Siga a Tempestade escrita por kayaa


Capítulo 2
28 de Novembro


Notas iniciais do capítulo

As datas nos títulos do capítulo são apenas para mostrar os dias em que as tempestades aconteceram. Beijos e tenham uma boa leitura!



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A temporada de chuva em Konoha estava mais extensa do que fora nos anos anteriores, as ruas estavam mais escorregadias e a ventania parecia nunca ter fim. A parte boa é que nenhuma casa tinha sido invadida pelas águas e a parte ruim é que parte do telhado da biblioteca de arquivos da vila não havia aguentado as fortes tempestades; o que seria um fato inédito já que a estrutura do prédio era considerada de primeira qualidade.

Sakura encarou mais uma vez o monumento hokage antes de retornar à sua corrida em meio a chuva que por vezes tampava a sua visão. Suas roupas estavam coladas no corpo e a cada metro que conseguia cruzar sentia que estavam mais pesadas, enquanto que o cabelo lavado pela manhã grudava no rosto.

Talvez fosse algum tipo de castigo por não ter escutado o conselho que sua mãe deu de levar o guarda chuva.

O tempo corria e a kunoichi também. Os sapatos faziam uma espécie de “floc floc” quando os pés os pressionavam contra o asfalto.

E quando cruzou a esquina de casa, desejou não ter que ouvir o sermão de sua mãe sobre o quão irresponsável estava sendo com a própria saúde, mas veja bem, Sakura tinha outros afazeres para se preocupar.

Enquanto recuperava o fôlego da corrida, analisou atentamente a quantidade de sapatos arrumados de forma impecável no genkan. Contando com os dela, somavam três.

― Mas papai nem está em casa. ― Sussurrou largando os sapatos encharcados no desnível. ― Desculpe o atraso, eu...

O olhar negro de Sasuke brilhava na escuridão que as cortinas fechadas deixavam. Ele a olhava sem expressão ao mesmo tempo em que levava uma xícara até os lábios.

― Sa...su...ke-kun...?

Pousou a porcelana na mesinha de centro.

― Eu não podia deixá-lo esperando no meio dessa chuva não é? ― A jovem senhora sorriu docemente voltando seu corpo na direção da filha, em uma de suas mãos trazia um prato que aparentava ter os famosos biscoitos de nozes. ― Venha! Junte-se a nós, mas antes vá trocar de roupa. Eu te disse que era para ter levado um guarda chuva.

― Err... Sim...

Não era novidade entre os vizinhos o fato de Haruno Mebuki amar o relacionamento da filha com o último dos Uchiha, não pelo poder que seu nome carregava mas pelo respeito mútuo entre os dois. Não tinha sensação melhor do que saber que a sua filha - criada com tanto amor - era bem tratada.

Assim que a jovem alcançou o décimo degrau da escada, lançou um olhar desconfiado em direção aos dois e seguiu para o seu quarto, até porque não via a hora de retirar aquelas roupas molhadas.

Ela vasculhou as gavetas em busca de algo que a aquecesse, desarrumando as roupas enfileiradas em rolinhos. Uma pilha de roupas de vestidos de alça e nenhum casaco forte o bastante para acompanhá-la em um chá quente.

Desceu para a gaveta debaixo e tudo que encontrou foram roupas íntimas arrumadas por ordem de cor. Céus! Como poderia ser tão paranóica a ponto de guardar suas roupas por ordem de cor?

― Você deveria tomar um banho quente antes. ― Sasuke estava parado encarando-a do corredor, sem se atrever a entrar no quarto.

Um minúsculo ar de serenidade sendo exibido pelas feições finas do rapaz.

― Não agora, eu só quero tirar essas roupas molhadas mesmo. ― Disse puxando algumas peças de encontro ao peito, parecia querer esconder a transparência da blusa molhada.

Sasuke sorriu minimamente ao perceber o desviar de olhar da garota que com toda a certeza ainda estava sem graça pelo interrogatório que os dois haviam passado após serem flagrados dando uns amassos na porta da casa.

Ele também ainda estava um pouco envergonhado, não queria passar a imagem errada para os pais da garota. E não entrar no quarto de Sakura era apenas umas das barreiras que teria que enfrentar.

― Não acredito que ainda teve coragem de vir aqui depois de ontem. ― Brincou erguendo o rosto para olhar Sasuke nos olhos. ― Eu não teria.

Ele suspirou, deixando a visão cair para os lábios rachados da umidade.

― Sua mãe não pareceu se importar quando me pediu para subir e te chamar.

― Não?

― Não. ― Balançou a cabeça. ― Ela parecia bem confortável em deixar te deixar sozinha comigo.

O cabelo cor de rosa ainda pingava, deixava rastro de chuva por onde quer que Sakura caminhasse. O piso do quarto era o mais atingido, leves pingos o tingiam.

Um aqui.

Um ali.

Um acolá.

A tempestade se mostrava tão presente que forçava as árvores densas, de troncos grossos baterem com os galhos no vidro da janela. Sakura nunca contou a ninguém, mas em épocas de tempestades, costumava deixar a imaginação tomar conta de sua cabeça ao som daqueles galhos assombrosos friccionando contra a janela.

Ela continuava envergonhada.

― Quer que eu te espere lá embaixo? ― Encarou o corpo delineado pela roupa molhada, era possível enxergar os músculos e ver o quanto Sakura tinha trabalhado duro. Não eram exagerados, nem a deixavam menos feminina. Estava mais madura e aos olhos do rapaz, mais atraente.

Era quase possível ver a história de seu treinamento pesado ao longo dos anos, seus esforços para tornar-se ainda melhor.

― Não vai secar o meu cabelo? ― Pegou apressadamente a toalha jogada na cama e a estendeu.

― Pensei que não fosse perguntar. ― Sasuke aproximou-se da jovem torcendo para que não percebesse que ele nem ao menos piscou enquanto se falavam. Secar os cabelos róseos era uma das melhores sensações que odiava admitir, mas que o deixava com o humor ligeiramente mais agradável. ― Acho... Que você pega chuva de propósito só para que eu seque o seu cabelo.

Sakura riu abertamente, talvez uma meia gargalhada confidente.

― Pode ser. O que você acha?

― Que você esquece o guarda chuva de propósito.

O coração de Sakura acelerou enquanto o Uchiha secava, com a destreza de uma única mão, os fios úmidos. Chacoalhava a toalha contra a sua cabeça, bagunçava as pontas. Ele a puxava para si e os dois ficavam minutos abraçados, trocando calor e uns beijos roubados até o momento em que se lembravam que o propósito era secar o cabelo/trocar as roupas molhadas.

Muitos de Konoha se morderiam para assistir a um momento desses, em que o coração de Sasuke era amolecido por uma jovem kunoichi.

Era amolecido por uma Sakura.


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