A Darkland Tale escrita por DarrenShanLover


Capítulo 3
A CHAVE


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo... espero que gostem!!!



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A CHAVE

 

            Eu ouvi a risada de novo, estava atrás de mim, só que dessa vez mais perto. Era uma risada, mas eu aposto que não era de alguém querendo me dar um chocolate e um abraço. Era uma risadinha maléfica, e a atmosfera se encheu de perigo. Eu estava congelada. Não queria me atrever a olhar para trás...

            Mas... Eu tinha.

            Enrijeci os meus músculos, pronta para fazer qualquer momento necessário para me proteger ou atacar. Arregacei as mangas e virei lentamente o pescoço para trás.

            Eu virei devagar e cautelosamente, cerrando os punhos, me preparando para o que quer que fosse. Eu não acreditaria que havia algum perigo se aquela voz em minha cabeça não tivesse sido tão sinistra ao falar do “show”, aliás, eu estava acreditando em uma voz da minha cabeça?

            Querendo encurtar o momento de tensão virei os últimos centímetros rapidamente. Estava esperando ver... Alguma coisa grande ou ameaçadora, porém não havia nada!

            Esquadrinhei o chão com os olhos, o que era meio difícil já que, como eu disse, o padrão do chão me provocava vertigem e encontrei! Não era o que eu esperava. No chão, há alguns passos de distancia, estava uma marionete, sua boca estava aberta e as linhas que prendiam seus braços, pernas e boca estavam inertes no chão. Ela usava uma estranha roupa que imitava um quatro de copas.

            Será que aquela marionete vinha de onde eu vim? Será que ela havia caído aqui também? Eu cheguei mais perto, para examinar melhor. Era apenas um brinquedo inofensivo, e eu havia levado o maior susto, relaxei os músculos e cheguei ainda mais perto.

            Espere!

            Dei um passo para trás, aquilo não podia estar certo, alguém estava rindo... Eu ainda estava em perigo. Podia haver alguém na sala, alguém que jogou a marionete aqui. Cerrei os punhos novamente e esperei para ver o que acontecia...

            - Hihihihihi!!!

            Um arrepio desceu minha espinha. A marionete havia... Se mexido. Na verdade, havia rido! Agora ela estava se levantando, ficando em pé, mas... ninguém a estava controlando!

            - A...lice... – a marionete disse com dificuldade. – Alice...

            Eu congelei, a boneca estava segurando uma faca de caça que parecia ter sido muito bem afiada.

            - Hihihihihi...

            A marionete estava andando em minha direção! Eu não podia me mover, estava em total estado de choque! Afinal, quem não estaria? Uma marionete, que deveria ser um ser não-vivo, estava rindo e caminhando ao meu encontro empunhando uma faca de caça. Acho que já estava claro o objetivo da marionete, não é?

            Mesmo assim eu não conseguia me mover, estava com medo, tremendo e eu não tinha nenhuma arma que pudesse usar. Eu estava indefesa, a única coisa que eu podia fazer era fugir e esta era justamente a coisa que eu não estava conseguindo fazer.

            A boneca se preparou para atirar a faca de caça. Pronto, era o meu fim, a única coisa que eu tinha que fazer era aceitar. Será mesmo? Eu iria morrer aqui e ninguém iria saber? Eu tinha que voltar para casa, e não iria desistir tão cedo.

            Mas primeiro eu tinha que pensar racionalmente. Como poderia voltar se não conseguia me mover? Melhor parar por um segundo. Só que eu não tinha um segundo, o pânico tomava conta de mim, eu estava em choque. Mesmo assim, eu parei.

           Fiquei sem pensar em nada por um milésimo de segundo, nada. Droga, eu ainda não podia e mover...

            E a marionete atirou a faca!

            No último momento, quando fui totalmente consumida pelo medo, eu senti meus movimentos voltarem e me joguei desesperadamente de costas no chão, não pensando em maiores conseqüências. Naquela hora, a única coisa que importava era viver.

            Eu bati violentamente as costas e a cabeça no chão, a faca havia pegado de raspão a minha testa, a cortando superficial e verticalmente. Mas isso não tinha importância, afinal, aquilo não era nada comparado ao que a faca podia fazer se houvesse realmente me atingido.

            Ergui-me rapidamente, procurando a faca no chão para poder me defender. Infelizmente eu não a encontrei. Virei para encarar a marionete novamente e levei um susto. A faca havia retornado a sua mão! Mas, como... Ora, pensei, dando um sorriso para mim mesma, depois de tudo que eu já havia visto eu ainda me perguntava como aquilo era possível?

            Só que agora eu já podia me mexer, eu não tinha necessidade de ficar ali parada.

            Disparei em uma corrida até a porta que eu havia visto. Eu apenas ouvi a marionete rindo e andando calmamente até mim.

            Quando cheguei, forcei a maçaneta desesperadamente, eu tinha certeza de que a porta  me levaria de volta para casa. Quer dizer, eu não sabia, só tinha a sensação. Só que por mais que eu tentasse girar a maçaneta, tanto para a direita, quanto para a esquerda, a porta não se movia.

            - Hihihihihi... – ouvi atrás de mim.

            Eu me virei para olhar para trás e encontrei a marionete a poucos passos de mim segurando uma pequena chave na mão livre. Havia um sorriso medonho em seu rosto de madeira, que foi quebrado quando disse:

            - É is...so que... srta. A-li...ce quer? Hihihihihi...

            Droga, a marionete tinha a chave. Eu tinha que pegar, só que eu não podia chegar nem chegar perto sem correr o risco de acabar morta.

            - Vem... pegar...

            A marionete retomou aquele terrível sorriso e estiou a mão com a chave em minha direção. Ela balançou alegremente a mão, me convidando a tentar pegar.

            Eu sabia que era arriscado, mas se não fizesse nada ficaríamos em uma brincadeira de gato e rato até eu me cansar de correr ou tomar um passo em falso, cair ou não for rápida o suficiente para me desviar e um golpe fatal.

            Era eu quem tinha eu tomar a iniciativa afinal.

            Discretamente, eu procurei alguma coisa sobressalente nas minhas roupas, qualquer coisa que pudesse desviar a atenção da marionete ou que eu pudesse usar para me atacar ou me defender.

            Nada, não tinha nada fora o relógio, que eu não iria usar, afinal, toda essa confusão aconteceu porque eu quis voltar atrás e pegar o bendito relógio. Seria burrice o jogar fora agora.

            Cansada de esperar a marionete lançou a faca novamente.

            Dessa vez o golpe me pegou de surpresa. Eu me joguei para a direita, rezando para que a faca passasse longe. A faca me cortou o braço esquerdo, fiquei esperando ver o sangue, mas percebi que a faca havia apenas cotado a manga do meu casaco.

            Só que quando eu me joguei no chão eu caí por cima do meu tornozelo, que estava doendo levemente. Agora. Depois, quando a descarga de adrenalina passasse eu iria sentir realmente as conseqüências sobre sei lá o que havia acontecido.

            Então, percebi que havia uma música tocando.

            Era a música do meu relógio. Apalpei o casaco e percebi que ele não estava lá. Rastreei o chão em busca dele e o encontrei aberto no chão ao meu lado. A melodia fluía levemente na sala, quebrando ironicamente a atmosfera de perigo no ar.

            A marionete, agora mais longe de mim graças ao meu salto, olhava surpresa o objeto de onde saia a música. De repente a alegria insana em sua face se transformou em uma careta louca. Ela me encarava com os olhos transbordando de raiva.

            - Como... – disse ela entre dentes, se é que isso é possível para uma marionete. – você pode?! Esse... esse... relógio... pertence à... própria... Inventora!!!

            Então ela arremessou a faca sobre mim e eu tive que rolar para longe do relógio. A faca felizmente nem chegou perto, pois a raiva estava impedindo que a boneca mirasse direito.

            Antes mesmo dela se recompor para me atacar de novo eu agarrei o relógio e saí correndo desesperadamente sem nem mesmo parar para fechá-lo. Quando eu estava longe o bastante para a marionete parecer apenas um ponto longínquo do meu ponto de vista, eu parei para pensar no que eu iria fazer agora.

            O relógio parecia importante de algum modo. Ela comentou que ele era da “Inventora”. Bem, esse teria que ser um mistério que eu desvendaria depois.

            A boneca estava se aproximando. Se isso continuasse por mais tempo eu acabaria sendo morta. Mas eu não tinha nem com o que me defender daquela marionete e ela tinha uma faca.

            Coloquei as mãos na cabeça, não sabendo mais o que fazer. Eu não podia morrer ali, eu tinha que voltar para casa. Mas... eu estava encurralada. Não tinha como escapar.

            A música do relógio ainda estava soando. Eu havia me esquecido de o fechar... Relógio... quando você estiver em apuros, eu sugiro que não esteja atrasada e nem adiantada, é sempre bom estarmos nos orientando com o horário certo, não concorda? Aquelas palavras iam surgindo gradualmente na minha cabeça. Eu olhei para o meu relógio de pulso, ele ainda estava lá. Estava marcando duas e quinze. Olhei para o outro relógio, ele marcava duas e... treze.

            Quando eu estivesse em apuros... Será que... Aquilo iria fazer mesmo a diferença?

            Eu puxei o regulador de hora do relógio e comecei a virá-lo devagar para trás. O ponteiro dos minutos estava adiantando... Duas e quatorze... Duas e quinze.

            De repente, eu não estava mais segurando um relógio, havia agora uma corrente comprida em minha mão esquerda, e em umas das pontas pendia a cabeça de uma foice. Eu mal estava acreditando no que havia acontecido.

            Havia esperança.

            Quando viu o que havia acontecido, a marionete começou a correr em minha direção, brandindo a faca. Segurei firmemente na cabeça da foice, num pequeno cabo ligado à corrente. Eu tinha que jogar a foice na direção da boneca e rezar para que o lance desse certo. 

            Eu mirei e joguei, afrouxando a mão esquerda para que a corrente pudesse passar.

            Foi uma questão de segundos, mas para mim pareceram horas. Fechei os olhos, porque não queria ver o que iria acontecer, porém, no último segundo entreabri-os o suficiente para ver a foice cortando a marionete ao meio. Depois, a corrente trouxe a cabeça da foice novamente á minha mão direita. Eu a peguei com perfeição de quem já havia treinado com aquilo antes.

            Houve uma pequena explosão de luz e depois a única coisa que restou daquele pesadelo era uma carta de baralho, Quatro de Copas, e, claro, a chave.   


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Notas finais do capítulo

REVIEWS!!!



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