Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 67
O Namoro (Bônus 15)


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal! Tudo bem com vocês?
Atendendo ao pedido da querida TéhCr, o namoro da Alien.
Também informo, com tristeza, que esse será o último capítulo.
Diferentemente dos demais, ele será do ponto de vista da Alien e, caso não fique muito claro, ela possui de 15 para 16 anos.
Espero que gostem. :)



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— Para com isso, Pedro! Estamos na casa do meu pai, esqueceu? –Falei, enquanto ele tentou me beijar.

— Tem como esquecer? O seu pai me olha como se quisesse me matar, Alien. Não é sem motivo que chamam ele de animal.

— Chamavam. Hoje em dia, só quem o chama assim é minha mãe e de uma forma carinhosa.

— Você sabe que os seus pais são estranhos, não sabe? Eu nunca conheci ninguém que tivesse tanta criatividade assim para apelidos.

— Pois eu adoro o meu apelido. Alien... Saca só que coisa maneira. E pensar que eu quase rasguei minha mãe quando nasci.

— Não é dos piores, eu até gosto, minha Alienzinha. – Ele falou, finalmente, se inclinando para me beijar.

— BIANCA DO CÉU! – Minha mãe entrou no meu quarto, não sei de onde, e nos pegou no flagra. Fodeu!

— Mãe...

— Senhora Sofia, eu posso explicar.

— Mãe é o cacete e senhora Sofia é o cacete em dobro. Vocês enlouqueceram? Quer matar o teu pai com um enfarto, menina? Esqueceu como o teu pai é? E você também, hein, Dom Pedro? Só estão estudando...Sei. – Minha mãe nos deu uma bronca.

— Eu posso explicar mãe.

—E você vai, Bianca. Dá licença um minutinho para eu falar com a minha filha, Dom Pedro. Vá lá fora brincar com os cachorros ou com o seu cunhado. Mas nem uma palavra disso para seu sogro ainda, hein. – Ela falou, empurrando o Pedro para fora antes de trancar a porta e me puxar para sentar na cama com ela.

— A senhora está com raiva, mãe? – Perguntei, abaixando a cabeça.

— Deveria, não é? Desde quando vocês estão juntos?

— Ele me pediu em namoro tem dois meses.

— E quando a senhorita pretendia me contar?

— Eu não sei, mas eu não queria esconder da senhora. Eu só sei que não posso falar para o papai agora. Ele ia surtar.

— Ele vai surtar, mas vocês precisaram contar para ele isso. Eu prometo que os ajudarei.

— A senhora vai? – Eu perguntei, olhando pela primeira vez para ela e vendo que ela, ao contrário do que eu pensava, estava sorrindo.

— Vocês irão namorar de qualquer jeito. Será pior se eu impedir. Eu prefiro que namorem, mas namorem conscientemente e com o nosso consentimento.

— A senhora é a melhor, mãe! – Falei, abraçando ela.

— Eu sei disso.

— E também não é nem um pouco convencida, não é?

— Talvez um pouco. Bianca?

— O que é?

— Vocês já passaram da fase dos beijos?

— Como assim? Fase dos beijos?

— É. Eu já tive a idade de vocês e sei que adolescentes, sejam eles meninos ou meninas, escutam muito mais o que têm no meio das pernas que o cérebro dentro da cabeça.

— Claro que não, mãe! – Falei, acho que corando da cabeça aos pés.

— Mas tenho certeza que pretendem. Eu não quero impedir vocês, sei que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, a única coisa que quero é que se cuidem. Eu quero ter netos, mas não quero que vocês arrumem um filho muito novo.

— A gente não vai mãe. Eu prometo.

— Assim espero. Se você precisar, eu posso te dar umas dicas. Agora, para você, eu não recomendaria a pílula, mas o Dom Pedro pode usar a camisinha por uns tempos. Eu não tenho certeza, mas acho que o seu pai ainda deve ter algumas no armário. Se você arrumar uma banana ou um cabo de vassoura, te mostro como colocar corretamente. Mas a banana seria melhor. O cabo de vassoura é muito reto e liso, não condiz com a realidade de como os pin...

— Mãe! Eu tenho aulas de sexualidade. Eu sei como essas coisas funcionam. – A cortei, corando da cabeça aos pés.

— Tem certeza que sabe como desenrolar direito uma camisinha? Logo depois que você nasceu e eu saí do resguardo, eu e o seu pai estávamos tão na seca que, na pressa, fizemos uma merda, deixamos ar na ponta e a caminha estourou dentro de mim. Achamos que o seu irmão chegaria mais cedo.

— Mãe, pelo amor de Deus! Eu não preciso saber dessas coisas entre a senhora e o papai.

— E como acha que você foi feita? Te garanto que não foi a cegonha que te trouxe.

— Eu sei disso, mas eu não preciso de uma imagem mental da senhora e o papai fazendo essas coisinhas. Já me basta ter que ver vocês quase se agarrando sempre que passam um pelo outro. Aquelas beliscadas que a senhora dá na bunda dele e ele na da senhora são perturbadores.

— Vai me dizer que você também já não beliscou a bunda do seu Dom Pedro e ele a sua? Sem drama, Alien.

— Tá bom. Será que podemos mudar de assunto?

— Claro. Agora você vai lá pra fora e empurra o seu namorado aqui. Quero ter uma conversa particular com ele.

— A senhora não vai matar ele e nem falar essas coisas com ele, vai, mãe?

— Você sabe o sentido de particular? Vá logo. – Ela brincou, me empurrando para fora.

Eu mandei o Pedro para ir falar com a minha mãe e fiquei brincando com o Bonifácio, meu cachorro, enquanto isso. Desde que a Titília se foi, há dois anos, esses novos chegaram. Eu achei um morcego com a asa machucada e o papai chamou a Tina para arranjar isso. Ela apareceu com uma cachorra com três filhotes. Meu pai jura, até hoje, que ele não pediu para ela e que foi uma coincidência, mas eu o conheço bem. Ele pediu para ela para arrumar novos cachorros para nós. A mãe dos filhotes se apegou com o Moacir, ele a chamou de Filomena, Filó para os íntimos. Um dos filhotes ficou para mim, o Bonifácio, como José Bonifácio, o patriarca da independência. Meu irmão pegou uma das filhotes, ele chamou de duquesa. A Alice pegou o outro filhote, Joca. Eles são todos castrados e se dão bem. Eu nunca vou esquecer da Titília, mas eu amo cada um desses novos cachorros.

— Que você fez agora, Alien? – O Zé me perguntou, sentando-se do meu lado.

— Eu não fiz nada.

— Você fez. Toda vez que você coça o Bonifácio desse jeito você fez algo. Está ferrada?

— Acho que não. É complicado.

— Não foi aquele moleque que te fez algo, foi?

— Aquele moleque é mais velho que você, Zé, para você o chamar assim.

— Eu não gosto dele.

— E agora você está falando igual ao papai.

— Papai que está certo. Se eu fosse ele, já teria botado aquele moleque para correr daqui. Moleque abusado.

— Isso é piada, não é Zé? Garoto, você é mais novo que eu, mas tem a alma de um velho rabugento.

Ele me olhou torto e meteu o pé. Melhor assim. Menos uma coisa para me preocupar. Só espero que ele não vá fazer fofoca para o papai. Eu não preciso dele agora aqui, preocupado, querendo saber o que há de errado comigo.

Eu ainda fiquei um pouco ali e, depois de uns vinte minutos, o Pedro apareceu com os olhos arregalados. Minha mãe me lançou uma piscadela e sumiu lá pra fora.

— O que aconteceu, Pedro? – Perguntei, assustada.

— Sua mãe quer que eu peça ao teu pai para namorar você. Ela disse que é só assim que permitira o nosso namoro. Eu não posso fazer isso, Alien, o teu velho me mata.

— Acredite em mim, ele ladra, mas não morde. Minha mãe é uma prova disso.

— Ela nos deu 10 minutos antes de ir chamar o teu pai para conversar comigo.

— Hoje?!

— Hoje.

— Porra...

Aconteceu que os dez minutos passaram como se fosse segundos. Minha mãe e meu pai arrastaram o Pedro para a biblioteca e trancaram a porta. Eu soube que estava fodida quando ouvi o grito do meu pai e um forte estrondo que, desconfio, tenha sido um soco na parede ou na mesa. Espero que ele não mate o Pedro.

— O que foi isso, Alien? –O Zé perguntou, assustado.

— Isso, Zé, foi a fúria de um sogro enraivecido. – O tio Mo, que estava até ainda há pouco, na cozinha, apareceu e falou com a cara de deboche.

— Tio Mo, não fale assim! – Repreendi.

— Você sabe que é isso, Bianca. O seu irmão merece saber o que espera por ele quando ele começar a namorar também.

— Você está namorando, irmã?

— Vou deixar vocês para resolver isso. – O tio Mo falou, voltando para a cozinha.

— É aquele moleque, Bianca?

— Sim, Zé, é aquele moleque.

A peste do meu irmão começou a andar pela sala e gesticular, reclamando, como o meu pai faz. Ah, mas eu vou me vingar quando ele começar a namorar. Só de raiva.

— Zé, já deu. Aceita que o Pedro vai ser o seu cunhado.

— Aquele garoto não é bom para você.

— Segundo você e o papai, ninguém é bom para mim.

Eu queria ter continuado a discussão com o Zé, mas o papai, a mamãe e o Pedro saíram da biblioteca.

— Bianca, se despeça do Pedro. Sua mãe vai leva-lo em casa. –Meu pai mandou.

— Papai, eu...

— Agora, Bianca. Sem beijos. – Falou, antes de ir para a biblioteca e bater a porta.

— Se ferraram. – O Zé sussurrou.

— Some, Zé!

— Zé, se você continuar perturbando a sua irmã e o namorado dela, eu vou te deixar sem o computador e o vídeo game. – Minha mãe ameaçou e ele saiu correndo.

Eu fui para perto do Pedro e dei um rápido abraço nele, dizendo que o amava. Ele também disse que me amava.

— Dê tempo ao seu pai, Alien. – Mamãe sussurrou, antes de sair com o Pedro.

Eu fiquei um tempo pra cá e pra lá. Não conseguia me concentrar em nada. Eu não quero terminar com o Pedro, mas também não quero magoar o papai. Eu não sei o que fazer mais. Minha mãe também ainda não chegou. Ela deve ter passado no mercado para estar demorando assim.

— Posso falar com você, Bianca? – Papai perguntou. Ele estava com os olhos vermelhos. Tenho certeza que chorou. Ele sempre fica com os olhos vermelhos quando chora.

— Claro papai.

Ele passou o braço sobre os meus ombros e me puxou para o sofá. Eu o abracei e deixei ele ter o tempo dele para falar. Ele está como quando me contou sobre o meu primeiro irmão que morreu no acidente de carro. Eu sempre notava que tinha uma semana no ano que papai ficava triste e chorando pelos cantos, até que tomei coragem e perguntei. Ele me contou como perdeu o meu irmão e a primeira esposa dele e a minha irmãzinha que estava para nascer. Mesmo não os tendo conhecido, chorei por eles naquele dia. Hoje, eu e o Zé, sabemos que não temos que nos preocupar quando ele fica chorando e devemos respeitar e deixá-lo ter o momento de tristeza dele.

— Quando você cresceu que eu não vi? Parece que foi ontem que a sua mãe estava me xingando enquanto ela tinha você. – Ele perguntou, triste.

— Eu não sei pai. O senhor está bravo comigo?

— Eu não estou exatamente feliz, mas eu sabia que você, um dia e mais cedo que eu gostaria, namoraria alguém. Nós dois sabemos que, nesse aspecto, você puxou mais sua mãe que eu.

— Isso quer dizer que eu posso namorar o Pedro? – Perguntei, esperançosa.

— Isso quer dizer que eu vou conversar com os pais dele primeiro e depois, entrando num acordo, com vocês dois. Vocês ainda são muito novos para namorar, mas eu não vou conseguir impedir isso. Sua mãe sempre me alertou e eu não quis acreditar. Vocês poderão namorar, castamente, enquanto tiver um de nós por perto.

— Pai, nós não estamos mais no século passado para o namoro no sofá com os pais da moça olhando. – Eu brinquei.

— É isso ou nada, Alien. – Ele também brincou.

— Isso, para ser sincera, é mais que eu esperava de você conceder.

— Então quer dizer que se eu permitisse apenas um abraço, de vez em quando, você também estaria feliz? Ora essa, acho que fui enganado! – Brincou, me fazendo cócegas.

— Para, pai. Sem cosquinhas. – Falei, me contorcendo e ele parou.

— Eu te amo, Bianca. Eu só quero que você seja feliz. Me promete que vocês dois não irão se apressar com as coisas? Vocês ainda são muito novos. Me promete também que se aquele moleque te fizer algo ou fizer algo que você não quer, você irá me falar?

— Eu prometo, pai. O senhor é e sempre será o meu herói. O exemplo de homem que eu admiro. Eu nunca aceitaria namorar alguém que me tratasse mal.

— Eu sei que não. Mesmo odiando admitir, aquele moleque, o Pedro, é um bom garoto. Acho que devo tentar me alegrar que você escolheu ele. Você poderia ter escolhido algo pior.

— Ele é um bom garoto, pai. Ele será um bom homem.

— Espero que sim. Caso contrário, eu arrebento ele.

— Disso eu não tenho dúvidas.

— Só mais uma coisa: Eu não quero saber de nada mais que um beijinho casto ou um abraço. Se eu ver um chupão no pescoço ou em qualquer parte do seu corpo ou do dele, a senhorita estará de castigo para o resto da vida. Entendido?

— Entendido.

Claro que eu e o Pedro sempre nos beijamos no intervalo da escola. Ainda estudamos na mesma escola, mas em salas diferentes agora. O papai pode impor o que ele quiser e eu farei o papel da boa filha, mas isso não me impedirá de roubar uns beijos dele no intervalo. Papai não precisa saber disso, como diz o ditado: o que os olhos não vê, o coração não sente. Sei que preciso agir com cautela até ele se acostumar que possui um genro.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Eu não tenho palavras para agradecer a todos que leram até aqui a história. Poderia citar alguns, mas não quero ser injusta com ninguém e nem com os "fantasminhas" que também acompanharam.
Caso estejam se perguntando, sim, a Alien casou com o Pedro. A quantidade de filhos, deixo com a imaginação de cada um.
O Zé formou-se em veterinária e saiu de casa com 23 anos. Conheceu uma mulher com 24 e casou-se com 25. O casamento, porém, não vingou e eles separaram-se dois anos depois. Magoado, ele voltou para casa para lamber suas feridas. Convivendo novamente com Alice, filha da Mari e do João, ele percebeu o motivo do seu casamento ter fracassado. Ele sempre amou a Alice. Casaram-se 3 anos mais tarde, montaram um haras em sociedade e começaram a criar cavalos da raça Campolina.
O restante dos personagens, nunca mudaram. O Animal continuou sendo um Animal até o fim e a Sofia a mulher que o domou.

Novamente, obrigada de todo o coração por acompanharem e lerem a história até aqui. Se desejarem, deixem um comentário final. Me deixaria extremamente alegre.
Espero esbarrar com vocês em outros projetos.
Grande abraço para todos!



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