(Miiu POV On:)
—Ahhhhh!
Minha visão ficou turva e tudo se tornou escuro,a única coisa que me lembro foi de sentir algo acertando minha cabeça e um puxão em meus braços.
***
Abria e fechava os olhos tentando me acostumar com a intensidade da luz. Olhei ao redor,era uma sala branca e iluminada com cheiro de álcool em gel. Estava deitada em uma maca,me sentei massageando a cabeça que latejava de dor.
—Acordou?—perguntou uma voz feminina.
Foi aí que vi que estava na enfermaria do colégio.
—O-o q-que aconteceu?—eu disse meio grogue.
—A janela rachou.—disse Zatsu como se fosse a coisa mais comum do mundo.
O que ele estava fazendo aqui?
—Se não fosse Zatsu,você partiria dessa para a melhor.—disse a enfermeira.
Que palavras maravilhosas para se dizer para uma paciente...
Olhei ao redor e Zatsu havia sumido. Ok,ele é estranho.
—Você desmaiou depois dos cascos de vidro atingirem sua cabeça.—disse a enfermeira pegando algo na caixa de remédios.—Zatsu te puxou antes que você caísse e te trouxe pra cá.—a mulher pegou uma xícara e encheu de chá.—Tome,vai diminuir a dor.—ela disse me entregando a xícara acompanhada de um comprimido.
—O-obrigada—eu disse engolindo o comprimido e bebendo o chá.
Tive que me segurar para não vomitar,o chá tinha gosto de xarope misturado com uvas passas ou algo assim.
—Não é a mim quem você deve agradecer.—ela sorriu.
Afirmei com a cabeça.
Me levantei da maca,as minhas pernas estavam bambas e eu estava com um pouco de tontura.
—Consegue voltar pra sala?
—Sim.—eu disse me mantendo de pé.
—Certeza?
—Estou bem.—eu forcei um sorriso.
Sai da enfermaria e fui correndo até o banheiro. Me olhei no espelho,havia um enorme gase ensanguentado em volta da minha cabeça com alguns curativos. Será que ela havia dado alguns pontos? Acredito que não, não deve ter sido tão grave.
Entrei dentro de uma cabine e pude ouvir alguém chorando na cabine ao lado.
—Hã...Oi?—eu disse saindo da cabine.
—Sai daqui.—disse uma voz feminina (claro,estávamos no banheiro feminino) meio embargada.
—Hum...Não quer conver...—eu disse.
—Me deixa sozinha!—disse a garota abrindo a porta da cabine.
Era uma garota meio baixa,com cabelos tão loiros que chegavam a ser brancos presos a um rabo-de-cavalo lateral e os olhos vermelhos inchados.
—V-você estava c-chorando?—eu perguntei.
—O que te interessa?—ela disse grossa,em seguida saiu correndo do banheiro.
Fiquei parada uns segundos encarando o nada. Senti algo quente sair de meu estômago e subir para garganta,imediatamente me tranquei numa cabine e...Que nojo.
(Miiu POV Off)

(Zatsu POV On:)
Zatsune Miku e Rei Kagene,meus queridos pais que me obrigaram a estudar neste colégio. Valeu (estou sendo irônico).
Meus pais acharam melhor me formar no mesmo colégio que eles.
Como meus pais estão sempre mudando de cidade,eu ja me acostumei em ser aluno novo em um colégio novo todos os anos,então,vou fazer o que sei fazer de melhor: ficar abaixo do radar. Sabe,não ser notado.
***
As pessoas desse colégio realmente acham que vão se formar e sair daqui cantando em turnês e abrindo shows da Ivete Sangalo. Acreditem,é melhor não se iludir.
Posso parecer frio e estraga prazeres,mas sou apenas realista.
A vida não é um mar de rosas,e sim um mar frio de lágrimas derramadas ao longo dos anos escuros de solidão. Profundo,não?
Sai de meus devaneios ao ouvir uma voz estridente cantar.
Estávamos no meio de um jogo de apresentações e uma garota decidiu mostrar o que sabia fazer de melhor: nos deixar surdo.
A voz da garota era pior que ouvir as Esquiletes(de Alvin e Os Esquilos) cantando "A docinho de leite".
Sério,até um papagaio mudo cantaria melhor. Não estou sendo malvado.
—Vamos ver....—a professora olhou ao redor—Ei,pode vir até aqui?-disse ela olhando para mim sorrindo.
Fui pra frente da sala,sendo seguido de vários olhares e sussurros.
A professora fez um sinal para que eu me apresentasse e logo após começou a escrever algo no quadro.
—Sou Zatsu Ka...—eu disse,mas fui interrompido por batidas atrás da porta.
—Entre.—disse a professora.
A porta se abriu,revelando uma garota baixinha de cabelos verdes-água que estavam caídos sobre o rosto. Não consegui ver o rosto dela,porque a esverdeada olhava fixamente para baixo.
—D-d-desculpa o a-atraso,professora.—ela disse.
—Melhor chegar atrasada do que não chegar. Estamos no meio do jogo de apresentações.
—J-jogo de apresentações?—a esverdeada perguntou.
—Sim. Você diz seu nome,idade e o que gosta de fazer.—disse a professora.
Foi aí que a garota olhou para cima e pude ver seus olhos azuis cianos observando a sala de aula. Ela se virou e olhou para mim.
Eu a encarei de um jeito mortífero por atrapalhar minha apresentação e me fazer ficar ali de pé por mais tempo do que eu necessitava ficar.
Odeio ficar parado na frente da sala de aula,parece que o universo está somente centrado em você, os seus "novos colegas de classe" ficam te observando e não dá pra saber o que se passa na mente deles.
A esverdeada disse algo,mas não consegui entender o que era.
A professora passou os braços pelos ombros da garota e fez um sinal para que eu prosseguisse.
—Me chamo Zatsu Kagene,tenho 13 anos e gosto de compor músicas.
—Seja bem-vindo Zatsu.—disse a mulher.—Sua vez.—ela empurrou a esverdeada.
Eu me dirigi até meu lugar no fundo da sala ao lado da janela que dava a vista para a quadra.
—M-me c-chamo M-Miiu, t-tenho 13 a-anos e amo cantar.
—Seja bem-vinda,pode se sentar.
Miiu se sentou no fundo da sala,a 4 fileiras de distância da minha carteira.
Chou Kasane foi na frente da sala se apresentar,os cabelos rosados em tom vermelho estavam caídos sobre as costas e os olhos rosados demonstravam nervosismo. Medo de não se encaixar.
Enquanto Chou falava,a louca esverdeada do hospício decidiu atrapalhar:
–Professora! Posso ir ao banheiro?
Miiu saiu como um raio da sala de aula,sem nem ao menos deixar a professora abrir a boca para responder.
Pensando bem,Miiu me parece familiar...Deve ser coisa da minha cabeça.
Na frente da classe estava meu primo Haru e seu irmão gêmeo Saito,os dois tinham os cabelos vermelhos e os olhos eram completamente escuros. Haru deixava o cabelo cobrir seus olhos,já Saito o deixava todo arrepiado.
Ao bocejar aproveitei para disfarçar e olhar de soslaio para o garoto que se sentava na minha diagonal,para minha infelicidade era meu outro primo (e meu rival) por parte de mãe (filho do irmão da minha mãe).
Seu nome era Shadow Zatsune,tinha os cabelos mais escuros que os meus e com mechas vermelhas (ele não é emo),os olhos eram completamente vermelhos vibrantes, na maioria das vezes ele parecia com um vampiro depressivo e conseguia ser pior que eu na frieza.
Já levei muita pancada desse cara e sempre perdia pra ele nas corridas. Shadow percebeu que eu o encarava,ele me olhou com desprezo e eu desviei o olhar.
Depois foi a vez de uma garota se apresentando,tinha orelhas de neko na cabeça e longos cabelos coloridos,seu nome era Akemi Rocks.
A porta da sala se abriu lentamente e pude ver Miiu entrando de cabeça baixa se segurando para não chorar. Eu em.
A última apresentação que assisti antes de desmaiar de tédio em cima da minha carteira foi de um garoto chamado Akio Megpoid,o cabelo dele era verde e todo arrepiado,os olhos verdes demonstravam entusiasmo por debaixo a armação preta dos óculos e tinha um sorriso bobo estampado na cara.
***
O sinal pro intervalo bateu,antes de sair da sala vi a esverdeada se levantando devagar meio pensativa.
—Zatsu!
—Hã?—arregalei os olhos.
—Acorda!—disse Saki estalando os dedos.
Não sei porque,mas Saki Shion virou meu "amigo" do nada. Ele só começou a andar comigo e pronto.
***
Estava andando por um corredor estreito,quando vi uma loira com um tapa olho correndo pra cá e pra lá como um raio. (Estava contando os segundos para ver ela tropeçar e cair)
Havia me livrado de Saki que só queria saber de sorvete.
Andei até o final do corredor,onde estava escuro pois a lâmpada estava queimada,subi algumas escadas que me levaram até o terraço do colégio, lá poderia ficar sozinho.
Pude sentir o vento que batia forte em meu rosto,bagunçando meus cabelos.
O céu estava bem azul com várias nuvens.
—Ahh...—suspirei me espriguiçando.
Fui até a beirada,onde acabava o prédio,era bem alto. Inclinei um pouco o corpo e vi Miiu olhando pela janela. Os olhos cianos procuravam por algo com curiosidade.
Olhei para baixo e vi os grupinhos de alunos reunidos no pátio da frente.
Os próximos segundos foram como um flash: ouvi um barulho de vidro rachando. Em seguida,corri desesperado até o quinto piso,cambaleei pelas escadas quase caindo de cara no chão. Ao virar o corredor pude ouvir o barulho da sola do meu tênis fazendo aquele som agoniante no chão(coisa que me dá gastura) Eu estava ofegante e suado e meu único pensamento era "Miiu".
—Ahhhhh!
A janela rachou em mil pedaços dando espaço a uma forte lufada de vento gelado e uma chuva de cacos de vidros indo em direção de Miiu.
Antes que ela caísse lá embaixo eu consegui segura-la. Dei um puxão em seus braços,a abraçando por trás. A esverdeada sangrava muito,os olhos abriam e fechavam pesados,até não aguentar mais e desmaiar.
***
Carreguei Miiu até a enfermaria,a enfermeira a deitou na maca e tratou de cuidar de seus ferimentos.
—O que houve?—ela perguntou analisando Miiu.
Contei o que aconteceu,enquanto a mulher pegou uma caixa de primeiros socorros.
—Aquele vidro era muito frágil e já estava velho...Miiu teve muita sorte de ter sido salva por você.—ela disse andando até mim.—Deixe-me ver...—segurou meu rosto.
Eu estava com alguns arranhões no rosto e no braço por causa da colisão com a janela.
A enfermeira passou um remédio spray que ardia muito e depois fez alguns curativos. Ela até me obrigou a tomar um chá de xarope de ameixa seca.
—Está melhor?
—Estou.—eu menti me segurando pra não vomitar a bebida. Eu não estava melhor, coisa alguma! Aquele chá em vez de nos deixar melhor, nos deixava a ponto de morrer de enjôo.
—Quer mais chá?—a enfermeira perguntou.
—NÃO!—eu balancei as mãos no ar negativamente.