Saga Halfmoon escrita por Cyn


Capítulo 30
Um




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Forks

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Quem tratava das mudanças era sempre Alex. Era ele que ficava encarregado de encontrar o melhor sítio. Sem muito sol. Sem problemas. Todos nós confiávamos nele para isso.

Olho Michelle que conduzia sem tirar os olhos da estrada. Seus cabelos castanhos-claros voavam com o vento que vinha da janela. Ela sempre preferia deixar o cabelo curto. Seus olhos estavam escondidos pelos óculos de sol. Olhei para trás e vi Max deitado no banco com os olhos fechados. Ele parecia estar relaxado enquanto escutava a música.

Suspiro e volto-me de novo para a frente. O volvo de Alex ia atrás de nós e nunca nos perdera de vista. As nuvens do céu estavam cinzas e choveria daqui a nada. Para onde quer que olhasse, apenas havia árvores. Um esconderijo perfeito.

—Já estamos a chegar.- Michelle me diz vendo minha agitação.

Assinto, e a única coisa que faço é deitar-me de novo para trás e olhar pelo vidro. Era a única coisa que poderia fazer por enquanto. Mesmo que meu rabo doesse para caramba.

Senti o carro parar e abri meus olhos que fechei graças ao aborrecimento. Saí olhando para a nova casa, sorrindo. Era linda. E de certeza fora Isa que a escolhera.

Toda ela tinha um tom meio acinzentado e era enorme. Mesmo dali de baixo, consegui ver uma pequena estufa no segundo andar onde ficava uma varanda. Isa podia ser uma vampira, mas era uma vampira com amor pelas plantas. E ela tinha de levar seu disfarçar-se humano a sério.

—I loved!- Oiço Crissy falar, animada.

—Max, teu quarto fica na quarta porta da direita. Hannah o teu fica na quarta porta de esquerda. Cri, o teu fica na segunda porta da direita e Elle, o teu ficava na terceira porta da esquerda.- Isa explica e todos assentimos.

Pego minhas malas e ando com Max para dentro enquanto os outros tiravam os restantes das malas e arrumavam os carros. Eles eram os vampiros. Eu e Max apenas eramos meios vampiros. Eles que ficassem com o trabalho pesado!

Abro a porta do quarto e sorri-o olhando em volta. Isa sempre tentou que os quartos fossem a nossa cara. Fosse o nosso refúgio onde tivéssemos sempre tudo o que precisássemos. O quarto era de um rosa escuro. A cama branca ficava no meio das duas janelas. Haviam duas cortinas brancas na cama me podendo esconder lá dentro sem ninguém me ver.

Havia uma secretária na direita e uma estante de livros ao lado da porta. E então havia o roupeiro, enorme como sempre, onde ficava o banheiro também.

Deito-me na cama e suspiro abraçando-me á almofada felpuda. Antes que desse conta, eu já experimentava minha nova cama macia.

Acordei com os gritos de Crissy. Revirei os olhos bocejando. Ela e Max já deviam estar se pegando de novo.

Peguei meu celular e vi que eram quase sete da noite. Dormira a tarde inteira. Levantei-me da cama e desci as escadas até á sala ignorando Max e Crissy que se matavam no quarto dele. Elle estava sentada no sofá lendo um livro.

—Oi.

—Oi. Dormiste bem?- Pergunta e assinto.

—Isa e Alex?

—Isa está na nova estufa e Alex disse que estava com uns problemas no carro e foi arranjá-lo. Tens comida na cozinha.

—Obrigada.

Corro até á cozinha e sento-me na pequena mesa comendo o bolo de chocolate e cenoura. Eu amava a comida de Elle! Nunca entendi como ela conseguia cozinhar sem provar nada. Eu podia comer e mesmo assim minha culinária era uma tristeza.

—Droga, Cris! Deixa-me em paz!- Max resmunga irritado entrando na cozinha.

—Então para de ser um idiota! Há mais pessoas nesta casa para além de ti.- A ruiva fala entrando atrás dele.

—O que aconteceu?- Pergunto olhando e um para o outro.

—Este idiota voltou a colocar a música nas alturas esquecendo-se de nós!

—Cara, não estava assim tão alta!- Max defende-se.- Não tenho culpa de tu ficarás a um quarto de distância do meu!

—Sou uma vampira, palerma! Até se estivesse do outro lado da casa ouviria! Aposto que acordaste Hannah com tua música de merda!

—Na verdade, foram teus gritos que me acordaram.- Interrompo e vejo Max sorrir vitorioso olhando Crissy.

—Vês? Tua voz de galinha desafinada é que a acordou e não minha música.

—Galinha desafinada? Ora seu…

—Parem!- Isa ordena aparecendo e suspiro aliviada voltando-me para meu bolo.- Será que não podemos ter um começo sossegado? Tendes sempre de começar brigando?

—Ele pôs a música às alturas! Mal me consegui ouvir a pensar.

—Ah, tu fazes isso?- Max zomba e reviro os olhos vendo Crissy o matar pelos olhos.

Max estava encostado á bancada com um olhar de deboche. Mas seu rosto logo se contorceu em dor quando Crissy fez sua mão pegar fogo.

—Repete!- Cris ordena com a voz baixa, mas mortal.

—Para, porra!- Max diz abanando a mão.

—Crissy!- Isa repreende dura e a mão de Max volta ao normal, mesmo ele ainda se queixando da dor.- Han, Max, amanhã ides começar a escola. Lembrais-vos da história, certo?

—Claro.- Digo dando de ombros.

—É sempre a mesma.- Max diz assoprando em sua mão.

—Perfeito. Vou ver de Alex. Tentai não vos matar.- Diz a Crissy e Max antes de desaparecer.

Max senta-se á minha frente enquanto Crissy desaparece comentando algo sobre arrumar suas roupas. O loiro pega num pedaço de bolo e o coloca todo na boca.

—Porco.- Resmungo sorrindo.

—Com muito gosto.- Fala com a boca cheia fazendo algumas migalhas caírem na mesa.

É, híbridos ou humanos é tudo a mesma coisa. Rapazes conseguem superar o nível de porcalhisse em qualquer espécie.

No dia seguinte, vesti umas calças brancas justas e uma blusa rosa com folhos. Calcei botas pretas com atacadores que foram presente de Crissy e visto um casaco de cabedal. Pego minha mochila prateada e desço até á cozinha.

Alex estava encostado no balcão olhando pela janela. Ele parecia perdia em pensamentos.

—Bom dia, Alex.- Beijo seu rosto o acordando e o mesmo dá um pequeno sorriso.

—Bom dia, Hannie.

—Isa ainda não saiu da estufa?

—Ficou lá a noite inteira.- Diz e ri-o pegando numa maça.

—Estou pronto.- Max aparece abanando seus cabelos os despenteando ainda mais.

—Aqui.

Alex manda-lhe umas chaves e vejo os olhos de Max se arregalarem antes de ele dar um pequeno salto.

—Altamente. Vais mesmo emprestar-mo?

—Mais ao menos. Vinde.

O seguimos até á garagem que ficava interligada com a sala. Lá dentro estavam os dois carros com que viemos e então havia um vermelho novinho em folha.

—Uau.- Digo deitando a cabeça de lado o analisando melhor.

—Falei com Isa, e ambos concordámos que íeis precisar de um carro visto que iremos seguir caminhos diferentes e nem sempre vos poderemos ir pôr á escola.

—É meu?- Max pergunta entusiasmado tocando no carro como se tivesse medo que ele se partisse.

—É nosso.- Corrijo. -Obrigado, Alex.- Agradeço e o mesmo assente sorrindo.

Entro no carro ouvindo Max agradecer a Alex como uma menina que ganhou uns novos pares de sapatos. Ele entra e liga o carro. Ele sai da garagem e deito-me para trás o vendo conduzir pela estrada olhando o carro milhares de vez. Como se quisesse guardar na memória cada detalhe do belo carro vermelho.

Max estaciona o carro no estacionamento da escola e sinto todos olharem para nós.

—E vai começar mais um ano cheio de atenções!- Max diz me olhando com um sorriso malicioso e ri-o saindo do carro.

Max anda ao meu lado enquanto caminhamos para dentro do prédio. Todos aqueles olhares eram normais para nós. Não tínhamos aquele ar misterioso de nossa família, mas conseguíamos ter a pele impecável de um vampiro, a confiança de um vampiro e o desinteresse de um vampiro.

Parámos na porta 23 e Max bateu três vezes fazendo o homem que estava sentado na secretaria nos olhar, assim como todos os alunos.

—Pois não?

—Somos os novos alunos.- Max diz e o homem assente levantando-se.

—Claro, claro. Dupke´s, certo? Hannah e Máximo Dupke.

—Isso.- Max sorri e ouvi algumas alunas suspirarem.

Sorri interiormente mordendo meu lábio inferior.

Max sempre dava nas vistas. E não era apenas pelo seu jeito meio amalucado.

—Podem sentar-se.

Segui Max pela fila de mesas ouvindo os cochichos nos seguirem. Chegava a ser irritante todos aqueles alunos curiosos e intrometidos.

—“Quem são eles?”

—“Ele é tão lindo!”

—“Caramba, que gata.”

—“Já viste a pele dela? É incrível, como consegue?”

—“Os olhos dele são tão lindos.”

—“Meu pai falou num novo mecânico e sua família. Parece que se mudaram ontem.”

—“Ela não é assim nada de especial.”

Reviro os olhos internamente e abro meu livro, suspirando.

Para estudar. Eu estou só aqui para estudar.

Meia hora depois, os comentários ainda existiam. Nem eu nem Max pudemos fazer nada, se não ignorar. Quando tocou, levantámos e seguimos para a próxima aula. Estávamos quase na porta, quando uma garota esbarrou em Max.

—Desculpa.- Ela diz o olhando com um sorriso malicioso e ergui as sobrancelhas.- Tropecei. Sou tão desastrada.

Ela quase que estava a atirar o peito para cima de Max.

—Tudo bem.- O loiro falou e passou por ela a ignorando.

Ri quando via a garota o olhar de boca aberta igualmente a suas amigas encostadas na parede.

Garotas humanas. Elas conseguiam ser tão baixas.

—Maxy, não viste que ela tropeçou sem querer? Podias ter sido mais gentil e perguntado se ela estava bem.- Digo entrelaçando nossos braços o olhando com um beicinho.

Ele ri e me olha.

—E oferecer-lhe meu casaco para ela tapar aquilo a que chama de seios?

—Claro. Ela deve estar com frio, coitada. E além do mais, atirar-se ao rapaz novo é complicada. Precisa-se de muita coragem! E seios.

Ele ri de novo e ri-o junto.

Eu amava Max como meu irmão de verdade. Crescemos juntos, basicamente.

Nenhum de nós conhecia seus pais verdadeiros. Isa era amiga de meu suposto pai que fugiu quando minha mão lhe contou que estava grávida. Isa contou-me que meu pai voltou para trás quando soube que eu iria nascer e então ele me entregou a ela e voltou a fugir. Minha mãe morreu no parto.

Elle e Crissy já lá estavam nessa altura. Alex apareceu dois anos depois quando me salvou de dois lobos no Alasca. E então encontrámos Max vagueando pela cidade de Roma matando quem lhe aparecia pela frente. Ele estava desnorteado e aparentava ter uns 9 anos. Max apenas se lembrava de uma mulher morena o olhando sorrindo. Uma vizinha o encontrou na casa onde supostamente morava e o entregou a um orfanato. Mas Max fugiu quando quase matou uma colega e passou a viver na rua.

Na hora de almoço sentámo-nos um pouco afastados. Era impossível não ver os rostos ainda curiosos daqueles humanos. Preferiam olhar para nós que comer.

Imbecis.

A última aula eu não tinha com Max. Era Biologia, e ele odiava Biologia então escolheu Literatura Italiana. Não era que ele gostasse, mas era mais preferível segundo ele.

E ele era italiano. Ele lá se desenrascaria.

Sento-me na banca detrás, o mais longe possível da secretária da professora maluca de cabelos meio verdes. Era um verde aloirado. Uma combinação bizarra.

Olhava pela janela quando senti o cheiro a sangue ao meu lado. Olhei e vi uma garota de cabelos negros e olhos azuis.

—Oi.- Diz sorrindo um pouco e sorri-o de volta.

—Oi.

—Sou a Deb.- Diz estendendo a mão.

—Hannah.

—Prazer.

Deb manteve-se calada o resto da aula e adorei quando ela não fez qualquer comentário sobre ser a novata ou sobre minhas roupas de marca ou sobre meu cabelo ou sobre minha pele. Eu simplesmente gostei dela por se manter de boca fechada atenta na aula. Que eu percebi, não ser a melhor dela.

Quando tocou, sai e andei até ao carro vermelho onde Max já me esperava encostado. As pessoas passam o olhando, mas ele se mantinha sereno me olhando caminhar até ele. Parecia coisa de filme.

Ri com meus pensamentos e seguimos para casa.

—Lembraste da garota do corredor?

—A dos seios?- Pergunto e ele assente rindo.

—Está comigo em Literatura Italiana. Melhor dizendo, ela inscreveu-se em Literatura Italiana quando soube que eu lá estava. Parece que uma de suas amigas conseguiu ver isso na minha ficha e ela se inscreveu dizendo que amava italiano.

—Ela não presta.- Adivinho e ele ri batendo no volante.

—Ela nem sabia dizer “bom dia”. Tu devias de ter visto a cara de idiota dela. Droga, Han, nunca quis rir tanto de uma garota humana.

Max não tinha nada contra os humanos, mas ele não era lá muito fã deles. Para Max, ele fora abandonado pelos pais, principalmente pela mãe. E depois de tanto tempo se alimentando de humanos, eles passaram a deixar de fazer importância para meu amigo.

Ele estaciona o carro na entrada de casa e saímos com ele ainda rindo feito louco. Reviro os olhos o empurrando.

—Cala-te!

Ele ri tentando se controlar. Olho para a entrada da casa e franzo a testa ao ver minha família frente a frente com um bando de caras de tronco nu.

E que caras, jesus!

—Ei.- Digo me aproximando com Max, agora já mais calmo.

—O que se passa? É alguma reunião de gente bonita e não fomos convidados? Eu ganho a todos, fiquem só a saber!- Max se gaba rindo de novo e reviro os olhos batendo-lhe na cabeça.

—Híbridos.

O que estava á frente, o que parecia o mais velho, disse franzindo o nariz.

—Com muito gosto!- Max fala sorrindo largamente.- E eu não faço ideia de quem sois, mas tendes um cheiro estranho.

—Estranho? Eles tresandam!- Crissy resmunga e oiço alguns rosnados que a faz bufar.

—A parte humana deles não lhes deixa sentir tão intensamente o cheiro.- Alex explica.

Olhei para todos eles reparando que eram bem parecidos. Peles morenas, quase avermelhadas, cabelos escuros e olhos que pareciam mais negros que a escuridão. Eram uns 10, havendo apenas uma mulher que estava ao lado do suposto líder.

—Quem são os pais deles?- O líder pergunta olhando Isa.

—Os pais deles não interessam. Provavelmente, estão mortos.- A voz de Isa é dura.

Ela odiava aquele assunto, tanto quanto eu e Max que largara o sorriso que o fazia tão infantil.

—Mataste-os?- A mulher pergunta e os olhos dourados de Isa se escurecem.

—Claro que não!

—Infelizmente.- Max bufa cruzando os braços fazendo a todos o olharem.- Assim, pelo menos, saberíamos quem eram e onde estão.

Mordo meu lábio inferior olhando minhas botas. Eu sabia que minha mãe estava morta. Apenas meu pai era uma incógnita. Nunca perguntei a Isa sobre ele. Para quê? Ele me abandonara. Não havia nada mais a se dizer.

—Lamento.- O líder diz e podia sentir a verdade em suas palavras.

—Eu não.- Max diz com um sorriso de lado.- Então, ainda não me disseram o que eles são.

—Lobos.- Alex responde.- São lobos.

—Lobos?- Eu e Max perguntamos ao mesmo tempo antes de sorrirmos.- Porreiro!

Nós fingíamos que eramos gémeos na escola, mas às vezes, só às vezes, nós até que parecíamos mesmo.

—Eu sempre quis ter um cão.- Max diz e ri-o com Crissy, mesmo havendo alguns rosnados.- Pudemos adotar um? Podemos? Podemos?

Max implora feito uma criança e Elle bate-lhe na cabeça, com um sorriso de lado.

—É melhor saíres daqui antes que um deles te morda. Se bem que

isso seria divertido de se ver.- Crissy diz pensativa.

—Han, Max, tendes bolo em cima da mesa.- Isa diz nos olhando.

Olho Max que me olha de volta. Sorrimos apenas por um milésimo de segundo antes de corrermos para dentro de casa feito duas crianças.


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