Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Fala gente!
Mais um capítulo, acho que o maior que já escrevi. Espero que curtam.



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Os dias se passaram e, cada vez mais, o Ricardo me desafia. A cada dia, depois do almoço e quando saíamos para cavalgar, ele inventava algo para que eu ganhasse confiança. No geral, ele me instruía durante 10 minutos e depois me largava sozinha em uma área afastada da casa grande pra que eu me virasse. Ele pode até negar, mas o peguei 2 vezes se esgueirando afastado de mim e me observado. Acho que ele nunca me deixou sozinha realmente. Apenas se afastava para que eu pudesse aprender a cavalgar por mim mesma. Não sei se fico feliz ou com raiva disso. Ou será que ele só fugia de mim para não encarar as perguntas que eu sempre lançava? Sei lá, ele é maluco! Cada dia está com um humor diferente.

Hoje eu estranhei. Ele não me obrigou a cavalgar e nem me deu nenhuma explicação por isso. Fiquei um pouco chateada, não vou negar. Mesmo ele sendo meio caladão, eu me acostumei com essas tardes. O Jeito é voltar para a rotina e ficar na varanda, conversando com o Moacir.

—Você está bem, Sofia? –O Moacir me perguntou.

—Estou. Por quê?

—Você está aí parada, calada e olhando para o nada. Isso não é o seu jeito normal.

—Não é nada.

—Se está triste porque o Ricardo sumiu e não te chamou para cavalgar, vá lá e sele um dos cavalos. Acredito que ele não se importará. A menos que... –Ele deixou a frase morrer.

—A menos que o quê?

—Que você esteja gostando da atenção e da companhia dele em suas tardes. Nos últimos dias, vocês ficaram meio próximos.

—Próximos? Poupe-me, Moacir. Ele me ajuda durante um tempo e some depois disso. Ele não aprecia minha companhia.

—Não é o que parece. Ultimamente ele tem ficado mais em casa, tem reclamado menos. Esses passeios vespertinos têm feito milagres para os dois.

—Sabe, Moacir, eu vou fingir que não ouvi isso.

—Ele disse a mesma coisa ontem quando comentei. Por mais que vocês neguem, vocês são dois cabeças duras que se parecem demais, claro, uma versão feminina e outra masculina.

—Você não tem umas coroas pra ir paquerar não?

—Olha aí o mau humor nele se embrenhando já em você. É a convivência...

O Moacir se levantou, rindo e foi para dentro. Idiota! Fiquei mais um tempo ali até o João também aparecer.

—Quer que eu sele um cavalo pra você, Sofia?

—Não, João. Obrigada, mas hoje eu não vou montar.

—O patrão também não quis montar hoje. Aconteceu algo ontem? Sei lá, mas vocês estavam começando a se entenderem e hoje ele está meio carrancudo...

Eu comecei a pensar e, realmente, não creio que tenha feito nada de diferente. Ficamos em nossa rotina. Ele me obrigou a selar o Bolívar, caminhamos um pouco e eu fiz perguntas que ele não respondeu, como sempre. Depois me fez passar por entre as árvores para treinar e então me largou sozinha para que eu pudesse voltar. Nada de diferente.

—Não. Nada de diferente, João.

—Estranho, mas tudo com ele é um mistério. Mesmo trabalhando aqui durante esse tempo todo ainda não o entendo.

—Muito menos eu.

Eu ainda fiquei um tempo conversando com ele e depois fui para os meus afazeres da casa. Já era quase fim de tarde quando o Animal, finalmente, apareceu em casa.

—Sofia, faça o jantar mais cedo hoje. –Mandou.

—Assim que eu acabar de lavar as roupas. Faltam ainda colocar umas peças na máquina.

—Não perguntei se você tem que lavar roupa, apenas faça o jantar. Te pago pra obedecer. –Reclamou.

Isso foi a gota d’água pra mim. Tudo bem que ele é bipolar, mas qual foi dessa mudança de humor?

—Que bicho te mordeu hoje? –Perguntei.

—Como?

—Esse seu humor instável. Ontem você estava bem e hoje nem me obrigou a cavalgar!

Eu o vi abrir a boca para responder e levantar as mãos, mas desistiu no meio do caminho e deixou um sorriso irônico na cara. Aquele sorriso que me irrita.

—Quer dizer que agora quer cavalgar? Você tem reclamado por dias de como eu, supostamente, te obrigo. Que houve, Sofia? Mudou de ideia?

Tá, agora ele me pegou. Eu e essa minha boca grande.

—É... Você sempre diz que preciso treinar, quero dizer, sempre diz que sou meio inútil. Achei que ainda fossemos treinar por mais um tempo.

— Apenas faça a janta, Sofia. Algo leve. Que esteja pronta antes das 7.

Ele saiu e, novamente, não respondeu o que perguntei. Babaca!

Eu estava terminando o jantar quando ele chegou à cozinha. Olhei para o relógio e, como desconfiei, atrasei um pouco. Já eram 7h10min. Ele vai reclamar por isso.

 -Já está pronto? –Ele perguntou.

—Quase. Me dê mais uns 15 minutos que eu levo na sala pra você.

—Não precisa. Eu como aqui.

Ele se sentou em uma das cadeiras e ficava me olhando enquanto batia os dedos pela mesa. Odeio quando ele faz isso. Me dá uma sensação de que ele só está aqui esperando eu dar um passo errado para apontar minha “suposta” incapacidade. E ele continuou lá, naquela impaciência dele até eu encher um prato e colocar na mesa.

—Você não vai se servir? –Ele perguntou.

—Depois eu como. Não estou com fome agora.

—Deixa de cerimônia e se sirva logo. É bom estar alimentada.

—Por quê?

—Só jante, Sofia. Sem perguntas.

—Não. Não estou com fome.

Ele largou o garfo no prato, se levantou e encheu outro prato generosamente antes de colocar em um dos lugares vazios.

—Ande, coma. Só não espere que eu vá fazer aviãozinho. Tudo bem que você é meio infantil, mas seria demais até mesmo para você.

Eu ainda fiquei uns segundos tentando realmente acreditar que ele tinha feito o meu prato e, em seguida, enchido o meu copo.

—Quando decidir comer, vai estar frio. –Ele falou.

—Por que isso agora? –Perguntei, ainda desnorteada.

—Para você não ficar de barriga vazia. Hoje o treinamento vai ser mais puxado.

—Que treinamento?

—Que treinamento fazemos todo dia?

—Você está me ensinando a cavalgar, mas achei que não treinaríamos hoje.

—O seu treinamento só parara quando você estiver pronta e sem receios para subir no lombo de um cavalo.

—Porra, Ricardo! Podia ao menos ter me avisado. Eu realmente achei que você tinha desistido dessa ideia louca.

—Não e agora faça o favor de se alimentar. Ainda quero sair antes de a lua despontar no céu.

—Você é detestável!

—Você também não é muito agradável. Agora coma.

Eu bufei e me sentei à mesa. A comida desceu meio empurrada, mais ainda quando o Moacir se juntou a nós e notou o clima meio estranho. Eu fiquei carrancuda, o Animal com um sorrisinho irônico e o Moacir com cara de besta como se não estivesse entendendo nada ou entendendo tudo.

Depois do jantar fomos para fora e os cavalos já estavam a nossa espera. Obra do João, desconfio. Só não sei como ele acha que vai cavalgar nessa escuridão.

—Não tá muito escuro não? –Perguntei.

—Essa é a intenção.

Subimos nos bichos e nos afastamos de tal forma que a luz da casa não interferisse no “treinamento” dele. Eu já não enxergava mais nada.

—Você consegue ver alguma coisa assim? –Perguntei.

—Depois de um tempo seus olhos se acostumam e você consegue vislumbrar umas sombras.

—Você é insano.

—Não, isso se chama treinamento. Já imaginou se você precisar sair à noite? Não seria muito pratico cavalgar com uma lanterna nas mãos.

—O que eu acho que é você está arrumando uma maneira de nos afastamos e depois nos perdermos. Não quero dormir no relento por sua culpa.

—Daqui a uns minutos a lua sai e você vai enxergar tudo.

E continuamos andando sem direção em meio à escuridão. Se não fosse pelo barulho dos cascos no cavalo, eu não diria que ele estava ali. Cara mais calado.

—Ricardo?

—Quê?

—Por que você precisa ser sempre tão calado?

—Porque sim.

—Esse silêncio não te angustia?

—Não e não estamos no silêncio. Já notou que há vários grilos, cigarras e corujas por aqui?

—Esse é o som natural da natureza, mas sinto falta de uma voz humana.

—Devia ter trazido um radinho então.

—Você tem algum problema, não tem? Nunca vi ninguém tão fechado quanto você! Parece um eremita.

—Não gosto de falar sobre mim.

—Por isso não tem amigos.

—Amigos que só estão ao seu lado nos momentos bons, não são amigos.

Não sei se foi impressão minha, mas o vi ficar um pouco tenso no cavalo, mas também mal enxergo pra ter certeza, e com a voz mais rude ao comentar essa parte. Aconteceu alguma coisa que o afastou das pessoas, tenho certeza.

—Qual sua história? O que te aconteceu, realmente, para que se afastasse das pessoas?

—Eu não me afastei de ninguém, eles se afastaram de mim.

—Então aconteceu algo?

—Acho que isso não lhe diz respeito, Sofia.

—Você nunca vai me contar nada, não é?

—Acho que seria bom se voltássemos ao nosso treinamento. A lua já vai sair e ainda não fiz nada que tinha planejado.  Vamos começar com uma leve corrida. –Ele falou, antes de atiçar o cavalo e correr para longe.

Eu apenas suspirei e fiz igual. Ele não vai me contar sobre o seu passado. Ele sempre se esquiva quando pergunto. Até a lua aparecer para clarear o caminho, ele me obrigou a desviar de árvores, andar mais rápido e até por terrenos mais desnivelados. No fim ele estava certo: a escuridão não incomodava tanto, bastava se acostumar. Depois que a lua saiu foi mais fácil e iluminou todo o caminho e consegui realizar seus comandos mais facilmente.

—O que mais, patrão? –Perguntei após uma corrida.

—Mais nada. Por hoje você foi bem, Sofia. Amanhã continuamos.

—Ainda continuaremos à noite.

—Possivelmente.  Você ainda precisa aprender a cavalgar no escuro. Não está mal para uma primeira vez, mas precisa de mais prática.

—Tá ok. Você vem ou vai cavalgar mais um pouco?

—Não, eu vou. Estou com sono. Hoje o treino acabou durando mais que o esperado.

Começamos a caminhar silenciosamente de volta, ele pelo menos, eu fui cantarolando.

—Fecha a boca! –Ele ordenou

—Não precisa ser grosso. Achei que já tivéssemos passado dessa fase. Eu tenho cantarolado esses dias e voc...

—Fecha a boca! Não é essa a questão.

Eu iria rebater, mas ele fez com a mão para que eu ficasse calada. Parecia que estava ouvindo algo. Desceu do cavalo e começou a rodear a cerca a procura de um som que só ele ouvia. Eu continuei lá, olhando para aquilo e tentando entender se ele enlouqueceu de vez ou é apenas uma personalidade de suas bipolaridades aflorando.

—Merda! –Ele reclamou.

Tá, agora isso está estranho, mais que o normal. Ele começou a subir na cerca para pular para o outro lado e eu, não resistindo a minha curiosidade, desci do cavalo para me aproximar.

—O que aconteceu? –Perguntei me aproximando.

—Uma gambá morta. Algum bicho deve tê-la pegado. Ela está com alguns buracos no pescoço.

Eu ainda estava tentando entender o interesse que ele teria pelo bicho morto quando ele se abaixou para tocar no cadáver e eu gritei:

—Para! Não toca. Quer pegar alguma doença? Enlouqueceu? Pra que quer mexer nessa carcaça?

—Essa carcaça ainda tem carne e dará um ótimo refogado.

Eu até senti minha comida subir até a garganta com esse comentário.

—Eu não vou colocar a não nisso para cozinhar. –Falei, ainda sentindo minha garganta queimando.

—Sabia! Eu não escutei errado. –Ele falou retirando a blusa e a colocando no chão.

—Você não vai realmente levar essa carcaça para casa, vai?

—Não, só o que tem dentro dela.

Agora eu passo mal. Ele vai destrinchar o bicho aqui. Esse cara não tá normal hoje.

—Sofia, segure isso para mim. –Ele falou, esticando sua camisa enrolada por entre a cerca.

—Eu não vou botar a mão nisso!

—Só para eu pular. Precisamos mantê-los aquecidos.

—O que é isso?

—Os dois filhotes daquela gambá. Não achou realmente que eu fosse levar uma carcaça para casa e cozinhar, achou?

Achei, mas ele não precisa saber. Eu também não vou segurar esses bichos. Vai que eu pego raiva!

—Eu não vou colocar as mãos nisso.

—Sofia!

—Esses bichos transmitem raiva. Você também não devia colocar as mãos neles.

—Se os deixar aqui eles morrem. Não devem ter mais que duas semanas. Você vai segurar na minha camisa e não neles.

—Tá bom. –Resmunguei.

Eu segurei aquele embrulho que se mexia e rezei para que os bichos não pulassem para fora. O Animal pulou a cerca resmungando e eu vi que ele arrebentou o braço.
Acho que foi na cerca. Um corte meio feio.

—Acertou o braço? –Perguntei.

—Um arame solto, mas não importa.

Ele pegou a camisa das minhas mãos, subiu no cavalo enquanto o sangue escorria solto no braço dele e colocou o embrulho o mais próximo que conseguiu de seu braço, quase como um bebê. Segurava aquilo com um cuidado. Só espero que esses bichos não sejam como tubarões e farejem sangue. Seria aterrorizante os ver agarrando o braço dele e dilacerando a carne com unhas e dentes antes de partirem para a jug....

—Vamos embora antes que esses bichinhos morram de fome. –Falou antes de sair em disparada e me tirar de meus devaneios.

Eu subi no Bolívar e fiz o mesmo. Que escolha tinha? Pelo visto a noite vai ser longa...

***

Assim que cheguei à casa eu vi a Leopoldina na entrada. Ele não deve ter tido tempo para guarda-la no estábulo. Eu aproveitei que também tinha que colocar o Bolívar na baia e a levei junto.

Assim que entrei na casa eu não podia acreditar no que estava vendo: O Animal sentado no sofá, com um conta gotas na mão e as duas gambás na outra, sem nenhuma proteção, e ele alimentava os bichos.

—Eles são muito novinhos ainda. –Ele falou na maior tranquilidade.

—Devia ao menos colocar uma luva antes de tocar nesses bichos. –Falei.

—Eles não me farão mal. Só estão com fome e frio.

—Eles podem ter raiva.

—Não acho.

—Podem não ter raiva, mas podem ter algum outro tipo de doença. Devia, ao menos, colocar um curativo nesse corte no braço.

—Isso não foi nada e não posso deixa-los aqui sozinhos. Eles precisam estarem aquecidos. Ainda estou impressionado que não morreram de frio. A mãe deles já estava gelada e começando a endurecer.

—Você tocou naquilo?!

—Como acha que iria verificar a bolsa dela atrás dos filhotes?

Eu apenas o olhei, incrédula. Ele podia ser um poço de estupideza, grosso e insensível com pessoas, mas quando se tratava de animais ele era passional e até inconsequente para colocar sua segurança em segundo plano.

—O que vai fazer com eles? –Perguntei, por fim.

—Amanhã eu ligarei para uma pessoa e pedirei para ela vir busca-los. Ela possui mais recursos do que eu para cuidar desses dois.

—E hoje o que fará?

—Ficarei aqui e os alimentarei a cada duas horas. Espero que passem dessa noite.

—E você ficará a noite inteira acordado?

—Farei o possível para que sobrevivam.

Eu ainda continuei ali o olhando alguns minutos e vendo como ele podia ser carinhoso com os bichos que mais pareciam ratos. Juro que esse cara me desconserta! Eu o deixei lá com os bichinhos dele e fui dormir. Depois dessa é só o que me resta.

***

Acordei no meio da noite e passava das três horas. Ainda escutava uns barulhos na casa. Será que aquele louco realmente não foi dormir e ficou com as gambás? Minha curiosidade falou mais alto e eu desci para ver. O Encontrei na cozinha, com as gambás em um dos braços, praguejando por não achar alguma coisa que procurava.

—O que procura? –Perguntei.

—Onde enfiou a aveia? –Ele perguntou, irritado.

—Armário de cima, segunda porta.

Ele abriu a porta e, finalmente achou.

—Você está bagunçando a minha cozinha. Nada está mais onde me lembrava! –Ele reclamou.

—Eu arrumei sua cozinha, você quer dizer. Quando cheguei as coisas ficavam espalhadas pela pia e pela mesa.

—Mas eu sabia onde estava. Agora não acho mais nada aqui!

—O que você quer?

—Era a aveia. Vou amassar uma banana com aveia e leite em pó para as gambás.

—Deixa que eu faço.

Ele se sentou em uma das cadeiras enquanto eu fazia aquela espécie de papinha. Eu admito que não gostei muito de ver aqueles bichos na minha cozinha. Sei lá, pode voar algum pelo para onde não deve. Nunca fui nojenta nesse ponto e cães e gatos não me incomodam, mas com gambás é diferente.

—Devia limpar esse braço. –Falei ao ver o sangue mais que seco.

—Não tenho tempo pra isso.

—Mas é teimoso, hein! As gambás não irão fugir se deixa-las uns minutos sozinhas.

—Elas precisam de calor. A noite está fria e elas eram acostumadas ao calor da bolsa da mãe delas.

Eu apenas bufei e entreguei a papinha pra ele. O louco, que só falando assim, começou a alimentá-las com o dedo.

—O que está fazendo? –Eu perguntei.

—As incentivando a comerem.

—Com o dedo? Quer tomar uma mordida?

—Já tomei antes e nunca me aconteceu nada.

—Já teve outras?

—Mais do que eu gostaria.

—Você gosta de jogar com a sorte, não é? Será que não pode usar uma colher?

—É muito grande para elas e um pouco gelado demais.

Ele continuou as alimentando até elas virarem a cara. Ele voltou a enrola-las em sua camisa e foi se sentar no sofá.

—Elas vão dormir por mais algumas horas até acordarem com fome novamente. –Ele comentou.

—Você devia tentar dormir um pouco. –Falei.

—Eu já dei umas cochiladas aqui. O que queria mesmo ela poder trocar essa roupa. Está suja e com um cheiro não muito agradável.

Eu sei que eu vou me odiar por isso, mas...

—Vá tomar um banho e limpar esse corte que fico um pouco com esses filhotes.

—Você vai ficar?

—Vá logo antes que eu me arrependa.

Ele me entregou o embrulho e me olhou com certa curiosidade.

—Achei que não gostasse deles.

—Não é que não goste, mas não acho muito seguro ficar segurando esses bichos do mato.

—Só as mantenha próximas a você por causa do calor.

Ele saiu para tomar banho e eu me sentei no sofá com aqueles bichos nos braços e fazendo o máximo para que elas ficassem dentro da camisa dele e não me encostassem diretamente. Não demorou muito para que ele voltasse de banho tomado e arrumado, como se fosse sair, com sapatos, calça jeans e camisa social. Esse cara não usa pijama? O resto da noite eu não dormi e o ajudei com as refeições das gambás. Em uma certa hora que também não fiz questão de olhar, o Moacir acordou e se juntou a nós. Quando o dia amanheceu éramos três pessoas com olheiras e rabugentas pela noite mal dormida, mas as gambás sobreviveriam, ao menos era o que indicavam.  

Continua.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem. Espero que tenham gostado.
Se desejarem, deixem vossa opinião.
Forte abraço!



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