Não Me Deixe Ir escrita por Juliane Bee


Capítulo 6
Isso é um elogio?


Notas iniciais do capítulo

Hello, it´s me!
Sim, eu menti. Falei que nos veríamos antes do natal, mas só apareci em 2016 kkk perdoem a piada sem graça, mas os votos de um ano novo melhor são sinceros. Que esse novo ano que se inicia seja melhor que o antigo :) Sucesso pra nós, e muito amor! Feliz Natal atrasado para quem eu não dei nos comentários, e desculpem pela demora para responder. Eu sempre passo o natal na minha avó, e fica complicado entrar aqui para responder, postar, e gosto de fazer tudo com calma. Espero que o resultado tenha ficado bom, não esqueçam de comentar, hein?
Não sei quando teremos capitulo novo visto que ele será bem importante e elaborado. Saio de férias na segunda, e ficarei 1 semana e pouco na praia (amém), depois disso vou arrumar minhas coisas e me mudar definitivamente para SC. Quem me acompanha sabe que eu não moro com meus pais há anos, mas agora vou mesmo morar sozinha. Sozinha não, dividir apartamento com outras duas meninas. Que medo! Tomara que seja bacana essa experiencia, tem tudo para dar certo. To bem empolgada para 2016, e tenho certeza que será um ano bacana para todos nós.
Por favor, não sumam! Eu não vou sumir, mas posso ficar 2 semanas em off, para descansar. Aproveitem para ler minhas outras fics, a Princesa Cactus fez isso e nossa, como ela devora os capitulos! Que bom que está curtindo! Fico muito feliz :) Para quem não conhece as outras fics, eu fiz uma nova oneshot sobre Out Of The Woods, da Taylor Swift. O link estará aqui embaixo, se quiserem :)
Muito obrigada pelo apoio, e nos vemos nas notas finais!
Boa leitura, e se preparem!
O trecho que escolhi para iniciar o capitulo é um dos meus preferidos da vida!
Beijão~
linkzão: https://fanfiction.com.br/historia/648110/1989/



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You've got your demons

And darling,

They all look like me.

Sad Beautiful Tragic - Taylor Swift

(...)

Um arrepio percorreu minha espinha.

O caminho que sua boca fazia em minha pele nua, depositando beijos em minha nuca, provocava choques que se alastravam até meus dedos dos pés. Aquilo estava tão bom, eu estava tão relaxada.

— Adam.. - cravei minhas unhas em suas costas.

— Rainha do gelo. - sussurrou em meu ouvido.

Empurrei seu peito, afastando-o.

Não, não.

— Porque você sempre faz isso? - seu sorriso era diabólico.

— Sai de perto de mim, Mike. - suas mãos prenderam meus braços - Eu tenho nojo de você!

— Claire, Claire.. se todos podem aproveitar, porque não posso também? - vi meu reflexo em seus olhos - Você sabe que gosta.. - sua boca estava próxima a minha, perto o suficiente para que ele me beijasse.

— Não! Seu monstro! - foi involuntário, e quando dei por mim notei seu corpo estirado no chão. Em minhas mãos um abajur pingava algumas gotas de sangue no lençol.

— Não.. - larguei o objeto, mas minhas mãos estavam vermelhas. Senti meu coração acelerar, e uma dor forte me paralisou. Fechei os olhos, já não aguentando. - Por favor, para!

Acordei com o barulho dos emails entrando em meu celular.

Soltei o ar devagar.

As imagens do sonho se misturavam a vida real, e flashbacks da noite passada me atordoaram. Mike tinha uma cicatriz na sobrancelha esquerda, foi o primeiro lugar que olhei quando o vi ontem a noite.

Nojento.

Eu o odeio mais do que qualquer outra pessoa no mundo.

Tentei levantar da cama, mas estava um pouco tonta. Fitei a garrafa no chão, completamente vazia. Os quase 700 ml não foram suficientes para me fazer esquecer do dia anterior.

Burra. Porque você tinha que vir para Madison?

Pior do que a força do tapa que Jenny me deu, foi lembrar que antes de Mike, era o nome de Adam quem eu chamava. Balancei a cabeça.

Justo ele?

Fui até o banheiro me lavar, sem prestar atenção no celular. O jantar de hoje vai sugar todas as minhas forças, precisava de um momento para respirar. Coloquei uma roupa limpa, amarrei o cabelo, e coloquei meus óculos. Pela primeira vez desde que cheguei o céu não estava nublado, mas nada comparado a ensolarada Califórnia, minha verdadeira casa.

Peguei o notebook, telefone, e desci para a recepção. Tinha dormido além da conta, e acabei perdendo o horário.

— Joshua, será que você pode pedir para mim um sanduíche? - ele estava novamente no celular - Eu perdi o almoço.

— Tudo bem, - riu - posso levar até o seu quarto.

— Não, não. - me adiantei - Vou estar no jardim, vocês ainda tem aquela mesa lá fora? - ele me olhou surpreso.

— Sim.. - levantou uma sobrancelha - Desculpe, mas quem é você? - ri fraca.

— Alguém que já morou aqui anos atrás, já disse. - acenei para ele - Estarei lá, obrigada.

Não queria relembrar tudo, pelo menos não por agora.

Passei pelo jardim, até chegar aos fundos, lembrando de muitas vezes em que estive nesse mesmo lugar, com a minha mãe, tomando chá com a Sra.Hampton. Bons tempos aqueles.

Abri o celular discando o primeiro número da lista.

— Senhorita Walsh! Como está tudo aí?

— Helen, é Claire, já se esqueceu?

Desculpa! - ela riu do outro lado— A senhorita precisa de alguma coisa? Tudo está saindo conforme o planejado?

— Estou bem, obrigada, e sim, tudo está perfeito. Só liguei para saber como andam as coisas, se tem algum assunto muito urgente, não li alguns emails, e os que você priorizou responderei daqui a pouco.

Nada demais, nós tivemos um caso que repercutiu bastante na mídia noite passada, mas não é tão relevante assim. Os advogados já entraram com um recurso, e o cliente já está solto.

— Menos mal, não quero nenhum problema sério enquanto estiver longe. Se for algo muito importante, nem pense duas vezes, me ligue.

Pode deixar, Claire. Ah, tem outra coisa,— ela riu - Sebastian esteve aqui e me pressionou para que contasse aonde você está.

— E você? - por favor, que ela não tenha falado. Por favor.

Disse que estava em um congresso na Alemanha, e que só voltaria dentro de cinco dias. - soltei o ar.

— Muito obrigada, Helen. - sorri - Era só isso, pode tirar o resto do dia de folga.

— Mas.. eu ainda não terminei alguns casos.

— Não tem problema, vá pra casa. - confirmei.

Obrigada, Claire. Tenha uma boa estadia em Madison.

— Obrigada, Helen. Nos vemos em breve. - me despedi.

— Nossa.. - deixei o celular na mesa, virando para encara-lo - Você é a irmã gêmea do bem que esteve presa no quarto esse tempo todo?

— Há há. Que engraçado você, além de escritor é humorista? - Adam sorriu, sentando na cadeira em frente a minha. Ele estendeu uma bandeja.

— Seu sanduíche, senhora. - analisei o prato. - Então quer dizer que é aqui que você se esconde?

— Se você conseguiu me achar é porque falhei. - cortei o pão ao meio.

Touché. - ambos ficamos calados por um tempo, até que ele não se aguentou - O que uma mulher como você veio fazer nesse lugar? - fez uma pausa - Bem, percebi que você é amiga da Jenny, mas como se conheceram?

— Eu sou daqui. - me limitei a fita-lo.

— Não parece.

— Isso é um elogio? - levantei uma sobrancelha.

— Adoro suas mudanças de humor. - sorriu

Continuei comendo em silêncio, escutando o barulho dos emails entrando no celular. Em um movimento rápido ele pegou o aparelho, e colocou no silencioso.

— Como esse som não irrita você? Contrasta com essa paisagem maravilhosa. - olhei para os lados, o mesmo jardim de anos atrás só que mais nostálgico.

— Gosto de me manter ocupada. - era verdade.

— Pelo que ouvi de sua conversa, foi sem querer, juro - levantou as mãos em rendição - Você não é má pessoa. - encarei-o - Vi o jeito que tratou sua secretária..

— Assistente. - corrigi - Helen tem potencial para crescer na empresa, ela é dedicada e muito inteligente.

— Assim como você. - senti minhas bochechas ruborizarem.

Qual é, eu não era mais uma adolescente.

— Você está me analisando? - ele riu descontraído.

— Depende, você pode responder algumas perguntas? - me encarou. Era uma questão de honra sustentar seu olhar.

Lembranças do sonho da noite passada voltaram.

Minhas unhas em suas costas, ele sussurrando meu nome..

— Sim. - não.

— Quem era aquele cara ontem a noite? Seu ex? - meu ex.

Vou vê-lo hoje a noite.

Droga.

Levantei de supetão, levando comigo a bandeja.

— Ele não é ninguém. - arrumei minhas coisas - Tenho que ir.

— Não falar sobre seus problemas não faz eles sumirem. - disse sério.

— Nos vemos no jantar. - falei seca, saindo de lá.

— Isso é um convite para irmos juntos? - continuei andando - Vou bater na sua porta as 19:30! - gritou - Quarto 23, não é? Já me informei!

Não contive um sorriso.

Idiota.

****

Saí do banho decidida a me vestir casualmente, eu não queria impressionar mesmo. Mudei de ideia assim que me olhei no espelho. Eu estava tão cansada - e velha.

Tia”— lembrei do garoto no avião.

— Eu não sou nenhuma tia. - falei para meu reflexo.

Todo mundo vai estar lá.

Adam, as amigas da Jenn, o babaca do Mike, ele..

Eu tinha que provar para mim mesma que estava tudo acabado, e que não sinto mais nada por ele. Isso não significa ter que ir vestida discretamente. Pensei nas mulheres do chá de panelas da tarde anterior, e na cara que fizeram quando disse que continuava solteira.

“Aquela Claire Walsh só pensa em trabalho, nem consegue segurar um homem” — devem ter comentado com seus maridos bêbados quando chegaram em casa.

Longe de mim menosprezar a vida delas, mas não entendo essa necessidade de estar com alguém para ser feliz. Sei que não estou totalmente aberta para ninguém há muito tempo, mas não sou infeliz por causa disso.

Sou infeliz porque não consigo deixar o passado no lugar dele, eu convivo com ele todos os dias.

Peguei um vestido preto no armário, sapatos da mesma cor, e usei meu colar de esmeraldas. Eu não estava de luto, e sim, vestida para matar.

— Eu quero, eu posso, eu consigo. - sussurrei.

Fiquei feliz com o resultado final, e não coloquei uma maquiagem carregada, ficando o mais natural possível. Outro diferencial que notei entre as mulheres do chá, foi que todas tem seus cabelos compridos, sedosos, tratados com água mineral. Eu não tenho esse charme a mais, meus cabelos são curtos, quase tocando os ombros.

Lembrei do dia em que cortei o cabelo, anos atrás.

— Porque você cortou? - um cara que eu estava saindo na época falou irritado - Eu não tenho mais como puxa-lo durante o sexo.

— Que bom, por acaso você acha que eu sou um cavalo para puxar minhas crinas? Tenha dó!

Ri sozinha da lembrança. Eu sempre fui tão decidida, teimosa.

Ouvi batidas na porta, e chequei minha roupa pela última vez no espelho.

19:30 em ponto.

— Eu quero, eu posso..

— O táxi já está nos.. - Adam ficou calado - Nossa! Se você ficasse de boca fechada a maior parte do tempo, eu até poderia me casar com você. - fechei a cara - Você tá linda, Claire.

Eu sei, pensei sozinha.

Sorri agradecendo.

— Vamos? - ele assentiu.

Desci as escadas com facilidade - já que uso salto para trabalhar todos os dias - e coloquei meu casaco, já sentindo o vento gelado.

— Claire! - Sra.Hampton estava na recepção - Você está.. - seus olhos marejaram.

A cara da minha mãe.

— Eu sei. - sorri - Obrigada.

— O táxi de vocês já está na entrada. - Joshua avisou.

— Então vamos? - Adam disse, não entendendo nada.

— Pode ir na frente, eu já estou indo. - ele assentiu contrariado, mas foi.

Pousei minha mão na testa, bagunçando meus cabelos. Eu não estava certa disso, não queria ir, meu estomago estava doendo.

— Vai dar tudo certo. - Gemma se aproximou - Você não é mais aquela garota, Claire. É uma mulher adulta, vivida. Vai se sair bem. - sorriu.

Não, vai ser uma tragédia.

— Obrigada. - minha voz saiu trêmula.

Respirei fundo, e segui para fora, embarcando no táxi.

— Você definitivamente é outra pessoa. - Adam não me encarou - Você conhece aquelas pessoas, tem afeto por elas.

— Gemma foi umas das melhores amigas da minha mãe. - não sei porque falei isso, mas simplesmente saiu.

— Sinto muito. - afagou minha mão.

— Está tudo bem. - afastei-a com rapidez.

Eu não sou nenhuma coitadinha.

Passamos o resto do caminho em silêncio, e notei que o taxista nos observava pelo espelho retrovisor.

— Chegamos. - falou depois de algum tempo.

Estendi uma nota de vinte dólares.

— Eu pago. - Adam falou.

— Não, pode deixar que eu pago. - insisti para que ele pegasse a maldita nota.

— Você é a pessoa mais teimosa que já conheci.

— Isso é um elogio? - repeti a frase de hoje a tarde sorrindo, mostrando que estava tudo bem entre nós.

Ele continuou quieto, e abriu a porta do carro com força.

Talvez eu tenha mesmo sido um pouco grossa, mas não tinha necessidade de fazer isso. Para minha surpresa ele parou na entrada, me esperando. Tocou a campainha quando parei ao seu lado.

— Adam! - sorriu - Claire? - Sam pareceu confuso ao abrir a porta.

— Claire! - Jenny apareceu atrás dele.

— Você ainda está aqui? - virou para noiva - Vá terminar de se arrumar que vou recepciona-los.

— Não, eu preciso falar com a Claire.. - mas ele já estava empurrando-a para escada. Ela sussurrou alguma coisa, mas não entendi uma palavra.

— Como está, cara? - abraçou Adam e fez um cumprimento só deles - Claire.

— Oi, Sam. - sorri.

— Desculpe pelo que disse ontem, eu não te acho emburrada.. - escutei uma gargalhada ao meu lado.

Fitei Adam, séria.

— Eu vou pegar uma bebida. - passei por baixo do braço dele, e entrei na casa, seguindo o mesmo caminho de ontem. Pelo barulho no quintal algumas pessoas já tinham chegado.

Entrei no escritório, servindo um copo de uísque. Peguei um gelo, segurando-o nas mãos.

— Parece o destino.. - senti uma mão sobre a minha.

— Essa cicatriz na sua sobrancelha não te lembra nada? - Mike sorriu.

— Eu adoro as nervosinhas.. - começou a se aproximar. O gelo em minhas mãos estava me queimando, mas eu não ligava. Estava nauseada só de encara-lo.

Senti meu sangue subir.

— Claire, está tudo bem? - fitei a porta.

— Você sempre interrompendo, não é, cara? - Mike disse irritado - Continuamos depois, Walsh.

Minha vontade era de soca-lo.

— Você tá legal? - Adam se aproximou, abrindo minhas mãos - Meu Deus..

Olhei para baixo e vi minha mão em carne viva.

— Eu não preciso de nenhum homem para me defender. - encarei-o - Nós não somos amigos, Adam. Me deixa em paz. - puxei minha mão de volta, saindo de lá. 

Mas que droga!

Minha mão estava ardendo, mas minha raiva era maior do que tudo. Fui para o jardim, precisava achar um banheiro.

— Claire! - escutei meu nome, mas não consegui ver de primeira quem me chamava - Claire! - notei Gabrielle dando pulinhos entre um grupo que conversava. Fui até ela. - Que bom te ver! Como você está?

— Bem, obrigada. - menti. - Não sabia que você conhecia a Jenny, é amiga do Sam? - ela riu.

— Não, meu noivo é amigo do Sam, eu vim apenas para acompanha-lo. Ainda bem que te encontrei, estava me sentindo tão sozinha! Você não deve saber o que é isso. - acredite, eu sabia muito bem. - Minha avó ficou encantada por você, ela e Dex não paravam de falar sobre isso.

— Eles são pessoas especiais, gostei muito deles. - sorri sincera.

— Deixa eu te apresentar meu noivo, falei muito sobre você pra ele. - sorriu - Amor! - ela o puxou pela cintura, fazendo com que ele se virasse. - Claire esse aqui é o..

James. parei de respirar.

Tudo ao meu redor tinha perdido o som, e um zumbido forte ecoou em meu ouvido. Meus olhos foram de encontro aos dele, e não pude acreditar no que estava vendo.

Era como se eu tivesse entrado em uma cápsula do tempo e voltado 10 anos atrás. Ele não mudou nada, os mesmos olhos azuis de sempre, os cabelos loiros que tantas vezes acariciei.

Não..

Um gosto de bile subiu em minha garganta, e pensei que fosse vomitar.

— Claire? - sua voz saiu quase como um sussurrou.

Eu definitivamente estava vendo um fantasma.


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Notas finais do capítulo

Meu Deus! E aí, curtiram?!
Gente, o que acharam de tudo que aconteceu? Vamos responder as perguntinhas?
1- A Claire está muito na defensiva com o Adam porque foi machucada, ou porque e grossa mesmo? O que pensam dos dois?
2- O que pensam sobre o James, o tal "ele"? O que aconteceu no passado entre eles?
3- O que a Claire vai fazer para contornar essa situação?
4- A Claire está afim do Adam?
5- A Claire gosta da Helen porque se enxerga nela quando mais jovem?
Sintam-se livres para responder, e nos vemos nos comentários!
Até breve!
Se cuidem,
e boa férias!
Beijão~