Máscaras... escrita por Maddu Duarte


Capítulo 8
8º Capítulo - Famílias.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Como vocês estão? Esse capítulo demorou um pouquinho, não foi? Era para sair há dois dias, mas ai eu fiquei com pouco tempo no computador e acabou comigo aqui, eu ainda tenho que responder alguns reviews - oito, para ser exata - e eu vou fazer isso agora.
Provavelmente, quando vocês começarem a ler o capítulo, eu já não tenha que responder nenhum. o/
Eu amo responder vocês, mas eu também amo entregar capítulos para vocês.

Eu gostei desse capítulo, ele foca-se muito na família de ambos e nas diferenças que elas tem entre si. Espero que vocês consigam sentir o carinho que eu tive por ele!



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Adrien observou os números que mostravam a hora na tela do seu telefone se modificar com rapidez e a pressão domar seu corpo, era a primeira vez que o modelo estava indo a um encontro de verdade – com uma pessoa que ele amava – e aquilo era o mais próximo de uma vida normal que ele já tinha alcançado.

Contudo, ele imaginou o pior quando observou o olhar de reprovação de seu pai alcançar seus trajes, faltavam apenas alguns metros para o mais novo alcançar a porta, no entanto, ele sabia que deveria parar e se virar.

Ignore-me e siga seu caminho até o seu escritório. O rapaz pensou desesperadamente, enquanto os passos frios de Gabriel ressoavam pela fria mansão em sua direção.

Em qualquer outra situação, o modelo ficaria satisfeito em ficar de frente com seu pai, não era segredo que com a agenda apertada do mais velho, a relação entre eles não fosse a melhor de todas. Porém, Adrien não estava com um bom pressentimento, é como se algo dentro de si informasse-o que deveria ter esperado cinco minutos a mais em seu quarto antes de ir ao hall de entrada.

— Aonde pensa que vai?

Ele escutou Gabriel indaga-lo, a voz dura era desconhecida e raramente dirigida a ele – e por isso, por alguns segundos, Adrien imaginou que estivesse sonhando, pois não acreditava que depois de tanto tempo, seu pai estava preocupado com suas ações.

— Eu irei sair com uma amiga — explicou imediatamente e uma parte de si desejou fugir de qualquer conversa.

— E suas obrigações? Você não deveria está ocupado?

Adrien reparou que Plagg se remexeu no bolso do seu casaco e o modelo compreendeu o sinal, se permanecesse conversando por muito tempo, não iria chegar a lugar algum. Ele não deveria negar ordens de seu pai, aquelas não eram atitudes de um garoto exemplar, elas pertenciam à outra pessoa – Chat Noir – e não a ele.

— Eu concluir todas e terminei minha lição de casa mais cedo hoje. Pai, eu só irei sair com uma colega de sala, a Marinette. Por favor, deixe-me ir.

Ele não permitiria.

Adrien sabia disso.

Quando a mãe do loiro se foi, o pai do rapaz acabou por cair em uma depressão profunda e parecia que somente a solidão e o excesso de trabalho eram capazes de apazígua-la, porém, toda aquela escuridão somente corrompia o mais novo, que acabava por se sentir sufocado na maior parte do tempo.

— Adrien, eu tenho o meu veredito. Você não está apto para perder seu tempo com esse tipo de pessoa, vá imediatamente para o seu quarto.

Esse tipo de pessoa? — O tom irônico de Adrien não pode ser controlado — Marinette não é esse tipo de pessoa, ela é uma garota talentosa, você a conheceu naquele concurso do chapéu. Por favor, eu só quero ir me encontrar com ela, estarei em casa o mais cedo possível.

— Você está questionando minhas ordens?

Sim, ele quase foi capaz de escutar sua mente gritar.

Aquele não era ele, aquela não era a sua personalidade. Adrien Agreste não estava sendo ele mesmo naquele dia, o modelo não podia sentir ciúmes ou sair a encontros – sabia disso – e muito menos ir contra o seu pai.

O loiro não poderia ser um adolescente normal.

— Não senhor.

— Me entregue o seu telefone, acredito que você precisa passar um tempo sozinho para refletir sobre a sua atual rebeldia.

— Deixe-me ao menos informa-la que eu não irei, por favor...

— Entregue-me!

Adrien sentiu sua mão tremer quando repassou o celular, queria chorar e gritar, relembrar ao pai que ele não era um cachorro feito para seguir ordens sem contestar, ainda era um adolescente e precisava se divertir como todos os outros.

Nino estava certo, Gabriel Agreste certamente havia nascido adulto.

— Mandarei Nathalie lhe devolver amanhã, mas esta noite você irá se isolar para se focar em suas atividades. Terei uma reunião com alguns empresários e não posso lidar com suas revoltas de adolescente, estou sendo claro?

— Eu só queria sair com uma amiga, não ia fazer nada de errado.

— Adrien, você é o principal rosto da empresa, você sabe a mancha que uma suspeita de namoro faria em sua imagem? Principalmente com uma total desconhecida? Você não é mais uma criança, é hora de crescer. Você está ficando com péssimos modos desde que entrou na escola pública, penso seriamente que talvez você deva voltar a suas aulas particulares. Se quiser continuar com seus amigos você terá que fazer por merecer.

— Isso não será necessário, eu peço desculpas pelo meu comportamento. Irei ao meu quarto, sinto muito.

Gabriel nunca se importou com as coisas que Adrien fazia ou com os amigos que ele saia, talvez, porque ele nunca estava perto o suficiente para controla-lo, no entanto, naquela noite – a mais especial de todas – o mais velho tinha escolhido machucar – pela segunda vez – um de seus melhores amigos. O modelo sabia que não teria como explicar para a amiga o motivo de sua falta e ele duvidava muito que ela fosse acreditar toda forma, afinal, Marinette parecia admirar o trabalho do seu pai e certamente imaginava que o Sr. Agreste fosse uma pessoa exemplar.

Quando Adrien cruzou a porta, ele reparou que Nathalie o acompanhava – em suas mãos o celular repousava calmamente, o rapaz desejou criar coragem para pedir que ela informasse a Marinette o ocorrido – e por isso, não teve coragem de fechar a porta.

Ambos ficaram se olhando e pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu que alguém naquela casa o enxergava como um humano. Não existiu nenhum afago – como os que sua mãe fazia quando ele era menor –, porém, alguma coisa no olhar daquela secretária transmitia tudo que sua voz era incapaz de soltar.

Ele não estava só.

Quando Nathalie virou as costas e se retirou dando uma leve licença – informando-o que voltaria mais tarde para se certificar que ele não tinha fugido –, Adrien desejou ter perguntado a ela porque permanecia a trabalhar com alguém como o seu pai – e principalmente, o que a mulher escondia por trás daquele olhar tão distante.

— Então, vamos fugir?

— O quê? Plagg, você ouviu Nathalie, ela voltará mais tarde para ver se eu não escapei. Estou em um regime aberto, escapar seria arriscado demais, quer dizer, ele pode me tirar da escola e começar a me vigiar, forçando-me a abandonar minha posição de Chat Noir. Não irei fugir, é perigoso demais.

— E você vai abandonar a Ladybug? Isso deve deixa-la arrasada, por isso eu prefiro queijo, eles não ligam de serem abandonados...

— Plagg, você não está ajudando! Aliás, minha senhora é forte... Temo por Marinette, ela irá me odiar, eu estou completamente perdido. Qual desculpa eu darei?

— Que tal: Foi mal, meu pai é um babaca e me proibiu de sair de casa porque tem vergonha dos meus amigos. Seria a verdade.

— Mais uma piadinha e eu corto seu camembert.

O pequeno kwami soltou um leve grito enquanto encenava sua morte, enquanto isso, o modelo apenas se jogou em sua cama e se perguntou o que poderia fazer, não podia travar uma batalha com seu pai – sabia que iria perder – e tudo aquilo o preocupava a medida que o tempo passava.

— Eu irei dormir — anunciou.

— Sério? O camembert da sua vida está lhe esperando lá fora e você irá apenas dormir? Escuta aqui garoto, eu não nasci há cinco mil anos para você me falar que o maior ship de Paris não vai ser canon apenas porque a vida lhe deu presunto em vez de queijo.

— O que você quer que eu faça? Não tem como fazer uma bolinha mista utilizando apenas presunto. Eu não posso me transformar em Chat Noir, ir até a casa dela de madrugada quando todos estiverem dormindo e pedir que ela desculpe Adrien por não ter ido a um encontro. Eu não posso nem ao menos falar com ela como Chat, porque eu cometi o maravilhoso erro de beija-la e depois despedaçar o seu coração.

— Se quer saber, eu iria sugerir que você enviasse uma tábua de frios para ela, mas ir visita-la como Chat é uma boa ideia.

— É uma péssima ideia, Chat Noir não pode resolver os problemas amorosos de Adrien Agreste e pela última vez, queijo não pode resolver todos os problemas do mundo.

— Você terá que me pagar muitos queijos se quiser que Chat Noir resolva os problemas amorosos de Adrien Agreste, então, de certa forma, o queijo resolverá todos os seus problemas.

O loiro sentiu sua mente pesar, tudo que poderia fazer era rezar para que a meia noite chegasse logo e que trouxesse sua fuga junto, desejou por um instante que Marinette não o esperasse muito – ou não fosse ao encontro – e sentiu seu peito arder com o pensamento de que talvez ela o esperasse por tempo demais.

Como olharia para seus olhos azuis sem ser afogado por sua ira no dia seguinte? Contudo, ele sabia que seria merecedor de todo o seu rancor, afinal, aquele era o seu pagamento em formato de correnteza por ter se arriscado a desvendar aquele oceano.

— Plagg, lembre-me de amanhã mandar o cozinheiro comprar o maior pedaço de camembert que ele encontrar caso o meu plano dê certo.

— E você acha que eu seria louco de esquecer? Por favor, se você acha que ama Ladybug precisa entender como eu me sinto perto dele.

E o menino sorriu.

Porque uma parte dele ainda precisava esconder todo o medo que sentia.

Marinette esperaria a noite inteiro, se esse fosse o desejo do modelo. Ela não foi embora por má vontade, na realidade, acabou sendo obrigada quando a chuva forte começou a desabar e as horas passaram de forma que a menina não conseguia mais contar. De toda forma, quando o seu relógio informou que já havia passado das 22h, a garota foi convencida de que Adrien não iria ao encontro – e que talvez, ele nunca tivesse tido intenção de ir.

Chegou a sua casa chorando, com as roupas tão molhadas quanto seu rosto – que permitia as lágrimas que se misturassem com as gotas de chuva – e sentiu o abraço de Sabine aquecê-la quando ela cruzou a entrada, os pais de Marinette não eram extremamente protetores e confiavam bastante na garota para realizar diversas atividades, foi por isso que naquele dia, quando a menina pediu para ir ao encontro, os dois aceitaram sem contestar. A primeira coisa que Tom fez foi ameaçar o rapaz que havia deixado a sua pequena princesinha daquela forma, pois apesar de ser uma pessoa extremamente calma, Tom ainda era um pai.

A reação de Sabine foi mais calma – afinal, ela compreendia a dor de uma desilusão amorosa –, pedindo-o para se calar e permitindo que apenas os soluços de sua filha quebrassem o silêncio do ambiente.

Demorou alguns minutos para que Tom voltasse e trouxesse uma toalha e uma manta, informando que iria fazer uma xícara de chocolate quente para que a menina não pegasse um resfriado, porém, não antes de abraça-la e demostrar o quanto se importava. Marinette silenciou depois de pouco tempo, quando o pai voltou com a bebida, ela só permanecia deitada no colo de sua mãe enquanto a mulher entregava leves carinhos a sua cabeça.

Não existiu nenhum julgamento ou pergunta e durante um bom tempo, apenas o doce cheiro de chocolate e os afagos paternos dominaram o local.

— Você quer me contar o que foi? — perguntou Sabine, recebendo um olhar perdido da filha que se sentou para criar coragem que a permitisse enfim falar.

— Ele não foi e me deixou esperando por todo esse tempo como se eu fosse uma tonta.

Marinette odiava ser feita de boba – e era isso que causava seu rancor por pessoas como Chloé – porém, não existia raiva em seu coração, ela ainda amava Adrien e aquilo causava uma profunda dor em seu peito.

— Talvez ele tenha tido algum problema, nunca sabemos o que aconteceu antes de perguntar. Você não deveria julga-lo, por mais tentador que isso seja.

— Ele não atendeu minhas ligações ou enviou alguma mensagem, quem eu pensava que era para acreditar que ele realmente queria sair comigo? Quer dizer, olhe só para ele, é Adrien Agreste, por que eu achei que entre todas as meninas de Paris ele iria logo me escolher? Certamente ele só estava me fazendo de boba e talvez eu até mereça isso para aprender a não me apaixonar por pessoas sem nem ao menos conhecer o que existe por trás delas.

Em sua bolsa, a pequena Tikki tremia. Não somente por causa da raiva que sentia por Adrien – ela havia acompanhado Marinette e sabia que sua companheira não merecia isso –, mas também por medo, sentimentos negativos atraiam akumas e a rosada kwami temia que a menina fosse corrompida.

— Você não é uma tonta por acreditar nas pessoas, na verdade, isso é uma característica muito especial de sua parte. Marinette, é uma garota excelente e se ele não te quis, sairá perdendo. Como sua mãe, eu desejaria que você nunca mais olhasse para esse rapaz, porém, como uma pessoa, eu tenho que lhe pedir para ao menos dar uma chance dele lhe explicar um motivo caso queira.

— Obrigada, eu te amo. Irei escutar ele caso venha falar comigo, talvez até exista um bom motivo... Apesar de que eu não consigo pensar em um.

— Boa garota, agora, vá descansar um pouco e lembre-se: você é especial assim como todos, nunca pense que não é o suficiente para alguém. O seu amor verdadeiro se encontra dentro do seu próprio coração, não permita que alguém a faça duvidar disso.

Já havia passados das onze horas quando Marinette subiu as escadas para o seu pequeno quarto no sótão, a menina se sentia mais cansada do que quando fazia suas rondas noturnas e se alegrou ao notar que não tinha dever de casa para o dia seguinte, desejando que apenas por aquela noite, nenhum pesadelo a atormentasse para que fosse capaz de esquecer o péssimo dia.

— Talvez sua mãe tenha razão e ele tenha tido um motivo, nunca perca as esperanças.

— Tikki, você que já viveu muito tempo, consegue pensar em algum motivo que impeça alguém de mandar um sms?

— Marinette, existem tantas coisas que não posso explicar. Talvez alguém tenha roubado o seu telefone como você já fez, Adrien costuma o deixar bem vulnerável. Vamos, se alegre! Você sempre comentou que ele era um bom garoto, tenho certeza que Adrien não despedaçou seu coração de propósito.

— Obrigada, você é uma boa amiga, mas eu realmente não sei se eu o conhecia o suficiente para dizer se ele era ou não uma boa pessoa.

Sem Ladybug, ninguém poderia salvar a cidade de um akuma e foi por esse motivo, que Tikki agradeceu quando Marinette se deitou e informou que precisava dormir para esquecer aquela noite.

Ela estava escondida entre os lençóis, esperando que o seu edredom a protegesse dos terríveis pesadelos que às vezes a atormentava – pesadelos onde não existia Chat Noir ou Ladybug, apenas Marinette e o perigo da morte que sempre a perseguia em batalhas.

A primeira batida foi tão suave quanto à brisa, quando escutou, pensou que já estivesse sonhando e aquilo era tudo sua imaginação.

A segunda foi leve como uma pluma, ela então se atreveu a aceitar que talvez estivesse acordada, mas não sabia se tinha ânimo para enfrentar Chat Noir naquela madrugada – como poderia ser o que era, quando não lhe restava coragem nem para ser ela mesma?

A última foi despertadora, porque ela não era Ladybug e ele não era seu parceiro de batalha correndo um enorme risco de morrer para salva-la.

E aquilo parecia extremamente simpático do ponto de vista da garota.

Levantou-se na ponta dos pés e subiu à varanda, na esperança de encontrar um negro gato de rua – com seus olhos verdes e seu sorriso provocador – que pudesse gerar nela uma pequena alegria, porém, o que encontrou não correspondeu as suas expectativas.

De pé, encostado em seu parapeito, o seu príncipe desencantado observava as estrelas – e por algum motivo, lhe passava uma incrível sensação de nostalgia.

— Eu sei que não mereço, mas será que podemos conversar?

A razão lhe pedia para dizer não, porém, Marinette acabou por escolher a resposta do seu coração:

— É claro.


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