A Última Carta - A Seleção escrita por AndreZa P S


Capítulo 10
2.7




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Entre surpresas e familiares

Maxon me aguardava ao pé da escada. Sua camisa era social e preta, mas a calça é jeans casual, seus olhos parecem duas estrelas. Sempre achei ele bonito, mas ultimamente, enquanto passava mais tempo com ele, pude ver que sua beleza não se resumia ao seu externo apenas, mas também ao seu interior.

Que papo piegas, America, penso. Piegas, porém verdadeiro.

–Está belíssima, América. - Murmura assim que desço o último degrau e fico diante de seu corpo. Olho para baixo, analisando minha calça jeans normal e minha blusa de renda escura, mas super simples.

Ergo uma sobrancelha.

–Ei, você esta me zoando por acaso? - Pergunto enquanto engato meu braço no seu. Maxon abre um sorriso charmoso.

–Por que acha isso? - Retruca, me levando para a ala sul da mansão.

Estreito os olhos.

–Oras, minhas roupas não estão nada demais. - Explico, já que aparentemente ele não havia entendido.

Maxon ri um pouco.

–Você ficaria bem até mesmo com peças sujas e rasgadas. - Dobramos para um corredor largo. Ele me dá uma olhada de soslaio e concluí. - Não estou te cantando, caso tenha parecido.

–Tudo bem, haha. - Abro um sorriso afetado. Isso nem tinha me passado pela a cabeça. Senti meu rosto um tanto quente. - E...Ahn, obrigada, mesmo você tendo exagerado. Mas exagerou só um pouquinho. - Dou de língua.

Maxon dá uma risada contida.

–Só um pouquinho? - Pergunta, as sobrancelhas erguidas.

–Quase nada exagerado, sei que sou incrível. - Falo em tom de brincadeira.

Maxon sorri e para diante a uma porta enorme de carvalho escuro, com a mão esquerda na maçaneta.

–Então, senhorita Incrível, está preparada? - Me indaga, olhando em meus olhos intensamente. Começo a ficar ansiosa, minhas mãos começam a ficar suadas. O que será que ele estava aprontando?

–Confesso que não. É algum presente? Sério, eu amo presentes. - Digo com um sorrisão no rosto.

Maxon pensa por um momento.

–Sim e não.

Franzi o cenho.

–Como assim? Deixa eu ver. - Falo, tirando sua mão da maçaneta e girando-a em seguida.

Ponho um pé para dentro da sala, me deparando com um lugar consideravelmente espaçoso. É uma biblioteca com os mais variados gêneros de livros. Olho pra trás, vendo Maxon com as mãos dentro do bolso de sua calça jeans.

–Estava na minha ficha que eu adoro ler? - Pergunto com um sorriso.

–Não. - Responde ele depois de uma risada abafada, entrando na sala e ficando ao meu lado. - Mas você tem cara de quem não perde uma boa história literária.

–Está completamente certo. - Eu digo, caminhando mais para dentro do ambiente, olhando fascinada para a quantidade de histórias que se abrigavam ali. Deslizo os dedos pelas as capas de leve e dou uma olhada em Maxon novamente. Ele ainda está parado perto da porta, sorrindo tanto com o lábios quanto com os olhos. - Se você não me encontrar em nenhum lugar da mansão, pode crer que vou estar por aqui!

Ele concorda com a cabeça e se aproxima lentamente. Quando está bem próximo de mim, põe uma mão sobre o meu braço bem rápido, como se achasse que eu me ofenderia se permanecesse ali mais do que poucos segundos. Mas estava redondamente enganado, eu não me ofenderia, ele é meu amigo.

–Sabia que iria gostar. - Fala, me encarando com aqueles olhos castanhos.

–Você sabe muito sobre mim, mesmo me conhecendo a praticamente um mês apenas. - Murmuro, evitando olhar muito para o seu rosto. Será que Aspen sabia essas coisas sobre mim também? Será que quando ficássemos juntos ele me entenderia e faria surpresas sobre coisas que nunca havia lhe contado?

Balanço a cabeça com aquele pensamento. Minha briga com Aspen já foi superada e não era justo compará-lo com outro cara.

–Algum problema? - Pergunta ele. Fito seu rosto novamente a abro um sorrisinho amarelo.

–Não, não. - Respondo. Maxon parece não acreditar, mas mesmo assim não insiste no assunto. O que é raridade, porque quando ele quer ser insistente...meu Deus, saí de baixo.

–Eu já te contei que adoro música clássica? - Indaga de repente, quando um minuto inteiro de silêncio constrangedor começava a ficar pesado demais.

Agora abro um sorriso mais autêntico, acompanhado de uma boa e velha revirada de olhos.

–Não, mas eu imaginava. - Lhe lanço uma piscadinha.

Maxon ri um pouco.

–Poxa, parece que você é observadora.

–Você é mais, pode ter certeza. - Retruco, recebendo um balançar de cabeça como resposta.

–Vai se sentir melhor agora com esta biblioteca ao seu dispor? - Questiona, gesticulando para o recinto muito bem iluminado com duas enormes janelas.

Ergo o dedo polegar e faço um 'jóinha' para ele.

–Meu tédio será drasticamente diminuido, pode ter certeza. - Falo. Maxon se afasta um pouco de mim, andando com seu porte imponente, os ombros largos agora estavam de costas para mim. - E...obrigada, de verdade. - Concluo eu, sentindo-me verdadeiramente grata por esse gesto.

Maxon vira a cabeça para trás apenas para que eu pudesse vê-lo sorrir tortinho pra mim.

–Não é pra isso que servem os amigos? Ajudar sempre que possível. - Ele dá mais alguns passos a frente, abrindo uma porta que até aquele momento eu não havia percebido. Girando pelo o calcanhar, agora ele está com o corpo voltado para o meu. - Me desculpe por não ter mostrado antes, é que...

Ergo as duas mãos na altura dos ombros e sorrio.

–Não se preocupe, sei que está muito ocupado com toda essa coisa de politicagem.

Ele ergue uma de suas sobrancelhas e sua expressão torna-se divertida.

–Politi...o quê?

Solto uma risada.

–Cagem.

Maxon franze a testa, mas o sorriso dele ainda estava no seu rosto.

–Uma boa palavra...vou incluir ela no meu dicionário. - E pisca. Eu pisco de volta.

–Ok, eu deixo.

–Eu sei. - Retruca de imediato, me fazendo dar uma risadinha. - Tenho outra coisa pra te mostrar, venha aqui por gentileza.

Arqueio as sobrancelhas e esfrego uma mão na outra.

–O que é? - Pergunto toda curiosa, dando passos largos até onde Maxon estava parado.

Ele aponta para a sala escura, e acabo fazendo uma careta.

–Obrigada pela a escuridão. - Brinco.

Agora fora a vez de Maxon revirar os olhos.

–Já disse que você é apressada demais?

Dou um suspiro fingindo estar magoada.

–Já.

Nós dois rimos. E, então, Maxon dá dois passos para dentro da outra sala. Seu dedo tateia uma área da parede, até uma luz forte e clara se acesa. Tapei a boca para abafar a minha risada nervosa. O recinto não é muito grande, tem uma janela com uma cortina pesada vermelho escuro impedindo que a luz solar pudesse entrar e arejar um pouco. Posso ver alguns cômodos com pó e, encostado na parade, um belo piano de cauda e um violino se encontram. Olho para Maxon, meu rosto um misto de surpresa e alegria.

–Quando eu era criança, minha mãe tentou me ensinar a tocar piano. - Ele adentra o local mais afundo, indo em direção ao piano e tocando-o com certo ar nostálgico. Agora seus olhos focam em mim. - Ela me estimulava tocando comigo, mas com o violino. Obviamente, eu era péssimo, então paramos de tentar me tornar um musicista há alguns anos atrás.

–Por que não me contou? - Pergunto, dando passos largos (quase corri na verdade) até os instrumentos.

–Temos muito tempo ainda para contar coisas um para o outro. - Diz simplesmente. Arrisco uma olhada para o seu rosto, temendo que aquela frase tenha sido para me atingir de alguma forma, que ele soube que eu me encontrara escondida com Aspen e sobre as cartas. Mas não, seu rosto está sereno. Com certeza era a minha mente, surpreendentemente culpada por mentir, criando pegadinhas com a minha percepção. Me limitei a concordar com a cabeça.

–Eu não sei como te agradecer, Maxon. Sério mesmo, você não sabe o quanto senti falta disso!

Ele inclina a cabeça para a frente, aproximando um pouco meu rosto do seu. Seu sorriso iluminou o seu rosto.

–Você pode me agradecer tocando para mim. - Responde.

–Seria uma honra.

–Me senti importante agora.

Dou um tapinha de leve em sua testa.

–Meus amigos sempre serão importantes pra mim.

Após ter tocado mais de 5 músicas para Maxon, no violino de sua mãe, ele teve que sair para resolver algum imprevisto. Me prometeu que estaria de volta para o jantar.

Agora em meu quarto, lendo um romance que se passava no século passado, tive quase certeza de que, definitivamente, tudo seria mais simples, que nossa amizade, minha e de Maxon, seria o álibi responsável pela a minha liberdade de sair com quem eu quisesse, de me casar com quem eu quisesse. Uma batida na porta faz com que eu desgrudasse os olhos de uma página, onde a mocinha finalmente percebia que estava apaixonada pelo o herói e pelo o vilão! Dou um sorriso e deixo o livro de capa dura em cima da mesinha de cabeceira. Era óbvio pra mim que isso aconteceria desde o primeiro capítulo da história!

Quando abro, dou de cara com uma menina que disse se chamar Anelise.

–Boa tarde, senhorita America.

Sorrio para ela.

–Boa tarde.

–O almoço será servido daqui a 20 minutos mais ou menos. - Concordo com a cabeça, eu já sabia daquilo! Geralmente as refeições eram servidas sempre no mesmo horário. - Amberly e Maxon solicitam a sua presença na sala, temos uma visita na mansão hoje.

–É algum político? Alguém importante? - Indago, incapaz de disfarçar a preocupação no meu rosto.

Anelise abre um sorriso sem mostrar os dentes.

–Não, não. É a prima do senhor Maxon, Kriss Ambers.

–Prima. - Penso sobre aquilo por um momento. - Ok, diga que já estou descendo, por favor?

–Claro, senhorita. Até mais.

–Até mais.

Entro para dentro do quarto novamente, fitando minhas roupas pelo o espelho enorme. Será que deveria ser mais formal? Essta tal de Kriss, era jovem como Maxon e eu, ou mais velha? Seria ela gentil como o primo? Eu deveria fingir estar realmente noiva de Maxon, ou ela estava ciente do contrato que nos foi imposto?

Deslizo as mãos pelo o rosto com força. Argh! Por quê eles nunca me avisavam com antecedência? Que saco!

Decido permanecer com as roupas que já usava, apenas soltei os cabelos ondulados e passei um batom claro rosado e rímel. Acredito que isso seria o suficiente. Afinal, é geralmente assim que as garotas da minha idade se vestem, ainda mais quando estão de bobeira em casa, né? Respiro fundo e solto o ar lentamente. Já havia mentido para tanta gente sobre o nosso relacionamento, quantos jantares já fomos? Reuniões. Nosso noivado já havia sido até mesmo noticiado aqui em Londres.

Mas agora é diferente, sinto um nervoso esquisito borbulhar no meu estômago.

Desço as escadas com os ombros retos, a face serena como as mulheres de deputados e senadores que vira nas festas. Logo ali, sentada como uma verdadeira dama no sofá enorme e fofo dos Schreave, uma menina ria delicadamente. Sua pele é mais clara do que a minha, quase pálida, e seus cabelos são negros...não devia passar dos 22 anos. Assim que entro na visão de todos, Maxon quase dá um pulo para vir me cumprimentar. Enlaçou seu braço no meu e sussurrou no meu ouvido:

–Ela não sabe. - Diz simplesmente.

Concordo com a cabeça de leve a solto uma risada, tentando parecer que ele dissera alguma piadinha particular. Olho para ele, e seu sorriso está surpreso e satisfeito ao mesmo tempo.

–Kriss, está é America Singer, minha noiva. - Apresenta ele. Kriss levanta-se do sofá e, apesar de sua aparência mostrar delicadeza, há uma certa rudeza em seu sorriso duro.

Ei, ei, ei! Era ciúmes nessa sua cara de patricinha enquanto oscilava o olhar entre mim e Maxon sem parar.

Ok, é melhor parar. Não sou do tipo de garota que julga antes de conhecer. Talvez seja impressão, é.

–Que linda! - Exclama com uma voz doce, doce até demais. Ela me abraça brevemente.

–Sentem-se, queridos. - Diz Madame Amberly, apontando com a mão para o sofá em sua frente. Kriss e eu sentamos no mesmo sofá, enquanto Maxon sentou-se ao lado da mãe.

–America, essa é Kriss, amiga e prima de Maxon. - Fala Madame Amberly com um sorriso.

–Nos conhecemos desde de sempre, né, primo?! - Kriss afirma com animação.

–Com certeza. - Responde Maxon, com ar agradável.

–Vou deixá-los um pouco sozinhos agora. Sou muito velha para estar entre vocês! - Diz Amberly com uma risada. Kriss lenvata-se e beija as bochechas da tia.

–Você mais velha que a gente? - Ela bufa. - Pensei que tivesse a nossa idade!

Fiz certo esforço para não colocar o dedo na garganta e vômitar.

–Querida, você não mudou nada! - Ri novamente. - Mas preciso, realmente, ver como está os últimso preparativos do almoço. Até daqui a pouco, meus queridos.

Ela parte, caminhando com tamanha elegância que quase desejei ser assim também. Kriss, ao invés de sentar-se no meu lado, optou por se acomodar ao lado de Maxon.

–Lembra quando tínhamos 6 anos e tomamos banho juntos? Foi divertido!

Maxon concorda com a cabeça, seu sorriso ficou constrangido, e pude ver que ele lançou um olhar rápido em minha direção antes de corar.

–Então, como vocês se conheceram? - Pergunta, olhando de mim para ele com os olhos astutos, o sorriso aparentava animação.

–Ahn...a gente... - Está claro que Maxon se esforçava para pensar em algo coerente.

Limpo a garganta e interrompo.

–Sabe, foi muito romântico. - Murmuro, sorrindo de forma afável e natural. - Quando vim passar um tempo aqui em Londres de férias.

Kriss ergue as sobrancelhas.

–É mesmo? E o resto?

–O que, resto? - Pergunto, sentindo minha voz levemente desafinada na última sílaba.

–Sim. - Responde, como se fosse óbvio.

–Bom, nós...

Agora foi a vez de Maxon me interromper.

–Quando eu vi America, naquela tarde de sol, era sábado e...

Não me controlei e dei uma risada. Como assim? Tarde de sol ensolarada? Maxon se jogou no encosto e começou a rir também. Kriss nos encarou por um instante e então sorriu, meio afetada.

–Qual é a piada? - Pergunta, transmitindo estar incomodada, quase irritada.

–Nada, é que Maxon é tão...Maxon! - Ele me olha com o sorriso torto nos lábios, então eu continuo. - Então, nós trocamos olhares e logo nos apaixonamos. Fim.

–Nossa, que sem graça! - Retruca ela, bufando e jogando as mãos pro alto. - Não tem detalhes?

–Os detalhes são só nossos e não queremos compartilhar. Com todo respeito. - Digo. Percebendo que pude ter soado rude, complemento: - Você deve saber como é. - Pisco.

–Na verdade, sei sim. Mas vocês nem parecem noivos! - Exclamou.

–Parecemos o que então? - Qustiono, sentindo que começava a perder a paciência.

–Amigos. - Responde, divertida.

–Pois, somos amigos. - Se manifesta Maxon.

–E noivos. - Falo, mas para provocá-la do qualquer outra coisa.

–Sei. - Resmunga. Dois segundos depois Lucy aparece dizendo que o almoço já estava servido.

Já vi que não nos daremos bem. Mas quem se importa? Eu sou mais eu.

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