O loiro andava em passos apressados atras de uma ruiva com cachos revoltos.

— Valente! - Gritou, ela o ignorou. - Espera...- Correu a alcalçando e impedindo a garota de continuar.

— O que quer? - Perguntou irritada, ajeitando os oculos.

— Me desculpe, ok? - Ela revirou os olhos. - Pode me encontrar no estacionamento no final da aula? - Ela suspirou e assentiu se destanciando do loiro.

— Ah e o nome da Princesa é MERIDA! - Ele apenas deu de ombros e segui para sua sala.

Parecia que as aulas demoraram uma eternidade para acabar, mas quando o ultimo sinal tocou o loiro correu em direção ao estacionamento e avistou uma cabeleira ruiva encostada em sua caminhonete.

— Pronto. - Ambos entraram no carro e seguiram por uma trilha que a garota não conhecida.

— Onde estamos indo?

—Eu não vou te matar! - Disse rindo.A garota se calou e esperou até chegarem ao seu destido.

O lugar era muito bonito, era o topo da cidade, de lá dava para ver tudo, as árvores, casas, carros e o lindo sol que estava a se pondo.Depois de sairem do carro e deitarem na traseira da caminhonete o loiro começou a falar.

— Bem, eu sei que o que eu pretendia fazer era errado e...- O garoto não sabia mais o que dizer.

— E... - Incentivou.

— Minha mãe me contou uma história inumeras vezes, é bem bonita, sabe? - A ruiva assentiu confusa e desconfiada. - Quer ouvir? - Perguntou.

— Tudo bem. - A ruiva continuava confusa.O loiro suspirou e iniciou a história que fora contada a ele inumeras vezes.

03 de Outubro de 2015/ 8:00 hrs Am

Depois de terminar de preparar o café fui até o quarto de Roustin o acorda-lo para o levar à casa de Vanessa, pois a creche não funciona aos sabados e eu teria que trabalhar hoje, mesmo pedindo ao meu pai o dia de folga para passear com Roustin no parque da cidade, após leva-lo ao médico, pois ha um tempo ele vem reclamando de dor de cabeça e nauseas, ontem a noite ele estava com febre e suava muito.

— Querido acorde. - Disse o chacoalhando de leve,notei que seu pijama azul estava humido.Droga eu devia ter trocado!-Querido,vamos. - Ele resmungou algumas coisas se sentou e me abraçou ainda sem abrir os olhos,ri de sua ação.

— Bom dia. - Murmurou e em seguida abriu seus olhos me encarando e sorrindo.

—Bom dia. - O puxei para o meu colo o sentando de frente para mim e ele colocou o rosto no vão do meu pescoço,sorri o abraçando.O afastei um pouco de mim e começei a desabotoar o seu pijama,notei algumas manchinhas roxas em seu corpo e me assustei. - Doí? - Perguntei tocando uma manchinha,ele negou coçando os olhos. - Alguem te machucou na creche?

— Não. - Disse olhando para a mancha e colocando a mãozinha em cima.Me levantei e o coloquei em pé sobre a cama,ele cambaleou e o segurei,em seguida retirando o restante do seu pijama e verificando se havia mais manchas pelo seu corpo. - Que foi? - Perguntou meio aflito me olhando o encarei.E foi ai que minha ficha caiu,"como eu não notei antes?" me perguntava.Eu estava completamente assustada,respirei fundo "fica calma" dizia a mim mesma mas não adiantava.

Não!Por favor,não.

Me desesperei e antes que eu pudesse impedir algumas lagrimas corriam pelas minhas bochechas,Roustin se assustou e também começou a chorar.

— Mamãe? - Limpei minhas lagrimas e o peguei no colo.

— Calma meu amor. - O balançava de um lado para o outro. - Calminha,não foi nada. - Ele se acalmou e me encarou ainda com algumas lagrimas em seus olhos,que logo tratei de limpar,e um biquinho fofo.

— Nenem dodói? - Perguntou apontando para si mesmo.

— É... - Assenti - Nós vamos ver o titio Cody,ok? - Ele assentiu passando as mãozinhas no rosto.Caminhei até seu guarda roupas pegando uma blusa de mangas azul,uma calça de moleton e uma touca,em seguida jogando as peças sobre a cama.

Caminhei até o banheiro com Roustin em meus braços e o coloquei em pé sob o chuveiro.

— Na banheira. - Disse e apontou para a banheira azul.Neguei.

— Tem que ser um banho rapido. - Ele franziu a testa e fez um biquinho mostrando sua irritação,mas assentiu enquanto eu ria.Ele tomava banho todos os dias de manhã na banheira antes de ir a creche.

Depois do banho o enrolei na toalha e o coloquei na cama,em seguida o enxugando.Depois de colocar uma fralda - apesar de ele não gostar mais de usar fralda eu sempre colocava -,não sabia se ele dormiria em algum momento em que estivermos no hospital,e o trocar,penteei o seu cabelinho loiro,coloquei sua touca e desci com ele no colo enquanto ligava para Vanessa.

— Bom dia.Já estão chegando? - perguntou assim que entendeu no terceiro toque.

—BOM DIA! - Roustin gritou aproximando-se do telefone que estava na bancada,onde ele também estava sentando,no viva-voz.Deu para ouvir o gritinho da Nessa,mas a gargalhada de Roustin tomou conta da cozinha inteira.

— Não grite meu loirinho preferido. - Disse dando risada da gargalhada dele. - Não deixe o titio Riker saber,ok? - Nessa e Riker eram casados ha 2 anos e tinham uma filha,são um casal muito unido e bonito mesmo com as briguinhas em relação a paternidade de Roustin.

— Ok. - Sussurrou como se fosse um segredo.

— Bom dia! - Respondi logo após parar de rir. - E não,eu vou levar Roustin ao médico. - Nessa é uma pessoa um tanto dramatica e exagerada então ela se desesperou e logo me bombardeou de perguntas. - Nessa não é tão sério,fica calma. - Além de manter a minha calma,teria que acalmar minha irmã,mas na verdade o assunto era realmente sério e eu estava pirando.

— Você me assustou. - Ela respirou aliviada.Oh querida se eu te falasse a verdade,você provavelmente desmaiaria.

— Melhoras loirinho da titia.

— Ta. -Ele assentiu e pegou mamadeira que eu acabara de o entregar.

— Depois que eu voltar,vamos para a sua casa,ok? - perguntei pegando uma xícara de café.

— Ok. - Peguei o celular - O Riker vai chegar só as 17:00 horas,então eu que vou nos levar ao parque. - Disse provavelmente com um sorriso travesso no rosto.

— Não,eu posso dirigir.

— Cala boca Laura e vai logo levar o meu macaquinho para o hospital. - Ri,ele tinha esse apelido por que o macaco era o seu animal preferido e sempre o imitava.

— Tudo bem.Tenho que desligar.Da "tchau" para a titia querido. - Roustin nem estava sentado sob a bancada,ele estava deitado apoiando a cabeça em uma de suas bolsas.

Sim eu arrumei duas bolsas para passarmos o dia com Vanessa e Riker.Não me julguem.

— TCHAU. - Ele gritou assim que tirou a mamadeira da boca e se sentou.Nessa gargalhou junto comigo.

— TCHAU. - Gritou de volta.O coloquei no chão e peguei suas bolsas caminhando para forar de casa,com Roustin indo na frente.

É só ficar calma.

(...)

Não demoramos muito a chegar até o hospital,a cidade era pequena quase fora do mapa e o hospital daqui também não era dos melhores,mas com a ajuda de papai estava melhorando.No caminho todo Roustin ficou brincando e mostrando um livro com animais para seus ursinhos e Wolly,seu amigo imaginario.Enquanto eu estava destruida por dentro e calma por fora.

— Não!Não!Não! - Roustin gritava e esperniava enquanto a enfermeira,Megan,tentava tirar seu sangue para o exame.

— Querido,fique calmo. - Me aproximei e o peguei no colo,ele tremia por conta do choro.Roustin tem muito medo de agulha e em todos esses três,quase quatro,anos ele sempre chorava quando via uma agulha. - É só uma picadinha.

— Não é não. - Brigou.Respirei fundo.

— Olha vai ser rapidinho,depois a mamãe vai te levar ao zoologico para você ver os macaquinhos,oque acha? - Ele se animou e começou a "dançar".

— Eh. -Comemorou.

— Mas antes tem que deixar a moça boazinha dar uma picadinha no seu braço.Vai ser rapidinho. - Meu loirinho fez bico e assentiu. - A mamãe vai cantar para você. - Roustin encostou a cabeça no meu ombro e me sentei na cadeira,iniciando sua canção de ninar favorita.

"Bem no fundo da campina, embaixo do salgueiro

Um leito da grama, um macio e verde travesseiro

Deite a cabeça e feche esses olhos cansados

E quando se abrirem, o Sol já estará alto nos prados."

Eu não conhecia essa musica,foi Ross quem me apresentou.Ele dizia que Jogos Vorazes era o melhor livro de todos os tempos e dizia que eu não sabia oque estava perdendo por ainda não ter lido.Ele estava certo.

Só de pensar que por culpa de ambos ele nunca conhecera Roustin diretamente me parte o coração,mas sou orgulhosa de mais para ir atrás dele.Não fui eu quem escolheu ser assim,a vida me fez ser assim.

"Aqui é seguro, aqui é um abrigo

Aqui as margaridas lhe protegem de todo o perigo

Aqui seus sonhos são doces e amanhã serão lei

Aqui é o local onde eu sempre lhe amarei."

Sem perceber algumas lagrimas começaram a correr pela minha face,as limpei rapidamente,antes que Roustin notasse.Eu ouvi o seu chorinho e parei de cantar.

— Dodói. - Choramingou.

— Prontinho amor já acabou. - O ninei enquanto a enfermeira colocava o curativo.

— Em duas horas fica pronto. - Me avisou e eu assenti.Me levantei,Roustin já tinha se acalmado,mas ainda fungava.

— O que acha de ver os macaquinhos? - Perguntei tentando o animar.O sorriso logo brotou em seu labios,engolindo o nó em minha garganta sorri.Seu sorriso era tão puro e lindo,me lembrava Ross.

A cidade era pequena mas tinha varios lugares para passear,papai quem deu o dinheiro para contruir,principalmnete o zoologico depois que descubriu que Roustin amava macacos.

(...)

A nossa ida ao zoológico foi divertida,lá,o vendo alegre e cheio de vida me permiti por um momento fraquejar com sorrisos nostalgicos e abraços apertados.

— Cody. - Comprimentei meu primo quando ele passou pela porta com os exames de Roustin nas mãos.Roustin dormia tranquilamnete nos meus braços,a ida ao zoologico esgotou todas as suas energias.

— Laura. - Ele se sentou e encarou os papeis em suas mãos.Pude ver seus olhos marejados. - Ele... - Coçou a garganta e tentou manter a profissionalidade. - Ele esta doente. - Eu já chorava descontraladamente,não queria acreditar.Cody também não se aguentou e chorou junto a mim.

Apertei Roustin enquanto Cody se aproximava e ajoelhava ao meu lado.

— Laura,querida.Megan me avisou que estava aqui...- Minha mãe parou assim que viu nosso estado. - Oque houve querida? - Perguntou aflita.

—Fique com Roustin por um tempo. - pedi.

— Laura... - A cortei antes que terminasse.

— Por favor mãe,depois eu explico. - Disse entre soluços.Relutante ela pegou meu loirinho,que ainda estava dormindo e saiu da sala.

— Tudo bem se acalme.Não é o fim do mundo... - O corte antes que ele terminasse.

— Não é o fim do mundo? - Perguntei incrédula me levantando. - Por que não é seu filho que esta doente.

— Laura,temos muitos hospitais exelentes...

— O melhor.Eu quero o melhor hospital! -Me exaltei.

— Calma.Você lembra do ano passado,uma moça foi diagnosticada com cancêr e seu pai a mandou para Houston,Texas e...

— Sim.Me ajude a preparar tudo para irmos ao Texas. - Limpei meu rosto e me sentei na cadeira.Cody se sentou ao meu lado e me abraçou de lado. - Porque com ele? - Perguntei recomeçando a chorar.

— Não é justo. - Choraminguei e funguei.

A vida as vezes parecia zombar de mim,tentando tirar quem eu mais amo.