fato de Leonor ter os cabelos castanhos e os olhos amarelos como o pai, ela era mais alta, magra, curvilínea e bonita que a irmã mais nova.

― Oi Lelê. ― Marinette mandou o sorriso mais real que conseguiu, mas ele não chegou aos olhos.

Leonor fazia totalmente jus ao seu nome, não importa como estivesse, com quem estivesse ou até onde estivesse, ela sempre brilhava e se destacava dos demais.

Devia ser por isso que Félix trocou Marinette por ela.

Falando nele, Marinette percebeu que ele não estava na casa e agradeceu a Deus. Não conseguiria ver os dois juntos.

― A gente precisa super conversar, Mari! Tenho tanta coisa para te mostrar e te contar sobre a faculdade! ― Ela não queria saber, de verdade. Se Félix não fosse um completo imbecil, teria contado que a irmã sabia sobre os dois e a traição, mas não duvidava mais dele. Achou que ela traria o namorado para apresentar aos pais, mas claramente ainda não era hora para isso.

Leonor subiu as escadas com uma graça que irritava Marinette depois de tantos anos. Como ela conseguia ser sempre perfeita em tudo?

Marinette chegou em seu quarto e sua irmã já estava sentada na cadeira, esperando-a.

― Me conta como está sendo maravilhosa sua faculdade. ― Marinette indagou, cheia de ironia na voz.

― Mari, eu sinto muito que tenha sido assim. ― Ela começou, se remexendo.

― Bom, não foi você que ganhou um par de chifres. ― Marinette cruzou os braços, olhando desafiadamente para Leonor.

― Eu... Eu gostaria de contar minha versão da história. Por favor. É importante para mim que você não o veja como vilão. ― Marinette não disse nada, o que fez com que ela continuasse. ― Enquanto vocês namoravam aqui na França, eu nunca sequer tinha reparado nele. Eu te juro. O fato de você nunca ter apresentado para os nossos pais com medo de que eles fizessem você terminar ajudou um pouco. Ele só era um idiota aleatório para mim. ― Ela fez uma pausa. ― Mas foi quando nós fomos para a mesma faculdade que as coisas começaram a desandar. Fazíamos algumas aulas juntos e eu o reconheci como seu namorado e sentei do lado dele. Ele era muito fechado e eu juro que eu não entendia como que alguém conseguiria namorá-lo.

Marinette escutava tudo atentamente, quase sem nem piscar.

― Ai aquela festa aconteceu. Eu fiquei bêbada, muito bêbada. E ele também. E por um segundo, eu não achava mais que ele era chato, irritante, idiota. Você sabe o que aconteceu depois.

― Era isso que você queria me contar? Como ele era tão perfeito que você não teve culpa ao se beijarem? ― Marinette respondeu, irritada.

― Não! Não acaba ai! ― Ela olhou para o chão. ― Depois daquela festa, nós nos arrependemos amarguradamente, eu nem quis olhar para a cara dele. Eu sabia que tinha traído minha própria irmã e ele a namorada. E ele estava sofrendo também, principalmente quando você terminou com ele. Ficamos quase 1 mês sem nem olhar para a cara um do outro. Eu o culpava por ter traído você e ele me culpava por ter traído a namorada. Ele realmente te amava, Marinette.

Marinette quis chorar. Era tudo tão mais intenso sabendo dos detalhes.

― Um dia, ele percebeu que foi um idiota em me culpar, ao mesmo tempo que eu também percebi que seria idiotice culpar ele, quando nós dois tínhamos culpa. Nesse dia, ele almoçou comigo e pediu desculpas, até tentou ver seu eu não conseguia falar com você para explicar, mas você não me respondia também. A partir daí, ele começou a ser mais legal comigo, do jeito Félix de ser, mas eu gostava. Antes que eu percebesse, estava apaixonada por ele, mas não aceitava te trair duas vezes, mesmo que vocês não estivessem mais juntos. Dois meses mais tarde, nós começamos a namorar.

― Isso era para me fazer se sentir melhor? Legal a história de namoro de vocês.

― Não é isso, Mari! ― Ela ficou em silêncio por um segundo, pensando no que deveria falar para a irmã entender seu ponto. No fim, desistiu. ― Eu sou sua irmã! Você acha que eu me sentiria bem roubando seu namorado? Não foi assim. Eu queria que você soubesse que o que aconteceu naquela noite não significou nada. Ele te traiu comigo, mas foi um erro, e ele sabe disso. Ele sabe que você nunca vai perdoá-lo, porque o que ele fez foi a pior coisa que poderia fazer em um relacionamento. Mas eu estou tentando te mostrar que ele não é um idiota sem sentimentos e que você não precisa voltar a namorá-lo, nem sequer confiar nele, mas eu gostaria que você o perdoasse. Ele nem sabe que vou ter essa conversa com você, Mari, veio tudo de mim.

Marinette riu seca. Não estava preparada para perdoá-lo. Muito menos para vê-lo novamente. Sua irmã estava louca de namorar um cara que trai.

― Não. ― O olhar de esperança de Leonor murchou e ela simplesmente abaixou a cara, saindo do quarto sem falar mais nada. Marinette sentiu seu coração apertar um pouco. Talvez sua irmã tivesse um ponto, mas ela não estava pronta para perdoá-lo. Não ainda.

Somente sobre esse assunto, Marinette se permitia ser cruel.

***

― Marinette? ― Chat Noir entrou pela janela, se esgueirando para dentro, tentando ver a garota.

O quarto só era iluminado pela luz da lua, o que não era um total problema para Chat, que conseguia enxergar no escuro.

Já era tarde e não espantava que ela já estivesse dormindo. Ele suspirou quando agachou para ficar da sua altura, deitada na cama.

Como poderia um cabelo crescer tanto assim? Em algumas semanas, seu cabelo já batia quase 4 dedos abaixo do ombro, e se esparramava como líquido em sua cama. Ele pegou uma mecha com as mãos. O cheiro característico do shampoo de Marinette entrou nas narinas do gato, e ele se viu em êxtase. Não lembrava o quanto sentia falta daquele cheiro até senti-lo de novo. 

― Me desculpa. ― Ele sussurrou, baixinho. ― Eu fui um idiota, não fui? E nem consigo te dizer isso quando você ainda pode me ouvir. ― Ele abaixou a cabeça, olhando para o chão. ― Eu não menti que meu coração é seu, tá? Mesmo.... Mesmo que eu tenha feito tudo para que você acreditasse que eu tinha controle sobre ele.

Ela se remexeu de leve, virando para o outro lado e ele deu um sorriso afetado.

― Nem dormindo você não quer mais me ver. ― Ele se levantou, sem tirar os olhos dela. A luz da Luz ficava perfeita nela, iluminando-a como a deusa que ele sabia que ela era.

Era uma marca registrada para Chat Noir a clássica rosa vermelha, e ele não pode deixar de trazê-la. Colheu a mais bela do jardim da mansão, mas nem ela se comparava a beleza da garota.

Ele se sentiu numa peça de Shakespeare, todo dramático em relação a amada, mas era exatamente assim que ele se sentia.

Cuidadosamente, colocou a rosa no criado da garota. Parecia que tinha sido feita para se encaixar no móvel. Estava prestes a se virar e ir embora, quando Marinette sorriu.

Involuntariamente, ele sorriu de volta. Duvidar de Marinette pode ter sido a coisa mais idiota que ele já fez, mas vê-la tão serena enquanto dormia o fez querer tê-la. E, se tudo desse certo, ele conseguiria.

Mas talvez ele não a merecesse. Não depois de ter sido cruel com ela. Suspirou, perdendo as esperanças.

Só o dia seguinte diria se ele teria uma segunda chance.

***

Mesmo antes de sua mãe a chamar, Marinette já estava acordada. Olhava para o teto, com a rosa em sua mão, tentando não criar esperanças de que ela tenha sido deixada em seu quarto pelo gato preto, embora quisesse. E muito.

O dia estava quente e ensolarado, perfeito para viajar, mas Marinette não tinha vontade nenhuma de sair de perto de Paris. Não quando houvesse a possibilidade de Chat tê-la perdoado.

― Querida, você tem que estar na escola em 15 minutos. Tem certeza que pegou tudo? ― Sua mãe entrou no quarto e viu a filha ainda vagueando. ― Ainda não saiu da cama? Se você perder a viagem eu vou fazer você pagar cada centavo. E de onde surgiu essa rosa? ― Marinette saiu do transe, dando um sorriso amarelo e saindo da cama, deixando a rosa lá.

― Não é nada, mamãe. Estou descendo em 10 minutos. ― Sua mãe a olhou desconfiada, mas saiu do quarto.

Como ia para um resort praiano, Marinette colocou roupas leves. Pegou sua mala e sua bolsa e estava pronta para sair do quarto quando olhou novamente para a cama.

A rosa repousava lá, delicada e linda. Marinette não teve coragem de deixa-la sozinha ali, principalmente quando podia ser de Chat.

Ela voltou e colocou a rosa dentro de sua bolsa de praia, repousando sobre carregadores, cadernos e coisas que ela levaria na mão durante o voo.

― Marinette! ― Sua mãe gritou do andar de baixo.

― Já estou indo! ― Ela saiu rapidamente do quarto.

Marinette nem tinha visto o tempo passar. Em um momento, ela amava Adrien, agora amava Chat Noir, em um momento, Oliver e Pierre entraram na escola, agora, ela estava indo para Cote de Basques.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Beijos e até o próximo ♥



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