Coisas Para NÃO Se Fazer Bêbada escrita por Ju Mellark


Capítulo 2
Capítulo 2: Como Amar Ter Ficado Bêbado - Com K.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas que eu adoro! Tudo bem com vocês?
Estou super feliz com o retorno dessa história, fico muito, muito feliz de terem gostado tanto quanto eu gosto ♥
Pois bem, o segundo - e penúltimo - capítulo, em Pov. Peeta, relembrando um pouquinho da noite confusa e louca. Ah, e uma certeza ele tem - que não se arrependeu haha por isso o título.
Aproveito para desejar um feliz Natal pra todo mundo. Sei que dizem que isso não é o mais importante, mas espero que vocês tenham ganhado vários presentes, e o que queriam ganhar. Mas mais que tudo, espero que tenham passado com a família, isso sim é o importante. Aproveitem muuuito, sim? Que aconteçam cada vez mais coisas boas com cada um, mas também façam acontecer! O mundo devolve o que nós damos, então dêem muito amor!
É isso, espero que gostem :) Muito obrigada de novo.
Eu sei que o Peeta é meu e o Finnick da Sra Manu Schreave, mas se alguém se interessar pelo Marvel, pode entrar em contato, ele ainda está disponível kjfhakah
Comentem, favoritem (aliás, obrigada para quem favoritou ♥), recomendem (adoro, pode ser meu presente de Natal u.u). Espero que gostem!
Beijos :3
P.s.: Sis, mande as reações ao vivo de novo. Obrigada, de nada.



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Estávamos conversando havia uma hora e meia. Uma ou outra bebida vinha devagar, discretamente, passando-se despercebida. Continuei pedindo Martinis, porque seria pior misturar drinks, para o barman, que me olhava um pouco estranho.
— Então ele disse que "não estava curtindo o que sempre pensou em curtir"— Katniss fez aspas ao citar Chase. - Isso quer dizer que ele não estava satisfeito porque não transava com uma mulher diferente a cada noite. - Revira os olhos. - Então terminou comigo.
— Seu ex era um babaca. - balancei a cabeça em negativa, desaprovando um cara como ele. Como alguém tinha coragem de dispensar alguém como ela?
— É, eu tenho que concordar com isso. - Tomou um gole do seu drink. - Agora sua vez.
— Ela se chamava Delly. A conheci porque era uma prima distante do meu amigo. Fazia uns nove meses que estávamos juntos. Ela começou a reclamar constantemente das coisas que eu fazia, dizia que eu era imaturo e se sentia como se ao invés de namorada fosse minha babá. Falava que eu parecia mais um garoto que um homem - dei de ombros.
— Sua ex era uma idiota, você é um cara tão legal - disse. Nós dois estávamos altos, mas não a ponto de ser considerados bêbados. Ainda não.
— Obrigado, Kat.
— Devíamos mandar mensagens para eles. - falou em tom desgostoso. - Dizendo que são idiotas. - Começamos a rir juntos.
— É verdade - pego meu celular no bolso e procuro Delly nos contatos.
— Quando não for mais um idiota, me ligue - leu o final. - Ele nunca vai poder me ligar. - Riu. - Pronto. Agora nós os excluímos dos contatos.
— Excluído. - apaguei o número voltei a guardar o telefone. - Kat, será que eu pareço mesmo um adolescente? – Pergunto, franzindo o cenho.
— Não, não, não - balançou a cabeça várias vezes para confirmar. - Esquece o que aquela garota disse, Peeta. Esquece ela. Ela terminou com você e ela saiu perdendo, ok?
— Ok. É verdade. Mas é que às vezes eu... - Katniss não me deixou terminar a frase, avançando para me beijar.
— Pare com isso - disse. - Sua ex é a idiota.
— Isso foi muito bom - falo bobamente, ignorando o que disse. Ela começou a rir.
— Isso? - colocou a mão em meu pescoço para se aproximar e me beijou outra vez, mais profundamente. Levei minhas mãos para sua cintura.
— Exatamente isso - disse, dessa vez eu mesmo avançando.
Quando tínhamos nos beijado tempo suficiente para a pergunta, eu finalmente a fiz:
— Vamos sair daqui? - Ela concordou ofegante, e peguei sua mão para sairmos da boate.
Nós pegamos um táxi, e eu disse rapidamente para o motorista dirigir para meu prédio. Katniss pegou seu celular e mexeu em algumas coisas, mas eu apenas vi seu calendário de relance na tela.
— Tem alguma coisa amanhã? - questionei.
— Não mais - sorri.
O táxi parou na frente do prédio, e dei qualquer nota ao motorista para entrarmos logo.
No elevador, Katniss voltou a me agarrar, esperando subir até meu andar.
— Vem - sussurrei, a puxando quando as portas se abriram em um corredor escuro.
— Ai, Peeta - reclamou quando tropeçou, mas logo começou a rir.
Tirei minha chave do bolso e tentei encaixá-la na fechadura da terceira porta à direita. Katniss beijou minha nuca, me fazendo suspirar.
Estava mais escuro ainda dentro do apartamento, eu não conseguia ver absolutamente nada, mas conseguia sentir. Sentir Katniss entre minhas mãos que desciam de sua cintura cada vez mais, a pressionando contra a porta.
Ela conseguiu inverter nossos lugares, comigo encostado na parede, e começou a beijar meu pescoço.
— Isso... - disse, começando a rir. - Isso faz cócegas - me queixei.
Ela riu junto de mim e bagunçou meus fios quando nos beijamos outra vez. Katniss tirou seus saltos com os próprios pés e se impulsionou para rodear suas pernas em minha cintura.
— Katniss - gemi quando mordeu meu lóbulo. Suas costas bateram em algumas partes das paredes, mas logo estávamos em outro ambiente. Meu quarto.
— Você fica muito bem com esses óculos, sabia? - comentou quando sentei com ela em meu colo, os tirando de mim e colocando nela própria.
— Obrigado.
— Está tudo embaçado. - disse.
— Pra mim também - ri, e beijo seu pescoço e colo. - Você está quente. - Falei, tirando seu blazer devagar e o jogando longe.
— Você também - arqueou uma sobrancelha, colocando os dedos nos botões um por um, até minha camisa estar aberta. Katniss começou a me beijar outra vez, me empurrando para deitarmos na minha cama. Ela desabotoou minha calça, e atirou minha camisa para trás. Quando eu estava apenas de cueca, pareceu ficar finalmente satisfeita.
— Isso não está justo - resmunguei em tom idiota.
— Tudo bem - ela se levantou e colocou os braços para cima. - Faça ficar justo.
Eu sorri e fiquei sentado no colchão. Kat estava de costas, com as mãos na cabeça. Eu empurrei seu short para baixo lentamente, até a peça alcançar o chão. Me levantei e a puxei para mais perto pela cintura, a beijando, enquanto tentava tirar sua blusa.
— Você rasgou minha blusa - disse fazendo beiço.
— O quê? - perguntei debilmente.
— Você rasgou minha blusa. - Repetiu. E eu tinha mesmo rasgado.
— Desculpe, não era... - Katniss começou a rir de novo e me empurrou para a cama outra vez.
Eu virei para ficar por cima, mas ela virou mais uma vez para inverter de novo, e não deu muito certo.
Ai— gemeu depois da pancada contra o chão.
— Você está bem? - perguntei preocupado, enxergando menos sem meus óculos.
— Estou. Ai. - Consegui identificar sua silhueta se levantando e deixando algo sobre minha mesa, depois se voltando para mim. - Aqui - agora sua sombra estava desenhada, porque Katniss colocara os óculos em mim novamente.
Eu me levantei e me inclinei para beijá-la, e mais uma vez suas pernas se enroscaram em meu tronco. Seu beijo foi ficando mais intenso, e suas unhas correram por minha nuca e ombros. Minha respiração começou a falhar, e meus instintos seguiram para a cama, onde a deitei.
Seus pés desceram minha última peça, e abri o fecho de seu sutiã.
— Peeta - gemeu, me fazendo arrepiar.
Meus sentidos não eram os melhores naquela noite, passavam longe disso. Mas aconteceu muita coisa.
Na manhã seguinte, eu estava com muita dor de cabeça, e uma névoa bloqueava qualquer coisa que tentasse passar por minha mente, antes mesmo que eu abrisse os olhos.
Uma boate. Cato e Gale passaram no apartamento e me levaram para uma boate, depois me deixaram quando começaram a dançar com duas garotas. Era isso que eu sabia, não tinha ideia nem de como viera parar na minha cama.
Bocejei e me espreguicei, esticando os braços, e ouvi um resmungo do meu lado. Meus olhos se abriram no mesmo instante.
Claro, tinha que haver algo errado.
Espiei de esguelha à minha direita, mas vi apenas ondas castanhas espalhadas pelo meu travesseiro.
— Meu Deus - só mexi a boca e procurei pelos meus óculos no criado mudo.
Comecei a me afastar lentamente para sair da cama, mas minha perna estava entre as suas. A tirei delicadamente, e a garota fez menção de virar. Com medo de acordá-la, deslizei pelo colchão para sair de perto, mas acabei de bunda no chão.
Pelado.
— Meu Deus, meu Deus, meu Deus - respirei várias vezes, associando minha situação à noite anterior. Não, não podia ter acontecido...
Meu quarto estaria normal, se não houvesse tantas peças espalhadas por ele. A primeira que bati o olho foi a que eu vesti, minha cueca, e abri a porta para sair.
Marvel estava sentado no sofá, com o computador no colo e um fone de ouvido, concentrado na tela.
— Você vai morrer, Jim0754— sorriu diabólico.
Já Finnick estava na cozinha, assobiando uma música enquanto virava panquecas no ar.
— Café da manhã no almoço é muito bom - cantarolou desafinado. - Ei, olha só quem acordou. - o ruivo me olhou de canto.
Jim0754 está morto. - Marvel surgiu na cozinha batendo as mãos como se tivesse acabado sua tarefa. - Peeta, pelo amor de Deus, vai colocar uma roupa - tapou os olhos com as mãos.
— Algum de vocês me viu chegar ontem? - perguntei, ignorando qualquer coisa que os dois tivessem falado.
— Não - disseram juntos.
— Ouviram? - Eles balançaram a cabeça. - O que eu fiz... - passei a mão pelos cabelos e fechei os olhos com força.
— O que aconteceu? Está de ressaca? - Marvel sorriu como se aquela dor excruciante fosse um máximo.
— Não só isso - minha cabeça latejou.
— O que foi? - Finnick perguntou tranquilo, cobrindo suas panquecas com uma quantidade exagerada de chocolate.
— Tem, hum... - tossi. - Tem uma garota no meu quarto. - Digo rápido, sentindo meu rosto queimar.
De repente, Marvel estava rindo, e sua risada era a única coisa que quebrava o silêncio.
— Uma garota? - perguntou divertido. - Um ser humano... com vagina? No seu quarto? - questionou para confirmar, me fazendo corar outra vez, mas ele parou de sorrir com ar de piada ao notar que minha seriedade não tinha mudado. - Nua?— mudou o tom para interessado. Revirei os olhos.
— Provavelmente, mas, Marvel, eu não estou me importando com isso agora... - ele me interrompeu.
— Não se importando com uma garota nua na sua cama? - perguntou retoricamente, de queixo caído. - Qual é o seu problema?
— Estou dizendo que não me lembro de nada - franzi o cenho, coçando a nuca.
— Como assim? - indagou Finnick.
— Sei que a conheci na tal boate que fui com Cato e Gale. É só até agora. - Dei de ombros.
— Se você for o único que não se recorda de nada, está na mira de um salto quinze - Finn suspirou, até deixando o prato de panquecas de lado.
— Até porque é óbvio que vocês transaram - Marvel sorriu malicioso.
Sim, realmente acontecera, estava óbvio. E eu não estrutura para negar.
— Estávamos bêbados - dei uma desculpa como ponto final.
— Você tem certeza de que ela estava? - Marv provocou, me seguindo junto com Finnick até meu quarto.
— Eu... eu não sei. - Entro furtivamente, assim como eles. - Fiquem quietos. - peço em um sussurro.
A garota estava do mesmo jeito de antes de eu deixar o quarto. De lado, uma perna para fora do lençol e os cabelos embaraçados sobre o travesseiro. Era realmente muito bonita, mesmo dormindo; seus traços leves e ao mesmo tempo marcantes mostravam isso.
— Disse que havia uma garota - Marvel sussurrou.
— Sim, eu disse - franzi as sobrancelhas.
— Não é só uma garota. É uma mulher - silvou sorrindo. – Não, uma deusa.
— Não sei o que eu faço. - Mordo o polegar.
— Primeiro você tem que se vestir. - aconselhou Finnick.
Concordei e comecei a recolher das roupas jogadas o que era meu, e vesti uma bermuda com camiseta.
Marvel e Finnick não paravam de olhar para a garota (ou mulher, como o primeiro dissera), e isso chegava a ser bizarro.
— Temos que esperá-la acordar.
— Como você não lembra dela? - inquiriu Marvel duvidoso. - Deve ter bebido pra caramba, uh? - Cruzou os braços e se sentou em minha cadeira, começando a brincar com meu globo em cima da mesa, o girando. - Peeta Mellark é um conquistador, você não acha, Finn?
— Cala a boca, Marvel - revirei os olhos.
— Acho que ela está acordando - sussurrou o ruivo, nos silenciando e nos fazendo olhar para a cama, onde ela se virou de bruços e enterrou a cabeça nos travesseiros. Pude ouvir seu suspiro.
— Fiquem quietos! - exclamo em tom baixo. - Vamos, saiam do meu quarto. - Pedi, apontando a porta.
— E perder essa cena? Nem pensar, Conquistador— negou Marvel com malícia.
— Saiam ou vou tirá-los daqui - ameaço com um suspiro, indo abrir a porta como um convite para que saíssem.
— Finnick, deveríamos ter ido com Cato e Gale ontem, até Peeta se deu bem! - zombou.
Nah, Peeta disse que estavam bêbados - Finn deu de ombros.
— Mesmo assim, ela é muito gata! - falou de olhos arregalados com admiração. - Usaram camisinha, não é, Conquistador? - Ele inquiriu, me fazendo ficar vermelho.
— Vocês são surdos? Saiam do meu quarto antes que ela acorde e se assuste.
— O que te faz pensar que ela não se assustará com você? - resmungou emburrado, finalmente se levantando e saindo, seguido por Finnick e por mim, então fechei a porta.
— É melhor começar a lembrar de tudo, hein, amigo? Vai que um espermatozóide já, você sabe, penetrou o... - Marvel teve um ataque de risos. - Desculpe, mas isso é tão... ai, essa situação é bem engraçada. Você nunca bebe, e tal...
— Hilário, Anão— ironizo, e ele fecha a cara com o apelido. - Vão ter que sair do apartamento. - Aviso ambos.
— O quê? Por quê? - perguntaram juntos. - O apartamento também é nosso, temos direito de ficar aqui, além de que não vou perder isso. - O mais baixo balançou a cabeça em negativa, franzindo as sobrancelhas.
— Sabe o quanto seria bizarro ela acordar em um lugar estranho onde moram três caras juntos? - arqueio uma sobrancelha, indicando a porta. - É sério, pessoal.
— Tá - Marvel emburrou de novo, e colocou as mãos nos bolsos. - Acho que deixei minha carteira da Liga da Justiça no seu quarto. E meu celular. - Antes que eu pudesse impedi-lo, ele correu para o meu quarto, e bufei.
Em uns dois minutos, gritou da porta:
— Peeta, vem aqui! A Bela Adormecida acordou! - E voltou com cara de idiota; olhos arregalados, queixo caído, foco no nada. Então, saiu se pestanejar. - Acabei de ter a melhor visão da minha vida.— Disse antes, com um sorrisinho de lado. - Vai lá, cara. - Me lembrei de que ainda havia uma garota no meu quarto.
Finnick também se virou para ir embora, mas voltou para a cozinha e pegou seu prato de panquecas antes de fazê-lo.
Respirei fundo.
Qual é, você passou a noite com ela. Vamos.
Caminho como um robô pelo corredor, sentindo meu corpo quente e o suor começando a sair de meus poros. Parei diante da porta e respirei lentamente.
Entre, minha consciência mandou impaciente.
Olhei para cima, soltando a respiração e colocando a mão na maçaneta.
A garota estava em pé, do lado da cama, com algo na mão e meu lençol do Batman na frente do corpo. Descabelada, eu admito, mas ainda sim era linda. Na hora que se virou, seus olhos - incrivelmente cinzas! - se arregalaram um pouco.
— Desculpe - murmurei ainda desconcertado com a cor. Cinzas! Eram os olhos mais incríveis do mundo!
— Olá? - disse em tom de pergunta, logo depois mordendo o lábio nervosamente e ficando um pouco vermelha. - Você é, hm... - nós dois olhamos pra minha cama. Travesseiros jogados, edredom no chão, a pior situação que uma cama pode estar; minha mãe brigaria comigo se a visse daquele jeito.
— Sim - mordi o dedão e olhei para baixo. O piso era muito legal.
— Peeta, não é? - assenti algumas vezes de braços cruzados. - Você... se lembra de alguma coisa? - perguntou de sobrancelhas franzidas.
— Nada - levantei os olhos, arrumando meus óculos. - E você? - diga que não, diga que não.
— Não. - ajeitou o cabelo atrás da orelha. Graças a Deus!
Por algum motivo, senti que devia dizer algo.
— Desculpe - ela falou ao mesmo tempo que eu. Eu sorri um pouco, e ela também.
Ela. Por que eu não me lembrava do nome?
— Na verdade, eu não sou esse tipo de pessoa... - começou.
Estava sendo fácil, porque ela estava na mesma situação que eu praticamente, e eu agradeci a isso.
— Eu entendo perfeitamente - a interrompi. - Eu também não.
— E nós bebemos...
— Além da conta - completei, me sentindo aliviado.
— É muito bom deixar tudo tão claro - sorriu. Seu sorriso também era bem bonito, combinava muito com seus lábios. - Ei, hum... você tem uma camisa pra me emprestar? É que... - ela mostrou o que segurava. Um tecido; não, uma blusa que agora era só um tecido, porque estava rasgada. De repente, pensei que provavelmente eu fizera aquilo, e senti meu rosto queimar.
Quem era Peeta Mellark bêbado?
— Ahn... tenho. Eu... - me virei e abri o guarda roupa. Onde eu guardava minhas camisetas mesmo? - Não é aqui, hm... - procurei em outra parte, no meio dos cabides e gavetas. Então achei uma, dos tempos em que eu era um magricelo e havia ganhado no primeiro dia do trabalho dos meus sonhos. - Essa - estendi a camiseta dobrada. - É a menor que eu tenho.
— Obrigada. Posso usar o banheiro?
— Claro. É a porta da frente - aponto. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, ela deixou o lençol que a cobria sobre minha cama e simplesmente vestiu a camiseta na minha frente, me fazendo ficar paralisado. Jogou o cabelo para trás, pegou algo sobre minha mesa e andou na ponta dos pés até o banheiro.
— Ai, meu Deus - sussurrei sentindo-me corar mais uma vez. Balancei a cabeça e comecei a arrumar minha cama.
Quando imaginei que minha mãe me elogiaria ao ver o quarto, fui para a cozinha e bati na cafeteira para a mesma fazer minha bebida.
Ela demorou em demasiado, mas quando ouvi o chuveiro, entendi o porquê.
— Peeta? - sua voz chamou do corredor. Apareci detrás da bancada.
— Hm, oi. Café? - ofereci, servindo em minha caneca. Ela estava calçando seus saltos.
— Obrigada. Eu aceitaria, mas acabei esquecendo e tenho um compromisso muito importante daqui quinze minutos. - Respondeu realmente preocupada, mordendo o lábio inferior.
— Ah, tudo bem - digo. - Vem, eu te acompanho até a porta.
— Espera - quando eu ia abrir a porta, ela estancou, se aproximando de uma moldura com expressão duvidosa. - Isso é...
— A primeira edição do Batman? Sim - sorri orgulhoso. Depois, a olhei com curiosidade. - Entendi disso?
— Eu? Não, eu só... - tropeçou nas palavras. - Tá - diz com o que parece relutância. - Só um pouco - dá de ombro. - Eu tenho um irmão mais novo louco por essas coisas. - Explica.
— Ah, sim.
— Como conseguiu isso? É tão raro e custa milhares de dólares... - falou. - Você comprou? - Me olhou assustada.
— O quê? Não! - balanço a cabeça para confirmar o que disse. - Pra conseguir um desse eu provavelmente teria que vender um órgão no mercado negro. Nem assim, acho. - Sorri divertido. - Quem me dera fosse original. - Franzi os lábios.
— Ah, entendi. Você mesmo fez a cópia?
— É, fiz, com uma ajuda dos meus colegas de quarto. Não denuncie a pirataria. - Peço. Ela ri.
— Está seguro comigo. - Assentiu.
— Obrigado - ajeitei os óculos. Só havia uma palavra para seus olhos: incríveis, incríveis e incríveis. Lindos, claro, mas totalmente incríveis, acima de tudo.
— Eu preciso ir mesmo, já chegarei atrasada - diz. - Isso é muito legal - indicou o quadro em que a revistinha estava emoldurada.
Abri a porta.
— Hm, acho que nos vemos por aí - dá de ombros levemente.
— Sim - assenti, de repente um pouco animado com a possibilidade.
— Tchau - sorriu e se virou.
Vai, vai logo! Sério que vai perder essa chance, seu idiota?, a voz da minha cabeça zombou. Eu não poderia ter uma consciência menos malvada?
— Ei, espera - a chamo impulsivamente. - Acho que isso é um pouco estranho, mas... - a situação era estranha, corrigindo. Ela assentiu para que eu prosseguisse. - Pode me passar... você sabe, seu número? - Ela sorriu um pouco, e parou pra pensar.
— Algo me faz acreditar que eu já passei - arqueou as sobrancelhas e foi embora.
Quando as portas do elevador se fecharam, eu corri para dentro, procurando meu celular onde pudesse estar. Tropecei umas três vezes, ou na quina da estante, ou no pé da cadeira ou na porta. Todas doeram com a mesma intensidade. Mas achei meu celular!
Busquei por algum contato com nome desconhecido. Revirei a lista toda quase dez vezes. Mas nada.
Talvez o pressentimento dela não estivesse certo. Ótimo.
— Voltamos! - Marvel gritou batendo a porta. - Ela já foi embora, não é? - perguntou. Voltei para a sala e balancei a cabeça, me jogando no sofá de couro preto. - O que foi?
— Me apaixonei. - respondi dramaticamente.
— Tão rápido? - Finn zombou, com calda melando em volta dos lábios.
— E fácil - completei. - Vocês não seriam diferentes, a garota é perfeita - divago.
— Prove - disseram ao mesmo tempo.
— Fisicamente, vocês sabem. - Me refiro a atributos perceptíveis. - Mas chegaram a ver os olhos dela? - semicerro os meus.
— Oh, eu tenho que concordar - Marvel balançou a cabeça. - Ela poderia ser escalada para fazer a Mulher Gato por causa daqueles olhos.
— E só mais uma coisa pra vocês também caírem de amores - suspiro. - Meus caros, o que qualquer garota perguntaria se visse aquilo? - aponto a HQ. - Vocês sabem a resposta.
"Por que colocou uma revistinha em uma moldura?"— imitaram resmungões afinando as vozes, me fazendo rir.
— Ela ficou de boca aberta quando viu que era a edição N°1 do Batman— fiz a melhor cara de apaixonado.
— Não - disseram juntos e desacreditados.
— Estou dizendo - assenti com a mesma expressão.
Ela é minha— Marvel anunciou.
— Não é, não - Finnick retrucou franzindo as sobrancelhas.
— Eu disse primeiro - rebateu o outro. Comecei a rir, cínico. Ambos me olharam.
— Cavalheiros - continuei, irônico. - Aceitem, eu transei com ela - dei ênfase convencido.
— Vocês estavam bêbados! - Marvel exclamou.
— Ainda assim, eu a vi primeiro - semicerrei os olhos.
Droga— praguejaram. Às vezes, pareciam gêmeos. Mas apenas pensavam na mesma velocidade. - E você tem o número dela? - o ruivo arqueou uma sobrancelha.
— Eu... não o achei ainda. - Falo, baixando os olhos. - Mas vou encontrá-lo. - Deixo claro. - E quando encontrar, vou chamá-la pra sair.
— Vê se não gagueja - comentou Marvel com a cara amarrada.
— Engraçado - ironizo, sério. - Agora, eu preciso de um banho. - Tiro a camiseta.
— Dá pra você parar de ficar pelado por hoje? - Marvel bufou, e joguei a camisa em seu rosto.
— Achei o número primeiro que você - anunciou Finn presunçoso.
— Como assim? - Pergunto curioso, olhando para todos os lados. - Onde?
— Ah, Peeta... você nunca mais vai poder duvidar dos meus poderes telepáticos - ele colocou os dois dedos médios na têmpora e disse lentamente: - 408 325 9617.
— Tá brincando comigo? - elaboro minha melhor carranca.
— Não - sorriu.
— Então me diz o nome dela - desafio.
— Não sabe o nome dela? - Marvel perguntou zombeteiro.
— Eu não me lembro - dei de ombros. - E fiquei constrangido em perguntar.
— Não consigo saber bem - Finnick fechou os olhos com força. - Mas começa com K, tenho certeza.
— Você é um péssimo ator - o outro riu alto. - Ela escreveu na sua nuca - completou para mim.
— O quê? - Inacreditável. Coloco minha mão na nuca.
— Impressão minha ou isso é sexy? - Marvel continuou. - Tipo, não é um lugar que você pensa pra anotar o celular de alguém. – divaga. – Mas vocês deviam estar beeem bêbados.
— Foi por isso que ela disse que provavelmente já tinha me dado o número. - Observo, pegando meu celular outra vez. - 408 325 9617— salvo nos contatos. - Vou chamá-la pra sair.
— Não, não, não - Finn balançou a cabeça.
— Se você ligar hoje, vai parecer que está desesperado. Pessoas desesperadas não atraem nada. - Marvel disse, completando.
— Eu não estou desesperado, estou? - franzi o cenho, apenas para ter certeza.
— Hm, você tem estado um tanto carente desde que aquela garota terminou com você. - o ruivo resmungou. - Mas é só não parecer que está tudo bem - fez um sinal positivo com o polegar.
— Espere uns três dias - aconselhou o moreno, como se já tivesse estado na minha situação várias vezes.
— Tudo bem. - Respiro fundo, estalando o pescoço como se me preparasse para a prova mais difícil do mundo. - Isso não vai ser problema.


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